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Redação para o Vestibular Unicamp: Guia Completo com Exemplos e Análise, Provas de Redação

demonstre ser um leitor crítico, capaz de ler toda a prova de redação, o que implica ... escrita, cabe aos(às) candidatos(as) lerem com atenção os textos ...

Tipologia: Provas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Raimundo
Raimundo 🇧🇷

4.6

(212)

216 documentos

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REDAÇÃO

2ª FASE

2. A PROVA DE REDAÇÃO DO VESTIBULAR UNICAMP 2019

REDAÇÃO PROPOSTA 1

Você é um(a) estudante do Ensino Médio na rede pública estadual e soube de um acontecimento revoltante na sua escola: sua professora de Filosofia recebeu ofensas e ameaças anônimas por suposta tentativa de doutrinação política, ao ter iniciado o curso sobre as origens da Cidadania e dos Direitos Humanos modernos com o texto a seguir:

Teócrito e o pensamento A ninguém, nem aos deuses nem aos demônios, nem às tiranias da terra nem às tiranias do céu, foi dado o poder de impedir aos homens o exercício daquele que é o primeiro e o maior de seus atributos: o exercício do pensamento. Podem amarrar as mãos de um homem, impedindo-lhe o gesto. Podem atar-lhe os pés, impedindo-lhe o andar. Podem vazar-lhe os olhos, impedindo a vista. Podem cortar-lhe a língua, impedindo a fala. O direito de pensar, o poder de pensar, porém, estão acima de todas as violências e de todas as repressões, que nada podem contra seu exercício. (...) Parece claro que não há abuso mais abominável que o de tentar impor limitações ao pensamento de qualquer pessoa. Pretender suprimir o pensamento de quem quer que seja é o maior dos crimes. Pois não é apenas um crime contra uma pessoa, mas contra a própria espécie humana, uma vez que o pensamento é o atributo que distingue o ser humano dos demais seres criados sobre a face da terra. (...) Na vida na cidade, se um homem neutraliza dentro de si o direito de pensar, a cidade pode ser tomada e dominada pela ferocidade de um tirano, cujo despotismo levará o povo à morte pela fome, pela crueldade ou por outras formas de injustiça e prepotência. E se não o povo todo, pelo menos uma parte do povo, certamente, será arrastada à opressão, à tortura, ao cárcere ou a qualquer outra forma de perdição. Os tiranos não gostam que as pessoas pensem. (Teócrito de Corinto, filósofo grego, século II d.C.)

A direção da escola ainda não se manifestou publicamente sobre o episódio. Indignado(a) com a tentativa de censura que a professora sofreu por propor aos alunos reflexões fundamentais à formação cidadã, você decidiu escrever o texto de um abaixo-assinado encaminhado à direção da escola, em nome dos estudantes, no qual deve: a) reivindicar que a escola se posicione publicamente em defesa da professora; b) reivindicar a manutenção de aulas de Filosofia que tematizem os Direitos Humanos; e c) justificar suas reivindicações. Para tanto, você deve levar em conta tanto o texto acima quanto os excertos abaixo.

1. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. ( Declaração Universal dos Direitos Humanos , Artigo XXVI, item 2 , 1948 .)

2.

3. No que toca aos direitos humanos, a filósofa Hannah Arendt identificou na ruptura trazida pela experiência totalitária do nazismo e do stalinismo a inauguração do tudo é possível , que levou pessoas a serem tratadas como supérfluas e descartáveis. Tal fato contrariou os valores consagrados da Justiça e do Direito, voltados a evitar a punição desproporcional e a distribuição não equitativa de bens e situações. Arendt propõe assegurar um mundo comum, marcado pela pluralidade e pela diversidade, o qual, através do exercício da liberdade, impediria o ressurgimento de um novo estado totalitário de natureza. No mundo contemporâneo, continuam a persistir situações sociais, políticas e econômicas que, mesmo depois do término dos regimes totalitários, contribuem para tornar os homens supérfluos e sem lugar num mundo comum, como a ubiquidade da pobreza e da miséria, a ameaça do holocausto nuclear, a irrupção da violência, os surtos terroristas, a limpeza étnica, os fundamentalismos excludentes e intolerantes. (Adaptado de Celso Lafer, A reconstrução dos direitos humanos: a contribuição de Hannah Arendt. Estudos Avançados , v. 11, n. 30, São Paulo, p. 55-65, maio/ago. 1997.)

