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Prevalência de Oxyuris equi em Equinos: Características, Ciclo de Vida e Fatores de Risco, Notas de estudo de Medicina

Este documento discute as características, ciclo de vida e fatores de risco da infecção por oxyuris equi em equinos. A infecção ocorre em arteríolas locais até atingir a artéria mesentérica craneal. O período pré-patente varia de 4.5 a 5 meses e a prevalência é mais alta em animais recém-desmamados, poldros e jovens adultos. Estudos mostram que o número de parasitas fêmeas é superior ao número de machos e que equinos jovens até 4 anos têm maior predisposição. Anti-helmínticos como abamectina, ivermectina e moxidectina são eficazes contra parasitas adultos e larvas de quarto estádio. A desparasitação estratégica deve ocorrer em todos os equinos simultaneamente, baseada na hierarquia de eficácia dos anti-helmínticos. Fatores ambientais, como clima e manejo, também influenciam a parasitose.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Inês Pereira Henriques Meneses Inácio - Prevalência de Oxyuris equi em equinos estabulados em unidade
militar na vila de Mafra
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Medicina Veterinária
Inês Pereira Henriques Meneses Inácio
Prevalência de Oxyuris equi em equinos estabulados
em unidade militar na vila de Mafra
Orientadora: Professora Doutora Ana Maria Duque de
Araújo Munhoz
Coorientador: Major Médico Veterinário Francisco Medeiros
Constituição do júri: Professor Doutor Luís Cardoso
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Faculdade de Medicina Veterinária
Lisboa
2017
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militar na vila de Mafra

Inês Pereira Henriques Meneses Inácio

Prevalência de Oxyuris equi em equinos estabulados

em unidade militar na vila de Mafra

Orientadora: Professora Doutora Ana Maria Duque de Araújo Munhoz

Coorientador: Major Médico Veterinário Francisco Medeiros

Constituição do júri: Professor Doutor Luís Cardoso

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Faculdade de Medicina Veterinária Lisboa

2017

militar na vila de Mafra

INÊS PEREIRA HENRIQUES MENESES INÁCIO

Prevalência de Oxyuris equi em equinos estabulados

em unidade militar na Vila de Mafra

Dissertação apresentada para obtenção do Grau de Mestre em Medicina Veterinária no curso de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Orientador: Professora Doutora Ana Maria Duque de Araújo Munhoz Coorientador: Major Médico Veterinário Francisco Medeiros Constituição do júri: Professor Doutor Luís Cardoso

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Faculdade de Medicina Veterinária

Lisboa

2017

militar na vila de Mafra

Resumo

Este estudo teve como objetivo avaliar a prevalência do parasitismo por Oxyuris equi num grupo de equinos estabulados na Escola das Armas, na vila de Mafra e a eficácia do tratamento antiparasitário seletivo com ivermectina 1.87%. Estudos recentes têm evidenciado falhas no controlo do parasitismo por Oxyuris equi , quer na eficácia dos anti- helmínticos quer nas medidas profiláticas desta parasitose. A comprovação da resistência deste parasita às principais classes de antiparasitários como as lactonas macrocíclicas não está totalmente esclarecida, apesar da medicina veterinária baseada na prática, relatar a sua ocorrência. Fizeram parte do estudo vinte sete (27) equinos estabulados com idades entre os três (3) e os vinte e um (21) anos, maioritariamente machos (77.8%), de raça cruzada (51.9%) e com aptidão para saltos de obstáculos (55.6%). O estudo foi realizado através de colheitas de amostras de material perianal, utilizando-se duas técnicas qualitativas: fita-cola e raspagem perianal com um depressor lingual. No período de estudo (três meses) foram diagnosticados sete (7) animais positivos a Oxyuris equi. Nos animais parasitados por Oxyuris equi , foram também realizadas análises coprológicas segundo técnicas coprológicas quantitativas e qualitativas para a pesquisa de parasitismo por outros parasitas gastrointestinais. Nos animais positivos foi realizada a desparasitação seletiva com ivermectina, aos demais animais foi realizada a desparasitação prevista no calendário anual da unidade militar também com o mesmo princípio ativo. Verificou-se que a prevalência de oxiurose no mês de setembro era de 14,8% e 22.2% após a desparasitação. Após o tratamento dos sete equinos parasitados por Oxyuris equi , quatro mantiveram-se positivos. Também se observou que dois animais foram pela primeira vez positivos mesmo após a desparasitação, o que sugere uma possível resistência ou incompleta eficiência oxiuricida da ivermectina. Este estudo evidencia a necessidade do conhecimento da epidemiologia deste parasita e as formas de tratamento e controlo que poderão contribui para a eficiência do tratamento e controlo por Oxyuris equi.

