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Através dos depoimentos de pessoas que sofreram infarto, este texto explora a relação entre a angústia de morte, o adoecimento e as reflexões sobre a vida. Através de obras de autores como aubert e freud, analisa-se a urgência na sociedade hipermoderna, a intensidade de si e a questão da religiosidade. Busca-se entender como a mitologia pode trazer uma compreensão existencial sobre a trajetória do herói, tanto na interrupção quanto na retomada da vida.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
QUANDO O MAL - ESTAR SOCIAL ADOECE O CORAÇÃO:
Suzana de Albuquerque Paiva
Belo Horizonte 2008
Suzana de Albuquerque Paiva
Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação Stricto Sensu em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Psicologia.
Orientador: Dr. José Newton Garcia de Araújo
Belo Horizonte 2008
Suzana de Albuquerque Paiva Quando o mal-estar social adoece o coração: o infarto à luz da psicossociologia.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2008.
Dr. José Newton Garcia de Araújo
____________________________________________________________ José Newton Garcia de Araújo (Orientador) – PUC Minas
Dra. Jacqueline de Oliveira Moreira
Jacqueline de Oliveira Moreira – PUC Minas
Dr. José Paulo Giovanetti
José Paulo Giovanetti – FEAD - Minas
Para Nicole Aubert e José Newton Garcia de Araújo
E em especial aos pacientes entrevistados, que abriram para mim seus corações, por amor, apesar de todo o sofrimento vivido em decorrência do infarto, da dor e da hospitalização. Agradeço ao meu pai Danilo (in memoriam) e à minha mãe Aïda, pelo amor e carinho. Aos meus filhos, Aline e Duane, pelo apoio e amizade. Aos meus netos Mateus, verdadeiro “presente de Deus” e a recém-chegada Larissa, “cheia de alegria”, por me fazerem sentir intensamente feliz. Aos meus amigos e amigas, pela fidelidade. À coordenadora do Mestrado em Psicologia da PUC Minas, Dra. Jacqueline de Oliveira Moreira, e aos professores do Mestrado, pelos ensinamentos e pelo estímulo.
Aos colegas do Mestrado, por compartilharem comigo as alegrias e os estudos, as festas e as apresentações dos trabalhos e projetos. A todos eles, o meu carinho especial. A Marília e ao Celso, pela dedicação cuidadosa às tarefas administrativas do Mestrado e aos alunos, o meu agradecimento e amizade. Agradeço também ao Flávio e à Gabriela, pelos cuidados. E não poderia deixar de agradecer aos meus mestres monges do Oriente, sempre tão verdadeiramente disponíveis para me transmitir conhecimentos e ensinamentos ancestrais de forma amorosa, e pelo interesse e apoio em relação a esta pesquisa.
O mundo em que vivemos talvez seja um mundo de aparências, a espuma de uma realidade mais profunda que escapa ao tempo, ao espaço, a nossos sentidos e a nosso entendimento. Mas nosso mundo da separação, da dispersão, da finitude significa também o mundo da atração, do reencontro, da exaltação. E estamos plenamente imersos neste mundo que é o de nossos sofrimentos, felicidades e amores. (MORIN, 1999, p. 8).
Cette étude cherche à dévoiler certains aspects de la société hypermoderne considérés comme facteurs de risque pour les maladies cardio-vasculaires, spécifiquement pour l'Infarctus Aigu du Myocarde (IAM). L’objectif majeur est de comprendre la réalité du sujet coronarien ayant subi un infarctus, dans le contexte des “pathologies de l'urgence”. Les oeuvres de Nicole Aubert soutiennent la thématique recherchée. Une analyse de certains déterminants psychosociaux, liés à la dynamique des maladies du coeur, a été réalisée auprès des sujets du sexe masculin et du sexe féminin, tout en gardant leurs respectives spécificités. La recherche est qualitative et essaie de comprendre de nouveaux aspects du malaise dans la contemporanéité. Des thèmes tels que l'hypermodernité et la constitution du sujet contemporain ont été liés à l'avènement de l’infarctus, abordé sous l’angle de la clinique médicale et articulée à la clinique psychossociologique. À travers le témoignage des sujets de la recherche, l’infarctus et l’imminence de la mort ont été associés à une façon morbide de s’engager au cotidien et de mener les projets de vie, ayant comme points de départ le vécu laboral et le vécu amoureux. Des éléments de l'univers social ont été articulés à ceux du monde psychique, étant données les tensions vécues entre individu et société, sans négliger les prédispositions physiopathologiques déjà ancrées chez chaque individu. Sept entretiens de patients et un récit de cas clinique de la littérature ont été analysés. Les contenus ont été organisés à partir de cinq grands thèmes: causes psychosociales du IAM, vécu laboral, vécu amoureux, angoisse de mort, réflexions post-infarctus. On a conclu que le vécu de la maladie a rendu possible, chez les sujets, des moments de réflexion et la prise de conscience orientée vers une meilleure qualité de vie et un rapport moins stressant avec le temps, surtout en ce qui concerne les vécus laboral et amoureux.
