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Um manual de atividades para ensino do gênero poético em ensino médio, utilizando tecnologias digitais. Ele aborda as características e interpretação crítica do gênero poético, sua importância social, e utiliza a tecnologia digital para promover a participação ativa dos alunos no estudo do gênero. O manual consiste em sete atividades, com referências a teorias de marcuschi, rojo, bunzen, moreira e bairral.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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Caderno de atividades
Rio de Janeiro, 2020
COLÉGIO PEDRO II PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E CULTURA BIBLIOTECA PROFESSORA SILVIA BECHER CATALOGAÇÃO NA FONTE
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Simone Alves da Silva – CRB-7: 5692.
M 193 Maggessi, Jullie Poema? Para que? Caderno de atividades / Jullie Maggessi; Aira Suzana Ribeiro Martins. - 1.ed. - Rio de Janeiro: Imperial Editora,
[4 3 ] p. Bibliografia: p. [42-43]. ISBN: 978 - 65 - 5930 - 081 - 5.
ESTA PARTE NÃO ENTRA NO PRODUTORESUMO
Este produto educacional faz parte do Programa de Mestrado Práticas de Educação Básica do Colégio Pedro II, ele consiste em um manual que explica o que é o gênero textual poema e como o uso de tecnologias digitais pode auxiliar na construção da sua significação. A sua finalidade consiste em apresentar uma proposta de trabalho com o Gênero Poético, abordando suas características, sua interpretação crítica, sua importância social como gênero textual, utilizando a tecnologia digital como ferramenta para promover a participação ativa do aluno no estudo do gênero em questão.
Palavras-chave: Gênero Poético; Tecnologia Digital; Multimodalidade; Letramento Literário.
Professor(a), Este caderno de atividades originou-se com o propósito de formulação de atividades para serem trabalhadas com alunos do 1º ano do Ensino Médio. Ele é o Produto da Dissertação de Mestrado intitulada “De Camões a Drummond, poesia para quê? Refletir o Gênero Poético por meio de tecnologias digitais.”, vinculado ao Programa de Mestrado Profissional em Práticas de Educação Básica do Colégio Pedro II. Ainda que sejam sugestões de atividades, esperamos que elas contribuam na edificação de um ambiente de investigação e de criação na sala de aula.
Este produto consiste em apresentar uma proposta de trabalho com o Gênero Poético, abordando suas características, sua interpretação crítica, sua importância social como gênero textual, utilizando a tecnologia digital como ferramenta para promover a participação ativa do aluno no estudo do gênero em questão.
Quando iniciamos o estudo do Gênero Poético, muitas indagações se fizeram presentes e orientaram as propostas de trabalho apresentadas aqui. Será preciso envolver o aluno nas redes dos poemas para, somente depois, mostrar-lhe o seu estudo, sua composição, suas características, seus estilos, suas figuras de linguagens, suas rimas, suas métricas e assim por diante. Começamos a gostar de ler porque alguém nos lê algo do qual gostamos. Ou seja, há um interesse envolvido no processo de “gostar de algo”. Será preciso demonstrar que existe um sentido para a leitura e será necessário envolver os alunos no processo não só de leitura, mas de criação e participação. O que desejamos, em
princípio, será despertar o interesse dos alunos e, para isso, buscaremos na tecnologia digital uma forma de motivá-los e de envolvê-los, já que estamos vivendo em uma sociedade que observa e vivencia experiências por uma nova perspectiva que é o ambiente virtual.
O produto traz sete propostas de atividades a serem realizadas, objetivando, sempre, uma interpretação significativa do poema a partir do contexto social do aluno.
