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Projeto Político Pedagógico da Faculdade Luterana de Teologia (FLT)
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Não perca as partes importantes!
Aprovado pelo CEPE em 01/09/2010, conforme ata CEPE 04/2010. Aprovado pelo Conselho Superior da FLT em 01/09/2010, conforme ata Conselho Superior 04/2010. Aprovado pelo Conselho Curador da FLT em 02/09/2010, conforme ata Conselho Curador da FLT 03/2010.
UNIÃO CRISTÃ – Associação Social e Educacional 73.794.810/0001-30 Inscrição Estadual Isento Rua José Deecke, 1333 – Bairro Asilo 89.031-401 | Blumenau - SC 47 3327-0400 | ccbamigo@terra.com.br
73.794.810/0002-11 Inscrição Estadual Isento Rua Walli Malschitzky, 164 – Bairro Mato Preto 89.285-295 | São Bento do Sul - SC 47 3635-1108 | flt@flt.edu.br
DIRETOR GERAL: Prof. Dr. Claus Schwambach
VICE-DIRETOR: Prof. Ms. Rolf Roberto Krüger
DIRETOR ADMINISTRATIVO-FINANCEIRO: Prof. Dr. Claus Schwambach
DIRETOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO: Prof. Dr. Roger Marcel Wanke
Prof. Dr. Claus Schwambach, Prof. Ms. Klaus Andreas Stange e Colegiado de docentes do curso de bacharelado em teologia.
A FLT – Faculdade Luterana de Teologia é uma Instituição de Ensino Superior, localizada na Rua Walli Malschitzky, nº 164, no Bairro Mato Preto, na cidade de São Bento do Sul, Estado de Santa Catarina. A instituição é mantida pela União Cristã – Associação Social e Educacional, pessoa jurídica de direito privado, filantrópica e sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ sob número 73.794.810/0001-30, sediada na cidade de Blumenau em Santa Catarina.
A Faculdade Luterana de Teologia foi credenciada como Instituição de Ensino Superior (IES) no dia 22 de agosto de 2001, conforme a Portaria Ministerial nº 1915, publicada no Diário Oficial da União em 24 de agosto de 2001. Essa mesma portaria autorizou o funcionamento do curso de Bacharelado em Teologia. No dia 1º de março de 2006 foi publicada no Diário Oficial da União a Portaria Ministerial nº 577, reconhecendo o Curso de Teologia da FLT em nível de Bacharelado. Desde seu credenciamento até o presente, a FLT conseguiu consolidar o seu projeto institucional de formação teológica e, ao mesmo tempo, inserir a instituição no cenário municipal, regional e inclusive nacional, como referência na oferta de um curso de graduação consistente, profundo e comprometido com a transformação eclesial e social da sociedade brasileira.
O presente Projeto Pedagógico de Curso – doravante PPC – foi elaborado considerando a legislação brasileira – em especial a Lei 9394/1996 (LDB) – e os diversos referenciais legais que normatizam a oferta de cursos de
teologia, como o Parecer CNE/CES 776/1997, o Parecer CNE/CP 241/1999, o Parecer CNE/CES 63/2004, o Parecer CNE/CES 429/2005, o Parecer 118/2009 e o Parecer CNE/CES 51/2010, entre outros. Além dos referenciais legais, o presente PPC considera as disposições do Estatuto da Mantenedora União Social e Educacional, do Regimento Interno da FLT, e, em especial, o planejamento institucional constante no Plano de Desenvolvimento Institucional da FLT – PDI 2008-2012 e as diretrizes educacionais mencionadas no Projeto Pedagógico Institucional – PPI. Esses documentos expressam o compromisso inalienável da FLT e de sua entidade mantenedora com uma educação teológica e formação humana de qualidade. O presente PPC pressupõe e constrói sua proposta de formação sobre as diretrizes encontradas nesses parâmetros legais e nesses documentos.
