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Este artigo aborda os princípios pedagógicos de jean-jacques rousseau, fundados no pressuposto de que a ordem da natureza é racional e harmônica. A educação baseada nestes princípios contrapõe-se à educação teológico-cristã e às práticas educacionais contemporâneas. Os dois princípios gerais apresentados por rousseau são a benignidade natural humana e a liberdade, subordinados aos quais há outros princípios específicos, como a adaptabilidade entre a idade do educando e o conteúdo de seu aprendizado.
Tipologia: Notas de estudo
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ISSN 1984-6576 - v. 1, n. 2, outubro de 2009
Natal Esteves da Silva^1
Resumo: A filosofia da Educação de Jean-Jacques Rousseau, a exemplo de seu pensamento antropológico e político funda-se no pressuposto de que a ordem da natureza é dotada de racionalidade e harmonia perfeita. Neste artigo, exporemos os princípios pedagógicos formulados por Rousseau, os quais conforme sua filosofia são derivados da natureza. A ênfase é dada nos dois princípios fundamentais, quais sejam: o princípio da natureza benigna do homem e o da liberdade. A educação que se erige com base nesses princípios se contrapõe radicalmente à educação de cunho teológico-cristã praticada na época de Rousseau, bem como, faz frente a muitas práticas educacionais contemporâneas. Palavra-chave: Princípios pedagógicos. Filosofia da Educação. Jean-Jacques Rousseau. Abstract : The philosophy of the Education from Jean-Jacques Rousseau, as an example of his anthropological and politician thought, is established in the estimated from that the order of the nature is endowed in the rationality and perfect harmony. This article, let us explore the pedagogical principles formulated by Rousseau, which are according to his philosophy, are derived from the nature. The emphasis is given in the two basic principles, which are: the principles of the benign nature of the man and the freedom. The education that grows up trough these principles opposes radically to the education of matrix theological-Christian practiced at the time of Rousseau, as well it makes front to many educational contemporary practices. Key words: Pedagogical principles. Philosophy of the Education. Jean- Jacques Rousseau.
1 Introdução
Este artigo tem a finalidade de expor os princípios da pedagogia rousseauniana, com ênfase no principio de liberdade e da natureza, manifestos na condição de benignidade natural do homem. Em Rousseau os significados dos conceitos de liberdade e natureza, do ponto de vista lógico-formal, têm sua relação marcada pela bicondicionalidade. Quer dizer, uma situação de liberdade é possível, se e somente se, houver uma situação de natureza, e vice-
(^1) Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Agente Administrativo Educacional da Secretaria da Educação do Estado de Goiás. Professor de Filosofia da rede privada. E-mail: prof.ms.esteves@gmail.com.
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versa. Se, em determinada ocorrência, liberdade e natureza não se apresentam numa articulação explicita, com certeza, da análise criteriosa da situação em que o significado de um desses conceitos está envolvido, pode se necessariamente deduzir o significado do outro. A liberdade pressupõe a natureza e a recíproca é verdadeira. Então, uma educação adequada, segundo Rousseau, é aquela que busca conservar no ser humano, as qualidades que lhe são indispensáveis para que seja verdadeiramente humano, ou seja, os atributos próprios de sua natureza mesma. Todos os demais princípios da educação rousseauniana são derivados desses princípios fundamentais.
2 Principios fundamentais Rousseau não é um educador, no sentido prático do termo, e sim, um pensador da educação. Ele mesmo o revela na seguinte passagem do Emílio : A exemplo de muitos outros, não porei mãos à obra, mas à pluma e, em lugar de fazer o que se deve, empenhar-me-ei em dizê-lo. 2 (ROUSSEAU, 1999, p. 27). A preocupação de Rousseau se prende à filosofia da educação e não às didáticas particulares. Assim, seu campo de interesse circunscreve-se aos princípios e não à apresentação de técnicas pedagógicas. Contudo, apesar da intenção primeira de sua obra se ater ao campo teórico, isso não ocorre com exclusividade. Conforme suas próprias palavras, em determinados momentos faz alusão ao aspecto prático de sua teoria. A esse respeito nos diz:
contentei-me em colocar os princípios, cuja verdade cada qual deve perceber. Mas, quanto às regras que podiam precisar de provas, apliquei-as todas ao meu Emílio ou a outros exemplos, mostrei em pormenores bastante extensos como podia ser realizado o que eu estabelecia; este, pelo menos, é o plano que me propus a seguir 3 (ROUSSEAU, 1999, p. 28).