Mots-clé: Hypermodernité; Pathologies de l'urgence; Infarctus; Vécu laboral; Vécu amoureux.
The aim of this study is to reveal some aspects of a hypermodern society, regarded as risk factors for cardiovascular diseases, especially for the acute myocardial infarction (AMI). The main purpose is to understand the reality of the coronarian infarcted subject, within the context of the “pathologies of the urgency”. The works of Nicole Aubert offer a special theoretical support to the thematic investigated. An analysis on the psychosocial determiners was conducted relating to the dynamics of heart illness, in males and females, respecting their particularities. There was an attempt at understanding, from the point of view of the qualitative research approach, new aspects of the malaise in the contemporary society. Themes like hypermodernity and the constitution of a contemporary subject were related to the occurrence of the infarction, a phenomenon studied according to the medical clinic in its articulation with the psychosociological clinic. Through statements collected from the subjects studied, infarction and the imminence of death were associated with their “morbid” way of facing daily life and their own life projects, having as a focus the “grasp of the life experience” at work, and, in love. Elements of the social universe and psychic world were articulated, recognizing the tensions experienced between individual and society, without disregarding the physiopathological predispositions inherent to each individual. Seven interviews with patients and a report on a clinical case from the literature were analyzed. Their contents were organized into five main themes: AMI psychosocial causes, “grasp of the life experience” at work, “grasp of the life experience” in love, death anguish, reflections post-infarction. It was concluded that the experience of falling ill, lead, each subject, to moments of reflection that propitiated awareness towards a better quality of life and a less stressing relation with time, especially regarding the “grasp of the life experience” at work and in love.
Key words: Hypermodernity; Pathologies of urgency; Infarction; “Grasp of the life experience” at work; “Grasp of the life experience” in love.
CTI - Centro de Terapia Intensiva
DAC - Doença Arterial Coronária
Data SUS/MS - Serviço Único de Saúde/Ministério Saúde
DCV - Doença Cardiovascular
ECG - Eletrocardiograma
ECO - Ecocardiograma
FC - Freqüência Cardíaca
FV - Fibrilação Ventricular
HA - Hipertensão Arterial
HDL - High Density Lipoprotein = Bom Colesterol
HVE - Hipertrofia Ventricular Esquerda
IAM - Infarto Agudo do Miocárdio
IRM - Imagerie par Résonance Magnétique = RNM – Ressonância Nuclear Magnética
ISIS - 3, GUSTO I – Estudos Clínicos Multicêntricos
IV - Intra Venosa
OMS - Organização Mundial de Saúde
PA - Pronto Atendimento
TECLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UCO - Unidade Coronariana
USA - United States of America = Estados Unidos
VE - Ventrículo Esquerdo
sujeito, parcialmente e provisoriamente, sua identidade e seu referencial de vida. Ele deixa de ser chamado pelo seu nome, em alguns momentos da dinâmica hospitalar, e passa a ser “o paciente do box número tal”; ele deixa de ser sujeito para ser paciente, aquele que espera “pacientemente”, ou, como na maioria das vezes, ansiosamente pelos cuidados do outro. Ele perde suas roupas, seu cargo, o contato diário com seus familiares, perde a autonomia, a independência e, conseqüentemente, perde a autoconfiança. Sente medo. Medo da doença, da dor, da vida e da morte. Ao longo deste estudo realizado previamente sobre a Síndrome Pós-Infarto, foi possível observar que as pressões sociais e o estresse faziam parte dos fatores de risco para o acometimento do infarto. Mas que pressões seriam essas? De onde viriam e como agiriam? Quais seriam os determinantes psicossociais do infarto, na contemporaneidade? Poderíamos considerar o infarto como um “sintoma” do mal-estar contemporâneo, visto ter ligações intrínsecas com as “patologias da urgência” e do “hiperfuncionamento de si”, tais como definidas por Aubert (2004a)? Apesar de essas questões sobre as pressões sociais e o estresse não terem sido analisadas, por não fazerem parte da fase pós-infarto que estava sendo