A FLT encontra-se inserida geograficamente na região norte do Estado de Santa Catarina. As referências detalhadas da localização geográfica da FLT no município de São Bento do Sul/SC e sua inserção no contexto da região norte-catarinense encontram-se expressas em todos os grandes documentos norteadores da FLT, tais como o PDI 2008-2012 e o PPI. O mesmo ocorre com as diversas referências que compõe o histórico da IES, sendo que tanto o PDI 2008-2012 quanto o PPI apresentam informações da história da cidade de São Bento do Sul/SC, bem como da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB, e, da Missão Evangélica União Cristã – MEUC. Nesse cenário, a MEUC foi a instância que criou as entidades precursoras da atual FLT e os cursos precursores do atual curso de bacharelado em teologia. O PDI 2008-2012 e o PPI apresentam o perfil atual da FLT como resultado da experiência de diversas décadas na oferta de formação teológica. Fazem parte dessa trajetória a história da antiga “Bibelschule” (Escola Bíblica, anos 60 e 70 do séc. XX), o Instituto Bíblico Mato Preto – IBMP (1986 e 1987) e o Centro de Ensino Teológico – CETEOL (1988 a 2001).
O curso de bacharelado em teologia oferecido pelo CETEOL, concebido como curso livre de Teologia, teve seu currículo formulado, de início, dentro de um modelo coerente com o padrão curricular dos assim chamados “seminários maiores” do Brasil. Dois marcos merecem destaque quanto às credenciais desta casa de formação teológica, no período de 1988 a 2000: o reconhecimento do curso de Bacharelado em Teologia pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB, ocorrido em 1994, e o credenciamento do CETEOL e de seu curso de bacharelado em Teologia pela Associação de Seminários Teológicos Evangélicos – ASTE, em 1995.
Com o reconhecimento dos cursos de teologia como cursos de graduação pelo governo brasileiro em março de 1999, pelo Parecer 241/99 do CNE, abriu-se a possibilidade de o CETEOL pleitear o seu reconhecimento junto ao Ministério de Educação e Cultura – MEC. Para tanto, foi feito um convênio entre a Missão Evangélica União Cristã - MEUC e o Instituto Martinus de Educação e Cultura – IMEC e criada a FACULDADE LUTERANA DE TEOLOGIA – FLT. A FLT teve seu curso de bacharelado em teologia autorizado em 2001 e reconhecido em
No ano de 2007, a Secretaria de Ensino Superior do MEC – SESu autorizou a transferência de mantença da FLT para a UNIÃO CRISTÃ – ASSOCIAÇÃO SOCIAL E EDUCACIONAL, através da Portaria SESu 889, de 18/10/2007, publicada no DOU em 19/10/2007. A União Cristã – Associação Social e Educacional assumiu, assim, a responsabilidade integral de assegurar o financiamento da FLT e de garantir a manutenção da qualidade dos cursos ofertados e sua continuidade, sem prejuízo para os estudantes. Esse compromisso da Mantenedora União Cristã encontrou sua materialização na elaboração do PDI 2008-2012, na nova versão do Regimento Interno da FLT e no Projeto Pedagógico Institucional – PPI. A FLT tem como missão: Promover o ensino, a pesquisa e a extensão a partir de princípios educacionais e teológicos evangélico-luteranos e pietistas, contribuindo para a formação integral de pessoas que sejam livres para servir. A visão de futuro que norteia todo o trabalho é a de ser uma Instituição de Ensino Superior de referência na formação teológica e humana, de caráter cristão, em todos os níveis e espaços de sua atuação. Já os valores foram assim definidos: I. Identidade confessional evangélico-luterana, de tradição pietista: Autoridade das Escrituras Sagradas do AT e do NT como norma de vida, fé e serviço; Exclusividade de Jesus Cristo; Conhecimento a serviço da Vida; II. Trabalho como vocação e serviço ao próximo: Trabalho em equipe; Formação continuada; Respeito à
humana, de modo a conseguir dialogar crítica e construtivamente com pessoas de diversas cosmovisões, confissões, religiões, ideologias e convicções, contribuindo sempre para o estabelecimento da paz, da ordem e da justiça, tanto em âmbito religioso quanto civil. Haja vista que o fenômeno religioso perpassa a vida do ser humano e a das sociedades humanas em suas várias dimensões, o currículo do curso de bacharelado em teologia da FLT enfatiza a formação de teólogos que apresentam uma postura dialogal, aptos ao relacionamento humano e social intercultural, plurirreligioso e transdisciplinar. Em vista disso, valorizam- se os conhecimentos, habilidades e competências adquiridas fora do ambiente escolar, em especial, as múltiplas experiências comunitárias dos estudantes, pois constituem experiências importantes para a formação e a futura atuação profissional. Considerando o contexto, o curso fortalece a articulação da teoria com a prática, valorizando a pesquisa individual e coletiva, os estágios e a participação em atividades de extensão. Tal estudo da teologia cristã e de outras teologias em seus contextos possibilita a compreensão da história da humanidade e do país, incluindo o conhecimento de suas tradições e heranças culturais, bem como o estudo dos fenômenos sociais e religiosos da atualidade.
