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Prática pedagógicas não escolares um assunto muito importante, Notas de aula de Pedagogia

Práticas pedagógicas Espaços não escolares

Tipologia: Notas de aula

2023

Compartilhado em 23/08/2023

thalita-cristina-10
thalita-cristina-10 🇧🇷

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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS -
ESPAÇOS NÃO ESCOLARES
AULA 06
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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS -

ESPAÇOS NÃO ESCOLARES

AULA 06

COMUNICADO SOBRE A PANDEMIA COVID-

Caro aluno,

Devido à pandemia que enfrentamos neste momento, estamos passando por tempos desafiadores, juntos e com esforços de cada um, certamente venceremos essas adversidades.

Pensando na saúde e bem-estar de todos os nossos alunos, corpo docente e administrativo, e seguindo as determinações dos órgãos municipais, estaduais e dos Ministérios da Saúde e da Educação, as práticas pedagógicas propostas pelo seu curso deverão ser desenvolvidas em casa.

Precisamos nos assegurar de que nossos alunos estão em segurança e, por isso, pedimos que você utilize sua criatividade, mas não deixe de realizar suas práticas, pois elas são fundamentais para a sua formação.

FLUXO DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

A parte de planejamento/organização e RELÁTORIO DAS ATIVIDADES devem ser realizados em sua casa... NÃO HÁ PERDA DA QUALIDADE DO PRODUTO A SER APRESENTADO!

PARTE PRÁTICA DE EXECUÇÃO DO PROJETO

Vale realizar as atividades propostas em cada projeto com os pais, irmãos, sobrinhos (QUE RESIDAM EM SUA CASA...), vale fazer videoconferência com a amiga que é professora, com o colega que trabalha como secretário, enfim, use sua imaginação, mas não deixe de fazer suas práticas pedagógicas e postar no portal, pois essas atividades compõem sua avaliação.

Se você residir sozinho(a), utilize a imaginação, mas execute o plano da atividade que você está propondo para as PRÁTICAS PEDAGÓGICAS.

Temos certeza de que essa pandemia se trata de algo que iremos superar e, rapidamente, poderemos normalizar nossas vidas.

Um abraço,

Equipe da UNIFAVENI

APLICAÇÃO DAS ATIVIDADES DA PRÁTICA PEDAGÓGICA EM ESPAÇOS
NÃO ESCOLARES

Após a apresentação aos dirigentes e demais profissionais da instituição

escolhida para a prática pedagógica, é natural que haja ajustes a serem feitos

nas atividades propostas.

Por isso, é muito importante que, após sua exposição do projeto, exista um

espaço para que tais profissionais coloquem suas críticas e sugestões e

que você, estudante, esteja aberto a ouvi-las, refletir sobre elas e acatá-las, de

modo a solucionar ou mesmo modificar as práticas a fim de aperfeiçoá-las.

Como estudantes, é importante sempre ter em mente, que desenvolvemos toda

e qualquer atividade para aprender. Este aprendizado não acontece apenas

quando estamos absorvendo os conteúdos teóricos de nosso curso,

mas, principalmente, quando estamos envolvidos com profissionais que

certamente possuem um tipo de saber que não conseguimos aprender por

meio de aulas teóricas ou livros: o saber adquirido pela experiência prática.

Assim, todos os momentos em que você terá contato com estes profissionais

deve ser encarado como uma oportunidade valiosa de aprendizado.

DICA IMPORTANTE:

Não se esqueça de utilizar as informações que coletou em seu diário de bordo,

elas serão essenciais para guiar os possíveis ajustes necessários à sua

prática.

Chegou o momento de colocar as atividades em prática.

Se você está seguindo seu cronograma, certamente terá a data de sua

atividade. De qualquer forma é importante entrar em contato com a instituição

e confirmar a data e horário de sua atividade.

MATERIAL

É preciso organizar todo o material que será utilizado durante sua atividade.

Faça uma lista para não esquecer de nenhum detalhe.

Quando necessário, utilize materiais sustentáveis, como papelão por

exemplo, que pode ser recolhido com o auxílio da comunidade. Assim, você

ajuda a preservar o meio ambiente.

