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Análise do Filme 'Spotlight': Jornalistas Heróis e a Jornada do Herói, Notas de estudo de Construção

Este trabalho final de graduação explora como a estrutura da jornada do herói de joseph campbell está presente na construção do jornalista em 'spotlight'. A pesquisa mapeia os passos principais da narrativa no filme, aponta quais personagens e momentos se encaixam no modelo narrativo da jornada do herói, além de destacar os valores éticos da equipe de repórteres do jornal the boston globe. O objetivo é relacionar os doze pontos da jornada do herói estabelecidos por campbell com a construção dos jornalistas heróis na narrativa.

O que você vai aprender

  • Como a Jornada do Herói de Joseph Campbell influencia a construção dos jornalistas heróis na narrativa de 'Spotlight'?
  • Quais personagens e momentos do filme se encaixam no modelo narrativo da Jornada do Herói?
  • Quais passos principais de construção narrativa podem ser identificados no filme 'Spotlight'?
  • Quais diferenças existem entre o jornalismo convencional e o jornalismo investigativo, como discutido em 'Spotlight'?

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

usuário desconhecido
usuário desconhecido 🇧🇷

4.5

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Não perca as partes importantes!

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Rafael Caetano Finger
A CONSTRUÇÃO DO JORNALISTA POR MEIO DA JORNADA DO HERÓI NA
NARRATIVA DO FILME SPOTLIGHT: SEGREDOS REVELADOS
Santa Maria, RS
2019
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Rafael Caetano Finger A CONSTRUÇÃO DO JORNALISTA POR MEIO DA JORNADA DO HERÓI NA NARRATIVA DO FILME SPOTLIGHT: SEGREDOS REVELADOS Santa Maria, RS 2019

Rafael Caetano Finger A CONSTRUÇÃO DO JORNALISTA POR MEIO DA JORNADA DO HERÓI NA NARRATIVA DO FILME SPOTLIGHT: SEGREDOS REVELADOS Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Jornalismo, Área de Ciências Sociais, da Universidade Franciscana - UFN, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Jornalismo. Orientadora: Profª. Glaíse Bohrer Palma Santa Maria, RS 2019

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço aos meus pais, Paulo Roberto Finger e Ana Maria Caetano Finger, e às minhas irmãs, Angela Lisandra Caetano Finger e Angela Patricia Finger Rodrigues. Eles sempre me apoiaram e acreditaram que esta conquista seria possível e estiveram ao meu lado em todos os momentos. Agradeço, especialmente, à minha orientadora, Glaíse Bohrer Palma, pela parceria, pela risada, pelo apoio e pelo conhecimento que foi repassado para mim durante as nossas orientações, desde “Métodos e Técnicas da Pesquisa em Comunicação” até o “Trabalho Final de Graduação I e II”, e durante todo o curso. Ainda, agradeço aos meus amigos João Pedro Foletto e Giulimar Machado (Giu), que, desde o início do curso, se tornaram muito mais do que amigos, mas irmãos, colegas, parcerias para qualquer momento. Por último, a todos os professores do Curso de Jornalismo da Universidade Franciscana: Mauricio Dias Souza, Laura Elise de Oliveira Fabricio, Fabiana da Costa Pereira, Rosana Cabral Zucolo, Carlos Alberto Badke (Bebeto), Iuri Lammel Marques, Carla Simone Doyle Torres, Neli Fabiane Mombelli, Gilson Luiz Piber da Silva e Sione Gomes dos Santos, pois, sem eles, este sonho não seria realizado.