1.4. Despertar postura crítica e de exercício da cidadania ética
O curso de bacharelado em teologia da FLT articula uma formação O curso de bacharelado em teologia da FLT articula uma formação crítica a partir da compreensão de que, colocados sob a crisis – juízo – da palavra de Deus, as pessoas são capazes de fazer uso de um juízo crítico em relação às diferentes maneiras de pensar adotadas pela sociedade em que estão inseridas, discernindo sobre o que vem a ser uma conduta ética. A mediação de valores éticos acontece no estudo dos diálogos entabulados ao longo de muitos séculos entre eticistas cristãos e os representantes das mais variadas correntes éticas, desde Aristóteles até a atualidade. A teologia figura, assim, como uma ciência mediadora de valores fundamentais para a estruturação e o convívio das sociedades humanas, sendo defensora da paz, da justiça e da integridade ética em todos os níveis da sociedade
1.5. Ensinar com qualidade, criatividade, conhecimento e inovação
Em seus projetos educacionais, a FLT prima por manter um ensino que articule qualidade, criatividade, conhecimento e inovação, evidenciados na formação profissional e na inserção de seus egressos nos diferentes espaços de atuação condizentes com essa formação. A qualidade institucional encontra na autoavaliação permanente e efetiva a possibilidade de manutenção da excelência na gestão dos processos pedagógicos e administrativos da instituição. Os docentes da FLT têm boa formação em suas áreas específicas de atuação, com doutorado e também outros períodos de pesquisa em Universidades no exterior com que a instituição mantém convênios para intercâmbio de docentes e estudantes. Além da boa formação 50% têm doutorado, 42% mestrado e, apenas, 8% são especialistas – todos os docentes têm anos de experiência no exercício do ministério cristão em comunidades no país e no exterior. Com isso, não faltam conhecimento e experiência para articular teoria e prática e promover um agir consciente, crítico e transformador por parte do futuro egresso. Na FLT são usados modernos procedimentos didáticos e mídias para apoiar o processo ensino- aprendizagem. Atualizações didático-pedagógicas e no uso de novos recursos tecnológicos são periódicas. Assim, observa-se uma permanente preocupação com a qualidade do ensino, proporcionando aos docentes os recursos para trabalharem com qualidade e criatividade. Na certeza de que a finalidade última de todo curso de graduação é atender a necessidades das pessoas e da sociedade, a FLT procura oferecer aos estudantes as condições para se prepararem para o trabalho, mas, sobretudo, para o desenvolvimento de competências de aprendizagem, transformando informação em conhecimento, priorizando a reflexão teológica, a atitude de piedade cristã e o exercício contextual do ministério cristão na sociedade. Para promover tal modelo de ensino, torna-se necessário estar atento ao fato de que há uma relação dialética entre o ensino e a aprendizagem. A relação entre o que o educador faz e os fatos ou fenômenos que representam a aprendizagem dos educandos é o que define o aprender a aprender, a pensar, a conhecer, a utilizar conceitos, a integrar e relacionar diferentes concepções com competência efetiva. Esses são aspectos importantes e indispensáveis para uma formação teológica em nível superior, orientada pela fé cristã. A formação de pessoas que estarão se defrontando com situações cotidianas complexas do convívio humano e social, exige que o ensino contemple, ao lado da transmissão dos conteúdos, o empenho por formas inovadoras e criativas da mediação de ocorrências de aprendizagem.
1.6. Ter caráter universal
A FLT é uma IES que possibilita acesso aos serviços por ela prestados a todas as pessoas, sem distinção de raça, cor, sexo, nacionalidade, estado civil, profissão, condição social, credo político ou religioso. Em seu curso de teologia há estudantes provenientes de diversas igrejas e grupos religiosos. O curso está aberto a todos que preenchem as condições de acesso publicadas nos Editais e exigidas pela legislação brasileira. Seu currículo contempla a pluralidade do saber humano e a universalidade do conhecimento, características do processo formativo de uma IES. O curso de bacharelado em teologia confronta o teólogo em formação com a multiplicidade de perspectivas teológicas, capacitando-o para o exercício prático do discernimento teológico e a atuação em comunidades religiosas, entidades do Terceiro Setor – sociais ou diaconais. Nesse espírito, a FLT oportuniza uma formação teológica integral e continuada, como condição para a cidadania, capacitando o estudante para o exercício de sua futura profissão.