  1. O bicho está pegando na educação. Fico pensando em que mundo vivem os que acham que as escolas brasileiras sofrem de “contaminação político-ideológica” comandada por “um exército organizado de militantes travestidos de professores”. É uma baita contradição para quem diz defender a “pluralidade”, e é o caminho oposto dos países de alto desempenho em educação: Estados Unidos (em que alguns Estados oferecem educação sexual desde o século XIX), Nova Zelândia, Suécia, Finlândia e França. No Brasil, querem interditar o debate. Mesma coisa com os estudos indígenas e africanos, classificados aqui como porta de entrada para favorecer “movimentos sociais”. Já na Noruega, o currículo é generoso com o povo sami , habitantes originais do norte da Escandinávia. “Doutrinação”, por lá, chama-se respeito à diversidade e às raízes da história do país. Para piorar, o principal evangelista dessa “Bíblia do Mal” seria Paulo Freire. Justo ele, pacifista convicto e obcecado ideia de que as pessoas deveriam pensar livremente. Presos na cortina de fumaça da suposta doutrinação, empobrecemos um pouco mais o debate sobre educação. (Adaptado de Blog do Sakamoto. Disponível em https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br. Acessado em 05/07/2018.)

(Alexandre Beck. Disponível em pa.unicamp.br/direitos-humanos

  • armandinho-na-upa. Acessado em 24/11/2018.)

REDAÇÃO PROPOSTA 2

Sua professora de Geografia abriu um fórum no ambiente virtual da disciplina para discutir o tópico “IDH e crescimento do PIB como indicadores de desenvolvimento” e propôs as seguintes questões: a) Observe a classificação do Brasil nos rankings apresentados nos gráficos 1 e 2; b) Interprete os textos 3, 4 e 5; e c) Indique se haveria diferenças no desenvolvimento social do Brasil caso o país optasse por uma política econômica que tenha como consequência uma melhor classificação no ranking do IDH ou no ranking do crescimento do PIB. Publique uma postagem nesse fórum, na qual, a partir da leitura dos textos indicados abaixo, você deve: a) apontar em qual ranking o Brasil subiria se privilegiasse os aspectos qualidade de vida e igualdade no desenvolvimento social; b) apresentar as consequências de priorizar o consumo para o desenvolvimento social; e c) argumentar em favor do seu ponto de vista. 1.

PIB significa Produto Interno Bruto, medida que representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, durante um determinado período.

2.

IDH significa Índice de Desenvolvimento Humano, medida concebida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para avaliar a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico de uma população.

3. Um breve conjunto de informações para nos fazer repensar as relações de consumo:  A indústria da moda é a segunda maior consumidora de água no mundo. Só perde para a do petróleo.  Estima-se que 17% a 20% da poluição da água industrial vem de tingimento e tratamento têxtil.  Cerca de 15% a 20% de tecido é desperdiçado a cada peça cortada. E tecido não é reciclável.  Estima-se que 10% das emissões de gases de efeito estufa provêm da indústria da moda.  As fábricas de moda consomem mais de 130 milhões de toneladas de carvão/ano para gerar energia.  Para suprir a demanda do consumo, quase toda matéria-prima utilizada na moda resulta em problema: do algodão, cheio de pesticidas, ao poliéster, oriundo da exploração do petróleo.  Operários da indústria têxtil em países como China, Índia e Bangladesh trabalham mais de 12 horas por dia e ganham menos do que 100 dólares por mês.  Cerca de 80% da mão de obra deste mercado são mulheres. E menos de 2% ganham o suficiente para viver em condições dignas. Para ganhar mais, elas chegam a trabalhar mais de 75 horas por semana. E tem quem ache que o consumismo é um problema individual que só diz respeito à própria conta bancária… (Adaptado de Nina Guimarães, O consumismo destrói o meio ambiente e incentiva o trabalho escravo. Metrópoles , 19/04/2017.) 4. As principais redes de varejo de moda do país associadas à ABVTEX (Associação Brasileira do Varejo Têxtil) já notam a melhora no ânimo dos consumidores. “O cenário é mais favorável, a partir do momento em que há maior disponibilidade de crédito; a inflação está abaixo do esperado, com aumento no poder de compra; e há uma leve redução do desemprego. Esses fatores somados ajudam a elevar a intenção de compra”, aponta Lima, diretor executivo da ABVTEX. A FGV estima que, em 2018, o PIB cresça 2,5%. Esse crescimento deve permanecer liderado pelo consumo. (Adaptado de Em 2018, crescimento permanecerá liderado pelo consumo, diz FGV. Disponível em http://www.abvtex.org.br/. Acessado em 04/05/ 2018.) 5. Pelo 12º ano consecutivo, só deu ela: a Noruega foi novamente eleita pela ONU como o melhor país do mundo para se viver. Segundo Jens Wandel, diretor do departamento administrativo do Programa de Desenvolvimento da ONU, o sucesso do país consiste em combinar o crescimento de renda com um elevado nível de igualdade. “Ao longo do tempo, a Noruega conseguiu aumentar sua renda e, ao mesmo tempo, garantir que os rendimentos sejam distribuídos de modo uniforme”. (Adaptado de Índice de Desenvolvimento Humano: o que faz da Noruega o melhor lugar para se viver? Huffpost Brasil , 17/12/2015.)

