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Neste capítulo, você vai estudar sobre como o conceito de sistema agroindustrial mudou a forma de administrar uma propriedade rural. Antigamente, tudo o que o agricultor precisava estava disponível nas propriedades. No entanto, elas eram muito precárias em infraestrutura e contavam com poucos avanços tecnológicos, gerando muita dificuldade, por exemplo, para conservar os alimentos, os quais deveriam ser consumidos rapidamente. Havia diversificação da produção de várias culturas e de criações de animais, e as propriedades passaram a integrar as suas atividades agropecuárias com as industriais. A agricultura brasileira se modernizou, tornando necessária uma mudança na maneira de administrar uma propriedade rural, pois, atualmente, o mercado tem muita influência na produção agrícola. O produtor rural precisa agir de maneira sistêmica, interagindo com todos os elos da cadeia produtiva, e a propriedade rural precisa se profissionalizar, se modernizar e ser encarada como uma empresa rural.
Tipologia: Esquemas
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Como o agronegócio mudou a maneira de administrar uma propriedade rural? A partir da segunda metade da década de 1960, começa a ocorrer um processo de modernização da agricultura brasileira, com intensificação das relações agricultura/indústria (MAZALLI, 2000). Esse período é considerado referência no processo de modernização da agricultura brasileira, pois nele se delineou um novo modo de produção agrícola, passando a produção a depender dos insumos que recebe de determinadas indústrias (MAZALLI, 2000). As propriedades rurais do estado de São Paulo, nessa época, produziam café, milho, cana-de-açúcar e criavam porcos, gado de corte e de leite. Nelas, o leite era utilizado para produção de queijos e manteiga; o algodão, depois de transformado em tecido, era utilizado para confecção de roupas, e a cana- -de-açúcar era usada para fazer a cachaça e o melaço. Durante os anos seguintes, houve evolução socioeconômica e avanços tecnológicos, que tiveram como consequência o êxodo rural, pois a cidade tornou-se atrativa e as propriedades rurais foram perdendo sua autossuficiência. Teve início um processo de especialização em determinadas atividades, e as propriedades rurais passaram a depender de insumos e serviços que elas não conseguiam mais produzir (ARAÚJO, 2005). Com essa evolução agrícola, o termo agricultura deixa de abranger a complexidade do setor. “Já não se tratava mais de propriedades autossuficientes, mas de todo um complexo de bens, serviços e infraestrutura que envolvem agentes diversos e interdependentes” (ARAÚJO, 2005, p. 16). O conceito de setor primário, ou de agricultura, perde sentido, uma vez que não é mais somente rural, agrícola ou primário, mas passa a envolver muitos outros setores interligados (ARAÚJO, 2005). Conceito de agronegócio O termo agronegócio foi proposto por Davis e Goldberg em 1957. Por meio da abordagem dos sistemas agroindustriais eles elaboraram uma ferramenta para analisar e avaliar a importância de cada setor do agronegócio e a inter- 2 Processo de gestão de propriedades rurais (empresas rurais)
dependência entre eles (DAVIS; GOLDBERG, 1957). O conceito de sistema agroindustrial trouxe também a necessidade da visão sistêmica, em que todos os elos trabalham de maneira conjunta com o objetivo de obter a eficiência da cadeia produtiva. A Figura 1, a seguir, mostra a visão sistêmica do agronegócio, partindo do princípio que existem vários elos interligados e interdependentes, como forne- cedores dos insumos agropecuários (fertilizantes, defensivos, rações, crédito e sementes), produtores rurais, processadores, transformadores, distribuidores e revendas de produtos agropecuários, ou seja, todos aqueles envolvidos na pro- dução e no fluxo dos produtos agrícolas até que eles cheguem ao consumidor. Também