A leitura e a construção de poemas permitem que os alunos estejam inseridos em uma rede infinita de significados, estimulando o desenvolvimento de suas estratégias de ação e interpretação. O processo é importante a fim de que os alunos possam se posicionar nos fatos cotidianos. A interpretação significativa do poema torna-se fundamental para que possamos entender e ler um mundo permeado de linguagens. Assim, interpretar significativamente é gerar “um para quê?”, ou seja, é demonstrar a importância de ler o mundo, ler a vida, ler as relações que nos cercam cotidianamente, ler a nossa história. Uma educação de qualidade no século da contemporaneidade deve estar apta a estimular o aluno a lidar com os dinamismos que a vida social e cultural apresenta. Preparados a lidar com a dinâmica do mundo globalizado, eles passarão a se posicionar diante de tantas mudanças repentinas. Uma educação de qualidade se destina não somente ao acúmulo de conhecimento ou testes práticos. Ela visa a lidar com os diferentes fatores que influem nas decisões e posições dos alunos, tais como a sua personalidade ou a visão que possuem diante das diferentes realidades que o mundo nos traz. A escola deve lidar, não só com questões externas como a política e a economia, como também com os elementos internos existentes na vida de cada um.
Esperamos que esta proposta de trabalho seja possível de ser realizada e que venha a enriquecer seu trabalho, despertando em seus alunos o interesse pelo Gênero Poético.
BOM TRABALHO!
Jullie Maggessi
2 Pensar e refletir
se estabelecem a partir da sua leitura. Uma vez que o aluno percebe que um texto traz um pensamento social e que esse texto faz parte de um gênero textual, produzido em um determinado domínio discursivo, ele consegue inserir-se como ser integrante da sociedade. É importante ressaltar que devemos, como professores, possibilitar a produção do aluno como esse ser que integra uma sociedade e deve estar apto a ela, e, não, apenas, apresentar a leitura. A produção de um gênero textual pelo aluno é o encontro da sua perspectiva com os discursos de poder que nos cercam cotidianamente em nossa sociedade. Esse pensamento vai ao encontro do que ressalta Marcuschi (2008) quando diz: “Os gêneros são atividades discursivas socialmente estabilizadas que se prestam aos mais variados tipos de controle social e até mesmo ao exercício de poder.” (MARCUSCHI, 2008, p. 161). Essa relação estabelecida entre as atividades discursivas e a relação de poder que as envolve não é sempre clara para o aluno. É preciso intervir, como professor, nos estudos dos gêneros, levando o aluno a pensar e refletir de maneira crítica, questionando desde a sua composição tipológica até as relações que criam um domínio discursivo. Se não podemos pensar em gênero textual desvinculado de nossa sociedade, não podemos ensinar um gênero textual que vise, somente, a questões linguístico-estruturais, ignorando a sua relação enquanto ferramenta social. A vivência cultural humana está sempre envolta em linguagem, e todos os nossos textos situam-se nessas vivências estabilizadas em gêneros. Nesse contexto, é central a ideia de que a língua é uma atividade sociointerativa de caráter cognitivo, sistemática e instauradora de ordens diversas na sociedade. O funcionamento de uma língua no dia a dia é, mais do que tudo, um processo de interação social. Claro que não é a língua que discrimina ou que age, mas nós que com ela agimos e produzimos sentidos. (MARCUSCHI, 2008, p. 163)
Assim, produzir sentido é analisar um gênero textual criticamente, observando e integrando todos os aspectos de sua composição linguístico-sociais, já que é imprescindível o trabalho que reforce esse poder do texto dentro de uma sociedade em sala de aula. O aluno precisa produzir seus textos para que sejam lidos e expostos. Não há como ensinar ao aluno a importância social de um texto, se essa realidade não for vivenciada por ele. Destarte, a leitura crítica do poema e sua produção se inserem nesse contexto reflexivo e gerador de sentido dentro da realidade do aluno. Tornar a leitura dos poemas em sala de aula prática rotineira de imersão crítica e reflexiva sobre os aspectos cotidianos que nos espreitam diariamente é elemento que contextualiza nossa existência subjetiva e social. Enfatizando o que considera Marcuschi (2008) as relações de poder e formas de