Palavras-Chave: Oxyuris equi ; Ivermectina; Prevenção; Falha de tratamento;

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Abstract

The aim of this study is to evaluate the prevalence of parasitism by Oxyuris equi in a group of equines lairaged in the Escola das Armas in the village of Mafra and the effectiveness of the selective anthelmintic treatment with ivermectin 1.87%. Recent studies have demonstrated failures in Oxyuris equi parasitism control, both in the effectiveness of anthelmintics and in the prophylactic measures of this parasite. Evidence of the resistance of this parasite to the main classes of anthelmintic such as macrocyclic lactones is not fully understood, despite the veterinary medicine based on practice, to report its occurrence. Twenty-seven (27) lairaged equines with ages ranging from three (3) to twenty-one (21) years, mostly males (77.8%), crossbred (51.9%) and jumpers (55.6%) were included in the study. The study was performed through sampling of perianal material using two qualitative techniques: scotch tape and perianal scraping with a tongue depressor. Seven (7) positive animals were diagnosed in the period of the study. In the animals worming by Oxyuris equi , coprological analyzes were also performed according to quantitative and qualitative coprological techniques for parasitism research for other gastrointestinal parasites. In the positive animals, the selective deworming was carried out with ivermectin. The other animals were dewormed according to the annual schedule of the military unit with the same active principle. The initial prevalence of Oxyuris equi in September was 14.8%, and 22.2% after deworming. After the treatment of the seven horses worming by Oxyuris equi , four remained positive. It was also observed that two animals were positive for the first time even after deworming, which suggests a possible resistance or incomplete oxyuricidal efficiency of ivermectin. This study shows the need to know the epidemiology of this parasite and the types of treatment and control that may contribute to the efficiency of the treatment and control by Oxyuris equi.

Keywords: Oxyuris equi ; Ivermectin; Prevention; Treatment failure;

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  • INTRODUÇÂO Índice Geral
    1. ATIVIDADES DO ESTÁGIO CURRICULAR
  • 1.1. Clínica Veterinária Militar de Equinos na Escola da Armas na vila de Mafra
    • 1.1.1. Breve história da atual Escola das Armas e da Clínica Veterinária Militar de Equinos
  • 1.2. Liphook Equine Hospital, Liphook, United Kingdom
    1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
  • 2.1. Principais parasitas gastrointestinais dos equinos
    • 2.1.1. Família Strongylidae.......................................................................................................
      • 2.1.1.1. Subfamília Strongylinae
      • 2.1.1.2. Subfamília Cyathostominae
    • 2.1.2. Família Strongyloididae
    • 2.1.3. Família Spiruridae
    • 2.1.4. Família Trichostrongylidae
    • 2.1.5. Família Ascarididae
  • 2.2. Oxyuris equi
    • 2.2.1. Ciclo Biológico
    • 2.2.2. Ovopostura
    • 2.2.3. Patogenia
    • 2.2.4. Epidemiologia
    • 2.2.5. Diagnóstico
    • 2.2.6. Tratamento
      • 2.2.6.1. Programas de prevenção em equinos jovens
    • 2.2.7. Adaptações evolutivas do parasita ao longo do tempo
    1. OBJETIVOS
    1. MATERIAL E MÉTODOS
  • 4.1. Tipo de estudo
  • 4.2. População do estudo
    • 4.2.1. Caracterização do maneio
    • 4.2.2. Amostragem
  • 4.3. Caracterização do clima da região da unidade
  • 4.4. Procedimentos de recolha e análise de material perianal e fecal
    • 4.4.1. Teste da fita-cola (Método de Graham)
    • 4.4.2 Técnica de raspagem perianal com depressor lingual
    • 4.4.3 Exame coprológico
    • 4.4.4. Exame macroscópico
    • 4.4.5. Monitorização da eficácia do anti-helmíntico
  • 4.5. Registo e análise dados
    1. RESULTADOS
  • 5.1. Idade
  • 5.2. Raça
  • 5.3. Sexo
  • 5.4. Aptidão
    • 5.5. Condições meteorológicas da região de Mafra
  • depressor lingual 5.6. Resultados dos testes pelos métodos da fita-cola e da raspagem perianal com - 5.6.1. Colheita 1 (primeiro mês) - 5.6.1.1. Observação de corrimento perianal........................................................................... - 5.6.1.2. Resultados do teste pelo método da fita-cola - 5.6.1.3. Teste de raspagem perianal com depressor lingual.................................................. - 5.6.2. Colheita 2 (segundo mês) - 5.6.2.1. Observação de corrimento perianal........................................................................... - 5.6.2.2. Resultados do teste pelo método da fita-cola - 5.6.2.3. Teste de raspagem perianal com depressor lingual.................................................. - 5.6.3. Colheita 3 (terceiro mês) - 5.6.3.1. Observação de corrimento perianal........................................................................... - 5.6.3.2. Resultados do teste pelo método da fita-cola - 5.6.3.3. Teste de raspagem perianal com depressor lingual..................................................
    • 5.7. Coprologia
      • 5.7.1. Teste pelo método de flutuação ou técnica de Willis
      • 5.7.2. Método de sedimentação
      • 5.7.3. Técnica de McMaster
    • 5.8. Resultados dos exames e testes da Colheita 4 (pós-desparasitação)
      • 5.8.1. Exame macroscópico
      • 5.8.2. Avaliação da eficácia do tratamento antiparasitário
        • 5.8.2.1. Observação de corrimento perianal...........................................................................
        • 5.8.2.2. Método da fita-cola
        • 5.8.2.3. Teste de raspagem perianal com depressor lingual..................................................
    • 5.9 Prevalência de Oxyuris equi em equinos da unidade de Mafra
      1. DISCUSSÃO