Ao lado das Diretrizes e princípios educacionais, o PPC do bacharelado em teologia é determinado, tanto didático-pedagógica quanto filosófica e epistemologicamente, pela compreensão de que Teologia é uma ciência. A história mostra isso, uma vez que é impossível compreender a história do pensamento humano no Ocidente e o surgimento das universidades modernas – executoras e promotoras da pesquisa científica – sem considerar as múltiplas influências da ciência teológica cristã.
A FLT está inserida na tradição teológica e epistemológica protestante, mais especificamente na decorrente da Reforma Luterana e do Pietismo, tendo sido este último um importante movimento de transformação religiosa, eclesiástica, social, cultural e educacional nos países de tradição protestante, a partir do século XVII. Tanto a concepção teológico-epistemológica luterana quanto a influenciada pelo movimento do Pietismo contribuíram, significativamente, para o desenvolvimento da Modernidade. O Iluminismo, por exemplo, é uma expressão cujas raízes teológicas, epistemológicas e culturais estavam na Reforma Protestante e no movimento Pietista. O Iluminismo e o Idealismo foram chamados, especialmente no séc. XIX, de Protestantismo Cultural, por enfatizarem a educação, a ciência e a formação política. Muitos filósofos importantes, e que fizeram diferença na história da humanidade, fundamentaram filosoficamente a experiência religiosa, firmemente ancorada na tradição positiva da fé. Isso fica explícito na filosofia e no conceito de autonomia de Immanuel Kant, na experiência de Deus nas estruturas ontológicas do universo de Friedrich Ernst D. Schleiermacher, na compreensão da história como processo dialético pensado a partir da Santíssima Trindade de Georg W. F. Hegel, bem como no conceito de fé filosófica de Karl Jaspers. Movimento intelectual semelhante ocorreu na experiência existencial de Deus em Soeren Kierkegaard, na compreensão da radicalidade do pecado encontrada no pensamento de Friedrich Schelling, na elaboração do princípio esperança encontrado na obra de Ernst Bloch, na noção de um saber escatológico em horizonte existencial encontrado na filosofia de Martin Heidegger, na releitura de pecado como grandeza política na filosofia de Jürgen Habermas. E a concepção do Estado moderno foi extraída do livro bíblico de Jó por Thomas Hobbes.
A hermenêutica moderna, enquanto campo do saber científico e arte de interpretar textos e o sentido das palavras, é uma contribuição protestante. Dada a necessidade de a Teologia protestante interpretar as Escrituras Sagradas e torná-las compreensíveis a todos os homens e aplicáveis em sua vida, surgiu a hermenêutica. Ela foi pensada cientificamente, entre outros, pelo teólogo F. D. E. Schleiermacher, bem como pelo teólogo e filósofo Wilhelm Dilthey. Para o filósofo Hans Georg Gadamer, a hermenêutica moderna deve suas bases teóricas à Reforma protestante. Assim, a história das ciências e do pensamento científico mostra que a Teologia é uma ciência, mãe de outras ciências e saberes.
A partir dessa tradição teológica o projeto educacional e o currículo do curso de bacharelado em teologia da FLT têm como diretriz epistemológica a compreensão de que a teologia cristã é, simultaneamente, fé (experiência religiosa) e ciência, religião e discurso cientificamente regrado sobre a religião. Mais especificamente a teologia cristã é, de um lado, fé criada pela palavra do Deus triúno na pessoa humana e, simultaneamente, pesquisa, labor e discurso científicos. Ela está ligada intrinsecamente ao fenômeno
extensão, ofertados por instituições diversas; e sob o aspecto qualitativo, constata-se o deslocamento crescente de estudantes de instituições “livres” para IES “credenciadas” pelo MEC. Essa simples constatações já justificam, em princípio, a manutenção de um curso de bacharelado em teologia reconhecido pelo poder público. Há demandas crescentes no cenário nacional, há um público crescente e ávido por formação em nível de graduação, mas também de pós-graduação ou simplesmente de extensão.