O impossível não existe! Os limites só existem se você os deixar existir. Wendel Bezerra

LISTA DE FIGURAS

11 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objeto de estudo o filme estadunidense Spotlight: Segredos Revelados (2015), de Thomas McCarthy. A partir do filme escolhido, a pesquisa tem como objetivo geral relacionar os doze pontos da Jornada do Herói estabelecidos por Joseph Campbell e a construção dos jornalistas heróis na narrativa. Baseado em uma história real, a narrativa mostra um grupo de jornalistas que reúne informações para provar casos de abuso sexual de crianças, causados por padres católicos. Os líderes religiosos esconderam o caso transferindo os padres de região ou pelo motivo de estarem doentes e de licença médica, ao invés de puni-los pelo caso. A Jornada do Herói é uma estrutura que está presente nas produções cinematográficas, como roteiros de cinema e seriados, para descrever a trajetória dos protagonistas. Dessa forma, procuramos elencar os métodos utilizados na narrativa por meio da observação e da análise descritiva, baseados nos critérios de Gil (2008). Como objetivos específicos, temos: mapear os passos principais de construção narrativa no filme; apontar quais personagens e momentos do filme se enquadram no modelo narrativo da Jornada do Herói, além de destacar os valores éticos da equipe de repórteres do jornal The Boston Globe. Tendo como problema de pesquisa: como o filme Spotlight constrói a imagem de jornalistas heróis a partir da perspectiva da Jornada do Herói? A escolha por este objeto de estudo é justificada pelo gosto pessoal do pesquisador pelo filme Spotlight: Segredos Revelados (2015) e seu interesse pela área cinematográfica. Outro fator relevante para escolha do filme foi o trabalho em equipe na investigação dos jornalistas do jornal The Boston Globe. Em uma busca sobre pesquisas desenvolvidas no curso de Jornalismo da UFN e artigos na área da Comunicação, foram localizados 4 trabalhos. O trabalho de Campos (2017) tem como objetivo como o jornalismo investigativo é abordado no cinema. Assim, a obra cinematográfica Spotlight: Segredos Revelados foi escolhida como objeto de análise. Campos (2017) busca analisar como foram demonstrados os métodos de apuração e investigação utilizados pela equipe de jornalistas do jornal The Boston Globe com base nas técnicas de apuração mencionadas pelo jornalista brasileiro Leandro Fortes, no livro Jornalismo. A pesquisa de Souza (2016) busca fazer uma análise fílmica de Spotlight: Segredos Revelados (2016) para discutir o jornalismo e entender as diferenças entre jornalismo convencional e jornalismo investigativo. Souza (2016) procura entender o que é jornalismo e

12 as suas implicações, colocando em pauta a objetividade, a imparcialidade, o agendamento de notícias e a ética do fazer jornalístico. Souza (2016) busca estudar também o que difere o jornalismo dito convencional do jornalismo investigativo, também discutindo a diferenciação entre jornalismo investigativo e jornalismo sobre investigação e entender como é a representação da figura do jornalista no cinema. O trabalho realizado por Silva, Lima e Amâncio (2017) tem por finalidade realizar uma análise do filme Spotlight: Segredos revelados , que foca na atuação dos jornalistas como representantes que lutam por causas sociais ao denunciar as injustiças do mundo humano que ocorre durante a investigação de casos de padres da Igreja Católica que molestaram e abusaram sexualmente de mais de 80 crianças na cidade de Boston, EUA. Nesta pesquisa, os autores analisaram o relacionamento dos jornalistas com as vítimas, os colegas de trabalhos, os amigos e familiares, e como representam os menos favorecidos que saem prejudicados por um sistema falho, que insiste em privilegiar uma maioria financeiramente vantajosa. A partir disso, Silva, Lima e Amâncio (2017) chegaram a uma conclusão que no filme os jornalistas seguem os moldes do jornalismo investigativo como na apuração de fatos, partindo de uma denúncia, consultando as mais diversas fontes a procura de mais informações e, também assumem a posição de representantes sociais ao contar suas histórias para ajudar a promover um movimento social de libertação contra a opressão. Já a pesquisa de Oliveira (2018) analisa como o cinema mostra o jornalismo investigativo no filme Spotlight: Segredos Revelados. A pesquisa tem por objetivo compreender como os fundamentos do Jornalismo Investigativo são apresentados no cinema. O desenvolvimento do Trabalho Final de Graduação está estruturada em três capítulos de referencial teórico, sendo que o primeiro apresenta o esclarecimento do hibridismo entre o cinema e o jornalismo e os tipos de filmes que retratam o jornalista e a profissão de diferentes formas, sob a perspectiva de Berger (2002). Já o segundo capítulo aborda o conceito da Jornada do Herói que nasceu a partir de uma análise feita por Joseph Campbell. A partir disso, passamos a utilizar os passos teóricos de Vogler que abordam a questão do herói na história e na construção da jornada a partir dos 12 estágios. No terceiro capítulo, esta pesquisa aborda a conduta ética do trabalho dos profissionais da área da comunicação em serviço à comunidade sob a perspectiva de Valls (1994) e do Código de Ética da Associação dos Jornalistas Profissionais dos Estados Unidos.