O projeto pedagógico de Rousseau, tanto em sua dimensão teórica quanto na prática, exposta em forma de exemplos, vincula-se à sua crença na ordem da natureza^4. Dessa
(^2) à l'éxemple de tant d'autres je ne mettrai point la main à l'oeuvre mais à la plume, et au lieu de farre ce qu'il faut je m'efforcerai de le dire. (ROUSSEAU, 1969, v. 4, p. 264). 3 je me suis contenté de poser les principes dont chacun devoit sentir la vérité. Mais quant aux régles qui pouvoient avoir besoin de preuves je les ai toutes appliquées à mon Emile ou à d autres éxemples, et j'ai fait voir dans des détails três étendus comment ce que j établissois pouvoit être pratiqué : tel est, du moins, e plan que je me suis proposé de suivre. (ROUSSEAU, 1969, v. 4, p. 265). 4 O sentido de ordem da natureza ou simplesmente natureza no contexto em questão, assenta-se sobre uma estrutura conceitual que remonta à teleologia aristotélica. Segundo a concepção aristotélica de natureza, os seres naturais definem-se por uma tendência intrínseca à auto-preservação. Enquanto o fluxo dessa tendência permanecer, atuante no sentido de promover o bem estar dessa coisa ela é identificada como estando em seu estado natural. Natureza é então uma instancia ontológica da qual emana exclusivamente forças que orientam as coisas a se manterem íntegras. Nesse sentido, tudo que vem da natureza
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inteligência, e tivemos sentimentos antes de idéias. 9 (ROUSSEAU, 1999, p. 392). Além do que, a capacidade concreta para o uso da racionalidade intelectiva não é inata. Ela se desenvolve gradualmente, atingindo sua maturidade na idade adulta. Desta forma, esperar que o uso da razão seja o principal meio empregado pela criança, em seu processo de aprendizagem é incorrer em grave erro. Vejamos as palavras de Rousseau (1999, p. 84) a esse respeito:
Raciocinar com as crianças era a grande máxima de Locke. É a mais em moda hoje. Seu sucesso, todavia, não me parece muito capaz de dar-lhe algum crédito. De minha parte, não vejo nada de mais tolo do que essas crianças com quem tanto se raciocinou. (...) A obra-prima de uma boa educação é formar um homem razoável, e pretende-se educar uma criança pela razão! Isso é começar pelo fim, é da obra querer fazer o instrumento. Se as crianças ouvissem a razão, não precisariam ser educadas... 10.
Dado que Rousseau tem como princípio básico pautar as ações pedagógicas pela natureza, nada caracterizaria melhor esse princípio que privilegiar a dimensão da sensibilidade, ao invés de enfatizar a dimensão racional, pois a sensibilidade nos é inatamente natural, ou, seja, dispomos dela efetivamente mesmo antes de nosso nascimento. Enquanto que a razão é potencia e como tal figura na pedagogia de Rousseau como objetivo a ser alcançado e não meio. Intimamente vinculado ao princípio geral da benignidade natural, temos outro princípio fundamental, o da liberdade. Ora, sendo o elemento distintivo, da educação de Rousseau, a formação do homem razoável, conservando nele os predicativos da bondade natural, nada mais lógico fundar sua educação sobre a liberdade. Em razão de natural significar tudo aquilo que concorre para o bem-estar da criatura, e bondade significar esse bem-estar, a liberdade pode ser qualificada como a mais alta expressão da bondade natural. Mesmo porque a liberdade é o principal elemento a corroborar com o bem-estar da criatura humana, ao mesmo tempo em que é em ser livre que consiste seu bem-estar essencial. Ou melhor, a liberdade é o elemento que aglutina ao mesmo tempo a qualidade de natural e de boa.
(^9) Exister pour nous, c'est sentir; notre sensibilité est incontestablement antérieure à nôtre intelligence, et nous avons eu des sentimens avant des idées (ROUSSEAU, 1969, v. 4, p. p. 600) 10 Raisoner avec les enfans étoit la grande maxime de Locke; c'est la plus en vogue aujourdui; son sucçés ne me paroit pourtant pas fort propre à la mettre en crédit, et pour moi je ne vois rien de plus sot que ces enfans avec qui 1'on a tant raisoné. (...) Le chef-d'oeuvre d'une bonne éducation est de faire un homme raisonable, et l'on prétend elever un enfant par la raison! C'est commencer par la fin, c'est vouloir faire 1'instrument de l'ouvrage. Si les enfans entendoient raison ils n'auroient pas besoin d'être élevés; (ROUSSEAU, 1969, v. 4, p. 317).