Lembre-se de organizar o material da maneira mais prática possível para

transportar e para que a falta de um item, por exemplo, não atrapalhe ou atrase

seu trabalho.

DICAS IMPORTANTES:
  • É importante pensar no vestuário que usará durante a sua atividade. Escolha roupas e sapatos confortáveis, que sejam discretos para não chamar mais atenção que sua atividade.
  • Se possível, elabore um crachá com seu nome e cargo (estudante). Isto é uma maneira muito simples de facilitar sua comunicação com os participantes da atividade.
  • Programe-se para chegar à instituição com antecedência, de modo que no momento da atividade, você já esteja com tudo organizado para começar. Pontualidade é sinônimo de profissionalismo!
  • Siga a ordem de seu planejamento e, se algo não sair como planejado, use a criatividade para fazer adaptações;
  • Não esqueça de tirar fotos ou filmar (PARA AMBAS AÇÕES É NECESSÁRIO PEDIR AUTORIZAÇÃO AOS DIRIGENTES ANTES DA ATIVIDADE) para fazer o registro de suas atividades. Mais tarde, tais registros serão importantes para seu relatório, confecção do banner e para comprovar suas atividades.
  • Se possível, convide um colega ou amigo para auxiliar durante a atividade. Esta pessoa pode ser muito útil para distribuir material entre os participantes, para auxiliar na organização do espaço da atividade ou mesmo para fazer anotações durante a atividade.
  • Observe como seu público aproveita a atividade e colete todas as informações sobre o andamento da atividade, registrando suas impressões em seu diário de bordo. Este material constituirá seus resultados e são fundamentais para seu relatório.

Referencial Teórico

Para aprofundar seu conhecimento sobre a observação dos participantes durante sua

atividade, convidamos você para a leitura do trecho "Educando o olhar da observação".

Educando o olhar da observação

1.1 Aprendizagem do olhar

Madalena Freire Weffort

Não fomos educados para olhar pensando o mundo, a realidade, nós mesmos. Nosso

olhar cristalizado nos estereótipos produziu em nós paralisia, fatalismo, cegueira.

Para romper esse modelo autoritário, a observação é a ferramenta básica neste

aprendizado da construção do olhar sensível e pensante.

Olhar que envolve ATENÇÃO e PRESENÇA. Atenção que segundo Simone Weil é a

mais alta forma de generosidade. Atenção que envolve sintonia consigo mesmo,

com o grupo. Concentração do olhar inclui escuta de silêncios e ruídos na comunicação.

BOA LEITURA!

Metodologia e Prática de Ensino Educando o olhar da observação

Observação

Registro

Reflexão

Instrumentos Metodológicos I

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1 Educando o olhar da observação

1.1 Aprendizagem do olhar

Madalena Freire Weffort Não fomos educados para olhar pensando o mundo, a realidade, nós mesmos. Nosso olhar cristalizado nos estereótipos produziu em nós paralisia, fatalismo, cegueira. Para romper esse modelo autoritário, a observação é a ferramenta básica neste aprendizado da construção do olhar sensível e pensante. Olhar que envolve ATENÇÃO e PRESENÇA. Atenção que segundo Simone Weil é a mais alta forma de generosidade. Atenção que envolve sintonia consigo mesmo, com o grupo. Concentração do olhar inclui escuta de silêncios e ruídos na comunicação. O ver e o escutar fazem parte do processo da construção desse olhar. Também não fomos educados para a escuta. Em geral não ouvimos o que o outro fala; mas sim o que gostaríamos de ouvir. Neste sentido imaginamos o que o outro estaria

Metodologia e Prática de Ensino Educando o olhar da observação

Outro, que concentra-se na devolução (sair de si, outra vez...) para construção de propostas de atividades (enraizadas nas observações feitas para o grupo onde novos desafios irão ser trabalhados).

Podemos concluir, portanto, que o ato de observar envolve todos os instrumentos: a reflexão, a avaliação e o planejamento; pois todos se intercruzam no processo dialético de pensar a realidade.