(texto 1); por outro, a professora, ao tematizar justamente Cidadania e Direitos Humanos em seu curso, sofre represálias e uma tentativa de silenciamento. Tal incoerência é tratada de modo irônico por Sakamoto (texto 4) que, em um tom bastante informal (o que o distingue de outros excertos da proposta), ridiculariza esse tipo de acusação aos professores (“militantes que visam doutrinar político- ideologicamente os seus alunos”). O autor critica parte da população brasileira que alega defender a pluralidade de pensamento, porém busca interditar debates em torno da educação sexual e excluir dos currículos questões que envolvem Direitos Humanos – caminho oposto ao de países de alto desempenho em educação. Por fim, conclui Sakamoto, acusam erroneamente Paulo Freire de mentor dessa “doutrinação”, o que só reforçaria a ignorância acerca da contribuição desse educador – pacifista e defensor do livre pensar – quando o assunto é educação no Brasil. Para cumprir a primeira tarefa (reivindicar que a escola defenda a liberdade de cátedra da professora), os(as) candidatos(as) podem, por exemplo, mobilizar o texto de Teócrito de Corinto, a tirinha do Armandinho e o excerto do Sakamoto, que argumentam em favor da pluralidade de pensamentos, necessária em toda instituição de ensino, desconstruindo assim a falsa ideia de “doutrinação político-ideológica”. Para cumprir a segunda tarefa (reivindicar a manutenção de aulas de Filosofia que tematizem os Direitos Humanos), os(as) candidatos(as) têm a possibilidade de recorrer às reflexões de Hannah Arendt e de Teócrito de Corinto para apontar os regimes totalitários como responsáveis por atos de barbárie, e concluir que os Direitos Humanos são imprescindíveis aos regimes democráticos. Podem, ainda, defender uma educação fundamentada nos Direitos Humanos e, para tanto, recorrer ao Artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos , o qual determina que a instrução deva ser orientada no sentido de fortalecer e respeitar esses direitos. Mais especificamente, podem aproveitar exemplos citados por Sakamoto de países que são referência mundial em educação e cujos currículos valorizam os Direitos Humanos. Espera-se que os(as) candidatos(as) construam uma “máscara discursiva” que se aproxime da situação de produção e da interlocução referidas e apresentem explicitamente as reivindicações indicadas, articulando as informações trazidas pelos textos da coletânea e outras que julgar pertinentes.

PROPOSTA 2

A expectativa da Banca Elaboradora nesta segunda proposta de redação é a de que os candidatos e as candidatas: a) demonstrem capacidade de analisar os gráficos 1 e 2; b) comparem, com base nos outros elementos presentes na coletânea, os indicadores de desenvolvimentos de Brasil, China, Índia e Noruega; c) utilizem essa comparação para avaliar os efeitos do consumo tanto nos rankings como na qualidade de vida e na igualdade social; d) escrevam uma resposta em forma de postagem no fórum virtual da disciplina.