controle social, produzidas por nós seres humanos por meio dos gêneros textuais e que devem ser assim percebidas por nossos alunos. Na contemporaneidade, os gêneros se misturam a todo tempo. Por isso a definição do que vem a ser gênero se torna cada vez mais complexa. Afinal, refletem a dificuldade de estabelecer limites entre as classificações. Elas constantemente se comunicam e se reinventam. Assim, Marcuschi (2008) chama a nossa atenção para a questão da intergenericidade, definição utilizada pelo autor para definir a hibridização ou mescla de gêneros em que um gênero assume a função de outro. É dentro dessa perspectiva que se insere nosso trabalho com o Gênero Poético dentro da sala de aula. Ao praticar a intergenericidade, utilizando a tecnologia digital para trabalhar o Gênero Poético, a prática se estabelece na criação de uma mídia digital pelos alunos, com base nos poemas trabalhados em sala de maneira exaustiva, tanto com leituras e análises orais, quanto escritas, reflete um contexto de intergenericidade importante nos dias atuais, em que o aluno se entende como ser integrado às tecnologias digitais. Com essa proposta, buscamos uma integração entre o aluno e o poema, buscando elevar seu interesse pelo gênero em questão. Segundo Marcuschi (2008), “[...] compreender não é uma ação apenas linguística ou cognitiva. É muito mais uma forma de inserção no mundo e um modo de agir sobre o mundo na relação com o outro dentro de uma cultura e uma sociedade” (MARCUSCHI, 2008, p. 230). O que buscamos, então, é essa compreensão por parte dos alunos a respeito dos poemas. Uma compreensão que seja critica, reflexiva e para isso devemos integrar o gênero ao contexto do aluno que é digital. O cotidiano do aluno está imerso nos meios tecnológicos, os quais tornam esse cenário mais complexo, uma vez que inserem novas formas de organizar as ideias, novos recursos de linguagem e, portanto, multiplicam-se as formas de combiná-los ou interpretá-los. A poesia na pós-modernidade é a ferramenta capaz de colocar com exatidão, no mesmo plano, fenômenos tão distintos. Como há uma possibilidade de combinar as formas, a poesia pode ser ao mesmo tempo subjetividade e crítica social. Os recursos proporcionados pela revolução técnico-científica trazida pela globalização são fatores que incrementam a produção poética. O contato com a poesia pode ser feito a todo momento, por via digital. A internet é repleta de filtros e índices de procura que facilitam o leitor a encontrar obras que caíram no domínio público. A qualquer instante é possível que o usuário tenha acesso à sua poesia ou ao seu conto preferido. Como foi dito anteriormente,
Fonte: Instagram Fonte: Instagram
Os poemas do poeta Augusto de Campos (Figuras 1, 2, 3 e 4) nos trazem uma exata noção dessa integração entre a tecnologia, o poema e a sua interpretação crítica. O poeta se coloca diante dos acontecimentos de seu tempo e mostra-se indignado frente aos eventos que marcaram o cotidiano social. As redes sociais fazem com que o mundo esteja interconectado e facilitam a troca de ideias e maneiras de produção literária. Vivemos um momento de encontro de distintas culturas, cenário que facilita a pluralidade de produções literárias. Nem mesmo as diferenças de idiomas possuem o condão de dificultar o contato entre as pessoas, pois a internet possui distintos mecanismos de tradução e compreensão de línguas estrangeiras. A troca de informações se revela não somente forma de produção de conhecimento, como
também maneira de aprendizado. As pessoas aprendem novas maneiras de se comunicar através do contato com diferentes partes do globo. Nesse sentido, a poesia pode também ser uma nova forma de aprendizado. Ao retratar o cotidiano de distintos locais, elas podem vir carregadas de expressões locais, que em princípio são novas do vocabulário do leitor. A era tecnológica é, portanto, capaz de aproximar os lugares mais longínquos e assim permitir a criação de novas formas de comunicação e aprendizado. A ampliação da circulação das poesias não seria possível sem o suporte trazido pelas novas tecnologias. Elas permitem que diferentes obras sejam lidas a qualquer momento e lugar de acordo com a vontade do leitor. Em meio a uma intensa utilização de tecnologias presente no cotidiano, a poesia também serve como válvula de escape à alienação. As pessoas dedicam horas de seu tempo em frente às telas de computadores ou celulares, sob risco de se manterem alheias à realidade e até mesmo à exteriorização de seus pensamentos ou sentimentos. A poesia se revela, assim, como uma janela para a reflexão das ideias mais profundas. É a manifestação da liberdade do autor, de suas impressões mais profundas, que muitas vezes são deixadas de lado com as turbulências do dia a dia.