1.2 Direcionando o Olhar

Madalena Freire Weffort O instrumento da observação apura o olhar (e todos os sentidos) tanto do educador quanto do educando para a leitura diagnóstico de faltas e necessidades da realidade pedagógica.

Para objetivar esse aprendizado o educador direciona o olhar para três focos que sedimentam a construção da aula:

● o foco da aprendizagem individual e/ou coletiva; ● o foco da dinâmica na construção do encontro; ● o foco da coordenação em relação ao seu desempenho na construção da aula. Por que é necessário focalizar o olhar? Olhar sem pauta se dispersa. Olhar pesquisador tem planejamento prévio da hipótese que se vai perseguir durante a aula, em cada um desses três focos.

No início desse aprendizado, em qualquer grupo, é adequado ter somente um foco para priorizar: ou na aprendizagem, ou na dinâmica ou na coordenação. Dado como suposto a grande dificuldade de concentração do olhar, do pensamento e da participação ao mesmo tempo, é aconselhável

priorizar um foco de cada vez. No foco da aprendizagem o desafio do educador é lançar questões que cercam a observação do educando em relação ao seu próprio processo (ou do grupo) de aprendizagem. Questões como: - Que momentos de mal estar eu vivi no decorrer da aula?;

  • O que de mais significativo constatei que sei e que não sei?; etc. Com estas questões laçadas no início do encontro – e que serão no final retomadas na avaliação aula - , o desafio é obrigar o educando a construir seu distanciamento (reflexivo) sobre seu processo de aprendizagem durante o desenvolvimento da aula. Já que estas questões lançadas no início da aula são no final retomadas na atividade de avaliação, podemos concluir que estas questões, chamadas por mim de Pontos de Observação , constituem a pauta da avaliação. Ou seja, pontos de observação constituem o planejamento da avaliação da aula. Os pontos de observação em cada foco apóiam a construção do aprendizado do olhar – olhar a dinâmica do encontro; dinâmica que não significa criar a atividade de sensibilização, dinâmica que aqui é entendida como jeito, o ritmo que o grupo viveu a construção das interações na aula: acelerado, arrastado, em desarmonia, em harmonia, etc. Dinâmica que envolve observar o grupo juntamente com a coordenação. Questões neste foco poderão lidar com: - Quais os movimentos rítmicos que o grupo viveu durante sua participação na aula? Ou, - Como o grupo expressou suas divergências e/ou concordâncias durante a aula? etc. Aprendendo a olhar a si próprio, ao grupo, a dinâmica que vai sendo composta, vai alicerçando a capacidade de ler e estudar a realidade. Observar a coordenação faz parte do pensar o que é ser

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Metodologia e Prática de Ensino Educando o olhar da observação

educador, e o que é ser educando. É enquanto o educando observa o ensinar da coordenação, que ele aprende a ser melhor aluno e também melhor educador. Pelo simples fato de que, diante do modelo, ele pensa, reflete, distancia-se, constrói conceitos – teoria do que é aprender e ensinar.

Também observando a coordenação inicia seu processo de desmistificação da mesma. Começa a constatar que ela comete erros, derrapadas, incoerências, etc.

Questões neste foco poderão cercar: - Como a coordenação construiu sua sintonia com o conteúdo da matéria e o significativo do grupo? Ou – Como a coordenação lidou com os conflitos, as divergências, as diferenças durante a aula? etc.

Estar sendo observado também é instrumento valioso para a coordenação, pois nesse retorno de seus alunos pode ter uma avaliação do que realmente está conseguindo ensinar. Se está conseguindo atingir seus objetivos ou o que falta construir de intervenções, encaminhamentos, devoluções, para a próxima aula.

Neste espaço onde o educando faz devoluções sobre se ensinar é aonde o educador vai podendo construir-se (educando- se) também enquanto aprendiz.

1.2.1 Sobre a prática do instrumento da

observação entre educador e educando

Educador aprende a observar. Educando também. Educando troca com educando, coordenado pelo educador, sobre o que se observa.

Educador troca com educador, coordenado por um outro educador, sobre o que se observa.