fazem parte desse complexo os agentes que afetam e coordenam o fluxo dos produtos, como o governo, os mercados e as entidades comerciais, financeiras e de serviços (MENDES; PADILHA JUNIOR, 2007). É preciso haver uma coordenação da cadeia, pois todos os elos precisam estar relacio- nados e, se ocorrer um problema em algum elo, toda a cadeia será afetada. Figura 1. Sistema agroindustrial. Fonte : Adaptada de Shelman (1991, apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000, p. 6). Consumidor final Varejista PROCESSADOR PRODUTOR INDUSTRIAL INSTITUCIONAL FORNECEDOR DE INSUMOS PRODUTOR DE INSUMOS Insumos e serviços:
“A união faz a força” O associativismo possibilita que trabalhadores e pequenos proprietários par- ticipem do mercado e concorram de maneira mais igual. Havendo cooperação entre sócios com interesses afins, a produção e a comercialização de bens e serviços podem ser mais vantajosas, pois todos dividirão a mesma estrutura e terão o mesmo objetivo (BRASIL, 2018). Ao se unirem, os pequenos produtores podem obter melhor desempenho econômico e podem negociar preços de insumo e de venda de maneira conjunta, aumentando o seu poder de barganha. Por meio das associações os pequenos produtores podem adquirir insumos e equipamentos com preços menores e podem usar conjuntamente tratores, colheitadeiras, caminhões, plantadeiras, etc. Sendo assim, conseguem reduzir o custo dos equipamentos, pois o valor do bem será dividido com os outros associados, e conseguem compartilhar as despesas relacionadas à assistência técnica de agrônomos e veterinários, às tecnologias e à qualificação profissional (BRASIL, 2018). Segundo Rodrigues (2009), a cooperativa é um modelo empresarial com foco nas pessoas, e seu objetivo não é o lucro, mas o progresso sustentável das pessoas da região onde está instalada. Segundo o mesmo autor, o coope- rado tem um tríplice papel na sua empresa, que é o de ser, ao mesmo tempo, associado, usuário e investidor. As cooperativas garantem que os preços dos produtos se mantenham em níveis razoáveis e que os serviços tenham boa qualidade e sejam confiáveis. Desse modo, elas mostram o seu compromisso com a responsabilidade social e com a sustentabilidade nos seus três pilares: o econômico, o social e o ambiental (RODRIGUES, 2009). Quando se fala em administrar a propriedade como uma empresa rural, é preciso considerar, além dos aspectos econômicos, questões relacionadas à gestão dos colaboradores. De maneira simplificada, a prática da gestão é a união da racionalidade da administração com a intuição e o conhecimento da liderança. Aspectos relacionados à administração, como técnicas, processos de produção e uso da tecnologia, devem ser complementados pelos aspectos relacionados à liderança, como motivação humana, comunicação, criatividade e atitudes positivas (CARVALHAL; FERREIRA, 2000). Em uma empresa, o gestor lidera pessoas e gerencia tecnologia, estoques, recursos financeiros, etc. (HUNTER, 2004). Processo de gestão de propriedades rurais (empresas rurais) 5
O mundo está em constante mudança de hábitos, tendências e conceitos. Para enfrentar todos esses fatores, é necessário que a empresa busque estratégias de adequação. Uma delas pode ser a agregação de valor ao negócio da empresa, aos seus produtos e processos. Para isso, é preciso: ter qualificação e conhecimento a fim de gerir a empresa; estar sempre atualizado em relação ao que acontece no mundo e fazer um planejamento; e construir cenários a médio e longo prazo em relação ao seu mercado (GODINHO; CARVALHO, 2009). A agricultura vem mudando com o tempo, assim como os agricultores. Hoje podemos observar cinco gerações ativas no meio rural: maduros, boomers, geração X, millennials e geração Z. Geração de agricultores maduros, nascidos antes de 1945 “A fazenda é a minha vida.” É o patriarca, que entregou o controle parcial ou total do dia a dia da fazenda