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Política social e Psicologia, Notas de estudo de Psicologia da saúde

Política social e Psicologia na Primeira república Política social e Psicologia DÉCADA DE 1940 Política social e Psicologia DITADURA CIVIL-MILITAR OS PSICOLÓGOS NA SAÚDE PÚBLICA

Tipologia: Notas de estudo

2021

À venda por 07/09/2021

_mariegomes
_mariegomes 🇧🇷

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Política social e psicologia
PRIMEIRA REPÚBLICA
A psicologia no brasil começa a se desenvolver-se vinculada
ao projeto de modernização da sociedade brasileira, tendo
origem nas instituições educacionais e médicas
Aproximação da psicologia com a pedagogia a reforma
de benjamim constant incorporou a disciplina de psicologia
nos currículos das escolas normais, utilizando
principalmente a psicologia experimental
Nas faculdades os médicos apresentavam um grande
interesse pelo assunto psicológico com a preocupação
principal relacionada com a aplicação da psicologia nos
problemas sociais, como higiene mental e psiquiatria
forense
Houve em 1923 a materialização desse interesse com a
criação de um laboratório de psicologia experimental dentro
da colônia de psicopatas do engenho de dentro (RJ), esse
laboratório visava auxiliar as atividades médicas, atender as
necessidades sociais e práticas, se constituir como um
núcleo de pesquisas cientificas e um centro de formação
de psicólogos. forma realizadas duas práticas: a
testagem e psicoterapia
Interesse da modernização na educação e na indústria inicia-
se nos anos 1920 o movimento em defesa dos testes
psicológicos ocasionado pelo interesse pelos “desvios” e
“erros” individuais
A psicologia na formação profissional e estabelecimento de
limites para o exercício da atividade no mercado de trabalho
pesquisas brasileiras: fadiga em jovens trabalhadores,
seleção de aviadores, psicometria, entre outros semelhantes
Psicologia atuando no processo de adaptação no processo de
adaptação do novo trabalhador à realidade industrial
DÉCADA DE 1940
Orientação e seleção profissional ajustamento de
funcionários para o perfeito desempenho das tarefas,
crescendo a demanda por classificação, seleção, e
recrutamento de pessoal
Mantém-se a articulação com a área educacional tornou-
se obrigatória em vários cursos de formação
Surgem as bases para o desenvolvimento da atuação clínica
na psicologia, no atendimento individualizado a crianças com
queixas escolares
Em 1962, é promulgada a lei 4119, que reconhece a profissão
o psicólogo no brasil e prevê como objetivos da atuação deste
profissional:
a) Diagnostico psicológico
b) Orientação e seleção profissional
c) Orientação psicopedagógica
d) Solução de problemas de ajustamento
Tentativa de veto na área clinica o psicólogo só poderia ser
assistente técnico, sendo considerada a necessidade de
haver a supervisão constante de um profissional médico
sobre o trabalho do psicólogo (reafirmando a lógica médico-
centrada que conduzia o cenário da atenção e ensino em
saúde no país)
Veto revogado e a proposta inicial adotada
A prática da psicologia passa a ser aceita, então, como uma
prática liberal, independente e tendo como seu objetivo
central o ajustamento dos indivíduos à sociedade
DITADURA CIVIL-MILITAR
A psicologia se desenha com foco no controle e
ajustamento e tudo que é desviante da vigente lógica
meritocrática e individualista, coerente com a ideia de busca
por ascensão individual
Reforma universitária de 1968 promove a proliferação
de instituições privadas de ensino superior
Aumento dos cursos de psicologia no decorrer da década
de 1970 aumento no número de profissionais formados
Expande-se a atuação em clinicas privadas, e o interesse
no campo reflete-se nos cursos de graduação que passam
a privilegiar esta área para atender o interesse dos alunos
predomínio da psicoterapia e o ideal do atendimento em
consultório liberal, tendo a liberdade de determinar valor,
as condições e duração de seu trabalho
A ditadura apresentou ao brasil uma psicologia privada,
liberal, que conduzia tudo que se apresentava à sua análise
em questões de caráter individual e subjetivo, negando (ou
negligenciando) seus determinantes sociais, econômicos e
políticos
A prática psicológica favorecia a governabilidade das
ditaduras latino-americanas, e se estendia até fins da
década d 1980 como um conjunto de técnicas de disciplina
e ajustamento
1980 Falência do “milagre econômico” e com isso a perda
do poder de compra dos grupos com renda média
refletindo na perda de mercado para a atuação liberal da
psicologia
Surgem movimentos sociais que clamam por uma reforma
do estado, na qual esse se responsabilizasse pelo brutal
empobrecimento da população e suas consequências
O marco mais importante desses movimentos, e a
conquista mais expressiva foi no campo sanitário, que tem
como emblema a VIII conferência nacional de saúde, em
1986, com a proposição do então sistema único de saúde
(SUS) e do conceito de saúde inteirado
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Política social e psicologia

