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CAPÍTULO Á 7d 72 7.3 7M 7.5 *7.6 *7.7 ZA 72 7.3 74 Ts 7.6 24 7.8 Custos DA PRODUÇÃO ESTE CAPÍTULO DESTACA Medição de custos: quais custos considerar? Custos no curto prazo Custos no longo prazo Curvas de custo no longo prazo versus curvas de custo no curto prazo Produção com dois produtos — economias de escopo Mudanças dinâmicas nos custos — a curva de aprendizagem Estimativa e previsão de custos Apêndice: Teoria de produção e custo — tratamento algébrico LISTA DE EXEMPLOS Escolha da localização do novo prédio da faculdade de direito Custos fixos, variáveis e irreversíveis: computadores, software e pizzas Custos de curto prazo na produção do alumínio Efeito das taxas para efluentes nas escolhas dos insumos Economias de escopo em empresas transportadoras Curva de aprendizagem na prática Funções de custo para energia elétrica Uma função de custo para o setor de poupança e empréstimo o capítulo anterior, examinamos a tecnologia de produção da empresa, ou seja, a relação que mostra como os insumos po- dem ser transformados em produtos. Agora, veremos de que forma a tecnologia de produção, juntamente com os preços dos insu- mos, determina o custo de produção da empresa. Dada uma tecnologia de produção da empresa, os administra- dores devem decidir como produzir. Vimos anteriormente que os insu- mos podem ser combinados de diferentes maneiras para que seja ob- tida uma mesma quantidade de produto. Por exemplo, determinada quantidade de produto pode ser produzida com muito trabalho e pou- co capital, com pouco trabalho e muito capital ou com alguma outra combinação dos dois insumos. Neste capítulo veremos de que forma é escolhida uma combinação ótima (ou seja, que minimiza os custos) de insumos. Veremos também de que modo os custos da empresa de- pendem de sua produção e de que maneira eles podem variar com o decorrer do tempo. Iniciamos explicando como o custo é definido e medido, fazen- do distinção entre o conceito de custo usado pelos economistas, os «quais estão preocupados com o desempenho da empresa, e pelos con- tadores, que se interessam pelos demonstrativos financeiros da em- presa. Depois examinamos o modo pelo qual as características da tec- nologia de produção da empresa afetam seus custos, tanto no curto prazo, em que a empresa pouco pode fazer para variar seu estoque de capital, quanto no longo prazo, em que a empresa pode alterar todos os seus fatores de produção. Posteriormente, mostramos de que maneira o conceito de rendimento de escala pode ser generalizado para tratar tanto da combinação de insumos quanto da produção de muitos produtos diferentes. Mostramos também que os custos às vezes apresentam queda no decorrer do tempo, à medida que os administradores c os funcionários aprendem pela experiência e tornam o processo pro- dutivo mais eficiente. Por fim, mostramos como utilizar informa- ções empíricas nas estimativas das funções de custo e na previsão de custos futuros. 7.1 MEDIÇÃO DE CUSTOS: QUAIS CUSTOS CONSIDERAR? Antes que possamos analisar de que forma são determinados os custos, bem como as razões de sua variação, precisamos esclare- cer o que entendemos por custos e de que forma efetuamos sua me- dição. Quais itens deveriam ser incluídos como parte integrante dos custos de uma empresa? Os custos obviamente incluem os salários PARTE II 182 PRODUTORES, CONSUMIDORES E MERCADOS COMPETITIVOS custos contábeis Despe- sas correntes mais as des- pesas ocasionadas pela depreciação dos equipa- mentos de capital. custos econômicos Cus- tos que uma empresa tem para utilizar os recursos econômicos, incluindo os custos de oportunidade, custos de oportunidade Custos associados às opor- tunidades perdidas quan- do os recursos de uma em- presa não são utilizados da melhor forma possível. custos irreversíveis Des- pesas realizadas que não podem ser diretamente re- cuperadas. que a empresa paga a seus funcionários e o aluguel que paga pela área ocupada por seus escritórios. Mas como ficariam os cálculos no caso de a empresa já ser proprietária de suas instalações e não precisar pagar aluguel? De que forma deveríamos considerar o dinheiro que a empresa despendeu durante dois ou três anos (não podendo recuperá-lo) com equipamentos ou com pesquisa e desen- volvimento? Responderemos a tais questões no contexto das decisões econômicas tomadas pelos administradores. CusTOS ECONÔMICOS VERSUS CUSTOS CONTÁBEIS Os economistas tratam os custos de forma diferente dos contadores, os quais estão preocupados em acompanhar os ativos e os passivos, bem como em