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Índice de figuras

Figura 1. Parasita em estádio L4, mostrando bulbo esofágico (a), cápsula bucal (b) e cauda em forma de "pin" (c) (Bowman,2009) .................................................. 35 Figura 2. Ciclo de vida do parasita Oxyuris equi (Sabariegos, 2014) ............................. 37 Figura 3. Corrimento branco perianal, resultante da ovopostura da fêmea de Oxyuris equi (original do autor)..................................................................................... 38 Figura 4. Corrimento perianal resultante da ovopostura das fêmeas de Oxyuris equi , seco e fraturado (original do autor) .................................................................. 39 Figura 5. Sinal clínico de rabada com pelos partidos na base da cauda ou "cauda de rato" (original do autor) .................................................................................... 40 Figura 6. Ovo de Oxyuris equi , medição do comprimento do ovo (a), medição da largura do ovo (b) objetiva 400x, escala em μm (original do autor).............................. 43 Figura 7. Contagem de adultos e formas L4 de Oxyuris equi 14 dias pós-tratamento através de necropsia ....................................................................................... 52 Figura 8. Instalações de estabulação dos animais estudados (original do autor) .......... 55 Figura 9. Ovos de Oxyuris equi , visualizados pela técnica da fita-cola, objetiva de 100x (original do autor) ............................................................................................ 59 Figura 10. Ovos de Oxyuris equi visualizados através do método de raspagem perianal com depressor lingual, objetiva de 400x (original do autor) ............................. 59 Figura 11. Realização de teste de flutuação ou técnica de Willis (original do autor) ...... 62 Figura 12. Realização de teste de sedimentação (sedimento retirado da técnica de Willis) (original do autor) ............................................................................................ 63 Figura 13. Realização do método de McMaster (original do autor) ................................ 64 Figura 14. Frequência da idade na população em estudo ............................................. 67 Figura 15. Reta da normalidade da distribuição etária................................................... 68 Figura 16. Raça na população do estudo ...................................................................... 68

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Figura 17. Sexo dos equinos ......................................................................................... 69

Figura 18. Aptidão dos equinos ..................................................................................... 69

Figura 19. Corrimento perianal na Colheita1 ................................................................. 72

Figura 20. Diagnóstico de oxiurose pelo método da fita-cola na Colheita1 .................... 72

Figura 21. Graduação em função dos ovos observados, nos casos positivos a O. equi

pelo teste de fita-cola .................................................................................... 73