PRIMEIRA REPÚBLICA

➢ A psicologia no brasil começa a se desenvolver-se vinculada ao projeto de modernização da sociedade brasileira, tendo origem nas instituições educacionais e médicas

  • Aproximação da psicologia com a pedagogia – a reforma de benjamim constant incorporou a disciplina de psicologia nos currículos das escolas normais, utilizando principalmente a psicologia experimental
  • Nas faculdades os médicos apresentavam um grande interesse pelo assunto psicológico com a preocupação principal relacionada com a aplicação da psicologia nos problemas sociais, como higiene mental e psiquiatria forense
  • Houve em 1923 a materialização desse interesse com a criação de um laboratório de psicologia experimental dentro da colônia de psicopatas do engenho de dentro (RJ), esse laboratório visava auxiliar as atividades médicas, atender as necessidades sociais e práticas, se constituir como um núcleo de pesquisas cientificas e um centro de formação de psicólogos. Lá forma realizadas duas práticas: a testagem e psicoterapia ➢ Interesse da modernização na educação e na indústria inicia- se nos anos 1920 o movimento em defesa dos testes psicológicos – ocasionado pelo interesse pelos “desvios” e “erros” individuais ➢ A psicologia na formação profissional e estabelecimento de limites para o exercício da atividade no mercado de trabalho
  • pesquisas brasileiras: fadiga em jovens trabalhadores, seleção de aviadores, psicometria, entre outros semelhantes ➢ Psicologia atuando no processo de adaptação no processo de adaptação do novo trabalhador à realidade industrial DÉCADA DE 1940 ➢ Orientação e seleção profissional – ajustamento de funcionários para o perfeito desempenho das tarefas, crescendo a demanda por classificação, seleção, e recrutamento de pessoal ➢ Mantém-se a articulação com a área educacional – tornou- se obrigatória em vários cursos de formação ➢ Surgem as bases para o desenvolvimento da atuação clínica na psicologia, no atendimento individualizado a crianças com queixas escolares ➢ Em 1962, é promulgada a lei 4119, que reconhece a profissão o psicólogo no brasil e prevê como objetivos da atuação deste profissional: a) Diagnostico psicológico b) Orientação e seleção profissional c) Orientação psicopedagógica d) Solução de problemas de ajustamento ➢ Tentativa de veto – na área clinica o psicólogo só poderia ser assistente técnico, sendo considerada a necessidade de haver a supervisão constante de um profissional médico sobre o trabalho do psicólogo (reafirmando a lógica médico- centrada que conduzia o cenário da atenção e ensino em saúde no país) ➢ Veto revogado e a proposta inicial adotada ➢ A prática da psicologia passa a ser aceita, então, como uma prática liberal, independente e tendo como seu objetivo central o ajustamento dos indivíduos à sociedade DITADURA CIVIL-MILITAR ➢ A psicologia se desenha com foco no controle e ajustamento e tudo que é desviante da vigente lógica meritocrática e individualista, coerente com a ideia de busca por ascensão individual ➢ Reforma universitária de 1968 – promove a proliferação de instituições privadas de ensino superior ➢ Aumento dos cursos de psicologia no decorrer da década de 1970 – aumento no número de profissionais formados ➢ Expande-se a atuação em clinicas privadas, e o interesse no campo reflete-se nos cursos de graduação que passam a privilegiar esta área para atender o interesse dos alunos
  • predomínio da psicoterapia e o ideal do atendimento em consultório liberal, tendo a liberdade de determinar valor, as condições e duração de seu trabalho ➢ A ditadura apresentou ao brasil uma psicologia privada, liberal, que conduzia tudo que se apresentava à sua análise em questões de caráter individual e subjetivo, negando (ou negligenciando) seus determinantes sociais, econômicos e políticos ➢ A prática psicológica favorecia a governabilidade das ditaduras latino-americanas, e se estendia até fins da década d 1980 como um conjunto de técnicas de disciplina e ajustamento ➢ 1980 – Falência do “milagre econômico” e com isso a perda do poder de compra dos grupos com renda média refletindo na perda de mercado para a atuação liberal da psicologia ➢ Surgem movimentos sociais que clamam por uma reforma do estado, na qual esse se responsabilizasse pelo brutal empobrecimento da população e suas consequências ➢ O marco mais importante desses movimentos, e a conquista mais expressiva foi no campo sanitário, que tem como emblema a VIII conferência nacional de saúde, em 1986, com a proposição do então sistema único de saúde (SUS) e do conceito de saúde inteirado

OS PSICOLÓGOS NA SAÚDE PÚBLICA

➢ Grupo de profissionais da psicologia que se engajavam de maneira militante nas discussões do movimento sanitário – buscavam a reforma psiquiátrica no brasil, refletindo sobre a necessidade de modificar o sistema de saúde no tocante ao cuidado em saúde mental