Educador interage com educando desenvolvendo-lhe, espelhando-lhe, suas conquistas e faltas na situação observada. O educador quando desempenha a função de observador, como co-produtor que foi da pauta e do planejamento do professor, tem uma atuação vivamente reflexiva porém silenciosa para o grupo. Silenciosa porque ele não está na função de professor do grupo. Ele é um outro educador, com uma tarefa diferenciada, específica: - observar a coordenação no seu ensinar, na sua interação com o grupo e seus participantes. Ele não faz intervenções nem devoluções para o grupo porque não é o educador do grupo. Sua participação se dá em outro nível. Como também, poderá haver certas atividades onde sua participação com intervenções seja planejada anteriormente. Ele faz devoluções de suas observações para o educador do grupo. Neste sentido, um educador quando está nesta função, é educador do educador. Por isso mesmo não interage com os educandos de seu educador; mas somente com ele (educador), devolvendo-lhe suas observações, espelhando conquistas e faltas na prática deste.

1.3 Sobre a ação do observador

Observar não é invadir o espaço do outro, sem pauta, sem planejamento, nem devolução, e muito menos sem encontro marcado... Observar uma situação pedagógica é olhá-la, fitá-la, mirá-la, admirá-la, para ser iluminada por ela. Observar uma situação pedagógica não é vigiá-la, mas sim, fazer vigília por ela, isto é, estar e permanecer acordado por ela, na cumplicidade da construção do projeto, na cumplicidade pedagógica.

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Metodologia e Prática de Ensino Educando o olhar da observação

de conhecimento, a discernir momentos de tensão e caos (conflitos cognitivos e afetivos, mal-estar, medos, etc.); e os momentos de relaxamento e ordem (resolução dos conflitos, harmonia, sintonia, etc.); ou ainda, as diferenças dos silêncios, os papéis grupais, etc.

A coordenação também pode ser objeto de observação do educador-educando, no sentido de perceber como a coordenação socializou as diferenças; como trabalhou os ritmos diferentes dos elementos do grupo; o que e como desafiou conflitos cognitivos e afetivos; o que ajudou a construir; etc.

Como já dissemos, o educador-educando tem possibilidade de escolher o ponto que quer observar entre alguns selecionados; ou o coordenador, partindo de alguma hipótese, já o determina. Durante o encontro o coordenador pode relembrar este foco, educando a observação.

Durante a avaliação, antes ou depois do levantamento de conteúdo, é dado um pequeno espaço, para que o educando reveja suas anotações do encontro e pense para socializar. Os pontos de observação trazem ao coordenador a possibilidade de perceber aspectos individuais e, dando assim, mais parâmetros para compreender e poder intervir mais com cada aluno. A avaliação deixa de ser a mesmice de que a reunião ou atividade foi boa, gostosa ou não, produtiva ou não, pois é possível aclarar os avanços e os recuos que existiram e suas causas.

O exercício deste olhar do coordenador, que focaliza os Pontos de Observação e depois vê a avaliação sobre eles, é um instrumento poderoso para o planejamento, desde que registrados e refletidos.

Na nossa prática também trabalhamos com a figura do observador. É um outro educador que também trabalha com o grupo, mas que naquele momento permanece como observador

apoiando o coordenador nesta tarefa. Este papel mereceria uma longa e profunda análise que não cabe neste momento. Dentro do Curso de Formação de Educadores, Os Pontos de Observação lançados têm apresentado uma transformação. Esta não se dá à nível de seu conteúdo, mas na sua forma. As questões colocadas não se repetem constantemente, não se cristalizam. Cada vez mais busca-se construir pontos de observação que exercitem o educador-educando na relação com o próprio objeto que está sendo estudado. Fátima Camargo, na Prática Teórica/Desenvolvimento, ao estudar JOGO lançou pontos, no início da aula, que procurava conscientizar os educadores- educandos da estrutura do próprio jogo. Um exemplo pode ser dado, embora tenha existido, dentro deste conteúdo, outras questões igualmente criativas e coerentes com o objeto de estudo: ● em relação ao aprendizado pessoal: Qual foi meu jogo? Como venho construindo a minha chance de ganhar? ● em relação à dinâmica: Como se deu a complementariedade na prática? ● em relação à coordenação: Como a coordenação, na condição de árbitro, interagiu com o grupo? Dentro desta mesma idéia, outros exemplos podem ser dados frente a objetos de estudo trabalhados por Juliana Davini, na Prática Teórica/Psicanálise: ● em relação ao aprendizado pessoal:

