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Dieta e comportamento alimentar de espécies de psitacídeos em Uberlândia, MG, Notas de aula de Ecologia

Dados sobre a dieta e o comportamento alimentar de quatro espécies de psitacídeos em praças da cidade de uberlândia, mg, no período de maio a dezembro de 2011. Foram identificadas as espécies vegetais consumidas por cada espécie e a origem delas, bem como as estratégias de forrageamento empregadas. Além disso, o documento discute as características ecológicas das espécies de aves que conseguem estabelecer-se no meio urbano.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE BIOLOGIA
PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DE
RECURSOS NATURAIS
PSITACÍDEOS (Aves: Psittaciformes) EM PRAÇAS DE
UBERLÂNDIA, MG: UM ESTUDO SOBRE A EXPLORAÇÃO
DE RECURSOS NO AMBIENTE URBANO
CAROLINA PRUDENTE MARQUES
2012
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE BIOLOGIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DE

RECURSOS NATURAIS

PSITACÍDEOS (Aves: Psittaciformes) EM PRAÇAS DE

UBERLÂNDIA, MG: UM ESTUDO SOBRE A EXPLORAÇÃO

DE RECURSOS NO AMBIENTE URBANO

CAROLINA PRUDENTE MARQUES

ii

CAROLINA PRUDENTE MARQUES

PSITACÍDEOS (Aves: Psittaciformes) EM PRAÇAS DE

UBERLÂNDIA, MG: UM ESTUDO SOBRE A EXPLORAÇÃO

DE RECURSOS NO AMBIENTE URBANO

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de Uberlândia, como parte das

exigências para obtenção do título de Mestre

em Ecologia e Conservação de Recursos

Naturais.

Orientador

Prof. Dr. Oswaldo Marçal Júnior

UBERLÂNDIA, MG

MARÇO – 2012

iii

Carolina Prudente Marques

Psitacídeos (Aves: Psittaciformes) em praças de Uberlândia,

MG: um estudo sobre a exploração de recursos no ambiente

urbano.

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Uberlândia, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais.

APROVADA em 02 de março de 2012


Prof. Dr. Rafael de Freitas Juliano (UEG)


Prof. Dr. Alexandre Gabriel Franchin (UFU)


Prof. Dr. Oswaldo Marçal Júnior (UFU) (Orientador)

UBERLÂNDIA

Março – 2012

iv

A minha mãe e irmã, que são o que há de mais importante em minha vida.

vi

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, ao Meu Senhor e Meu Deus, porque durante a árdua trajetória de dois anos do Mestrado, muitas vezes eu recorri a Ele, em meio ao desespero, com medo de não conseguir, e em cada uma dessas ocasiões o Senhor me ouviu, me deu força, coragem, otimismo e fé, e me ajudou a vencer cada batalha. Agradeço também a Nossa Senhora Aparecida, a quem eu consagrei o meu Mestrado, pedindo que sempre rogasse por mim a Deus para que eu fosse bem sucedida e chegasse ao fim do Mestrado vitoriosa, e que eu tenho certeza que assim o fez. A Senhora foi minha amiga e confidente nessa jornada, que fortaleceu bastante a nossa relação, que eu sei que se tornará cada vez mais íntima e gratificante. À Universidade Federal de Uberlândia e ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais, pela grande oportunidade de complementar minha formação acadêmica. À Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pela concessão da bolsa de Mestrado. A minha mãe, Elaine. Tudo o que eu sou e consegui na vida devo a ela. Minha mãe não somente me ensinou a vida inteira a importância do estudo, como também sempre me instruiu sobre a importância de desempenhar minhas funções com garra, empenho, dignidade, decoro, zelo e eficácia, sem nunca infringir os princípios morais. O seu apoio financeiro para a concretização do Mestrado foi essencial, mas ainda mais importante foi o apoio afetivo que recebi de minha mãe durante toda a minha vida e, em especial, durante esses dois anos de Mestrado, nos quais ela teve muita paciência, tolerância, compreensão e carinho para comigo. A minha irmã, Aline, que sempre foi e sempre será a minha melhor amiga. Vivemos as experiências do Mestrado juntas, pois enquanto eu realizava o meu Mestrado na UFU, ela realizava o dela na UFLA, sendo que defendemos nossas dissertações praticamente no mesmo dia. Passamos por muitos momentos difíceis juntas, compartilhando nossas vitórias e apreensões. Quando uma fraquejava, a outra sempre procurava palavras de ânimo e incentivo. Mesmo a distância, minha irmã sempre se fez presente. Obrigada pela compreensão, amizade, carinho, paciência e companheirismo em todos os momentos da minha vida. À Juliana, minha grande amiga e auxiliar de campo oficial, que esteve comigo nas praças de segunda a sexta, suportando todas as intempéries. Vivemos muitas aventuras. Temos várias histórias para contar sobre esses dias de campo. E aprendemos bastante juntas.