Tendo em mente a questão norteadora da proposta (os efeitos do consumo para a elevação do PIB e do IDH), espera-se que os(as) candidatos(as) assumam um ponto de vista sobre a relação entre o consumo e os fatores qualidade de vida e igualdade no desenvolvimento social. Além disso, espera-se que exponham seu ponto de vista sobre eventuais diferenças para o desenvolvimento social do Brasil, caso o país optasse por uma política econômica visando a uma melhor classificação no ranking do IDH ou no ranking do crescimento do PIB. Por um lado, os dois países que lideram o ranking do PIB (Índia e China) apresentam problemas em relação à desigualdade e à qualidade de vida, com dados que sugerem situações de trabalho escravo contemporâneo, como se pode inferir da leitura do texto 3. Tais problemas se refletem nos baixos índices de IDH. Em contrapartida, a Noruega – líder por anos consecutivos no ranking do IDH – não apresenta um crescimento do PIB semelhante ao do IDH. O quinto e último excerto fornece outras informações a respeito das razões dessa consistente liderança norueguesa no ranking do IDH. Para responder à questão proposta, os(as) candidatos(as) devem inferir, a partir dos textos oferecidos, que há uma polêmica em relação ao papel atribuído ao consumo: ele é visto por alguns economistas – representados pelo diretor executivo da ABVTEX (excerto 4) – como uma ferramenta para alavancar o crescimento econômico, e, por outros, como desencadeador de problemas ambientais e sociais (excerto 3). Priorizar uma melhor classificação no ranking do IDH ou no ranking do crescimento do PIB poderia ser equivalente a priorizar ou não o consumo e suas consequências para a qualidade de vida e a igualdade social. A proposta encaminha para uma leitura: a de que os efeitos do consumo são mais negativos que positivos, e a de que é importante priorizar o IDH como índice de avaliação do desenvolvimento social do Brasil, se se pretende construir uma sociedade mais igualitária. Isso não veta, porém, que o(a) candidato(a) possa argumentar que uma política econômica pode priorizar o crescimento do PIB. Ou, ainda, que uma associação entre os dois rankings seria a opção mais interessante. Neste caso, o(a) candidato(a) poderia tomar por base a própria Noruega que, há um ano, estava abaixo do Brasil no ranking do PIB e que elevou sua classificação nos últimos meses. Há, ainda, outros desenvolvimentos temáticos sobre a relação entre crescimento econômico, consumo, distribuição de renda e IDH, que poderiam ser mobilizados pelos(as) candidatos(as). Em todos os casos, porém, o(a) candidato(a) deve, obrigatoriamente, levar em conta os gráficos e os excertos apresentados na coletânea, seja para justificar o seu ponto de vista, seja para tomá-los como contraponto. Em relação ao gênero solicitado, o(a) candidato(a) deve organizar uma resposta expositivo-argumentativa em que deixe clara a sua opção por um dos ranqueamentos (IDH ou PIB), ou por ambos, e as consequências dessa escolha para o Brasil. Além disso, deve formular uma argumentação coerente e consistente. Tendo em vista postagens que circulam em fóruns de ambientes virtuais de disciplinas, é possível

4. COMENTÁRIOS DAS REDAÇÕES DA PROPOSTA 1

Redação acima da média

Abaixo-assinado à direção da Escola Estadual “Liberdade” Venho, em nome de todos os estudantes da Escola Estadual “Liberdade” que assinaram o presente documento, reivindicar o posicionamento público das senhoras e senhores, diretores desta instituição, em defesa da professora de Filosofia do Ensino Médio, vítima de ameaças e ofensas anônimas após nos ministrar o texto “Teócrito e o pensamento”, durante o curso sobre as origens da Cidadania e dos Direitos Humanos modernos.

O episódio de intolerância ocorreu sob o viés falacioso de que nossa docente havia nos doutrinado politicamente, ou tentado fazê-lo, após a leitura referida acima. O texto – do filósofo grego Teócrito de Corinto – expressa a importância do direito ao pensamento, sendo sua supressão o maior dos crimes e o caminho para a instauração de governos tirânicos e opressores.

Desse modo, sob nossa perspectiva, não há qualquer tentativa de “doutrinação”; pelo contrário, a docente ganhou ainda mais admiração por cumprir o papel principal de sua profissão e dos estudos: nos ensinar a pensar de forma autônoma. Além disso, essas aulas permitem o diálogo acerca dos Direitos Humanos, um tema que deve ser conhecido por todos – especialmente na diversa sociedade brasileira – afinal, ele aborda princípios fundamentais relacionados à liberdade, ao respeito e à tolerância, constituindo o pilar para a formação cidadã democrática.

Portanto, por meio deste abaixo-assinado, também reivindicamos a manutenção das aulas de Filosofia cujo tema aborda os Direitos Humanos, pois acreditamos que reprimir esse assunto é uma espécie de censura, a qual se opõe à educação vigente em países – desenvolvidos, como a Suécia – cujo viés libertador aborda questões de cidadania, diversidade e educação sexual.

