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Qualidade da Água em Comunidades Rurais de Bandeirantes-PR: Estudo de Contaminação, Notas de aula de Farmácia

Um estudo sobre a qualidade da água utilizada para consumo humano em comunidades rurais do município de bandeirantes-pr. O artigo avalia a contaminação de poços subterrâneos e o consumo de medicamentos para doenças infecto-parasitárias (dip) distribuídos pela farmácia pública do sus municipal. Os resultados mostram que 47,79% das amostras de água apresentaram contaminação por coliformes, indicando água imprópria para consumo humano.

O que você vai aprender

  • Qual porcentagem de amostras de água apresentou contaminação por Coliformes?
  • Por que a contaminação de poços subterrâneos pode representar risco à saúde?
  • Como a filtração e a cloração das águas podem ajudar a prevenir a ocorrência de doenças de veiculação hídrica?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

VictorCosta
VictorCosta 🇧🇷

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OTENIO, Marcelo Hentique, et al. Qualidade da água utilizada
para consumo humano de comunidades rurais do município de
Bandeirantes-PR. Salusvita, Bauru, v. 26, n. 2, p. 189-195, 2007.
RESUMO
A água para consumo humano pode ser obtida de diferentes fontes.
Uma dessas fontes, o manancial subterrâneo, que em função do baixo
custo, facilidade de perfuração, captação de água do aqüífero livre
(poço raso) é mais freqüentemente utilizada no Brasil. O bom aspec-
to da água proporciona aos consumidores uma sensação de pureza,
levando-os a não tratarem a água para consumo, nem pelo menos por
um processo de desinfecção, o que certamente minimizaria o risco de
veiculação de enfermidades. A água microbiologicamente contamina-
da pode transmitir grande variedade de doenças infecciosas. O objeti-
vo deste trabalho foi avaliar a qualidade da água relacionando o consu-
mo de medicamentos para DIP (Doenças Infecto Parasitárias). Foram
avaliados 385 laudos de água de comunidades rurais do município de
Bandeirantes - PR, provenientes de poços artesianos ou rasos (água
bruta), foi avaliado também o consumo de medicamentos para DIP da
Secretaria Municipal de Saúde - Farmácia do SUS de Bandeirantes -
PR. Os resultados obtidos evidenciaram que as águas apresentaram
189
QUALIDADE DA ÁGUA
UTILIZADA PARA CONSUMO
HUMANO DE COMUNIDADES
RURAIS DO MUNICÍPIO DE
BANDEIRANTES – PR
Marcelo Henrique Otenio1
Clézio Ravanhani2
Elis Marina Turini Claro3
Maria Imaculada da Silva4
Thiago Junqueira Roncon5
Recebido em: 8/02/2006
Aceito em: 12/01/2007
1 Farmacêutico Bio-
químico - Pesqui-
sador A - Embrapa
Gado e Leite de Juiz
de Fora, MG, Gestão
Ambinetal e Recur-
sos Hídricos;
2 Técnico de Análises
Físico-químicas e
Microbiológicas do
Serviço Autônomo
de Água e Esgoto
– SAAE – Bandeiran-
tes-Pr;
3 Estudante de Bio-
logia da Faculdades
Luiz Meneghel –
FFALM, Estagiária de
Análises Físico-quí-
micas e Microbio-
lógicas do Serviço
Autônomo de Água
e Esgoto – SAAE –
Bandeirantes-Pr;
5 Técnica de Meio
Ambiente e Desen-
volvimento Susten-
tável.;
6 Técnico de Análises
físico-químicas
e microbiológicas
do Serviço Autôno-
mo de Água e
Esgoto - SAAE
Bandeirantes - PR.
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OTENIO, Marcelo Hentique, et al. Qualidade da água utilizada para consumo humano de comunidades rurais do município de Bandeirantes-PR. Salusvita , Bauru, v. 26, n. 2, p. 189-195, 2007.

RESUMO

A água para consumo humano pode ser obtida de diferentes fontes. Uma dessas fontes, o manancial subterrâneo, que em função do baixo custo, facilidade de perfuração, captação de água do aqüífero livre (poço raso) é mais freqüentemente utilizada no Brasil. O bom aspec- to da água proporciona aos consumidores uma sensação de pureza, levando-os a não tratarem a água para consumo, nem pelo menos por um processo de desinfecção, o que certamente minimizaria o risco de veiculação de enfermidades. A água microbiologicamente contamina- da pode transmitir grande variedade de doenças infecciosas. O objeti- vo deste trabalho foi avaliar a qualidade da água relacionando o consu- mo de medicamentos para DIP (Doenças Infecto Parasitárias). Foram avaliados 385 laudos de água de comunidades rurais do município de Bandeirantes - PR, provenientes de poços artesianos ou rasos (água bruta), foi avaliado também o consumo de medicamentos para DIP da Secretaria Municipal de Saúde - Farmácia do SUS de Bandeirantes - PR. Os resultados obtidos evidenciaram que as águas apresentaram