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Uma aprendizagem que foi além de conhecimentos na área da Biologia. Lições de tolerância, paciência, companheirismo, carinho e dedicação. Obrigada pelo apoio e incentivo incondicionais em cada etapa da realização deste trabalho. Essa vitória também é sua, Juliana! Ao meu orientador, professor Dr. Oswaldo Marçal Júnior, pela oportunidade que me foi concedida de desenvolver este trabalho e de ingressar no mundo da pesquisa, pela confiança em mim depositada, pelos ensinamentos e por todo auxílio no desenvolvimento do trabalho. Ao pesquisador Dr. Alexandre Gabriel Franchin, pela atenção e disponibilidade, pela paciência, pela participação na banca de defesa da dissertação, pelos ensinamentos e contribuição no desenvolvimento do trabalho, pelo auxílio na condução das análises. Ao professor Dr. Rafael de Freitas Juliano, por ter aceitado participar da banca de defesa da dissertação, contribuindo para o enriquecimento deste trabalho. Aos colegas Liliane, Enrique, Renata e Marcela, pelo auxílio em campo. Obrigada pela disponibilidade, dedicação, ensinamentos e pela oportunidade de trabalhar e aprender com vocês. Às amigas Camila e Laíce. Obrigada por terem me ensinado tanto a respeito da execução de pesquisas em campo, por terem me dado a oportunidade de acompanhar a coleta de dados de suas monografias, por terem compartilhado comigo tanto conhecimento e terem, juntamente com o Alexandre, me apresentado ao mundo das aves. Mas acima de tudo, obrigada pela amizade! À amiga Natália, que conheci graças à dissertação. Nas muitas vezes em que me auxiliou em campo, acabou surgindo uma amizade verdadeira, que eu espero que perdure. Teoricamente, ela estava ali para me auxiliar e para aprender comigo, mas a verdade é que ela me ensinou lições importantes de ética, honra, idealismo, lealdade e companheirismo. A minha grande amiga Cássia, que mesmo a distância sempre me deu força e acreditou em mim. Aos amigos e colegas de sala por cada momento de convivência. De modo especial, obrigada à Cyntia que, dentre os colegas de sala, foi minha amiga mais próxima e querida, sempre muito solícita, disponível e companheira. Estudamos e fizemos muitos trabalhos juntas. Poder contar com essa amiga com certeza tornou a trajetória do mestrado menos penosa e mais feliz, com muitos momentos bons de carinho e amizade para recordar. Aos colegas e amigos do Laboratório de Ornitologia e Bioacústica (LORB) pelos momentos de convivência, por toda ajuda que me deram e pelo conhecimento compartilhado.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS................................................................................................................x LISTA DE FIGURAS................................................................................................................xi RESUMO..................................................................................................................................xii