retratar o desempenho passado para uso externo, co- mo ocorre nos demonstrativos anuais. Os contadores tendem a ter uma visão retrospectiva das finanças da empresa. Em consequência disso, os custos contábeis que os contadores calculam podem incluir itens que um economista não incluiria, assim como podem excluir itens que os economistas não deixa- riam de considerar. Por exemplo, os custos contábeis incluem as despesas atuais c as despesas ocasiona- das pela desvalorização dos equipamentos de capital, que são determinadas com base no tratamento fis- cal permitido pelas normas do órgão fazendário (Internal Revenue Service, nos Estados Unidos). A visão dos economistas — e esperamos que também a dos administradores — é voltada para o futuro, Eles se preocupam com a alocação de recursos escassos, Assim, preocupam-se com os custos que poderão ocorrer no futuro e com os critérios que serão utilizados pela empresa para reduzir seus custos e melhorar sua lucratividade. Como veremos, os economistas têm sempre em mente os custos econô- micos, ou seja, os custos da utilização de recursos na produção. A palavra econômico implica que deve- mos aprender a distinguir os custos que a empresa pode controlar daqueles que não pode controlar. Nes- se ponto, o conceito de custo de oportunidade desempenha um importante papel. CusTOS DE OPORTUNIDADE Os custos de oportunidade são os custos associados às oportunidades que serão deixadas de la- do, caso a empresa não empregue seus recursos da melhor maneira possível. Por exemplo, considere uma empresa proprietária de um edifício e que, portanto, não paga aluguel pelo espaço ocupado por seus escritórios. Será que isso significaria que o custo do espaço ocupado pelos escritórios é zero para a empresa? Um contador diria que sim, mas um economista observaria que a empresa poderia ter recebi- do aluguel por tal espaço, caso o tivesse alugado a uma outra empresa. Esse aluguel não recebido cor- responde aos custos de oportunidade de utilização do espaço dos escritórios, devendo ser incluído como parte dos custos econômicos das atividades da empresa. Vejamos de que maneira os custos econômicos podem diferir dos contábeis na consideração dos sa- lários e da depreciação econômica. Por exemplo, imagine uma proprietária que administre sua própria loja, mas que decida não pagar a si mesma um salário. Embora nenhuma transação monetária tenha ocor- rido (ela não aparecerá, portanto, no custo contábil), o negócio incorre, não obstante, em um custo de opor- tunidade, pois sua proprietária poderia ter recebido um salário competitivo trabalhando em outro lugar. Os contadores c os economistas também consideram a depreciação de modo diferente. Ao estimar a lucratividade futura de uma empresa, economistas e administradores preocupam-se com os custos do capital da fábrica e dos equipamentos. Isso envolve não apenas os custos explícitos da aquisição e da operação dos equipamentos, mas também o custo associado ao desgaste de sua utilização. Durante a avaliação do desempenho no período anterior, os contadores usam em seus cálculos de custos e lucros a regulamentação fiscal para determinar a depreciação permitida. Contudo, tais valores permitidos pa- ra a depreciação não refletem o real desgaste a que foram submetidos os equipamentos, o qual varia en- tre diferentes tipos de ativos. CUSTOS IRREVERSÍVEIS Embora os custos de oportunidade estejam [reguentemente ocultos, eles deveriam ser sempre le- vados em consideração quando se tomam decisões econômicas. Exatamente o oposto ocorre em relação aos custos irreversíveis: um gasto que foi feito e que não pode ser diretamente recuperado. Os custos irreversíveis geralmente são visíveis, mas deveriam ser sempre ignorados quando se tomam decisões econômicas. Como não podem ser recuperados, os custos irreversíveis não deveriam ter nenhuma influência sobre as decisões da empresa. Consideremos, por exemplo, a aquisição de um equipamento específico para determinada fábrica. Vamos supor que cle possa ser utilizado apenas para executar aquilo para o qual foi originalmente projetado, não podendo ser convertido para usos alternativos. O gasto com tal 184 PARTE II PRODUTORES, CONSUMIDORES E MERCADOS COMPETITIVOS Dependendo das circunstâncias, os custos fixos podem incluir gastos com manutenção da fábri- ca, seguro e talvez um número mínimo de funcionários - são custos que permanecem inalterados inde- pendentemente do volume de produção da empresa. Os custos variáveis incluem gastos com salários e matérias-primas — são custos que aumentam quando o volume produzido