Assim como a filósofa Hannah Arendt, valorizamos a ideia de um mundo comum, plural e diverso, capaz de valorizar a liberdade e impedir o totalitarismo e outras opressões; e temos a convicção de que as classes de Filosofia são essenciais para tanto, assim como a atuação da própria escola. Com isso, esperamos que as reivindicações aqui presentes, clamadas pelos estudantes, sejam atendidas.

A redação é acima da média não apenas porque cumpriu plenamente a Proposta temática (Pt), ou seja, apresentou as duas reivindicações propostas na prova (exige o posicionamento público dos diretores da escola em defesa da professora de Filosofia e exige a manutenção das aulas de Filosofia que tematizem os Direitos Humanos), como também atendeu ao Gênero (G) abaixo-assinado solicitado, mas, principalmente, porque o candidato soube ler criticamente os textos da coletânea (Lt), apropriando-se de argumentos ali contidos e fazendo inferências para sustentar suas reivindicações. Logo no primeiro parágrafo, o candidato “veste a máscara discursiva” de um estudante da Escola Estadual Liberdade, que escreve um abaixo-assinado em nome de todos os outros estudantes, e se dirige respeitosamente aos diretores da instituição (“senhoras e senhores”) para situar seus interlocutores acerca do ocorrido com a professora: ela havia sido vítima de ameaças e ofensas anônimas após usar o texto “Teócrito e o pensamento” no curso sobre as origens da Cidadania e dos Direitos Humanos modernos. No segundo parágrafo, o candidato se preocupa em sintetizar o texto do filósofo grego, segundo o qual “a supressão do direito ao pensamento é o maior dos crimes e o caminho para a instauração de governos tirânicos e opressores”, e deixa claro o seu ponto de vista sobre o ocorrido: trata-se de um “episódio de intolerância” e, como tal, a docente mereceria defesa pública. No parágrafo seguinte, desconstrói a ideia (“falaciosa”) de que a professora estivesse tentando doutrinar seus alunos com um argumento interessante: “pelo contrário, a docente ganhou ainda mais admiração por cumprir o papel principal de sua profissão e dos estudos: nos ensinar a pensar de forma autônoma”. Essa leitura é autorizada pelo excerto 2, a tirinha do Armandinho, e aqui funcionou como uma inferência ao promover uma inversão: em vez de “doutrinação” a professora e sua disciplina foram motivos de “admiração”. É também no terceiro parágrafo que o candidato inicia sua defesa às aulas que tematizam os Direitos Humanos. Para tanto, apoia-se no excerto 1 da coletânea e busca argumentos como: “princípios fundamentais, liberdade, respeito, tolerância, formação cidadã e democrática”. O quarto parágrafo dá prosseguimento à defesa das aulas de Filosofia, especialmente aquelas que abordam os Direitos Humanos. Dessa vez o candidato valeu-se de argumentos apontados pelo excerto 4, em que a educação no Brasil é

Assinatura 12/01/ Assinatura 13/01/ Assinatura 13/01/ Assinatura 13/01/ Assinatura 13/01/

Apesar de, visualmente, atender ao Gênero (G) solicitado (um abaixo-assinado que apresenta até mesmo as assinaturas ao final da página), a redação acima não apresentou as duas reivindicações exigidas na Proposta temática (Pt) da prova; tampouco o candidato conseguiu ler adequadamente os textos da coletânea (Lt). Além disso, o texto apresenta problemas de Convenções da escrita e Coesão (CeC) que comprometem a clareza dos argumentos e, por conseguinte, sua compreensão. No primeiro parágrafo, o candidato situa o leitor ao informar que o documento que escreve é um abaixo-assinado que visa a reivindicar “o acontecimento com a professora Maria Aparecida”, que recebeu ofensas e ameaças no ambiente escolar por “suas escolhas políticas” (o que indica um erro de leitura), e exige que a escola tome providências “a fim de proteger a integridade mental e segurança de sua funcionária”. Na última linha desse parágrafo, faz outra reivindicação, mal redigida (“ainda estabelecer medidas de punição a inflação do Direitos Humanos”), em que solicita a punição àqueles que desrespeitaram os Direitos Humanos. Embora louvável, não era essa a segunda reivindicação proposta pela prova. Portanto, o candidato cumpriu apenas parcialmente a Proposta temática (Pt): fez a primeira reivindicação (“a escola deve tomar providências a fim de proteger sua funcionária”), mas não a segunda. A situação se complica, quando, no segundo parágrafo, o candidato argumenta que houve “falhas na supervisão escolar nas formas de ensino, das aulas de filosofia, em principal nas aulas referentes a Direitos Humanos”. Isso nos leva a entender que ele está defendendo a censura a essas aulas e sugerindo uma melhor supervisão desse ensino na escola. O segundo argumento, ainda no mesmo parágrafo, não se relaciona com o anterior e nos parece uma leitura equivocada do excerto 1 da coletânea: “O instituto como meio de formação é o primeiro contato do jovem com o mundo, que é através das aulas e conhecimentos gerais de vai desenvolver a personalidade humana e aprender a respeitar as opiniões divergentes”. Talvez o candidato tenha pretendido se referir à “instrução” orientada pelos Direitos Humanos, e não à “instituição”. A escolha lexical inadequada, somada aos problemas na sintaxe e coesão (CeC), afetou todo o restante do período, que ficou sem sentido. O terceiro e último parágrafo sinaliza uma continuação do argumento anterior, ainda ancorado no excerto 1. Enfim, o candidato conclui seu abaixo-assinado afirmando que cada um tem o direito de escolher sua doutrinação (logo, a professora