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Rousseau, no Emílio , assim formula seu princípio de liberdade: O homem verdadeiramente livre só quer o que pode e faz o que lhe agrada. Eis a minha máxima fundamental. Trata-se de aplicá-la à infância, e todas as regras da educação decorrerão dela 11 (ROUSSEAU, 1999, P. 76). O conceito de liberdade aqui, como se pode notar, não é absoluto. Comporta certas condições: liberdade não é fazer tudo que se quer indistintamente. O querer livre é limitado pelo poder. Mas em que consiste este poder? É lícito considerar algo sujeito à restrição como sendo livre? O poder limitante consiste nas forças naturais que se impõem sob o signo da necessidade. Então, em última instância, o ser humano só pode o que a lei da necessidade permite. Querer ir além da necessidade é querer o que não pode, e, portanto, é um querer ilusório. Se portar assim é alimentar uma atitude de agressão à sua própria natureza e, consequentemente, negar a si mesmo, visto que o eu autêntico está em plena sintonia com a natureza. Ora, nos diz Rousseau não te revoltes contra a dura lei da necessidade (...) Tua liberdade, teu poder só vão até onde vão tuas forças naturais, e não além; todo o resto não passa de escravidão, de ilusão e de prestígio 12 (ROUSSEAU, 1999, p. 75). Assim, o princípio da liberdade constitui na pedra de toque da filosofia da educação de Rousseau.
3 Princípios derivados
Subordinados aos dois princípios gerais apresentados benignidade natural e liberdade , Rousseau nos apresenta vários outros princípios de conotação mais específica, dentre os quais destacamos os seguintes: o princípio da adaptabilidade entre a idade do educando e o conteúdo de seu aprendizado.
Uma criança sabe que deve tornar-se adulta, todas as idéias que pode ter sobre a condição de adulto são oportunidades de instrução para ela; porém, sobre as idéias dessa condição que não estão ao seu alcance, ela deve permanecer numa ignorância absoluta. Todo o meu livro não passa de uma prova contínua desse princípio de educação 13 (Rousseau, 1999, p. 223).
(^11) L'homme vraiment libre ne veut que ce qu'il peut et fait ce qu'il lui plait. Voila ma máxime fondamentale. Il ne s'agit que de l'appliquer à l'enfance, et toutes les régles de l'éducation vont en découler (ROUSSEAU, 1969, v. 4, p. 309). 12 ne regimbe point contre la dure loi de la necessité, (...) Ta liberté, ton pouvoir ne s'étendent qu'aussi loin que tes forces naturelles et pas au delà; tout le reste n'est qu'esclavage, illusion, preruge.( ROUSSEAU, 1969, v. 4, p. 308). 13 Un enfant sait qu'il est fait pour devenir homme; toutes les idées qu'il peut avoir de l'état d'homme sont dês occasions d'instruction pour lui; mais sur les idées de cet état qui ne sont pas à sa portée, il doit rester dans une ignorance absolüe. Tout mon livre n'est qu'une preuve continuelle de ce príncipe d'éducaton.( ROUSSEAU, 1969, v. 4, p. 445).