Figura 22. Diagnóstico de oxiurose pelo método de raspagem perianal com depressor

lingual na Colheita 1...................................................................................... 73

Figura 23. Graduação em função dos ovos observados, nos casos positivos para O.

equi pelo teste de raspagem perianal com depressor lingual ........................ 74

Figura 24. Corrimento perianal na Colheita 2 ................................................................ 75

Figura 25. Diagnóstico de oxiurose ( O. equi) pelo método da fita-cola na Colheita2 ..... 75

Figura 26. Graduação em função dos ovos observados, nos casos positivos para O.

equi pelo teste de fita-cola ............................................................................ 76

Figura 27. Diagnóstico de oxiurose pelo método de raspagem perianal com depressor

lingual na Colheita 2...................................................................................... 76

Figura 28. Graduação em função do número de ovos observados nos casos positivos

para O. equi pelo teste de raspagem perianal com depressor lingual. .......... 77

Figura 29. Corrimento perianal na Colheita 3 ................................................................ 77

Figura 30. Diagnóstico de oxiurose pelo método da fita-cola na Colheita 3 ................... 78

Figura 31. Massa de ovos de O. equi Grau 3 (100x) (original do autor)........................ 78

Figura 32. Diagnóstico de oxiurose ( O. equi) pelo método de raspagem perianal com

depressor lingual na Colheita3 ...................................................................... 79

Figura 33. Ovos de estrongilídeos gastrointestinais do Grupo P (técnica de Willis ou

técnica de flutuação) 100x (original do autor). ............................................... 80

Figura 34. Resultado do teste de McMaster, em OPG e idade dos equinos do Grupo P

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Distribuição das atividades observadas e/ou participadas pelas diferentes áreas clinicas, ............................................................................................... 20 Tabela 2. Procedimentos complementares de diagnósticos observados/participados na CVME ........................................................................................................... 22 Tabela 3. Distribuição das atividades observadas e/ou participadas pelas diferentes áreas clinica em Liphook Equine Hospital ..................................................... 26 Tabela 4. Procedimentos de meios complementares de diagnóstico observados/participados em Liphook Equine Hospital .................................. 26 Tabela 5. Codificação dos grupos de equinos de acordo com a infeção por Oxyuris equi , em relação à desparasitação ........................................................................ 57 Tabela 6. Avaliação da eficácia (%) da administração de Ivermectina face a Oxyuris equi na população em estudo ............................................................................... 86 Tabela 7. Distribuição dos equinos positivos de acordo com os testes de diagnóstico .. 86 Tabela 8. Caraterização dos equinos infetados por O. equi em relação à idade, sexo, raça e aptidão ............................................................................................... 88 Tabela 9. Grupos Positivos e Negativos a O. equi antes e depois da desparasitação ... 88

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Lista de abreviaturas, símbolos e acrónimos