ameaçada era doutrinadora?) e sua opção sexual (seria uma leitura da “educação sexual” referida no excerto 4?). Como se vê, o candidato leu de modo inadequado a coletânea e os poucos argumentos selecionados para seu abaixo-assinado foram apresentados de maneira desorganizada, sem construir uma progressão temática em seu texto.

Redação anulada

Os direitos no lixo.

.No momento o mundo está mais uma vez se fechando contra ideológias. No Brasil não é diferente, em 2018 foi o mais controverso o país nunca chegou a ser tão dividido como antes na história, tudo isso por questões politica, a desisão que nos resúmira daqui pra frente. .Pois o agora parece se fechar de vez as nossas cabeças. Mal começamos o ano e ja querem limitar e até mesmo tirar todos os direitos, como fez Damares Alves tirou os direitos dos homoafetivos dizendo que são doentes, ela quer que a gente siga apenas um caminho. O dela. E querem tirar ainda mais, a mata dos indigenas onde se vive a história brasileira, até mesmo tirar a cultura afro-brasileiro(a) as dos quilombolas. Os superiores se dizem defensores, mas não. .Vão nos tirar os direitos das nossas mãos no lugar vai nos dar armas de fogo, o brasil é um dos países que mais matam e agora só vai apenas alimentar o ódio, hávera mortes, chacinas e nenhum respeito com o ser humano. .Entanto que podem fazer o que quiser sempre estaremos aqui, Nazistas a ditadura militar tentaram nos destruir mas aqui estamos ainda de pé, vamos durar para sempre.

A redação intitulada “Os direitos no lixo” faz uma reflexão sobre a onda conservadora que abala o mundo contemporâneo, e o Brasil não seria diferente – contextualiza o candidato, no primeiro parágrafo, fazendo alusão às eleições de 2018 – , haja vista o contexto político-ideológico em que vivemos atualmente. No segundo parágrafo, lamenta que 2019 mal começou e os cidadãos brasileiros já perderam muitos dos seus direitos. Como exemplo, acusa a ministra Damares Alves de interditar o direito dos casais homoafetivos e critica a ministra por tratá-los como doentes. Ainda no mesmo parágrafo, o candidato prevê outras privações: a matança dos indígenas e o cerceamento da cultura afro-brasileira dos quilombolas, concluindo que “Os superiores se dizem defensores, mas não”. (Quem seriam os superiores?)