    1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................... ABSTRACT............................................................................................................................xiii
    1. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................................
  • 2.1. Área de Estudo.....................................................................................................................
  • 2.2. Seleção das praças................................................................................................................
  • 2.3. Procedimentos......................................................................................................................
    1. RESULTADOS.....................................................................................................................
  • 3.1. Dieta e comportamento alimentar das espécies de psitacídeos..........................................
  • 3.1.1. Dieta e comportamento alimentar de Brotogeris chiriri.................................................
  • 3.1.2. Dieta e comportamento alimentar de Aratinga leucophthalma......................................
  • 3.1.3. Dieta e comportamento alimentar de Diopsittaca nobilis...............................................
  • 3.1.4. Dieta e comportamento alimentar de Aratinga aurea.....................................................
  • 3.2. Interações agonísticas........................................................................................................
  • 3.3. Picos de atividades.............................................................................................................
  • 3.4. Tamanhos de grupos..........................................................................................................
  • 3.5. Média de indivíduos por amostra e por praça....................................................................
  • 3.6. Dormitórios........................................................................................................................
    1. DISCUSSÃO........................................................................................................................
    1. CONCLUSÕES....................................................................................................................
    1. REFERÊNCIAS....................................................................................................................
  • ANEXO.....................................................................................................................................

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Lista das espécies vegetais consumidas por Brotogeris chiriri no período de maio a dezembro de 2011 em praças da cidade de Uberlândia, MG.................................................... Tabela 2. Lista das espécies vegetais consumidas por Aratinga leucophthalma no período de maio a dezembro de 2011 em praças da cidade de Uberlândia, MG........................................ Tabela 3. Lista das espécies vegetais consumidas por Diopsittaca nobilis no período de maio a dezembro de 2011 em praças da cidade de Uberlândia, MG................................................. Tabela 4. Lista das espécies vegetais consumidas por Aratinga aurea no período de maio a dezembro de 2011 em praças da cidade de Uberlândia, MG.................................................... Tabela 5. Frequências de interações agonísticas intraespecíficas e interespecíficas............... Tabela 6. Média do número de indivíduos de cada espécie de psitacídeo em dez praças de Uberlândia, MG (Média ± Desvio Padrão)...............................................................................

xii

RESUMO

Marques, C. P. (2012) Psitacídeos (Aves: Psittaciformes) em praças de Uberlândia, MG: um estudo sobre a exploração de recursos no ambiente urbano. Universidade Federal de Uberlândia. Dissertação de Mestrado. 46 p.

A urbanização é um processo de concentração da população humana em cidades, que transforma gradualmente o ambiente natural. Aves, especialmente psitacídeos (araras, mulatas, papagaios e periquitos), representam um dos grupos animais mais sensíveis aos impactos produzidos pela urbanização. Mas, a despeito da riqueza da avifauna brasileira e do ritmo intenso de urbanização verificado no país, pouco se conhece acerca dos efeitos desse processo sobre as espécies de aves. Os objetivos do trabalho foram: identificar os recursos utilizados como alimento e dormitório pelas diferentes espécies de psitacídeos encontradas em dez praças públicas situadas no perímetro urbano da cidade de Uberlândia, MG; descrever aspectos comportamentais do grupo pesquisado; e definir as estratégias de forrageamento empregadas pelas espécies de psitacídeos encontradas na exploração do ambiente urbano. As espécies de psitacídeos foram investigadas pelo método animal-focal e com registros “ ad libitum ”. As observações foram realizadas de maio a dezembro de 2011, em três períodos abrangendo do amanhecer ao pôr do sol. No total, foram realizadas 480 horas de observação, sendo registrados 278 eventos de alimentação. Foram consumidas 33 espécies vegetais, por quatro espécies de psitacídeos ( Aratinga aurea, Aratinga leucophthalma, Brotogeris chiriri e Diopsittaca nobilis ). Os psitacídeos exibiram uma dieta diversificada. As famílias com os maiores números de espécies na dieta dos psitacídeos foram Fabaceae, Bignoniaceae, e Arecaceae. Foram consumidos os seguintes itens alimentares: fruto (somente polpa, polpa junto com semente ou somente semente), flor, néctar e folha. As espécies vegetais que se destacaram na dieta foram: Terminalia catappa , Syzygium cumini , Handroanthus sp. e Livistona chinensis. As espécies de psitacídeos exploraram uma ampla gama de recursos alimentares nas praças de Uberlândia, o que demonstra a importância das áreas verdes para a manutenção desse grupo no ambiente urbano.