% - Percentagem

°C - Graus Celcius

μg - Microgramas

g - Grama

kg - Quilograma

cm - Centímetros

mm - Milímetros

μm - Micrómetros

AAEP – American Association of Equine Practitioners

CVME - Clinica Veterinária Militar de Equinos

EGI - Estrongilídeos Gastrointestinais

EOTH - Equine Odontoclastic Tooth resorption and Hypercementosis

FC - Fatores de Crescimento

HR - Humidade Relativa

IVM - Ivermectina

L1 - Larva do primeiro estádio

L2 - Larva do segundo estádio

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INTRODUÇÃO

Desde muito pequena que gosto muito de cavalos, pelo que a escolha do local para a realização de estágio curricular final para a obtenção do grau de mestre, foi muito facilitada, tendo optado pela Clínica Veterinária Militar de Equinos na Escola da Armas na Vila de Mafra e por uma realidade internacional - Liphook Equine Hospital, Liphook no Reino Unido. Quanto à temática escolhida a ” Prevalência de Oxyuris equi em equinos estabulados” , resultou de que ao longo do curso me fui interessando pela parasitologia e do que tinha conhecimento, percebi que o parasita Oxyuris equi, não estava ainda completamente estudado e que o seu diagnóstico e tratamento em diferentes populações poderia ter resultados diferentes face às possíveis resistências a anti-helmínticos. Considerei então ser uma temática de interesse para a medicina veterinária. Comecei por identificar os autores que publicavam sobre esta temática e verifiquei dois nomes de referência internacional, Reinemeyer e Nielsen. Para além de ler os artigos que publicaram contactei-os por correio eletrónico e tive a oportunidade de esclarecer dúvidas, sobre técnicas de diagnóstico que se vieram a revelar de extrema importância para a realização do trabalho. A professora de parasitologia da Universidade estudava esta temática, pelo que estava também encontrada a orientadora. Com as atividades de investigação e considerando a evidência disponível sobre a oxiurose equina, pretendemos conhecer e compreender a epidemiologia do parasita Oxyuris equi e contribuir para o estudo da prevalência desta parasitose em Portugal. Esta dissertação é o resultado final de um estágio em atividades de investigação, que inclui uma descrição resumida das atividades desenvolvidas em estágio, incluindo a casuística do estágio, uma revisão bibliográfica em torno da temática do parasita Oxyuris equi ( O. equi ) e as secções de material e métodos, de resultados, de discussão e conclusão, bibliografia e anexos do estudo.

O cavalo em atividades militares e desportivas

O cavalo tem origem há 60 milhões de anos, com o Eohippus , pertencente ao género Hyracotherium. Estes animais ancestrais apresentavam quatro dedos individualizados nos membros anteriores que lhes permitiam deslocar-se em terreno húmido e pantanoso sem dificuldade. Devido a evolução contínua do Eohippus estes antepassados

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do cavalo moderno, foram desenvolvendo adaptações ao nível dentário, posicionamento dos olhos e estrutura dos membros, conduzindo às espécies conhecidas hoje, zebras, burros e cavalos ( Equus caballus) (Edwards,2002). O Pliohippus foi o primeiro cavalo com casco, tendo surgido há cerca de 6 milhões de anos no continente americano. Constituiu o protótipo do Equus caballus que se estabeleceu há 1 milhão de anos e se expandiu da América para a Europa e Ásia (Edwards, 2002). Por volta de 9000 a.C., durante o final da Idade do Gelo, a ligação terrestre entre a Ásia e América (na atual região do Estreito de Bering ) foi rompida e cavalos que se encontravam do lado americano foram isolados dos outros cavalos no resto do mundo. Por razões ainda desconhecidas, a cerca de 8.000 anos atrás, os cavalos foram extintos nas Américas. Naquela época, o género Equus encontrava-se distribuído da seguinte forma: os cavalos na Europa e na Ásia, burros no Norte da África e zebras na África Austral. Para sobreviver aos predadores o Equus desenvolveu agilidade e velocidade conseguindo prevalecer e originando as quatro espécies que formaram as raças conhecidas atualmente. Estas espécies são: Equus przewalski (Ásia Central), Equus tarpanus (na Rússia), Equus robustus (nas planícies da Europa) e Equus agillis (nas planícies da Arábia e África). O homem foi utilizando o cavalo para vários fins, desde a sua domesticação. O seu uso há milhares de anos, como “os cavalos para a guerra”, especialmente treinados para vários usos militares, incluindo batalha, combate individual, reconhecimento, transporte e alimentação, são uma das suas muitas utilizações. A expressão “cavalo de batalha” refere- se aos cavalos que são utilizados para o combate, de cavalaria ou em uma batalha ou combate único, mas até mesmo os cavalos utilizados para outros fins, que não sejam o combate direto sempre tiveram um papel extremamente importante no sucesso dos confrontos militares. No mundo moderno ainda se utilizam os cavalos para diversas finalidades militares, nomeadamente vigilância, dissuasores em situações de conflito, paradas e desfiles militares e em reprises de ensino (Dias, 2016; Silva, 2013). A seleção exercida sobre esta espécie condicionou o desenvolvimento ao longo dos anos de mecanismos de adaptação que permitiram aos cavalos serem capazes de se deslocarem a grande velocidade para escapar aos predadores e ou para viajarem longas distâncias em busca de comida e água. Esta capacidade de atingir grandes velocidades são uma das características que os tornam atletas exímios possuindo para isso grandes massas musculares e a capacidade de contração esplénica (Hinchcliff, Geor & Kaneps, 2008).