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Metodologia e Prática de Ensino Educando o olhar da observação

Como construí minha participação na aula mais expositiva? Consegui socializar e ser escutada no meu pensamento? ● em relação à dinâmica: Como está o Grupo no enfrentamento dos fantasmas despertados pelo estudo da teoria? ● em relação à coordenação: Como a coordenação trabalhou neste encontro no lidar com as diferenças/divergências? Ou, “Aprender não é senão aprender a indagar. Não há investigação possível sem ansiedade no campo de trabalho, provocada pelo desconhecido que, por ser desconhecido, é perigoso” (José Bleger)

Inspirada neste foco para seu olhar, comente esta afirmação em relação ao seu aprendizado, ao grupo ou à coordenação.

Também tem sido criadas situações para expressão da observação, utilizando-se de outras linguagens. Assim, através do gesto, do som, de imagens,...o pontos de observação são socializados durante o processo de avaliação. Madalena Freire, na Prática Pedagógica e Metodológica, no estudo da rotina, onde tempo e ritmo são cruciais, lançou pontos que trabalham estes conceitos vividos, e tornados mais conscientes, a partir do observar o próprio movimento do grupo:

● em relação ao aprendizado pessoal:

Quais os ritmos ou ritmo que vivi no meu processo de aprendizagem na construção da aula? Expresse-os por sons, gestos, movimento. Quais os ritmos ou ritmo central que o grupo viveu na construção da aula? ● em relação à coordenação: Qual o ritmo da coordenação no exercício das intervenções, dos encaminhamentos e de devoluções? Na Prática Estética, por sua própria essência, estes pontos de observação têm funcionado como a experimentação de outras linguagens, ou na utilização da própria linguagem verbal, estimulando-se o uso de metáforas. Pensar, por exemplo, o encontro como prato de comida, objetos eletrodomésticos, tecidos, tipos de roupas, ou uma partitura musical e/ou uma sequência de sons, como imagens ou gestos pode provocar a fala sem barreiras, que se expressa por outros veículos. Falas sem barreiras porque são liberados aspectos que seriam dificultados pela “formalidade” da linguagem verbal. Falas que exercitam discursos gestuais, sonoros, cênicos, visuais, encontrando novos significados neste fazer e facilitando a percepção e fornecendo importantes constatações para o planejamento dos próximos encontros. Um exemplo: Avaliar o encontro em relação ao aprendizado pessoal, ao grupo, e à coordenação utilizando-se para isto de elementos do reino animal, vegetal e/ou mineral. Um outro exemplo: Depois de uma aula em que se trabalhou sobre o acaso, o lidar com o imprevisto provocado por gotas de ecoline sobre papel molhado, foi colocada esta questão: Pensando o encontro como um pingo de tinta, por onde ele viajou? Onde tocou?

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Metodologia e Prática de Ensino Educando o olhar da observação

o olhar?

Percebo que, se não olhei para a mão que aponta e sua sombra, é porque, talvez, não me debrucei de fato sobre a obra. Vi apenas um significante que já vinha carregado de significados dados pelos teóricos de História da Arte: a encomenda pública que gerou polêmica e revolta entre os pagantes que mal apareciam, o jogo de luz e sombra barroco, os tons dourados rembrandtianos....E havia muito mais para perceber.

Até que ponto eu fora convidada a entrar em contato com a obra? Até que ponto me estimularam, ou mesmo me permitiram, encontrar significações pessoais através de um olhar sensível e sensibilizado?