cresce, Os custos fixos não variam com o nível de produção - devem ser pagos mesmo que não haja pro- dução. A única maneira de a empresa eliminar totalmente os custos fixos é deixando de operar. Saber quais custos são variáveis e quais são fixos depende do prazo com o qual estamos lidando. No curto prazo — digamos, um ou dois meses —, a maioria dos custos é fixa. Isso ocorre porque, em tal pra- zo, uma empresa é obrigada a receber e a pagar pela entrega de matérias-primas e não pode dispensar temporariamente seus trabalhadores. Por outro lado, no longo prazo — digamos, dois ou três anos -, a maioria dos custos é variável. Nesse intervalo de tempo, se a empresa deseja reduzir sua produção, pode reduzir sua força de trabalho, comprar menos matérias-primas e talvez até vender parte de seu capital. Quando uma empresa planeja uma mudança em seu nível de operação, cla em geral quer saber se essa mudança afetará seus custos. Consideremos, por exemplo, o problema que a Delta Air Lines en- frentou recentemente. Essa empresa queria saber como seus custos seriam afetados se o número de vôos programados fosse reduzido em 10%. A resposta para essa questão dependia de a redução progra- mada ser de curto ou de longo prazo. No curto prazo — digamos, seis meses —, uma boa parte dos recur- sos de operação seria fixa e seria difícil dispensar os trabalhadores. Os custos de curto prazo da Delta são, na maior parte, fixos e não podem ser reduzidos significativamente com a diminuição no número de vôos. No longo prazo — digamos, dois anos ou mais -, a situação seria bem diferente. A Delta teria tempo suficiente para vender ou alugar os aviões que não estivesse utilizando e para dispensar os fun- cionários que não fossem mais necessários. Nesse longo prazo, os custos da Delta são, na maior parte, variáveis « podem ser reduzidos significativamente se 10% da redução de vôos for colocada em prática. CUSTOS FIXOS VERSUS CUSTOS IRREVERSÍVEIS Muitas pessoas confundem custos fixos com custos irreversíveis. Os primeiros são custos pagos pelas empresas em funcionamento, independentemente de seu nível de operação. Tais custos in- cluem, por exemplo, os salários dos principais executivos, as despesas associadas ao espaço ocupado pelos escritórios, assim como os gastos com a equipe de suporte. Os custos fixos podem ser evitados se a empresa deixa de operar - seus principais executivos, por exemplo, deixam de ser necessários. Custos irreversíveis, por outro lado, são custos que não podem ser recuperados, Na montagem de uma fá- brica, um exemplo são os gastos com a compra de equipamento de uso especializado, que não possa ser usado em outra fábrica. Esses gastos são, na maior parte, irreversíveis, pois não podem ser recu- perados (uma pequena parte deles, de fato, pode ser recuperada, já que o equipamento pode ser ven- dido como sucata). Os custos do equipamento de uso especializado não são fixos, porque não podem ser recuperados, mesmo que a empresa feche as portas. Suponhamos, por outro lado, que a empresa tenha concordado em contribuir para um plano de aposentadoria dos funcionários enquanto estiver em operação, independentemente de seu nivel de produção e de sua lucratividade. Esses pagamentos poderão ser interrompidos apenas se a empresa deixar de operar. Nesse caso, as contribuições anuais para o programa de aposentadoria teriam de ser consideradas como custos fixos. Na prática, a maio- ria das empresas não faz distinção entre custos fixos irreversíveis c recuperáveis. Para simplificarmos, faremos o mesmo em nossa análise. Quando os custos irreversíveis sc tornarem essenciais para a aná- lise econômica, avisaremos. Custos fixos, variáveis e irreversíveis: computadores, software e pizzas No decorrer deste livro, você aprenderá que as decisões das empresas quanto aos preços de ven- da e aos níveis de produção, assim como em relação à lucratividade, dependem muito da estrutura de custos. Portanto, é importante para os administradores compreender as características dos custos de produção e ser capazes de identificar quais custos são fixos, quais são variáveis e quais são irrever- síveis. As dimensões relativas desses diferentes componentes de custo podem variar consideravel- mente de um setor para outro. São bons exemplos: o setor de computadores pessoais (cuja maioria dos custos é variável), o setor de software (cuja maioria dos custos é irreversível) e o negócio das pizzarias (cuja maioria dos custos é fixa). Examinemos, pois, cada um desses casos. Empresas como a Dell, a Gateway, a Hewlett-Packard e a IBM produzem milhões de