Resumindo, em vista de tais demandas, justifica-se o investimento na manutenção de um curso de bacharelado em teologia, com ênfase na teologia cristã, que venha a servir de alternativa para as demandas de formação teológica tanto em São Bento do Sul e região, como no Estado de Santa Catarina e no próprio país.
Em sintonia com as diretrizes pedagógicas e com os objetivos do curso, torna-se possível desenhar o perfil do profissional desejado. Assim, ao desenvolver as competências, habilidades e atitudes inerentes ao serviço comunitário e à atividade teológica, o egresso deve ser capaz de:
Realizado o processo seletivo e restando vagas, admite-se a matrícula de candidatos já graduados, com diploma devidamente registrado, para obtenção de novo título ou de estudantes de outras instituições em processo de transferência, sendo que para estas situações será realizado um processo seletivo na modalidade de análise curricular.
1.1. A teologia cristã no horizonte das ciências modernas
A organização curricular da FLT está diretamente ligada à compreensão de educação e de construção do conhecimento da tradição protestante, que precisa ser compreendida no horizonte de referenciais da história das academias modernas. Assim, há que se considerar que a origem das universidades encontra-se nos mosteiros medievais. Essa foi uma cultura preponderantemente aristotélica e tomista. Diga-se de passagem, que os mosteiros contribuíram significativamente para a criação das escolas. Na verdade, estas surgiram a partir dos mosteiros. A Modernidade e suas universidades, por sua vez, também estão diretamente ligadas à Reforma de Lutero e de Calvino. No século XVII, por exemplo, as universidades norte-americanas como Harvard, Yale e Princeton, iniciaram suas atividades com cursos de formação teológica para pastores protestantes. A Universidade de Harvard foi fundada por John Harvard, em 1636, com o objetivo de proporcionar ensino avançado e de formar lideranças comunitárias. Para isso, oferecia-se aos estudantes o conhecimento de Jesus Cristo como o fundamento de todo o saber. A Universidade de Yale foi fundada em 1701, pelos Puritanos, com o objetivo de formar líderes para a igreja, e sua proposta foi a de oferecer uma formação liberal e religiosa. A partir da fé cristã protestante, afirmavam-se os direitos civis, a liberdade individual e as expressões religiosas individuais sem qualquer autoridade reguladora humana. O Pastor Jonathan Edwards (1703-1758) tornou-se o primeiro reitor da Universidade de Princeton, fundada em 1726, pelo ministro protestante irlandês William Tennent (1673-1746). A preocupação com o ensino, a pesquisa e a função social da educação já estava presente nos Reformadores Lutero e Calvino. Esse ideal foi levado pelos vários grupos protestantes, que foram os principais colonizadores dos Estados Unidos.
A questão da educação como meio para se conseguir a autonomia como cidadão diante do Estado e o trabalho secular eram vistos como vocação (alemão “Berufung”) por Martim Lutero. Para ele, a vocação de Deus liberta o ser humano das amarras do religioso para que ele seja cidadão, sujeito da sua história. A ética luterana – que engloba a educação e o trabalho – tem seu fundamento na descoberta da justificação por graça e por meio da fé. Segundo Robert Henry Srour, professor da USP, cientista social e doutor em Sociologia, que já ocupou a presidência de empresas e cargos de direção na administração pública e privada, a visão norte-americana e europeia de sociedade, de sucesso e de trabalho, está diretamente ligada à doutrina da justificação de Martinho Lutero.
É importante observar que a visão positiva para com a ciência também foi uma das grandes contribuições da tradição teológica protestante. Charles Darwin foi teólogo recém-formado e não tinha nenhuma formação na área das ciências biológicas. Aos 22 anos, em 1831, embarcou no navio “Beagle” e, cinco anos mais tarde, retornou convicto de que as espécies são produto de um processo histórico e que os seres da natureza não são imutáveis. O próprio Darwin diz que tomou a ideia da luta pela existência de Thomas Malthus, que, como ele, foi teólogo, ao ler despretensiosamente a obra deste, na sua 6a^ edição de 1826, “Essay on the principle of population”. Nessa obra, Malthus desenvolveu a importante teoria econômica de que há um descompasso entre o aumento populacional, que é geométrico, e o aumento da alimentação, que é aritmético.
Em virtude da sua formação teológica, ambos, Malthus e Darwin, partiam da ideia da Teologia Natural, que buscava enxergar a revelação de Deus no interior da natureza, ou seja, a vontade de Deus estaria expressa nas coisas inferiores, a exemplo da cultura, da sociedade, da economia, da sociologia, do surgimento da fauna e da flora. Assim, segundo eles, seria possível ver a revelação de Deus no desenvolvimento da história natural.