Palavras-chave : Psittacidae. Ecologia de aves. Ecologia urbana. Ecologia comportamental.

xiii

ABSTRACT

Marques, C. P. (2012) Psittacidae (Aves: Psittaciformes) in public squares of Uberlândia, MG, Brazil: a study on the exploitation of resources in the urban environment. Universidade Federal de Uberlândia. MSc. thesis. 46 p.

Urbanization is a process of concentration of human population in cities, which gradually transforms the natural environment. Birds, especially psittacines (macaws, parrots and parakeets), are between the most sensitive birds to the impacts produced by urbanization. But despite the wealth of the Brazilian bird fauna and the intense pace of urbanization seen in the country, little is known about the effects of this process on bird species. The objectives were: identify the resources used for food and roost by the different parrot species found in ten public squares located within the urban area of Uberlândia, MG; describe behavioral aspects of this group; and define the foraging strategies employed by parrot species in the exploration of the urban environment. The parrot species were investigated by Focal-Animal Sampling and Ad libitum Sampling. Observations were conducted from May 2011 to December 2011, in three periods comprising from sunrise to sunset. In 480 hours of observation we recorded 278 feeding events. In total, were consumed 33 plant species by four species of psittacines ( Aratinga aurea , Aratinga leucophthalma , Brotogeris chiriri and Diopsittaca nobilis ). These parrots showed a generalist diet. The plant families with the highest numbers of species in the parrot’s diet were Fabaceae, Bignoniaceae, and Arecaceae. The food items consumed were: fruit (pulp, pulp with seed or seed), flower, nectar, and leaf. The plant species that stood out in the parrot’s diet were: Terminalia catappa , Syzygium cumini , Handroanthus sp. and Livistona chinensis. The parrot species exploited a wide range of food resources in the public squares of Uberlândia, which demonstrates the importance of green areas for the maintenance of this group in the urban environment.

Keywords: Psittacidae. Avian ecology. Urban ecology. Behavioral ecology.