QUALIDADE DA ÁGUA

UTILIZADA PARA CONSUMO

HUMANO DE COMUNIDADES

RURAIS DO MUNICÍPIO DE

BANDEIRANTES – PR

Marcelo Henrique Otenio 1

Clézio Ravanhani 2

Elis Marina Turini Claro 3

Maria Imaculada da Silva^4

Thiago Junqueira Roncon 5

Recebido em: 8/02/ Aceito em: 12/01/

(^1) Farmacêutico Bio- químico - Pesqui- sador A - Embrapa Gado e Leite de Juiz de Fora, MG, Gestão Ambinetal e Recur- sos Hídricos; (^2) Técnico de Análises Físico-químicas e Microbiológicas do Serviço Autônomo de Água e Esgoto

- SAAE – Bandeiran- tes-Pr; (^3) Estudante de Bio- logia da Faculdades Luiz Meneghel – FFALM, Estagiária de Análises Físico-quí- micas e Microbio- lógicas do Serviço Autônomo de Água e Esgoto – SAAE – Bandeirantes-Pr; (^5) Técnica de Meio Ambiente e Desen- volvimento Susten- tável.; (^6) Técnico de Análises físico-químicas e microbiológicas do Serviço Autôno- mo de Água e Esgoto - SAAE Bandeirantes - PR.

OTENIO, Marcelo Hentique, et al. Qualidade da água utilizada para consumo humano de comunidades rurais do município de Bandeirantes-PR. Salusvita , Bauru, v. 26, n. 2, p. 189-195, 2007.

elevado percentual de amostras com presença de Coliformes. Destas, 47,79% indicavam água imprópria para o consumo humano. A pouca variação mensal do consumo dos medicamentos pode referenciar a uma característica de endemicidade das DIP. A filtração e a cloração das águas junto com um processo de educação ambiental e sanitária, para a população da zona rural, pode prevenir a ocorrência de doenças de veiculação hídrica e diminuir o consumo de medicamentos.

Palavras-chave: qualidade de água; saneamento rural; contamina- ção de poços; doenças de veiculação hídrica.

INTRODUÇÃO

A garantia de consumo humano de água segundo padrões de po- tabilidade adequados é questão relevante para a saúde pública. No Brasil, a norma de Qualidade de água para Consumo Humano, na portaria 518/GM/2004 do Ministério da Saúde, define os valores má- ximos permissíveis para as características bacteriológicas, organo- lépticas, físicas e química da água potável (BRASIL, 2004). A água para consumo humano pode ser obtida de diferentes fon- tes. Uma dessas fontes, o manancial subterrâneo, é um recurso utili- zado por ampla parcela da população brasileira. A água subterrânea pode ser captada no aqüífero confinado ou artesiano, que se encontra entre duas camadas relativamente impermeáveis, o que dificulta a sua contaminação, ou ser captada no aqüífero não confinado ou livre que fica próximo a superfície, e está portanto, mais suscetível a con- taminação. Em função do baixo custo, a facilidade de perfuração, a captação de água do aqüífero livre é mais freqüentemente utilizada no Brasil (SILVA; ARAUJO, 2003). Limitando-se o poder filtrante do solo, as fontes ficam expostas à contaminação principalmente pelas águas de escoamento superficial e pelas que infiltram no solo (AMARAL et al, 2003). O bom aspecto da água proporciona aos consumidores uma sen- sação de pureza e acredita-se que esses fatos impeçam que seus con- sumidores agreguem juízo de valor no sentido de tratar essa água, pelo menos por um processo de desinfecção, o que certamente mini- mizaria o risco de veiculação de enfermidades (Ibid). As doenças de veiculação hídrica constituem o grupo no qual o agente patogênico é ingerido junto com a água. A prevalência das do- enças de veiculação hídrica, notadamente na América Latina, África e Ásia, constitui um forte indicativo da fragilidade dos sistemas pú- blicos de saneamento. Tal fragilidade materializa-se na ausência de redes coletoras de esgotos e, principalmente, na qualidade da água

OTENIO, Marcelo Hentique, et al. Qualidade da água utilizada para consumo humano de comunidades rurais do município de Bandeirantes-PR. Salusvita , Bauru, v. 26, n. 2, p. 189-195, 2007.

subterrâneos utilizados pelas comunidades e famílias da zona ru- ral do município de Bandeirantes - PR, relacionando o consumo de medicamentos distribuídos pela Farmácia Pública do SUS municipal para Doenças Infecto Parasitárias (DIP).