Nossa sociedade se comunica de forma complexa por diversos gêneros textuais que integram a rotina cotidiana, seja dos meios mais formais em que se tem a formulação de documentos oficiais, seja no convívio familiar mais informal. Os gêneros textuais abrangem e permeiam a comunicação humana de acordo com sua necessidade de interação. A linguagem é volátil e a língua, por sua vez, segue a evolução humana da mesma forma como um organismo vivo, que é capaz de se adaptar ao seu tempo. Essa interação entre os gêneros textuais e a sociedade que os utiliza é destacada por Marcuschi (2011, p. 18, grifo do autor):
Na realidade, o estudo dos gêneros textuais é uma fértil área interdisciplinar, com atenção especial para o funcionamento da língua e para as atividades culturais e sociais. Desde que não concebamos os gêneros como modelos estanques nem como estruturas rígidas , mas como formas culturais e cognitivas de ação social corporificadas de modo particular na linguagem, veremos os gêneros como entidades dinâmicas. O autor concebe, então, os gêneros textuais como formas culturais e cognitivas de ação social, apontando a importância das relações estabelecidas pela linguagem dentro de
textos em prosa, deixando sempre a poesia em segundo ou terceiro plano. (PINHEIRO, 2018, p. 12) Essa falta de contato ressaltada pelo autor é, muitas vezes, a realidade de nosso ensino com relação ao estudo da poesia. É preciso destacar a importância do gênero poético para o aluno que está inserido em uma sociedade. Entender, inferir e argumentar são ações fundamentais em uma sociedade que se comunica através de múltiplos gêneros. A poesia, por sua vez, é um texto literário que apresenta ao seu leitor não só a eclosão de sentimentos, mas uma gama variada e complexa de diferentes realidades e formas de se enxergar o mundo, colocando-se no lugar do outro, abrindo novas perspectivas, proporcionando, assim, vivências sociais capazes de fazer com que haja uma reflexão sobre a realidade em que se encontra o leitor em questão. Diante disso: Leitores ampliam seus horizontes emocionais e intelectuais, adquirindo novas dimensões de saber e autocompreensão através de obras literárias. Esse é um dos motivos frequentes de recomendação da leitura de textos literários como complementação da educação da pessoa, como se uma percepção mais clara de certas “realidades” pudesse emergir através da experiência literária. (LEAHY-DIOS, 2004, p. XXVIII, grifos da autora) Estamos nos referindo, justamente, a essa mudança ocasionada pela leitura literária a que se refere a autora. A realidade com a qual nos deparamos, muitas vezes, torna-se insensível no decorrer do dia a dia. É preciso que haja uma reflexão, muitas vezes até brutal, que nos leve a questionar o nosso papel diante da vida, diante da nossa existência e diante das outras pessoas com quem convivemos. Gustavo Bernardo Krause, professor do Instituto de Letras da UERJ, em seu artigo intitulado “Por que a literatura é tão estranha?” (2013) apresenta-nos a literatura como uma figura personificada e estranha, na medida em que afirma: “A Literatura fratura o hábito e nos força a prestar atenção, tanto nela mesma quanto na realidade” (2013, p. 26) assim, perceber a realidade de outra maneira é modificá-la, fazendo com que os caminhos traçados por nós, indivíduos sociais, possam ser modificados, ou não, de acordo com a nossa escolha; escolha essa feita de forma consciente diante de todas as reflexões proporcionadas pelos questionamentos surgidos a partir da estranheza causada pela obra literária. Leahy-Dios afirma: “Assim, a lacuna maior a ser preenchida nas aulas de literatura seria a descoberta de possibilidades através do exercício de capacidades críticas na leitura literária.” (LEAHY-DIOS, 2004, p. XXXIII). Essas capacidades críticas a que estamos dando valor, essa construção do saber que se eleva pela ampliação da realidade em questão, muito variada dentro de uma sala
