Diagnóstico Integrado I – Processos proliferativos não neoplásicos
Letícia Quaresma - 2025
Características gerais:
• Lesões reacionais a agentes físicos e químicos.
• Associados a estímulos de baixa intensidade e longa duração.
• Envolvem proliferação celular e produção de matriz.
• Possuem evolução lenta e gradual.
• Geralmente são indolores.
• Etiologia: Dano tecidual crônico; trauma ou irritação local; acúmulo
de biofilme e sujeira; restaurações mal adaptadas.
o O tipo de lesão desenvolvida depende das características do
estímulo nocivo, dos tecidos envolvidos, e do tipo de resposta
individual (citocinas, células ativadas).
Hiperplasia fibrosa inflamatória (HFI): Hiperplasia de tecido conjuntivo
fibroso, semelhante a uma neoplasia.
• Outras nomenclaturas: Epúlide fissurada; tumor por trauma de
dentadura; epúlide por dentadura.
• Etiologia: Geralmente associado a próteses mal adaptadas.
• Clínica:
o Única ou múltiplas pregas de tecido hiperplásico no vestíbulo
alveolar; geralmente duas pregas.
o As bordas da prótese se encaixam na fissura entre as pregas.
o Tecido é geralmente firme e fibroso; tamanho variado.
o Algumas lesões podem se apresentar eritematosas e ulceradas.
o Localização mais frequente: Vestíbulo/fundo de sulco (face
vestibular do rebordo alveolar).
o Predileção pelo sexo feminino e em adultos acima de 45 anos.
o Pode envolver a mandíbula, a maxila, ou ambas; mais frequente
na região anterior que posterior dos maxilares.
• Histopatológico:
o Hiperplasia do tecido conjuntivo (fibroblastos).
o Infiltrado inflamatório geralmente crônico; presença de linfócitos.
o Epitélio frequentemente hiperparaqueratinizado e com
hiperplasia irregular das cristas epiteliais.
• Tratamento:
o Eliminação do noxa e excisão da lesão.
o Adaptação da prótese ou confecção de uma nova prótese.
o Avaliação de possível candidíase e necessidade de medicação.
• Prognóstico: Bom; recidiva com prótese mal adaptada não corrigida.
• Outros tipos de HFI: Hiperplasia por câmara de sucção; hiperplasia
papilar inflamatória; pólipo fibroepitelial.
Fibroma / fibroma traumático: Hiperplasia do tecido conjuntivo do tipo
hiperceratose; uma das lesões mais comuns da cavidade oral (1-2% na
população).
• Etiologia: Trauma ou irritação local.
• Clínica:
o Massa nodular exofítica não encapsulada.
o Localização mais frequente: Mucosa jugal; também na ponta da
língua e gengiva.
o Geralmente indolor e sem sinais de inflamação; pode afetar fala
e mastigação.
o Predileção pelo sexo feminino e em adultos acima de 40 anos.
• Tratamento:
o Eliminação do noxa e excisão da lesão.
o Envio de biópsia para diferenciação de outros tumores benignos
ou malignos de características semelhantes.
• Prognóstico: Bom; baixa taxa de recidiva.
Fibroma ossificante periférico (FOP): Lesão periférica que ocorre nos
tecidos moles (gengiva, língua); proliferação de fibroblastos com
aumento de colágeno e formação de material mineralizado.
• Outras nomenclaturas: Epúlide ossificante; fibroma calcificante;
granuloma fibroblástico calcificante.
• Etiologia: Geralmente associada ao acúmulo de sujeira no arco
gengival e inflamação periodontal por acúmulo de placa bacteriana.
• Clínica:
o Massa nodular, geralmente ulcerada; crescimento progressivo.
o Encontrada exclusivamente na gengiva.
o Localização mais frequente: Maxila, zona de incisivos e caninos.
o Geralmente assintomático; podem deslocar os dentes.
o Predileção pelo sexo feminino e em adolescentes e jovens.
o Apesar de ser cálcico, não apresenta grandes alterações
radiológicas, pode aparecer apenas como pontos calcificados.
o Pode apresentar sangramento fácil devido ao componente
inflamatório e à vascularização do periósteo.
• Tratamento:
o Eliminação do noxa e excisão da lesão.
o Raspagem dos dentes adjacentes.
• Prognóstico: Bom; recidivas comuns.
• Diagnóstico diferencial específico: Fibroma odontogênico periférico
(ocorre no periósteo); fibroma ossificante central (ocorre intraósseo).