MATERIAL E MÉTODOS

Bandeirantes têm hoje cerca de 33 mil habitantes, está localizada na região norte do Estado do Paraná distando a 430 km de Curitiba e a 450 km de São Paulo, com vocação agrícola para Cana-de-Açúcar, e agroindústria canavieira. O levantamento da qualidade microbiológica da água utilizada pelas comunidades e famílias da zona rural foi realizado através de pesquisa no acervo dos laboratórios, de controle de qualidade de água e esgoto do Serviço Autônomo de Água e Esgoto - SAAE, lau- dos de água de comunidades rurais do município de Bandeirantes

  • PR, provenientes de poços artesianos ou rasos. As amostras datam de janeiro de 1998 à dezembro de 2003 e o estudo dos laudos foi feito no segundo semestre de 2005. Para avaliar o consumo de medicamentos para DIP foi consultado o controle de dispensação da Secretaria Municipal de Saúde - Far- mácia do SUS de Bandeirantes - PR de janeiro a dezembro de 2003.

RESULTADOS

Após a coleta de dados e análise dos laudos, chegou-se aos resul- tados apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 - Número e porcentagem de Coliformes em amostras de águas subter- râneas das propriedades rurais (água bruta) do município de Bandeirantes-PR.

Ano Positivos % Negativos % Total deLaudos 1998 39 60 26 40 65 1999 24 34,78 45 65,22 69 2000 14 37,84 23 62,16 37 2001 41 55,41 33 44,59 74 2002 30 38,46 48 61,54 78 2003 36 58,06 26 41,94 62 Total 184 47,79 201 52,21 385

Foi levantado que 47,79% das amostras apresentaram contamina- ção por Coliformes, indicando água imprópria para consumo humano.

OTENIO, Marcelo Hentique, et al. Qualidade da água utilizada para consumo humano de comunidades rurais do município de Bandeirantes-PR. Salusvita , Bauru, v. 26, n. 2, p. 189-195, 2007.

A presença de Coliformes Fecais indica a possibilidade de conta- minação por fezes e, conseqüentemente, de microorganismos pato- gênicos existentes nas mesmas (SILVA; ARAUJO, 2003). A Tabela 2 apresenta dados do consumo de medicamentos rela- cionados a DIP, podendo ser considerado diretamente proporcional a incidência destas doenças no Município. A pouca variação mensal do consumo dos medicamentos estudados pode referenciar a uma característica de endemicidade das DIP, o que quase sempre é negli- genciado nos Serviços de Saúde quanto a sua ocorrência.

Tabela 2 - Levantamento dos medicamentos dispensados pela Farmácia Pública do SUS do município de Bandeirantes-PR, 2003. Medicamento Mês Antibiótico Vermífugo S.R.O. Janeiro 4739 2387 243 Fevereiro 5069 365 231 Março 3896 1960 143 Abril 5726 1757 176 Maio 3764 2961 181 Junho 5819 2605 91 Julho 5252 2972 177 Agosto 8011 2069 294 Setembro 4753 2063 379 Outubro 6495 2576 370 Novembro 5332 1819 144 Dezembro 6039 1598 96 Total 64895 25132 2525

  • Os medicamentos levantados foram: Antibióticos: Sulfa, Cloranfenicol e Gen- tamicina; Vermífugo: Albendazol, Mebendazol e Metronidazol; S.R.O. (Soro de Reidratação Oral).

Ocorrem no mundo 4 bilhões de casos de diarréia por ano, com 2,2 milhões de mortes, é a maioria entre crianças de até cinco anos. A água “segura”, que nesse contexto, uma oferta de água que não representa um risco significativo à saúde, higiene e saneamento ade- quados podem reduzir de um quarto a um terço os casos de doenças diarréicas (OPAS, 2001). A portaria 518/GM/04 do Ministério da Saúde estabelece que em água para consumo humano incluindo fontes individuais como po- ços, não é permitida a presença de Coliformes Fecais ou termotole- rantes em 100ml da água (SILVA; ARAUJO, 2003). Das 385 amostras analisadas, 184 indicavam água imprópria para o consumo humano.

OTENIO, Marcelo Hentique, et al. Qualidade da água utilizada para consumo humano de comunidades rurais do município de Bandeirantes-PR. Salusvita , Bauru, v. 26, n. 2, p. 189-195, 2007.

[BRASIL] - Portaria no^ 518/ GM - Ministério da Saúde 25

de março de 2004.

DANIEL, L. A. Processos de Desinfecção e Desinfetantes

Alternativos na Produção de água Potável. RIMA, ABES,

p. 155, Projeto PROSAB, 2001.

OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde – Água e

Saúde. 2001 <<http://www.opas.org.br/sistema/fatos/agua/

pdf>>, acesso em 24/01/06.

SILVA, Rita de C. A.; ARAUJO, Tânia M. de Qualidade da

água do manancial subterrâneo em áreas urbanas de Feira

de Santana (BA). Ciência & Saúde Coletiva, v. 8 n. 4, p.

UNIÁGUA - Doenças de veiculação hídrica, sua prevenção

e medidas de cloração no Brasil. 2004 <<http://www.unia-

gua.org.br/website/default.asp>>, acesso em 28/11/2005.