14 1 REFERENCIAL TEÓRICO 1 .1 JORNALISMO NO CINEMA O cinema, conhecido como sétima arte, produz histórias que já atraíram milhares de pessoas, seja pelo enredo, pelos efeitos ou através de elementos que compõem a produção cinematográfica. Em meio a tantas obras, Berger (2002) lembra que o cinema e o jornalismo apresentaram filmes em que o jornalista é o personagem principal ou secundário na narrativa. Berger (idem) esclarece que o hibridismo entre o cinema e o jornalismo fez surgir os newspaper movies , no Brasil chamados de filmes de jornalista, um subgênero consagrado especialmente no cinema norte-americano. Dessa forma, os newspaper movies são filmes de jornalistas que atuam como protagonistas, colocando a prática jornalística como ponto central de suas tramas e buscando reconstruir a relação do profissional com a notícia e a sociedade. Ainda, de acordo com Berger (idem), o primeiro filme desta temática foi produzido nos Estados Unidos: O poder da Imprensa ( The Power Of The Press ), de 1909, dirigido por Van Dyke Brooke. A partir disso, os newspaper movies abriram caminhos para uma série de obras cinematográficas que combinaram suas tramas dentro do jornalismo. Os filmes de jornalista retratam o profissional e a profissão em diferentes formas, abordando perspectivas positivas e negativas. Para Berger (idem), ao perseguir criminosos ou manipular fatos, o jornalista está fazendo o seu trabalho de investigador, correndo riscos para realizar as atividades de sua profissão. Travancas (2011) define o jornalista vilão como o profissional que não se esforça para conseguir seus objetivos e não demonstra dúvida em colocar sua carreira na frente de tudo e todos, enquanto o herói é identificado como o defensor da verdade, da democracia e do bem comum. É possível afirmar que o cinema colaborou com a construção de uma imagem, ou melhor, de algumas imagens do jornalista; representações que certamente influenciaram na escolha profissional de futuros repórteres. Quantas carreiras jornalísticas não devem ter nascido no “escurinho” de uma sala de cinema? (TRAVANCAS, 2001, p. 02). Dos 785 filmes identificados como jornalismo por Berger (2002), 536 foram produzidos nos Estados Unidos, o que demonstra que a indústria cinematográfica americana é a maior produtora de filmes de jornalismo. Além disso, países como Itália, Brasil, França e