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1. ATIVIDADES DO ESTÁGIO CURRICULAR

O estágio curricular foi realizado na área da medicina e cirurgia de equinos, na Clínica Veterinária Militar de Equinos na Escola da Armas na vila de Mafra e no Liphook Equine Hospital, Liphook, em Inglaterra, Reino Unido. O estágio decorreu no período de 15 de setembro de 2016 a 15 de março de 2017. O estágio teve como objetivos de aprendizagem consolidar e adquirir conhecimentos, desenvolver aptidões e competências de medicina veterinária, num contexto de prática clínica na área de equinos de modo a que progressivamente estimule a autonomia e a responsabilidade pessoal, permita o treino da comunicação e interação com os donos dos animais e desenvolva a capacidade de trabalhar em equipa, num crescimento pessoal e profissional.

1.1. Clínica Veterinária Militar de Equinos na Escola das Armas na vila

de Mafra

A primeira parte do estágio curricular foi realizada na Clínica Veterinária Militar de Equinos (CVME), na Escola das Armas na vila de Mafra, sob a orientação do Dr. Francisco Medeiros e em que, todo o corpo clínico esteve sempre disponível para minha orientação. A Escola das Armas dispõe de cerca de duzentas boxes para equinos, sem ocupação total, uma guia mecânica, dois picadeiros cobertos, dois campos descobertos para a prática de dressage , um campo descoberto destinado à passagem de equinos à guia, um campo descoberto em areia para a prática de saltos de obstáculos e um campo de grandes dimensões relvado para a realização de concursos equestres. A CVME tem uma equipa constituída por cinco médicos veterinários e uma enfermeira. A CVME dispõe de uma sala de tratamento, uma ala constituída por seis boxes de cuidados intensivos/ enfermaria, uma sala de raio-x, uma sala de cirurgia, uma sala de indução/recobro, uma farmácia, um laboratório e uma oficina siderotécnica. Neste contexto participei em todas as atividades relacionadas com a medicina e cirurgia de equinos, incluindo as que permitiram a realização do estudo sobre a prevalência e tratamento do Oxyuris equi, na população equina da unidade. As atividades desenvolvidas foram decorrentes da incidência de casuística relativa a medicina desportiva equina, dos aparelhos músculo-esquelético e muito em especial de situações clínicas de claudicação e de casos na área do aparelho digestivo (dor abdominal

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aguda). Na (Tabela 1) apresentamos o número de animais observados, por área clínica, que considerámos mais relevantes para aprendizagem neste estágio.

Tabela 1. Distribuição das atividades observadas e/ou participadas pelas diferentes áreas clinicas, na CVME Áreas Clinicas Animais (n) Ortopedia (sistema músculo-esquelético) 25 Medicina Interna 15 Reprodução 6 Odontologia 9 Dermatologia 7 Cirurgia 6

As atividades realizadas relacionadas com a medicina desportiva foram maioritariamente exames clínicos incluindo o exame físico e meios complementares de diagnóstico a equinos com claudicação, com o objetivo de estabelecer um diagnóstico e implementar a terapêutica adequada. Os exames clínicos mais realizados, para o esclarecimento da claudicação, foram exames estáticos (com palpação da área afetada), dinâmicos e nalguns casos bloqueios anestésicos. Uma vez identificada a zona afetada, eram realizados os meios complementares de diagnóstico adequados a cada situação, a radiografia, ecografia e ou venografia. Estes meios foram utilizados não apenas para avaliar a extensão da lesão e sua gravidade, mas também para avaliar a recuperação dos animais. As causas de claudicação observadas foram diversas: osteocondrite dissecante (OCD), quistos subcondrais, exostoses, tendinites do tendão flexor digital superficial (TFDS) e do tendão flexor digital profundo (TFDP), rutura do tendão flexor digital profundo, desmites do ligamento suspensor do boleto, do ligamento sesamóideo reto e dos ligamentos colaterais da articulação interfalângica distal, abcessos subsolares e laminites. Os tratamentos prescritos foram, em quase todos os casos a administração de fármacos por via sistémica e ou intra-articular dependendo do tipo da lesão. Foram ainda diagnosticados casos de lombalgia, que foram tratados por mesoterapia e infiltrações na zona afetada. Dependendo ainda da localização da lesão, da gravidade e da sua evolução e nos casos em que os equinos foram tratados com infiltração articular com corticosteroides, passaram por um período de repouso, após o qual regressavam progressivamente à sua atividade habitual de trabalho.