para o seu sucessor. Ele considera a tecnologia hard tech como o conjunto de mecanização, genética e economias de escala. Geralmente é cético com relação à tecnologia digital, mas a adota na fazenda porque as gerações mais jovens consomem esse tipo de tecnologia mais moderna. Prefere que as conexões ocorram mais de forma pessoal e por telefone, além de ser extremamente leal, principalmente, com aqueles que o ajudaram a crescer nos negócios. Tomadores de decisões tradicionais, nascidos depois de 1945 “A agricultura é um trabalho para toda a vida.” O boomer é uma pessoa que nasceu entre 1946 e 1964. Ele pertence a uma geração que teve um impacto significativo na economia. É o CEO que quer ter o controle, que gosta de ficar de mãos sujas, de lidar diretamente com a terra, mas que também divide o seu tempo com o escritório. Está propenso a adaptar a tecnologia na fazenda e no escritório. Esse tipo de agricultor confia em marcas tradicionais e é fiel a elas. A sua conexão com o mundo mistura o analógico e o digital, e ele observa a gestão dos outros fazendeiros, consome mídia rural em blogs e sites e utiliza YouTube e Google. 1965−1980: geração X “Estou no negócio da agricultura.” Esse agricultor é menos presente, e as mulheres participam mais ativamente na gestão da propriedade rural, tendo o papel de par- ceiras ou tomadoras de decisão. Em relação à tecnologia, ele adota e integra todos os aspectos do processo de gestão, sendo digitalmente experiente. A sua conexão com o mundo é baseada no envio de mensagens de WhatsApp e no uso de e-mail, Google, YouTube e mídias sociais. 6 Processo de gestão de propriedades rurais (empresas rurais)
Figura 2. Ciclo PDCA. Fonte: Adaptada de Macedo e Coelho (2015). A
executada segundo a metodologia estabelecida. Para isso, é preciso coletar dados durante o processo para que eles sejam avaliados na próxima etapa (GODINHO; CARVALHO, 2009). Etapa 3: C (verificar, do inglês check) Nesta etapa, será realizada a verificação dos resultados da ação executada, sendo necessário comparar os resultados com os objetivos e as metas estabele- cidos anteriormente. Caso a equipe não consiga atingir os objetivos, é preciso decidir se as ações continuarão sendo executadas conforme o padrão definido, mantendo os resultados, ou se será preciso redefinir os objetivos. Todos os problemas encontrados devem ser registrados e analisados na próxima etapa (GODINHO; CARVALHO, 2009). A etapa de verificação é muito importante, pois é possível controlar o que acontece na propriedade rural e corrigir os erros encontrados. Segundo Godinho e Carvalho (2009), o controle deve ser baseado em quatro pontos: indicadores de desempenho; coleta e registro de dados; checagem e adoção de medidas de manutenção; melhorias ou corretivas. Etapa 4: A (agir, do inglês action) Nesta etapa, serão analisados os problemas reais ou potenciais identificados na etapa anterior, ou as oportunidades de melhorias. Como essa é a última etapa, podem ocorrer duas possibilidades: alcançar ou não o resultado espe- rado. Assim:
1. Se der tudo certo e o resultado for alcançado, é preciso incorporar a nova forma de trabalho nos processos cotidianos da propriedade, determinando assim um novo padrão a ser seguido. 2. Se não forem obtidos os resultados esperados, será necessário verificar se o padrão foi ou não seguido e corrigir o erro encontrado (GODINHO; CARVALHO, 2009). Processo de gestão de propriedades rurais (empresas rurais) 9
DAHLGAARD, J. J.; KRISTENSEN, K.; KANJI, G. K. The quality journey: a journey without an end. Abingdon: Carfax Publishing Company,1994. GUSTAVSSON, J. et al. Global food losses and food waste: extent, causes and prevention. Roma: Food and Agriculture Organization of the United Nations, 2011. Disponível em: http://www.fao.org/docrep/014/mb060e/mb060e00.pdf. Acesso em: 30 maio 2018. Processo de gestão de propriedades rurais (empresas rurais) 11