15 Alemanha produziram obras cinematográficas de jornalistas, mas ninguém soube associar a profissão melhor do que o cinema americano. De acordo com Berger (2002), as obras cinematográficas produziam filmes animados com heróis cheios de ânimos. No entanto, esse ambiente passou a ser abandonado devido à fase inicial dos americanos de relatos de crimes e paixões com cenários escuros. A partir disso, Berger (idem) explica que, nos filmes de ação, os jornalistas e os policiais têm os papéis substituídos; a polícia passa a contar com a investigação do jornalista para apurar fatos e escrever as matérias. Segundo Berger (2002), no filme Felony , de David A. Prior, os papéis entre policiais e jornalistas são alternados. Ainda conforme Berger (idem), outro filme com papéis alternados é o The Front Page (A Última Hora), dirigido Lewis Milestone, de 1931, que retrata a história da rivalidade entre repórteres à procura de um fugitivo e do conflito entre o chefe de redação e o jornalista. A partir disso, com base em Berger (2002), o filme de Milestone fez o autor da peça teatral, Bem Hecht, inspirar-se nas versões de The Front Page para produzir roteiros de filmes de gângster. Além disso, Berger (2002) explica que existe uma conexão entre o jornalismo e o cinema onde os diretores, os roteiristas e os jornalistas são profissionais equivalentes. Com base disso, Berger (2002) ressalta que o primeiro homem a ser empregado para escrever roteiros de obras cinematográficas foi o jornalista Roy McCardell, em 1908, um ano antes do primeiro filme de jornalistas. S egundo Berger (2002), desde os anos 30 , foram produzidos inúmeros filmes jornalísticos relacionados aos poderes do Estado, sistema judiciário, política e imprensa. Como exemplo há o filme Mr. Smith Goes To Washington (A Mulher Faz o Homem), de 1939, dirigido por Frank Capra. Nesta obra cinematográfica, é mostrada a relação entre os dois campos. De acordo com Berger (idem), o filme conta a história de Jefferson Smith, um homem humilde do interior, que é convidado a se tornar senador dos Estados Unidos, em Washington, pelo dono de um jornal. No filme, a justiça vence com um final exemplar onde o político corrupto assume a culpa e o dono do jornal é desmascarado. Além disso, Berger (idem) menciona o filme The Bonfire Of The Vanities (A Fogueira das Vaidades), de 1990, com direção de Brian De Palma. O filme mostra cenas relacionadas entre a justiça, a imprensa e um jornalista, em que Peter Fallow (Bruce Willis), conhece a fonte de sua história, um homem acusado injustamente por matar um negro.

17 Há uma imagem presente nos filmes em que o jornalista assessor é abandonado do seu habitat natural para trabalhar como assessores de assuntos gerais. Berger (idem) explica que as campanhas políticas mostram o abandono dos jornalistas na carreira de produtor de notícias para entrar como assessores nas campanhas políticas. Segundo a autora, as campanhas políticas nos filmes são abordadas em situação de corrupção e lavagem de dinheiro, como nos filmes Os Donos do Poder (Power, 1986), Mera Coincidência (wag The Dog, 1997) e Segredos do Poder (Primary Coloros, 1998). 1.2 OS MITOS A jornada do herói é uma estrutura formulada que nasceu a partir de uma análise feita por Joseph Campbell em seu livro O Herói das Mil Faces, de 1949. Além de ser uma estrutura narrativa e utilizada em mitos, lendas e fábulas, a jornada pode ser empregada nas histórias modernas como roteiros de filmes. Segundo Vogler (2009), essa estrutura já era utilizada desde os tempos das pinturas nas cavernas. A partir disso, Vogler (2009) explica que as ideias de Campbell foram utilizadas em Hollywood e podem ser percebidas em filmes de diretores como Steven Spielberg, John Boorman e Francis Coppola. Vogler (idem) afirma que o conceito de Campbell é uma ferramenta relevante para roteiristas, produtores, diretores e cenógrafos para ajudar a construir uma história a partir de qualquer situação imaginável. Conforme Vogler (idem), a obra Campbell descreve o começo de uma jornada do herói que é contada e recontada várias vezes. Campbell descobriu que todas as narrativas, sejam elas literárias ou não, seguem os antigos padrões do mito. Campbell (1995) ressalta que em todas as narrativas existe um herói e que a história gira em torno da sua aventura. O autor avalia que o herói nem sempre é uma pessoa, podendo ser um animal ou uma figura mitológica. Em sua obra, Campbell explica que o indivíduo é basicamente uma fração e distorção da imagem do homem. Ele é limitado, quer como homem ou como mulher; a cada período de sua vida, ele é outra vez limitado na condição de criança, jovem, adulto maduro ou ancião; ademais, no papel que desempenha na vida, é necessariamente especializado como artesão, comerciante, servo ou ladrão, sacerdote, líder, esposa, freira ou prostituta; ele não pode ser tudo (CAMPBELL, 1995, p. 192).