Na área da sociologia, temos Max Weber, formado em Direito, que aborda a relação entre a ética protestante e o desenvolvimento do capitalismo a partir de textos de renomados teólogos do século XIX. Podemos observar isso facilmente nas inúmeras notas de rodapé de sua obra. A rigor, o texto de Weber somente pode ser entendido se houver um mínimo de cultura teológica, caso contrário, a proposta de Max Weber não será suficientemente compreendida. A análise de Max Weber é, a rigor, teológica. Assim, em várias áreas e de diferentes formas, em diferentes naturezas e intensidades, os teólogos protestantes analisam os seus objetos de estudo. Exemplo disso são as teorias hermenêuticas desenvolvidas por Schleiermacher, Wilhelm Dilthey, Friedrich Nietzsche, e, mais recentemente, por Rudolf Bultmann e Hans-Georg Gadamer.
Também vale a pena citar a doutrina dos arquétipos na psicologia do profundo, de Carl Gustav Jung, que aborda a psyché humana a partir de textos bíblicos e da experiência da comunidade cristã ao longo da história, a exemplo do sofrimento descrito no livro de Jó. Significativa, também, é a visão dialética, especialmente de Georg F. Hegel, que determinou o pensamento da Modernidade. A dialética hegeliana, que pretende interpretar a história e a sociologia, bem como propor novas formas de educação e novas pedagogias, tem o seu lugar vivencial na doutrina trinitária. Hegel recupera dimensões fundamentais ao interpretar a realidade a partir do Pai como tese, do Filho como antítese e do Espírito como a síntese. Para ele, a sociedade que todos queremos é a sociedade do espírito, ou seja, da terceira Pessoa da Trindade. Para Hegel, Deus é Espírito e o divino habita no espírito concreto, que é o ser humano tomado pela liberdade, pela arte, pela ciência, pela justiça social. O Marxismo entendia que a síntese da história estaria na sociedade em que o poder seria exercido pelo proletariado. A moderna concepção dialética, que influenciou significativamente a escola marxista, em especial no Brasil, foi construída a partir da teologia trinitária, entendida pelo viés da filosofia da história de Hegel. A partir da teologia, Hegel construiu a filosofia da história moderna, e não o contrário. A rigor, o pensamento de Hegel é um exemplo de como se faz teologia na tradição protestante. A intenção de Hegel, com sua abordagem filosófica, era de cunho catequético e pastoral.
A filosofia de Hegel era uma teologia protestante elaborada a partir do primado da razão. O mesmo processo ocorreu com Soeren Kierkegaard, Friedrich E. D. Schleiermacher e Friedrich Nietzsche, embora por meio de caminhos e intenções distintas. Todos eram teólogos protestantes e aspirantes a pastores. A filosofia de Kierkegaard, contrária a visão universalizante de Hegel, toma a sua experiência dos estados estético, ético e religioso a partir de figuras impactantes do Antigo Testamento, de passagens como Gênesis 22, onde é relatado o sacrifício de Isaque por meio de seu pai Abraão. Hannah Arendt estudou teologia e seus escritos de filosofia política são determinados pela teologia e pelo pensamento judaico. Ela toma Jesus como parâmetro para o perdão e como possibilidade para aplicação do perdão por meio do Estado. O perdão como possibilidade das políticas públicas no pensamento de Hannah Arendt é tomado a partir de Jesus, pois segundo ela, com Jesus vem a ideia da incondicionalidade do perdão a primeira vez na história da humanidade. Essa leitura é transformada em possibilidade hermenêutica para políticas públicas. É de dentro da tradição judaico-cristã que se trabalha conceitos fundamentais para a viabilização das teorias modernas de Estado.
Vemos, assim, que a teologia, ao longo da história, não somente procurou dar respostas para a salvação eterna, mas também buscou dar sentido à vida terrena, e se preocupou com a qualidade de vida, que não é outra coisa senão a salvação eterna vivida no dia-a-dia, de modo responsável e com alegria. Assim, a vida feliz acontece na perspectiva da salvação eterna, antecipando a esperança eterna, que se torna concreta na vivência da felicidade terrena.