computa- dores pessoais todos os anos. Como os computadores que elas produzem são muito similares, a com- petição é intensa, e a lucratividade depende muito da capacidade de manter os custos baixos. A maioria destes é variável — eles crescem em proporção ao número de computadores produzidos por Capítuio 7 Custos DA ProDuçãO | 185 ano. Os custos mais importantes são os dos componentes: o microprocessador que executa efetiva- mente a computação, os chips de memória, as unidades de disco e outros equipamentos de armaze- namento, as placas de vídeo e de som etc. Normalmente, a maioria dos componentes é adquirida de fornecedores externos em quantidades que dependem dos computadores que serão produzidos. Outra parte importante dos custos nessas empresas é a força de trabalho: são necessários mui- tos trabalhadores para montar os computadores, empacotá-los e transportá-los aos locais de venda. Há muito pouco custo irreversível nesse setor, porque o valor da fábrica é pequeno em relação ao valor do produto anual desse tipo de empresa. De modo semelhante, há aí também pouco custo fixo: os salários dos executivos de cargo mais elevado, de alguns seguranças e gastos com eletricidade. As- sim, quando empresas como a Dell ou a Gateway se deparam com a necessidade de reduzir custos, clas sc preocupam em obter melhores preços para os componentes ou em reduzir a mão-de-obra, que são modos de reduzir os custos variáveis. Consideremos, agora, os softwares para esses computadores pessoais. A Microsoft produz o sis- tema operacional Windows, assim como uma variedade de aplicativos, como o Word, o Excel e o PowerPoint. Muitas outras empresas - algumas grandes e outras pequenas — também produzem softwares para computadores pessoais. Para elas, os custos de produção são muito diferentes daque- les encontrados nas empresas que produzem hardware. Na produção de softwares, a maioria dos custos é irreversível. Normalmente, uma empresa de software aplica um grande volume de recursos no desenvolvimento de novos aplicativos. Esses gastos não podem ser revertidos. Assim que o programa [or completado, a empresa pode tentar recuperar o investimento feito (assim como pode tentar obter lucro) vendendo o maior número de cópias passível. O custo variável da produção dessas cópias é bem pequeno, pois consiste amplamente na despesa de transferir os códigos desses programas para disquete ou CD e empacotá-los e despachá-los. Os custos fixos de produção também são pequenos. Como muitos desses custos são irreversíveis, entrar no negócio de software envolve um risco considerável, Enquanto os recursos para desenvolvimento não forem totalmente gastos e o produto não estiver pronto para venda, um empreendedor provavelmente não poderá saber quantas cópias serão vendidas e se conseguirá ou não obter lucro. Por fim, vamos considerar uma pizzaria norte-americana. Nesse tipo de empreendimento, os maiores componentes de custo são fixos. Os custos irreversíveis são bem baixos, uma vez que fornos, cadeiras, mesas e pratos podem ser revendidos se o negócio tiver de ser fechado. Os custos variáveis são baixos, pois consistem principalmente nos ingredientes necessários à fabricação de pizzas (a fa- tinha de trigo, o molho de tomate, o queijo e o pepperoni necessários para fazer uma pizza típica nos Estados Unidos custam no máximo $1) e talvez nos salários de dois ajudantes que colaboram com a produção, o serviço das mesas e as entregas. A maioria dos custos é fixa = o tempo gasto pelo proprie- tário (normalmente, de 60 a 70 horas por semana), o aluguel e os utensílios. Em razão dos altos cus- tos fixos, muitas pizzarias (que cobram, nos Estados Unidos, cerca de $10 por uma pizza grande cu- jo custo variável aproximado é de $3) não conseguem obter lucro muito alto, CUSTO MÉDIO E CUSTO MARGINAL Para completarmos a reflexão sobre custos, vamos agora nos ater à distinção entre custo marginal e custo médio, Para explicá-la, usaremos um exemplo específico que descreve a situação de muitas em- presas. Depois de apresentarmos os conceitos de custo marginal e médio, vamos pensar em como a aná- lise de custos difere no curto e no longo prazo. CUsTO MARGINAL (CMG) Custo marginal - às vezes delinido como custo incrementa! - é o aumento de custo ocasionado pela produção de uma unidade adicional de produto. Uma vez que o custo fixo não apresenta variação quando ocorrem alterações no nível de produção da empresa, o custo marginal é apenas o aumento no custo variável ou o aumento no custo total ocasionado por uma unidade extra de produto. Podemos, portanto, expressar o custo