estudada naquela época, elas marcaram as observações e indicaram possibilidades futuras de aprofundamento e de pesquisa. O infarto e os motivos psicossociais, dados pelos pacientes como sendo os causadores do adoecimento e do evento coronariano, tornaram-se temas de interesse maior e, conseqüentemente, minha proposta de pesquisa para o Mestrado. Passamos a trabalhar, primeiramente, com a noção de “fato social total”, definida por Marcel Mauss (2003), como “[...] fenômenos de totalidade , dos quais participam não apenas o grupo, mas também, por ele, todas as personalidades, todos os indivíduos em sua integridade moral, social, mental e, sobretudo, corporal e material.” (MAUSS, 2003, p. 336). Esta noção nos permite compreender melhor o cotidiano, os componentes emocionais e os aspectos referentes à saúde do sujeito. Em segundo lugar, pensamos debruçar nosso olhar sobre as reflexões que seriam feitas pelos sujeitos da pesquisa, em relação ao infarto e à vida, naquele momento que, como observado na pesquisa anterior, é vivido e sentido por eles como o de um verdadeiro encontro com a morte. “ Eu já dancei com a morte três vezes” , contou-nos um paciente, afirmando que já havia sofrido três infartos. Quando lhe perguntamos como tinha sido essa dança, ele afirmou que “ a morte é levinha, levinha, levinha; mas é também, pesada... Ela é aterrorizante.” Outro paciente infartado comenta: “ Cheguei lá e São Pedro disse: Não, ainda
não! Ainda tem muita coisa para fazer. Volta!” Partindo de uma série de colocações como essas, comuns por parte dos pacientes coronarianos em geral, questionamo-nos sobre os seus aspectos mais significativos. E também nos indagamos se o estudo das reflexões sobre o infarto, sobre a vida e sobre a morte, feitas pelos sujeitos desta nova pesquisa, poderia nos levar a uma compreensão mais ampla sobre o mal-estar na contemporaneidade, principalmente quando relacionado aos vividos laboral e amoroso, com possíveis impactos no aumento das decorrências do IAM. “Apesar dos avanços marcantes nas últimas três décadas no diagnóstico e no tratamento, o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) continua sendo o maior problema de saúde pública no mundo industrializado.” (ANTMAN & BRAUNWALD, 1999, p. 1265). Quanto ao vivido laboral, observamos uma preocupação constante dos sujeitos hospitalizados, evidenciando alguns traços do atual sujeito trabalhador. No cenário da urgência no hospital, vemos as conseqüências das mudanças e das atuações nesse campo, como, por exemplo, as repercussões do estresse na saúde do trabalhador. O estresse é considerado fator de risco para as doenças coronarianas, segundo a American Heart Association. ( Fighting Heart Disease and Stroke, AHA, 1997). As pesquisas atuais mostram, para além das clássicas representações populares sobre a incidência de infartos só em homens, um índice cada vez mais elevado de infartos entre mulheres,^2 comprovando os efeitos do estresse na saúde física, marca da contemporaneidade, em que as mulheres estão cada vez mais inseridas no mercado de trabalho e, conseqüentemente, sofrendo os impactos causados pelo ritmo acelerado do dia-a-dia, pelas múltiplas opções de atividades e da conseqüente fragmentação de sua identidade. Aubert (1989) questiona se o estresse não seria, por excelência, a doença da vida moderna. Visto como um tipo de “mal do século”, o estresse seria um mal devido às agressões cotidianas suscitadas por uma sociedade em movimento contínuo, um mal em relação às adaptações necessárias para um mundo em constante mudança. O progresso tecnológico e as mudanças no mundo do trabalho, como a reestruturação produtiva das últimas décadas, o incremento das terceirizações ou a pressão cada vez maior por lucros e resultados, por exemplo, estariam forçando o homem a um distanciamento cada vez maior de si mesmo e do outro, na vivência de suas relações?
(^2) Numa reportagem sobre doenças cardiovasculares, intitulada: ‘Coração mata mais que o câncer da mama’, fala- se da campanha “Coração de Mulher”, feita pela Pfizer com apoio científico da Sociedade Brasileira de Cardiologia, que alerta sobre o risco de doenças cardiovasculares, a principal causa de morte entre as mulheres acima de 35 anos. (Folha de São Paulo, 19 de setembro de 2004).