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lentos quando comparados à rapidez das mudanças desencadeadas pela urbanização. Por essa razão, algumas espécies irão sofrer declínios populacionais e extinções locais com o avanço da urbanização, antes que consigam se adaptar ao ambiente urbano (Shochat et al. 2006). Desse modo, a principal consequência da urbanização para a vida selvagem é a perda de muitas espécies nativas da flora e fauna (Marzluff et al. 2001). Por outro lado, as áreas urbanas parecem favorecer algumas espécies de aves que invadem o meio urbano em resposta às mudanças ambientais associadas à urbanização. Isso porque, apesar de destruir habitats naturais, a urbanização cria novos nichos ecológicos que atraem populações de aves. (Blair 2004, Luniak 2004). As espécies de aves que conseguem estabelecer-se no meio urbano possuem, de modo geral, características ecológicas diferentes das espécies rurais proximamente aparentadas, como elevada capacidade de dispersão, altos níveis de inovações no comportamento alimentar, maior fecundidade anual, maior taxa de sobrevivência de adultos, maior amplitude de distribuição de áreas de reprodução e maiores tamanhos e densidades populacionais, sendo essas características associadas ao sucesso no estabelecimento de populações no ambiente urbano (Møller 2009). Apesar do ritmo intenso de urbanização e da elevada riqueza da biodiversidade registrada nos trópicos, pouco se sabe sobre os efeitos da urbanização sobre as espécies de aves. Estudos sobre as comunidades de aves em áreas urbanas são escassos na região Tropical, em comparação com os realizados na Europa e nos Estados Unidos (Marzluff et al. 2001). A maioria das publicações referentes ao estudo das aves em áreas urbanizadas no Brasil envolve aspectos da composição da avifauna, com trabalhos realizados principalmente em parques, universidades, remanescentes de vegetações nativas e outras áreas verdes (Argel- de-Oliveira 1995, Matarazzo-Neuberger 1995, Franchin & Marçal Júnior 2002, 2004, Valadão et al. 2006a, b, Torga et al. 2007). Poucos estudos publicados no país têm tratado da exploração de recursos disponíveis para esses animais no meio urbano (Argel-de-Oliveira 1995, Argel-de-Oliveira et al. 1998). A família Psittacidae, da qual fazem parte araras, maracanãs, periquitos, papagaios e afins, distribui-se pela zona tropical do globo, de onde se irradia a áreas subtropicais (Sick 1997). As espécies de psitacídeos ocorrem em sua maior parte no hemisfério sul, e prevalecem em regiões tropicais (Forshaw 2010). Apesar disso, a dieta dos psitacídeos neotropicais é pouco conhecida. No Brasil, até mesmo espécies de cerrado, pantanal e caatinga, que são mais facilmente observáveis do que espécies de ambientes florestais fechados são pouco estudadas (Galetti et al. 2002). A dieta da maioria das espécies de psitacídeos é composta principalmente por sementes, castanhas e bagas (Forshaw 2010).

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Esses recursos vegetais apresentam grande variabilidade temporal e espacial em abundância, de modo que os bandos se deslocam por grandes distâncias acompanhando a disponibilidade desses recursos (Renton 2001). Além dos recursos vegetais citados, outros recursos alimentares podem fazer parte da dieta de algumas espécies de psitacídeos, como néctar e pólen, liquens e fungos, insetos e suas larvas, e depósitos de argila ricos em minerais (Forshaw 2010). E com a exceção de espécies de psitacídeos australianos, que se alimentam principalmente no solo, a maioria das espécies de outras regiões procura seu alimento principalmente em árvores e arbustos (Forshaw 2010). Psitacídeos ocorrem nos mais variados biomas e tipos de vegetação (Galetti et al. 2002). As florestas tropicais são o habitat no qual as espécies de psitacídeos prevalecem, e eles parecem ser mais comuns ao longo de bordas das florestas, à margem de cursos d’água, ou em áreas adjacentes a clareiras. Apesar de geralmente apresentarem uma forte associação com árvores, principalmente as que margeiam cursos d’água, as espécies de psitacídeos que habitam áreas abertas tendem a ter uma maior tolerância de habitat do que as espécies dependentes de ambientes florestais, sendo que algumas dessas espécies se tornam residentes ou visitantes regulares de parques urbanos, praças e quintais. Tanto em habitats florestais quanto em áreas abertas, muitas vezes espécies proximamente aparentadas apresentam diferenças sutis nas preferências quanto ao habitat (Forshaw 2010). A perda de habitat, a perseguição humana direta, e o aumento da competição e predação devido à invasão de espécies exóticas são alguns dos fatores que fazem com que os psitacídeos estejam no topo das listas globais de espécies ameaçadas. De fato, nenhuma outra família possui um número tão elevado (em termos absolutos ou relativos) de membros nas listas de espécies ameaçadas (Collar & Juniper 1992, Collar 2000). Muitos fatores que ameaçam a família Psittacidae são intensificados e agravados pela expansão da urbanização. Assim, a família Psittacidae possui 116 espécies nas categorias de ameaça na Lista Vermelha da IUCN (International Union for Conservation of Nature), sendo que destas, 25 espécies estão nas categorias de ameaça devido ao desenvolvimento comercial, residencial, urbano e industrial (BirdLife International 2010, IUCN 2011). Depreende-se que muitas espécies de psitacídeos são sensíveis aos impactos produzidos pela urbanização; porém, essas espécies irão diferir quanto à vulnerabilidade a esses impactos. Isso porque, as espécies deste grupo apresentam grande variação quanto a características como especialização de dieta, abundância, amplitude de distribuição geográfica, tamanho corporal e especialização de hábitat (Galetti et al. 2002). Por esse motivo, enquanto algumas espécies possuem características que as tornam vulneráveis à