de aula, principalmente, nas escolas públicas onde há diversas realidades sociais no mesmo ambiente de ensino, estabelecem a relação entre uma leitura significativa, capaz de conferir autorreflexão e a leitura superficial, rasa, sem significação de mundo, destituída de sentidos. A transformação de nossas experiências de mundo em matéria textual envolve, necessariamente, fatores socioculturais e recursos de expressão comuns aos membros da comunidade. Uns e outros se refletem em nossos textos, na medida em que, balizando nossas escolhas por meio de um sistema coletivo de representações, fazem do que dizemos / escrevemos um meio de contato que viabiliza o entendimento entre dois sujeitos. Portanto, o que ‘vale’ para a interação por meio da palavra não é o que ‘está na minha cabeça’, mas o que meu interlocutor compreende graças aos sinais que produzo. (AZEREDO, 2018, p. 10, grifos do autor). O autor considera que a importância de um texto, seja ele verbal ou não verbal, está na relação de envolvimento tanto daquele que escreve, quanto daquele que lê (interpreta) os sinais estabelecidos pelo texto. Essa relação demonstra que existe uma motivação por parte de quem produz um texto. Assim, um texto poético, por exemplo, possui não só as mensagens que se apresentam na superfície da palavra, mas também relações mais profundas estabelecidas pela combinação texto / sociedade. E é a partir dessa relação que se pode entender que: Os textos literários, em especial, não têm compromisso com o mundo dos fatos. Literatura não é reportagem, nem jornalismo ou história. Textos literários não falam necessariamente das “realidades” que nossos sentidos nos permitem testemunhar; falam de outra realidade, menos óbvia, porém mais profunda, a realidade a que estamos todos submetidos por força de uma condição comum: a condição humana. (AZEREDO, 2018, p. 83, grifo do autor). Pensando nessa experiência profunda a que se refere Azeredo, podemos depositar grande parte da importância do texto poético. A interação entre o leitor e seu texto literário deve ser capaz de provocar um sentimento catártico propiciador de reflexões impulsionáveis, transformadoras, impertinentes, notórias de uma autorreflexão. Essa ideia mostra que: Literatura é, do ponto de vista estilístico, recriação verbal, guiada pela imaginação, do mundo que a memória e os sentidos põem ao alcance do homem. Tanto o processo quanto o efeito dessa recriação testemunham um dom exclusivo do ser humano: a capacidade de mergulhar em si mesmo, de indagar-se sobre o sentido (ou a falta de sentido) de sua existência, de dar-se respostas ou de tornar-se cético perante a ausência delas. (AZEREDO, 2018, p. 83).
da informação e comunicação (doravante TDICs), embora com seu luxuoso auxílio. Surgem novas formas de ser, de se comportar, de se discursar, de se relacionar, de se informar, de aprender. Novos tempos, novas tecnologias, novos textos, novas linguagens. (ROJO, 2015, p.