5. COMENTÁRIOS DAS REDAÇÕES DA PROPOSTA 2

Redação acima da média

Às 13:45 de hoje, Amante da Geografia postou: Boa tarde pessoal! Busquei seguir o roteiro indicado pela professora e quero expor minhas reflexões: O Brasil se encontra em 47º lugar no ranking do PIB e em 79º no do IDH. Notem, porém, que a Índia e a China, as quais apresentam os 1º e 2º lugares, respectivamente, no ranking do PIB, apresentam posições muito mais abaixo no IDH, se comparadas com o Brasil. Sob meu ponto de vista, esses dados representam o constante conflito entre tipos de investimentos que os países realizam: enquanto os grandes asiáticos tem implantado políticas que estimulem fortemente o consumo nos últimos anos, o Brasil, ate recentemente, tem direcionado seus esforços em medidas sociais. Vocês, assim como eu, devem ter ficado entusiasmados com o texto 5. Para mim, este é o caminho que o Brasil deve seguir, uma vez que investimentos privilegiados em qualidade de vida e igualdade no desenvolvimento social aumentarão expressivamente a posição no ranking do IDH. Tal índice avalia elementos como educação, expectativa de vida e outros itens afins. Como visto, a Noruega vem investindo nesse campo e, ao longo do tempo, conseguiu não apenas o 1º lugar do IDH, como também aumentou sua renda. Assim, conclui-se que aplicações em políticas que estimulam a distribuição uniforme de rendimentos aumenta a potência de uma democracia por fornecer não só uma melhor qualidade de vida aos seus contribuintes, como também a potência de ampliar o PIB. Sei que nosso país tem passado por uma recessão econômica angustiante, mas comparem os textos 3 e 4. A ABVTEX informa que houve melhoras nos ânimos consumidores; o que gerará uma maior movimentação da economia, posto que os investimentos nacionais, agora, estão direcionados basicamente ao consumo. Mas queremos um cenário de ampliação das desigualdades no Brasil? Certamente é necessário o investimento nesse campo para que a riqueza nacional aumente, porém, esse não deve ser um ciclo fechado em si mesmo, posto que o investimento apenas

no consumo gera a retração do desenvolvimento social, pois, assim como descreve o texto 3, ele gera incentivos a trabalhos escravos nos quais os funcionários realizam suas atividades com extensas jornadas de trabalho, além dos ínfimos salários, como vistos na China e na Índia. Ou seja, essa busca a todo custo por um maior PIB gera um menor IDH, devendo, portanto, o Brasil manter seus esforços em medidas sociais para que siga o traçado caminhado pela Noruega.

O texto é acima da média por mais de um motivo: a) o candidato demonstra ter elaborado previamente um projeto de texto, o que se pode depreender, por exemplo, pela retomada produtiva, na antepenúltima linha, de “Índia e China”, países mencionados na quarta linha; b) o texto corresponde a uma resposta efetiva ao fórum no ambiente virtual da disciplina de Geografia. Embora não houvesse obrigatoriedade de dialogar com a professora e com os colegas, o candidato faz isso na sua redação de forma produtiva, já que é por meio do diálogo com os colegas que seu texto apresenta o que há de melhor: a articulação das diferentes leituras dos elementos presentes na coletânea. É no diálogo com os colegas e com seus possíveis argumentos que o candidato aborda, na primeira linha do último parágrafo, a polêmica apresentada na coletânea para, na sequência, explicitar seu ponto de vista: depois de pedir que os colegas comparem os textos 3 e 4 e de parafrasear o texto 3, explicando-o para os colegas (uma boa estratégia para demonstrar a compreensão), o candidato introduz uma pergunta retórica: “mas queremos um cenário de ampliação de desigualdades no Brasil?”. Com a palavra “cenário”, o candidato retoma tanto as informações do texto 4 quanto o cenário recente do Brasil (mencionado no final do primeiro parágrafo), que direcionava “seus esforços em medidas sociais”. O texto atinge as expectativas da banca elaboradora na medida em que o candidato: a) compara o Brasil a outros países presentes nos dois gráficos; b) expõe seu conhecimento e seu ponto de vista sobre a situação econômica do Brasil e c) articula diferentes questões a que chegou a partir de uma leitura proficiente dos excertos da coletânea da prova. Vale salientar que as remissões explícitas aos excertos da coletânea, que costumam ser consideradas negativas em gêneros solicitados em situação de vestibular, são bem-vindas no gênero da proposta 2. Mais do que funcionar como estabelecimento do diálogo com a professora e com os colegas, essas remissões ao gráfico e aos demais textos contribuem para a configuração do gênero “postagem no fórum do ambiente virtual da disciplina daquela professora de Geografia”, que havia postado aqueles textos, não outros, para os seus alunos. Em relação ao critério Convenções da escrita e Coesão (CeC), alguém poderia alegar que não se trata de um texto impecável quanto ao uso da norma culta.