Concluindo, podemos dizer que a tradição teológica judaico-cristã colocou as bases para que se pensasse a ciência a partir do fazer teológico. Assim, a semântica da salvação cristã não pôde ser renunciada pela ciência secular e nem mesmo pela filosofia de Friedrich Nietzsche. A ciência e a filosofia são filhas da tradição judaico- cristã, embora tenham sido secularizadas. A mensagem secularizada da salvação cristã pela filosofia e pela
do Parecer 118/2009, considerando a diferença entre cursos de teologia e de ciências da religião. O Parecer explicita o que é abrangido por cada eixo, informação utilizada pela FLT para reestruturar seu currículo de acordo com esses eixos.
1.4. Os eixos curriculares
De forma geral, os eixos do currículo do Curso de Bacharelado em Teologia da FLT proporcionam os elementos necessários e pertinentes ao processo de ensino-aprendizagem, levando em conta os objetivos do curso e tendo em vista o perfil do egresso.
Considerando que um eixo perpassa um corpo e proporciona sua sustentação, bem como considerando que é em torno de um eixo que o corpo é construído e organiza-se, os eixos do curso de bacharelado não são concebidos de forma estanque, setorizada e compartimentada, mas são vistos como uma construção orgânica e transversal. Desse modo, os eixos se interpenetram, garantindo a interdisciplinaridade das disciplinas e da própria Teologia, bem como desta com outras ciências, em especial, as humanas.
O currículo do curso de bacharelado em teologia foi elaborado considerando 4 dimensões transversais, que são consideradas pelos docentes nas disciplinas individuais, sempre que pertinente: a) Aplicabilidade dos conteúdos na prática do trabalho comunitário em seus diversos níveis; b) Relevância pastoral-poimênica e missiológica-diaconal dos diversos conteúdos; c) Observância das dimensões inerentes à confissão de fé cristã, incluindo as suas respectivas implicações ecumênicas e relativas a movimentos trans-confessionais e ao diálogo inter-religioso; d) Implicações dos temas para o ethos do ministro cristão, em nível de atitudes, idoneidade pessoal e coerência do comportamento com a teologia abordada.
Da mesma forma, ocorre a observância transversal dos 4 pilares da educação da UNESCO em maior ou menor escala, dependendo do conteúdo das disciplinas: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros, aprender a ser.
9º SEM
8º SEM
Exegese AT III (2)
Exegese NT III (2)
7º SEM
Exegese AT II (2)
Exegese NT II (2)
6º SEM
5º SEM
(^) Hist Igr Teol Fil V (2)
Exegese AT I (2)
Exegese NT I (2)
4º SEM
(^) Hist Igr Teol Fil IV (2)
3º SEM
(^) Hist Igr Teol Fil III (2)
2º SEM
(^) Conh. Bíblico II (2)
Hist Israel e Lit. I (3)
Hist Israel e Lit. II (3)
Introd NT (4)
Hist Igr Teol Fil II (2)
Fund Ed Crist (2)
6º SEM 6º SEM
Homilética V (1)
5º SEM
Herm. (2) 5º SEM
Homilética IV (2)
4º SEM
Fund Ética Cristã (3) 4º SEM
Metod Exeg AT (3)
Homilética III (2)
3º SEM
(^) Filosofia
Clássica (2)^ 3º SEM
Metod Exeg NT (3)
Homilética II (3)
Didát Ed Crist (2)
2º SEM 2º SEM
1º SEM 1º SEM
Homilética I (1)
Metod Cient I (1)
Metod Cient II (1)
1º SEM
(^) Conh. Bíblico I (3)
Hist. Protesta nt. (2)
Hist. Igr. Teol. Fil. I (2)
9º SEM
8º SEM
Missiologia III (2)
7º SEM
Edf Adm Com I (2)
Edf Adm Com II (2)
Prát Com I,II, III (1)
Diaconia (2)
6º SEM
Estágio (30)
5º SEM
Ação Com III (3)
Ofícios (2)
4º SEM
Ação Com II (3)
Prát Com I,II, III (1)
Igr e seus Serv (3)
Missiologi a II (2)
Sociologia (2)
3º SEM
Lider Com (2)
Culto e Liturg (2)
2º SEM
Ação Com I (3)
Prát Com I,II, III (1)
1º SEM
Missiologia I (2)
9º SEM
8º SEM
7º SEM
Grego IV (1) Hebraico IV (1)
6º SEM