1.6 O nascimento de um sensível olhar-pensante

Qual o meu jeito de olhar? Só vejo o utilitário, olhar prático, objetivo, frio? Só vejo e analiso pelo gosto, não gosto? Ou pelo bonito ou feio? Serve para mim ou não? Fantasio este olhar com lentes cor de rosa? Olhar de Polyana? Olhar de piedade ou de inveja do que não é igual a mim? Em que “formas” me amarraram para ver Arte? A “forma”da cópia da realidade ou da expressão? E de que expressão? De que beleza? Reprodução ou representação?

Cortar o cordão umbilical desta “forma” é tirar as amarras de um olhar comum. E assim como o ar do mundo enche os pulmões e provoca o choro e a entrada num ritmo de vida; as cores, as formas, as texturas, o espaço do mundo enchem os olhos de um jeito novo de olhar o já visto. Ansiedade, medo, desequilíbrio, espanto, admiração recheiam o novo olhar que exercita conscientemente na busca de novos ângulos.

Educador ensina a pensar, pensando.

Educador ensina a olhar, olhando. Mas, não é um “ver qualquer”, superficial, rápido, não-implicado com o conhecimento. Educador ensina o sensível olhar-pensante. Olhar sensível, e que é portanto afetivo. Olhar que pensa, reflete, interpreta, avalia. Olhar-pensante é percepção cognoscitiva. Percepção que vai além dos dados sensoriais. O olhar pensa, é visão feita interrogação, diz Cardoso 2. Olhar-pensante curioso diante do mundo, que transcende as aparências e procura o que está por trás. Para Gibson 3 aprender a ver é perceber diferenças. A “forma” restrita do olhar sem pensar só percebe, só quer ver o homogêneo, o bonito, o que compreende. O resto não lhe serve. É jogado fora como se uma parte da realidade pudesse, de fato, ser jogada no lixo. O olhar-pensante procura formas de olhar. Procura no próprio objeto a forma de o compreender. Percebe as diferenças o que já conhece. E faz relações. Aprender a pensar, aprender o olhar-pensante não é somar conhecimentos já internalizados, apropriados. Mas é estabelecer relações entre semelhanças e diferenças. E para isso uma “forma”do pensar ou do olhar não tem serventia. A minha forma se exercita, se instrumentaliza na quebra das amarras de um olhar comum, na procura consciente da própria forma de olhar, no exercício de buscar ângulos novos, na construção de relações. É um olhar de pensamento divergente.

1.7 O ato de olhar

Perceber a “forma” do olhar superficial, preconceituoso,

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Metodologia e Prática de Ensino Educando o olhar da observação

simplório e reducionista foi uma descoberta importante para mim, na medida em que respondia a algumas indagações frente a frase tantas vezes repetida: “não sei desenhar”. Como tema de minha dissertação de mestrado 4 , intuía que esta frase é dita, há uma referência a um tipo específico de desenho, aquele que “não sei”. E, assim, descobri amarras de um olhar que procura no desenho a cópia fidedigna da realidade. Olhar que acredita no dom.

A necessidade de desmistificar este “mito do bom desenho” e a percepção de meus próprios ângulos de visão, encaminharam meu pensamento para aprofundar a quentão do olhar. Olhar tornado visível pelo desenho que nasce do gesto que deixa marcas. Desenho que registra os ecos do mundo em cada corpo.

Refletir sobre o olhar o mundo e registrar esta visão e olhar o olhar do outro através de sua obra se tornam hoje questões fundamentais para a compreensão da leitura e da apreciação da obra de arte.

Em expressões e provérbios encontramos muito as significações para o olho e olhar. Presentes no cotidiano, elas apontam para a importância, a abrangência, a frequência do ato de olhar em todos os campos da atividade humana.

esse teu olhar, quando encontra os meus fala de umas coisas que eu não posso acreditar...”(MPB) É claro, é evidente, sem sombra de dúvida! Logo se vê...Está se vendo...Tem algo a ver... Olhe aqui...Veja om que diz...Abra os olhos... Estar de olho, ficar de olho, ver com bons olhos... Salta aos olhos...Deitar-lhe um olhar...