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Área de Estudo

O estudo foi realizado em praças públicas situadas no perímetro urbano do município de Uberlândia (18°54’41,90582”S, 48°15’21,63093W), localizado na Mesorregião do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, no estado de Minas Gerais, na região Sudeste do Brasil. (Secretaria Municipal de Planejamento Urbano 2011). O município de Uberlândia possui uma área total de 4.115,206 km², com densidade demográfica de 146,78 habitantes/km², com uma população residente de 604.013 pessoas, sendo a população urbana residente de 587. pessoas e a população rural residente de 16.747 pessoas, com cerca de 97% do total de sua população habitando a área urbana (IBGE 2010a, b). A cidade de Uberlândia está situada no domínio dos Planaltos e Chapadas da Bacia Sedimentar do Paraná, sendo inserida no bioma Cerrado, no qual se destacam as seguintes fitofisionomias: vereda, campo limpo, campo sujo, cerradão, mata de várzea, mata de galeria ou ciliar e mata mesofítica (Secretaria Municipal de Planejamento Urbano 2011). O clima da região apresenta sazonalidade térmica, ou seja, estação chuvosa quente e estação seca amena, sendo que a estação seca ocorre de maio a setembro e a estação chuvosa ocorre de outubro a abril (Ferreira et al. 2005). A média térmica mensal durante os meses de execução da pesquisa (maio a dezembro) variou de 19,9 °C em junho a 24,7 °C em setembro. A precipitação mensal máxima durante a estação seca, considerando o período de execução da pesquisa, foi de 4, mm no mês de maio e, na estação chuvosa, de 253,7 mm no mês de dezembro (Laboratório de Climatologia e Recursos Hídricos - UFU 2011). Os solos da região dos cerrados são geralmente muito antigos, quimicamente pobres, e profundos (Alves & Rosa 2008).

2.2. Seleção das praças

As praças investigadas foram selecionadas, em março de 2011, a partir dos dados de riqueza e abundância da avifauna nas praças de Uberlândia, provenientes de estudo anterior, realizado por Marques (2010). Os critérios de seleção dessas praças foram: maior riqueza e

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abundância de psitacídeos; maiores áreas; maiores níveis de arborização; e maiores riquezas arbustivo-arbóreas. Além disso, buscou-se selecionar as praças de forma que estivessem bem distribuídas por todo o perímetro urbano, sendo cada praça localizada em um bairro diferente da cidade. Foram selecionadas 10 praças, que distaram, no mínimo, 1 km uma da outra (Figura 1). Em abril de 2011, foi executado um estudo-piloto (84 horas) para realização de possíveis ajustes metodológicos. Esse período não foi considerado no total de horas de observação do estudo.

Figura 1. Distribuição das praças investigadas, dentro do perímetro urbano de Uberlândia, MG, Brasil. (1. Praça Urias Batista dos Santos, 2. Praça Ana Diniz, 3. Praça Américo Ferreira de Abreu, 4. Praça Rubens Pereira de Rezende, 5. Praça Lincoln, 6. Praça Nicolau Feres, 7. Praça Clarimundo Carneiro, 8. Praça Anayta Fonseca Tannus, 9. Praça Theodora dos Santos,

  1. Praça Edgar de Paulo). Fonte: IBGE (base de dados de 1996), Secretaria Municipal de Planejamento Urbano (2011). Confecção: Franchin, A.G.