  • Tem como marco a estruturação das AIS, que previa a existência de equipes mínimas de saúde mental em unidades ambulatoriais de saúde, compondo-se por psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais ➢ Crítica ao modelo médico que se reproduzia na atuação clínica da psicologia ➢ Mobilização da categoria em sindicatos e conselhos para a produção de materiais sobre a atuação da psicologia – continha direções para a atenção psicológica no sistema publico e refletia a preocupação em relação à necessidade de serem esclarecidas, delimitadas e identificadas as atividades profissionais dos psicólogos na área a saúde ➢ A lei de regulamentação do SUS previa profissionais de saúde mental nas unidades básicas de saúde, entretanto, as atividades dos psicólogos não se restringiam à saúde mental, mas afastava-se dela. Sendo a demanda ampliada e direcionada para as queixas escolares, atendimentos de grupos específicos (mulher, idoso, gestante) e para demandas espontâneas de usuários não cronificados, eliminando-se os portadores de transtornos mentais ➢ Com a escassez do mercado para a atuação liberal do psicólogo, a psicologia entra no campo da saúde publica sem que haja definição de um novo modelo de trabalho para essa atuação ➢ Transposição das ações mais tradicionais (a atuação clinica e educacional) para o novo campo, “tentativa de levar psicoterapia para os mais pobres” ➢ A reforma sanitária traz uma proposta de mudança paradigmática para o campo do trabalho em saúde no brasil. Para que se concretize essa transformação é essencial que uma mudança do paradigma epistemológico da psicologia a acompanhasse. No entanto, o que vivenciamos foi a reafirmação dos moldes tradicionais de fazer psicologia, no aprofundamento da busca por aplicar a prática clínica aos novos contextos ➢ Pesquisas mostram:
  • Crescimento dos setores de bem-estar, como assistência social e a saúde pública, sendo o Estado o principal empregador dos psicólogos assalariados
  • Apesar deste crescimento, crescimento, a clínica ainda se apresenta como a principal área de atuação do psicólogo (53%)
  • Distanciamento das práticas psicológicas da realidade social da população atendida
  • Pouca familiaridade dos profissionais de Psicologia com conceitos e princípios fundamentais do sistema de saúde ➢ Dicotomização que é marca da Psicologia desde o princípio de suas formulações teórico-metodológicas – Wundt: compreensão dos fenômenos como “individuais” ou “sociais”, concepção de existência em pólos distintos do que é “interno” ao sujeito e o que lhe é “externo” ➢ Proposta de cuidado integral à saúde, requer, necessariamente, mudanças nas concepções de ciência vigentes, inclusive as da ciência psicológica – romper com a fragmentação ➢ Anos 2000: discussões sobre o fazer do psicólogo, iniciadas ainda na década de 1980, ganham corpo e começam a se refletir na prática dos profissionais ➢ As ações estão relacionadas ao evoluir da reforma psiquiátrica que, mais que propor reformas na saude mental, criou um corpo teórico/prático que tem subsidiado o trabalho ➢ Temas como a clínica ampliada, acompanhamento terapêutico, filosofia da diferença, humanização da saúde e apoio matricial que se tornam importantes diretrizes para a estruturação do SUS ➢ Compromisso social do psicólogo tem sido tema ainda mais recorrente em estudos e debates, na busca pela construção de uma prática adequada às necessidades reais da população atendida, diante da crescente inserção da Psicologia nas políticas públicas de saúde e assistência ➢ “Compromisso social” - critérios para que seja considerada uma atuação comprometida com a sociedade:
  • O trabalho do psicólogo deve visar, como objetivo final, a mudança na condição de vida da população brasileira;
  • A prática do psicólogo não deve se centrar na doença e sim na promoção de saúde, a compreensão do sujeito em seu contexto de maneira integral;
  • Adequar as técnicas e saberes da Psicologia às demandas da população atendida, partindo para isso de sua realidade social ➢ Diante dos novos rumos que se abrem à Psicologia mudanças são demandadas à prática dos psicólogos. ➢ Trabalhar com a concepção de saúde integral, considerando a saúde mental intrínseca à saúde e ao cuidado, cuidado, traz a imperativa necessidade do trabalho em equipe multiprofissional, trazendo a perspectiva da corresponsabilidade em um contexto interdisciplinar. ➢ O psicólogo é habituado com uma atuação solitária ➢ É preciso desconstruir a ideia de uma Psicologia pretensamente despolitizada e encarar o fato de que toda ação é política em alguma medida. ➢ É preciso compreender que o fazer da Psicologia e o conhecimento que dela deriva interferem na sociedade, sociedade, e a história da profissão não nega exemplos de como a Psicologia e seu saber serviram aos interesses do sistema, de fortalecer seus ideais e encobrir suas perversidades