18 A história de um herói é sempre uma jornada que faz o personagem sair de seu ambiente seguro para se aventurar em um mundo hostil e estranho ou segue uma jornada da mente, do coração e do espírito. Existem várias histórias que levariam o herói para uma jornada onde ele teria um crescimento e transformação de um modo de ser para outro (VOGLER, 2009). Vogler esclarece que os estágios da Jornada do Herói podem ser apresentados em todo tipo de história e relata que o protagonista não precisa mostrar somente aventuras ou atos heroicos, mas de qualquer forma o protagonista de toda história é um herói de uma jornada. Já Campbell (1995) afirma que ao analisar obras cinematográficas muitas histórias seguem os 12 estágios da Jornada do Herói. Ele explica que a jornada não traz necessariamente a história de um super-herói, mas um herói relacionado ao protagonista que irá lutar por seus objetivos que o farão crescer e torná-lo mais forte ao final de sua jornada. Além disso, a jornada do herói é dividida em três partes que o herói vivenciará durante a aventura: a partida, a iniciação e o retorno. A partida lida com o herói planejando a sua jornada; a iniciação contém as aventuras do herói ao longo de seu caminho; e o retorno é o momento em que o herói volta para a casa com o conhecimento que adquiriu ao longo da jornada. (VOGLER, 2009) E dentro dessas três divisões têm os 12 estágios: 1) mundo comum; 2) chamado à aventura; 3) recusa do chamado; 4) encontro do mentor; 5) travessia do primeiro limiar; 6) testes, aliados e inimigos; 7) aproximação da caverna oculta; 8) provação; 9) recompensa; 10) o caminho de volta; 11) a ressurreição do herói e 12) o retorno com o elixir. Em o Mundo Comum , Vogler (2009) explica que a maioria das histórias o herói é deslocado para fora do seu mundo. De acordo com o autor, esse primeiro estágio gerou inúmeros filmes e espetáculos de televisão, entre eles estão O fugitivo, A família Buscapé, A mulher faz o homem, Na corte do rei Arthur, O Mágico de Oz, A testemunha, 48 horas, Trocando as bolas e Um tira da pesada. No Chamado de aventura , o herói é desafiado para uma aventura, onde ele não pode mais permanecer no conforto de seu mundo comum. Segundo Vogler (2009), nas histórias de detetive, no segundo estágio é mostrado o personagem aceitando investigar um novo caso e solucionar um crime que perturbou a ordem das coisas. A partir disso, Vogler (2009) explica que o chamado à aventura estabelece o objetivo do herói e, além disso, pode ser expresso por uma pergunta que é feita pelo próprio chamado.