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por melhor estudar vossos alunos, pois com toda a certeza não os conheceis 17 (ROUSSEAU, 1999, p. 4). Outro princípio importante da educação de Rousseau é o da contextualização do aprendizado. Esse princípio se mostra conflitante com as práticas pedagógicas de sua época, as quais nada resultavam além da simples retenção de conteúdos na memória. Criticando essa educação tagarela como diz Rousseau, ele aconselha: Não deis a vosso aluno nenhum tipo de lição verbal. Ele deve receber lições somente da experiência;... 18 (ROUSSEAU, 1999, p. 89). E mais à frente reforça esse princípio com as seguintes palavras: Vossas lições devem consistir mais em atos do que em palavras, pois as crianças facilmente se esquecem do que disseram e do que lhes dissemos, mas não do que fizeram e do que lhes fizemos 19 (ROUSSEAU, 1999, p.101). Se as lições verbais são inadequadas, então o que assegurará a participação do preceptor no aprendizado do aluno? Só resta uma opção: participar com ele nas experiências de construção de seu conhecimento. Essa exigência de aprender com o aluno constitui-se em mais um princípio educacional rousseauniano assim expresso: Fazei deles vossos iguais para que se tornem vossos iguais e, se não podem ainda elevar-se até vós, descei até eles sem vergonha e sem escrúpulos (...) compartilhai seus erros para corrigi-los 20 (ROUSSEAU, 1999, p. 326). São muitas as variações dos princípios fundamentais da educação rousseauniana apresentados no Emílio. Esse artigo não comporta discutir uma a uma, essa é uma tarefa digna de um trabalho mais extenso. Com relação à posição desses princípios, frente ao contexto ideológico contemporâneo à sua formulação, temos que é de radical antagonismo. A educação formulada por Rousseau se posiciona na contramão do paradigma de dominação da época. Em plena sintonia com a tradição do Antigo Regime o educador de então constituía o centro do processo ensino-aprendizagem. Em uma analogia com a revolução copernicana, os princípios da educação de Rousseau configuram-se em bases sólidas à subversão da ordem de então e, assim, desloca o centro do processo educativo do educador para o educando. Por conseguinte, antes de pretender que a criança se adapte à expectativa do educador, este, deve, ao contrário,
(^17) Commencez donc par mieux étudier vos éleves; car três-assurément, vous ne les connoissez point. (ROUSSEAU, 1969, v. 4, p. 242). 18 Ne donnez à vôtre éléve aucune espéce de leçon verbale, il n'en doit recevoir que de l expérience (ROUSSEAU, 1969, v. 4, p. 321). 19 vos leçons doivent être plus en aétions qu'en discours; car lês enfans oublient aisément ce qu'ils ont dit et ce qu'on leur a dit, mais non pas ce qu'ils ont fait et ce qu'on leur a fait. (ROUSSEAU, 1969, v. 4, p. 333). 20 faites-en vos égaux afin qu'ils le deviennent, et s'ils ne peuvent encore s'élever à vous, descendez à eux sans honte, sans scrupule. (...) partagez ses fautes pour l'en corriger; chargez-vous de sa honte (ROUSSEAU, 1969, v. 4, p. 538).
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ajustar as lições ao nível de entendimento, bem como, aos interesses e aptidões de seus alunos. Essa exigência impõe, ao educador, a condição de eterno aprendiz. Rousseau nos adverte que antes do preceptor se pôr a dar lições é preciso aprender com o aluno.
Homem prudente, considerai por longo tempo a natureza, observai bem vosso aluno antes de lhe dizer a primeira palavra; deixai primeiro o germe de seu caráter em plena liberdade para se mostrar, não o constranjais a seja o que for, para melhor vê-lo por inteiro. 21 (ROUSSEAU, 1999, p. 92).
Além de Rousseau combater a idéia de que a teoria e a prática educacional, junto à criança, deviam girar em torno dos interesses do adulto e da vida adulta, mostrou que as necessidades da criança e as condições de seu desenvolvimento, são peculiares a sua faze de desenvolvimento. Ou seja, que cada fase de vida: infância, adolescência, juventude e maturidade são portadoras de características próprias, respeitando a individualidade de cada um. Ou seja, que a criança não é um adulto em miniatura. Desta forma, o tipo de tratamento dispensado às crianças, marcado pela rigidez e falta de consideração por sua individualidade precisava ser repensado. Esse repensar transparece em toda pedagógica desenvolvida a partir do pensamento pedagógico Rousseauniano. Essa breve consideração sobre os princípios da pedagogia de Rousseau nos convida a refletir sobre nossas práticas pedagógicas. É inacreditável que após séculos de estabelecimento de princípios de validade universal, ainda encontramos instituições educacionais cujo procedimento pedagógico parece ignorar, por completo, esses fundamentos tão discutidos e aprimorados durante séculos por pensadores que beberam da fonte intelectual Rousseauniana.
Referências
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Carta a Christophe de Beaumont e outros escritos sobre a religião e a moral ; trad. José Oscar de Almeida Marques... [et al.] São Paulo; Estação Liberdade, 2005.
______._ Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Trad. Lourdes Santos Machado, São Paulo, Ed. Nova Cultura. p. 207-226 (Coleção os pensadores, XXIV), 1973
______._ Emílio, ou Da educação , Trad. Roberto Leal Ferreira, São Paulo: Martins Fontes, 1999.
(^21) Homme prudent, épiez longtems la nature, observez bien vôtre éléve avant de lui dire le prémier mot; laissez d'abord le germe de son caractére en pleine liberté de se montrer, ne le contraignez en quoi que ce puisse être afin de le mieux voir tout entier. (ROUSSEAU, 1969, v. 4, p. 324).