Meu ponto de vista...Sua perspectiva... Amor a primeira vista...De encher os olhos... Os videntes, os visionários, o terceiro olho... Não olhe para trás!...Não pregar o olho... Tem olho maior que a barriga! Mau olhado...Olho gordo... Olho comprido...Olho de peixe morto... Olho clínico...Olho vivo... “O pior cego é quele que não quer ver” Olhe lá! A ciência também privilegia a visão quando cria instrumentos capazes de traduzir o tempo, a velocidade, o peso, o calor, a pressão atmosférica, a carga elétrica, a elasticidade e índices que são lidos e avaliados pela visão. Para Suzanne Langer 5, “ Ver é em si um processo de formulação; nosso entendimento do mundo visível começa no olho ”. Mas em que grau de profundidade olhamos pra o mundo, para a obra, para os índices visíveis dos instrumentos científicos? A vivência da mão que aponta a sombra, já descritas, atesta que o ser humano nem sempre olha o que vê... Isto acontece também diante da obra de arte nas exposições, quando a leitura da etiqueta rouba o tempo de atenção dado a obra. Alguns, com catálogos nas mãos, procuram avidamente as informações desejadas e, ao encontrarem, seguem em frente. “ Não faria diferença alguma se tivessem ficado em casa, pois mal olharam a pintura. Apenas checaram o catálogo. É uma espécie de curto-circuito mental que

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Metodologia e Prática de Ensino Educando o olhar da observação

a consciência e o que é percebido” 10. A percepção é, portanto, cognoscitiva, não está desligada do ato de pensamento. Mediando sujeito e ambiente, a percepção ultrapassa o dado sensorial e vem carregada de significados 11.

A idéia, a imagem são aspectos que se apresentam também nestas raízes interligadas: “Aquele que diso: 'eidô' (eu vejo), o que vê? Vê e sabe o 'eidôs”: forma das coisas exteriores e das coisas interiores, forma própria de uma coisa (o que ela é em si mesma, essência), a “idéia” 12. Nesta mesma raiz estão: eidolon : ídolo, simulacro, imagem, retrato; eikasia : representação, crença, conjetura, comparação; e eikon : ícone, pintura, escultura, imagem, imagem refletida no espelho.

A imagem como forma visual de realidades concretas ou imaginárias é como visão recriada ou reproduzida.

Na tentativa de enfatizar os conceitos aqui colocados, criei o termo sensível olhar-pensante. Talvez não fosse necessário criar o significante “olhar-pensante”, já que, como vimos, este dois atos estão sempre presentes. Entretanto, somando-os num novo substantivo, pretendo chamar a atenção sobre o ato de olhar, que amplia o conceito corriqueiro de observação.

1.8 A arte como registro do sensível olhar-

pensante

A paisagem se pensa em mim e sou sua consciência. ” Cézanne O olhar do indivíduo sobre o mundo, olhar que não envolve só a visão, mas cada partícula de sua individualidade, está profundamente colado à sua história, à sua cultura, ao seu tempo e ao seu momento específico de vida.

O mundo desperta ecos em nossos corpos e suscitam traçados. Qualidade, luz, cor profundidade, que estão aí diante de nós, aí só estão porque despertam um eco em nosso corpo, porque este lhe faz acolhida. Este equivalente interno, esta fórmula carnal de sua presença que as coisas suscitam em mim por que não haveriam de, por seu turno, suscitar um traçado, visível ainda, onde qualquer outro olhar reencontrará os motivos que sustentam a sua inspeção do mundo? Então aparece um visível na segunda potência, essência carnal ou ícone do primeiro. Não é um duplo enfraquecido, um “trompe-l'-oiel”, um outra 'coisa'. Este visível, na segunda potência, porque não é um visível do mundo do natural, mas do mundo manufaturado, é para Huyge14 uma terceira realidade, que reflete e exprime as duas outras: a do “eu” e a do “não-eu”. É, portanto, o equivalente interno, a imagem mental, registrada sobre um suporte qualquer, seja o som, a palavra, a gestualidade da dança ou do ato cênico, seja através da cor, da forma, do espaço de uma escultura, uma pintura ou um desenho, e que faz parte do nosso cotidiano. Na minha opinião existe uma vasta gama de imagens, a que poderemos – racional e não metaforicamente – chamar de imagens musicais, poéticas, plásticas, e que considero como embriões formais ainda não completamente encarnados e à espera de se traduzirem em obra de arte, mas, em todo o caso, ainda desprovidos de muitos atributos da obra definitiva.” A arte é o registro concreto dessas imagens, desses pensamentos visuais, como diz Arnheim 16, tanto através das Artes Plásticas, quanto através das demais linguagens artísticas. É a representação , re-apresentação do olhar sensível. Como linguagem, como fala que também é interna e também se