20 estágio mostra as melhores cenas de filmes onde há perseguição e onde o herói é perseguido no caminho de volta pelas forças escuras. E, além disso, é a fase que marca a decisão de voltar ao mundo comum onde o protagonista vai ter que deixar para trás o mundo especial e passará por mais perigos, tentações e testes. No penúltimo estágio, A ressurreição , Vogler (idem) explica que é o segundo momento de vida ou morte onde o herói passará por uma prova final para ver se realmente aprendeu as lições da provação. Segundo o autor, o herói passa por uma transformação e volta a vida como um novo ser. No último estágio, Retorno com o Elixir , o herói retorna ao mundo comum. Para Vogler (idem), a jornada não fará sentido se o herói não trouxer um tesouro do mundo especial. Segundo Vogler (idem), o tesouro é conquistado na busca ou pode ser apenas a volta para casa com uma boa história para contar. Além disso, é também nesse estágio em que o herói pode repetir a aventura. A partir disso, Campbell (1995) ressalta que o herói pode ser encontrado na realidade. Ele explica que o objetivo do herói não é a mesma dos séculos passados. “Onde então havia trevas, hoje há luz; mas é igualmente verdadeiro que, onde havia luz, hoje há trevas. A moderna tarefa do herói deve configurar-se como uma busca destinada a trazer outra vez à luz a Atlântida perdida da alma coordenada.” (CAMPBELL, 1995, p. 194) Além disso, Campbell (1995) explica que o herói moderno na sociedade mostra o homem com uma presença estranha e não somente o herói, mas também as pessoas passam por provações nos momentos brilhantes das grandes vitórias e nos silêncios do próprio desespero delas. 1.3 ÉTICA JORNALÍSTICA E O CÓDIGO DE ÉTICA DOS JORNALISTAS AMERICANOS Além de mapear os passos principais de construção narrativa no filme a partir desses doze estágios, esta pesquisa também busca analisar os aspectos éticos dos jornalistas no filme. Segundo Valls (1994), a ética é um estudo sobre as ações humanas ou de normas de comportamentos: Tradicionalmente ela é entendida como um estudo ou uma reflexão, científica ou filosófica, e eventualmente até teológica, sobre os costumes ou sobre as ações humanas. Mas também chamamos de ética a própria vida, quando conforme aos costumes considerados corretos. A ética pode ser o estudo das ações ou dos costumes, e pode ser a própria realização de um tipo de comportamento (VALLS, 1994, p.7).

21 A partir disso, os Códigos de Ética jornalísticos podem ser entendidos como normas de comportamentos que buscam esclarecer a conduta ética do trabalho dos profissionais da área da comunicação em serviço à comunidade, além de abranger o direito de informar, de ser informado e de ter o acesso à informação. Como o filme retrata jornalistas americanos iremos nos remeter ao Código de Ética da Associação dos Jornalistas Profissionais dos Estados Unidos, que esclarece que o dever do jornalista é buscar a verdade e trabalhar para servir ao público com qualidade e honestidade. A obra de Thomas McCarthy, diretor do longa, revela alguns tópicos relevantes na ética dos jornalistas americanos como a checagem das informações de fontes, os jornalistas demonstrando respeito pela dignidade e privacidade das vítimas envolvidas, além de serem cautelosos na identificação de suspeitos jovens ou vítimas de crimes sexuais. Os Estados Unidos têm diferentes grupos de jornalistas profissionais com seus códigos de ética. Alguns deles são:

  • Manual de Ética Jornalística do The New York Times ;
  • Valores e Princípios da Associated Press ;
  • Código da American Society of Business Publication ;
  • Manual de Ética Jornalística do The New York Times ;
  • Valores e Princípios do Associated ;
  • Código da American Society of Business Publication ;
  • Código da American Society of News Editors (ASNE);
  • Código da American Society of Newspaper Editor ;
  • Código da Society of Profesional Journalists ;
  • Código de Ética da Associated Press Managing Editors ;
  • Código de Ética da National Press Photographers Association ;
  • Código de Ética Online da News Association ;
  • Código de Conduta da Radio-Television News Directors Association ;
  • Society of American Business Editors and Writers. Embora o jornalismo esteja associado à narrativa do presente, há jornalistas que trabalham com o passado para investigar histórias que foram silenciadas. É o caso do longa de Tom McCarthy que mostra o trabalho jornalístico investigativo da equipe Spotlight para desvendar o acobertamento de abusos sexuais de menores por padres. A partir disso, o filme contribui para a memória dos indivíduos e da sociedade como um todo, demarcando um período em que acontecimentos só puderam vir à tona graças a investigação do jornalismo.