Percebendo essa importância, entendemos que é necessária a integração da Tecnologia Digital ao estudo do Gênero Poético. Dessa forma é possível responder à questão da pesquisa em pauta, ou seja, que contribuições o uso de tecnologias digitais poderá proporcionar aos alunos do 1º ano do Ensino Médio na construção da significação do poema. Para fazer essa integração entre o estudo do gênero poético e a tecnologia digital, será necessário partir, inicialmente, de uma aula expositiva da disciplina de Literatura. O aluno entenderá a importância de se apropriar do conteúdo, uma vez que precisará dele para refletir sobre sua abordagem como parte fundamental do processo de ensino- aprendizagem. Nessa perspectiva: [...] o objetivo da aula expositiva é somente conseguir que os alunos adquiram uma compreensão inicial, indispensável para a aprendizagem de um novo assunto. Isso significa que uma aprendizagem total não pode ser alcançada numa aula expositiva. (MATTOS, 1976 apud LOPES, 1991, p. 39). Assim, ao introduzir o Gênero Poético na aula expositiva, o intuito será demonstrar suas características e dar ao aluno uma primeira percepção sobre o gênero, fazendo com que a reflexão sobre sua abrangência fique por conta das atividades subsequentes. Isso gerará a aproximação com a compreensão de Mattos (1976) sobre a aula expositiva e a atividade proposta em sala, uma vez que consideramos a impossibilidade de haver apropriação e significância do conteúdo sem o envolvimento ativo do aluno. A aula expositiva, muitas vezes, pode se configurar na inércia daquele que aprende, fazendo com que seu raciocínio crítico não seja estimulado. Se o professor expõe as características de um determinado assunto, sem que haja a participação ativa e reflexiva de todos os envolvidos, em uma dialética que busque um significado aplicável no cotidiano de ambos os envolvidos, não há, então, razão para se permanecer nessa prática. O aluno precisa se sentir parte de seu processo formador, agente na prática da aprendizagem. Assim, a tecnologia digital pode ser fundamental nesse processo.
Com o objetivo de manter essa relação dialética na sala de aula, ou seja, aluno interagindo com aluno e com o professor, percebemos a importância de um diálogo por meio de uma linguagem que seja dominada pelo aluno. É diferente, portanto, a maneira de se encarar o mundo. Suas relações estão modificadas e a velocidade com que se lê, vê e interpreta uma mensagem, seja ela uma notícia jornalística seja uma música, mudou. Desse modo, o que podemos esperar de uma sala de aula com nativos digitais é que haja esse mesmo movimento dinâmico em suas relações. Seguindo esse caminho e buscando uma ação, uma participação ativa do aluno, como forma de modificar a relação estanque de outro tempo dentro de sala, e como forma significativa e crítica da apreensão textual, entendemos que: A presença das tecnologias e das telecomunicações trouxe nova dinâmica à maneira de se comunicar, de se informar e, sobretudo, de aprender. Com o conhecimento descentralizado e fluido nas diversas linguagens e nos meios de comunicação, o educador tem hoje mais recursos para se posicionar como um mediador dessas várias oportunidades educativas. (SINGER, 2017, p. 20) Compartilhando das ideias de Singer (2017), Bunzen (2013) afirma que a utilização de tecnologias digitais na educação propicia a produção de gêneros textuais, oferecendo diversas possibilidades tecnológicas que favorece um cenário construção de conhecimentos. Diante dessa realidade, que é a nova dinâmica comunicacional, inerente à geração atual, entendemos a necessidade de utilizar o recurso tecnológico digital como uma ferramenta no contexto de sala de aula. A importância desse olhar por diversas perspectivas é fundamental para nossa análise crítica do poema que se configura como uma forma de interpretar a sociedade da qual fazemos parte. É nesse sentido que direcionamos nosso trabalho. Buscamos uma integração entre a tecnologia e o estudo do poema para criar uma estratégia que favoreça o ensinar e o aprender. Sabemos que o cotidiano do aluno está cercado de tecnologias digitais e, dentre elas, a mais marcante, tornou-se a tecnologia digital móvel. Os celulares, então, ganham destaque em nossa sociedade. Representam uma nova forma de olhar, interagir e integrar- se ao mundo. O aluno não se percebe como ser desvinculado dessa tecnologia, pelo contrário, entende-se como uma unidade multi-touch capaz de estar conectado, ao mesmo tempo, no mundo real e virtual. As tecnologias digitais móveis vêm ganhando cada vez mais espaço na vida dos indivíduos. São celulares com touchscreen, notebooks,