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Metodologia e Prática de Ensino Educando o olhar da observação

exterioriza, a arte se utiliza de formas significantes que sustentam significados, conceitos, idéias, imagens mentais.

Entre o objeto da realidade e a nossa concepção deste objeto há um longo caminho interno, um processo cognitivo, afetivo e social que se expressa através de sua representação. É o terceiro elo, como diz Cassirer 17, a resposta diferida que só o homem como ser simbólico pode dar. Resposta que é pensamento.

O que aguardamos dentro de nós não é real, mas a sua representação simbólica. É ela que volta ao mundo, que re- apresenta o real, pela linguagem, que se estabelece com palavras, gestos, cores, formas...

Neste mecanismo de significação há escolhas seletivas. As formas significantes selecionadas entre muitas mostram as marcas específicas do significado que queremos expressar. Significado que tem elo com o mundo real, seja o mundo concreto e palpável ou o mundo das idéias. (Não são todos os sinônimos que atendem o significado que queremos dar, assim como não é qualquer vermelho que pode expressar uma idéia um sentimento...)

Uma paisagem, um cavalo, uma composição abstrata podem gerar diferentes representações, mesmo criadas por uma única pessoa, como é visível em desenhos de Van Gogh ou na célebre série de estudos de Picasso para a sua Guernica. E muitos outros podem ser mostrados, confrontando, por exemplo: a realidade fotografada e a desenhada, os modos diferentes de registrar a espacialidade através da perspectiva ou de deformações, possibilidades infinitas de registrar o sensível olhar pensante. Formas significantes diversas que provocam leituras de significados também diversos.

A representação simbólica está presente em todas as

culturas, em todas as épocas. O desenho é o mais primitivo de seus recursos. É uma caligrafia. É ato de pensamento. Faz parte da vida de qualquer criança 18. Mesmo que não lhe seja oferecido material, a criança desenha com o dedinho na poeira, com gravetos na areia na terra, com a colher no prato de comida, com as mordidas no biscoito...Faz parte da vida também de qualquer adolescente ou adulto, que desenha mesmo sem intenção. Basta ver qualquer papel deixado ao lado do telefone. Este ato vital registra o olhar-pensante sensível de um autor qualquer, seja artista, criança, adolescente ou adulto. Comovido por um certo impacto do mundo, o olho o restitui pelos traços da mão e celebra a visibilidade. Visibilidade que evidencia, como tantas outras provas, que o desenho reflete em si, como um espelho, o olhar de quem vê. Aquele visível de segunda potência encontra ecos diferenciados em cada corpo, em cada olhar... Cada ser humano, cada sociedade, situada no tempo e no espaço, deixa suas marcas na maneira de registrar seu modo de ver, e a História da Arte conta esta história: A história da arte em seu todo, é uma história do mundo de percepção visual, das várias maneiras como o homem viu o mundo. A pessoa simplista poderá objetar que existe uma única forma de ver o mundo – a forma como se apresenta à sua própria visão imediata. Mas isso não é verdade; vemos o que aprendemos a ver, e a visão torna-se um hábito, uma convenção, uma seleção parcial do que existe para ver e um resumo destorcido do resto. Vemos o que queremos ver, e o que queremos ver é determinado, não pelas inevitáveis leis da óptica ou mesmo (como pode ser o caso dos animais selvagens) por instinto ou sobrevivência, mas pelo desejo de descobrir ou construir um mundo verossímil.

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