presentes nos dois gráficos, Índia e China (retomado como Índia, na terceira linha do segundo parágrafo), por um lado, e Noruega (apresentado de forma genérica: “um país preza pelo crescimento de renda de forma igual a todos”, no penúltimo parágrafo), por outro. Com base nessa comparação, e na leitura superficial que faz da coletânea, o candidato chega à conclusão de que o Brasil deveria priorizar “o desenvolvimento social para que toda a população seja beneficiada”. Para entender o que avaliamos como “leitura superficial”, vale observar a articulação simplificada entre os excertos 3 e 4 (segundo e terceiro parágrafos da redação): “a indústria têxtil” havia sido mencionada no segundo parágrafo e, no terceiro, o candidato trata da “indústria da moda” sem estabelecer a relação com a questão anterior. O candidato não demonstra ter percebido que há duas visões em conflito sobre o “aquecimento da economia pelo consumo”: a indústria da moda (que no excerto 4 da coletânea aparece no interior de um discurso que prioriza o consumo e minimiza suas consequências sociais e ambientais) é apresentada como uma questão à parte, a ser “salientada”, e não como uma posição antagônica à criticada no excerto 3, por meio dos dados negativos ali elencados. Perceber esse antagonismo seria um indício de uma leitura adequada da prova como um todo; pela ausência dessa percepção, esse texto perdeu pontos no critério Lt. Pode-se afirmar que o candidato não se preocupou em elaborar um projeto de texto para, a partir dele, escrever seu texto. A sua estratégia foi seguir, parágrafo a parágrafo, os excertos da coletânea, na sequência em que apareceram na prova, com a ressalva de ter, no primeiro e no último parágrafos, construído uma espécie de “moldura” para o texto, o que o levou a receber uma nota mediana e não uma nota mínima, que seria atribuída a um texto totalmente desorganizado. O candidato deixa registrado, também, que está escrevendo um texto com as características do gênero solicitado: inicia a redação com “conforme pedido”; menciona explicitamente os gráficos (na primeira linha do texto) e um dos textos postados pela professora (“Através do texto 5”, na primeira linha do penúltimo parágrafo); e conclui com uma simulação do registro automático que acompanha as postagens de fóruns virtuais (“postagem do aluno 5 do 3º ano A”). Faltou, porém, argumentar em função de seu ponto de vista; além disso, sua conclusão é uma paráfrase do primeiro parágrafo, sem que tenha havido uma progressão argumentativa em seu texto. Por esses motivos a redação se situa no nível mediano: a leitura superficial a impede de avançar, mas, por cumprir parcialmente a Proposta temática (Pt) e desenvolver o Gênero (G) corretamente, configura-se como uma redação mediana.

Redação anulada

Bem, primeiramente, na forma natural da natureza o Brasil é o melhor pais para se viver, é um pais agricola e tudo

o que planta nasce, só não e o melhor pais ainda por falta de investimento na educação e para o povo, algo que torna ele um pais perigoso, violento, onde a taixa de natalidade é maior que a de mortalidade. No Brasil a falta de conecimento sobre os assuntos é um problema, pois não existe um senso comum para o progressão do pais como na Noruega.

O texto acima trata genericamente da qualidade de vida no Brasil, afirmando que o nosso país seria o melhor lugar para se viver, graças à sua natureza. Com isso, dialoga com o conhecido clichê do país “bonito por natureza”. Em seguida, o candidato aponta nossos problemas: a violência e a falta de investimento em educação, o que faz com que o Brasil não progrida como a Noruega. Considerando os elementos que deveriam ser levados em conta no desenvolvimento do texto, observa-se que o candidato deixou de cumprir as etapas mínimas necessárias: a) desconsiderou os indicadores econômicos; b) ao mencionar os problemas brasileiros, desconsiderou os apontados na coletânea da prova e mencionou outros dois (educação e segurança), sem integrá-los a um texto que abordasse efetivamente o tema. Alguém poderia ficar em dúvida se o texto deveria ser, de fato, anulado, pois ele inclui uma breve comparação entre o Brasil e a Noruega, países mencionados na coletânea de textos. Tal comparação não é pertinente para o desenvolvimento da Proposta temática (Pt), que exigia que o candidato respondesse a duas questões. Além disso, o texto não é uma postagem no fórum da disciplina em resposta à professora de Geografia. Para que a redação se caracterizasse como uma resposta às questões da professora, seria necessário levar em conta a situação de produção. Seria necessário comparar, minimamente, as posições dos países nos gráficos e tentar responder em qual dos rankings o Brasil subiria, ou em qual deles poderia vir a ter pior classificação, caso incentivasse o consumo. Em outras palavras, não há nada na redação que permita ao leitor que desconheça a prova saber qual foi a tarefa solicitada: o leitor hipotético não poderia depreender nem a Proposta temática (Pt) nem o tema da prova.