Consideramos a experiência vivida como um fator enriquecedor para as pesquisas. E a possibilidade de oferecer a experiência, como uma sabedoria adquirida na vida, tem também um componente de realização e de importância vital para os sujeitos que contribuem para com os estudos e as pesquisas. Quando me preparava para dar início às entrevistas sobre a Síndrome Pós-Infarto, obtive na resposta e na reação de um sujeito que havia infartado, e cujo relato incluo a seguir, uma força que me serviu de inspiração durante todo o tempo que se seguiu, durante a realização das entrevistas, e ainda hoje me acompanha. Quando do primeiro encontro com esse paciente, no semi-intensivo do hospital, após a intervenção, o fato de ele estar ainda debilitado, com dificuldades para respirar, evoluindo com insuficiência cardio-respiratória em fase de compensação clínica, tornava o atendimento psicológico bem limitado. Ainda assim, foi possível estabelecer uma relação e saber um pouco sobre o seu estado emocional. Era preciso ter cuidado, devido a sua fragilidade, pensei. O paciente apresentava sinais de desânimo e de depressão. Mesmo assim, falei a ele sobre a pesquisa e pedi seu consentimento em participar dela, em um outro momento. Ele concordou e ficou pensativo. No dia seguinte, logo ao chegar, noto um sorriso e um entusiasmo, seguidos da seguinte colocação, antes mesmo de responder ao meu “bom-dia”: “Quando você falou da pesquisa, eu me senti importante, fiquei feliz até. Eu já pensava que não servia para mais nada. É bom saber que ainda posso ser útil.” O paciente, do sexo masculino, com 65 anos de idade, se emociona e chora. Percebi, nesse momento, mais um motivo de grande valor para a realização de uma pesquisa: a valorização da experiência humana. Esperamos que os conhecimentos obtidos a partir deste estudo sobre os aspectos psicossociais do IAM possam trazer benefícios, no sentido de compreendermos melhor o paciente coronariano infartado e, conseqüentemente, oferecermos a ele um tratamento mais adequado. Julgamos que tais conhecimentos possam alertar para a importância do trabalho da psicologia nas instituições hospitalares e trazer ainda uma compreensão do campo social e de suas influências na saúde dos sujeitos. E, finalmente, esperamos que esta pesquisa possa contribuir tanto para os estudos sobre o tema e o tratamento do infarto, quanto para as questões de prevenção das doenças cardíacas. O nosso objetivo é o de compreender o evento cardíaco a partir do estudo da articulação entre o universo social e o mundo psíquico, considerando também os aspectos da clínica médica. Buscamos analisar, no âmbito do social, as influências da sociedade na saúde
e na doença coronariana e, no âmbito do psíquico, a relação dos sujeitos com os aspectos, considerados por eles como os verdadeiros causadores do adoecimento do coração e do IAM. Mais especificamente, buscamos desvelar certos determinantes psicossociais do mal- estar contemporâneo, principalmente por meio das experiências do vivido laboral e do vivido amoroso. Buscamos ainda fazer uma análise dos efeitos do mal-estar psicossocial na dinâmica do adoecimento de sujeitos do sexo masculino e do sexo feminino, em suas especificidades. Enfim, questionamos se, através das reflexões feitas pelos sujeitos da pesquisa sobre o infarto, sobre seus projetos de vida e sobre a iminência da morte, novos modos de compreensão do mal-estar na contemporaneidade poderão ser colocados em discussão. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que tem como ferramenta metodológica a entrevista semi-estruturada para a coleta de dados. Minayo (1996, p. 22) enfatiza o caráter “essencialmente qualitativo” do objeto das ciências sociais, dizendo que a realidade social só se apreende por aproximação; ela é o próprio dinamismo da vida individual e coletiva com toda a riqueza de significados dela transbordante. Essa mesma realidade é mais rica que qualquer teoria, qualquer pensamento e qualquer discurso que possamos elaborar sobre ela. Portanto, os códigos das ciências que por sua natureza são sempre referidos e recortados são incapazes de contê-la. “O objeto das ciências sociais é complexo, contraditório, inacabado, e em permanente transformação.” A opção por uma pesquisa qualitativa baseou-se no fato de acreditarmos ser a melhor maneira de estudarmos e conhecermos a realidade viva do sujeito coronariano infartado, e no fato de que esta trará à luz o fenômeno vivido por cada paciente, em sua especificidade. Como a pesquisa qualitativa busca o “sentido vivido” e identifica o significado psicológico das expressões dos sujeitos, pensamos ser o método de análise mais apropriado para o nosso intuito, que é o de compreender as causas psicossociais do infarto na hipermodernidade à luz da experiência dos sujeitos da pesquisa. Esses conhecimentos e essas verdades poderão trazer benefícios para os próprios sujeitos e para a atuação e compreensão dos profissionais de saúde e dos familiares. Enfim, para a prática clínica hospitalar e social. Em relação às entrevistas de pesquisa, elas são consideradas por Bleger (2001, p. 01) um instrumento fundamental do método clínico, “uma técnica de investigação científica em psicologia, e, enquanto tal, tem seus próprios procedimentos ou regras empíricas com os quais não só se amplia e se verifica como também se aplica o conhecimento científico.” Segundo Michelat (1975), as informações sintomáticas que são fornecidas pelas entrevistas permitem apreender cada indivíduo em suas peculiaridades, em sua cultura e