marginal da seguinte forma: CMg = ACV/Ag = ACT/Ag O custo marginal informa-nos quanto custará aumentar a produção cm uma unidade, Na Tabela 7.1, 0 custo marginal é calculado tanto por meio do custo variável (coluna 2), como por meio do custo total (coluna 3). Por exemplo, o custo marginal de um aumento da produção, passando de 2 para 3 uni- dades, é de $20, pois o custo variável da empresa passa de 878 para 898. (O custo total da produção é também aumentado em $20, passando de $128 para $148. O custo total difere do custo variável apenas no montante correspondente ao custo fixo, o qual, por definição, não se altera quando ocorrem varia- ções no nível de produção.) custo marginal (CMg) Aumento de custo resul- tante do produção de uma unidade adicional de produto. CapítuLo 7 Custos DA Produção | 187 mais mão-de-obra. Então, se o produto marginal do trabalho diminui rapidamente à medida que a quantidade de trabalho contratado é aumentada (devido aos rendimentos decrescentes), isso significa que as despesas com mão-de-obra devem ser cada vez maiores para que se possam obter níveis mais ele- vados de produção. Consegientemente, o custo variável e o custo total aumentam à medida que o ni- vel de produção aumenta. Por outro lado, se o produto marginal do trabalho diminuir apenas ligeira- mente à medida que a quantidade de mão-de-obra aumentar, os custos não subirão com tanta rapidez quando o nível de produção se elevar. Vejamos, agora, a relação entre produção e custo com mais detalhes, examinando os custos de uma empresa que tem possibilidade de contratar o trabalho que desejar por uma remuneração fixa w. Lembre-se de que o custo marginal CMg é a mudança do custo variável ocasionada por uma variação de uma unidade no nível de produção (ou seja, ACV/Ag). No entanto, a mudança do custo variável é o cus- to unitário do trabalho extra, w, multiplicado pela quantidade extra de mão-de-obra AL, Como ACV=wAL, segue-se que: CMg = ACV/Ag = wAL/Ag Conforme visto no Capítulo 6, o produto marginal do trabalho, PMg,, é a variação no nível de pro- dução ocasionada pela variação de uma unidade do insumo trabalho, ou seja, Ag/AL. Portanto, o traba- lho extra necessário para a obtenção de uma unidade extra na produção é: AL/Ag = 1/PMg,. Conse- quentemente, temos: CMg = w/PMg, (71) A equação 7.1 informa que, quando há apenas um insumo variável, o custo marginal é igual ao preço desse insumo dividido por seu produto marginal. Suponhamos, por exemplo, que o produto mar- ginal do trabalho seja 3 e que a remuneração do trabalho seja $30 por hora. Sendo assim, uma hora de trabalho aumentará a produção em 3 unidades, de tal forma que uma unidade de produto requer 1/3 de hora de trabalho, custando $10. O custo marginal da produção de tal unidade é S10, que é igual à remu- neração do trabalho, 830, dividida pelo produto marginal do trabalho, 3 unidades. Um baixo produto marginal do trabalho significa que uma grande quantidade de trabalho adicional seria necessária para o aumento do nível de produção, o que resulta em um alto custo marginal. Um produto marginal ele- vado significa que a necessidade de trabalho é pequena, da mesma forma que seu custo marginal, De maneira geral, sempre que o produto marginal do trabalho diminui, o custo marginal da produção au- menta, e vice-versa.” RENDIMENTOS MARGINAIS DECRESCENTES E CUSTO MARGINAL Rendimentos marginais decrescentes signifi- cam que o produto marginal do trabalho declina conforme a quantidade de trabalho empregada au- menta. Consequentemente, quando houver rendimentos marginais decrescentes, os custos marginais aumentarão à medida que o produto aumentar. Isso pode ser visto ao se observarem os valores do cus- to marginal na Tabela 7.1. Para os níveis de produto de O a 4, o custo marginal é decrescente; para os níveis de 4 a 11, porém, o custo marginal é crescente, o que reflete a presença de rendimentos margi- nais decrescentes. FORMATOS DAS CURVAS DE CUSTO A Figura 7.1 ilustra como as várias medidas de custo mudam quando o produto aumenta. A par- te superior da figura mostra o custo total e seus dois componentes, o custo variável e o custo fixo; a par- te inferior mostra o custo marginal e o custo médio. Essas curvas de custo, baseadas nas informações da Tabela 7.1, fornecem diferentes tipos de informações, Observemos na Figura 7.1 (a) que o custo fixo, CF, não varia com a produção, sendo apresentado por uma linha horizontal em $50 por ano. O custo variável CV é zero quando a produção é zero, e então aumenta continuamente à medida que a produção se eleva. A curva de custo total, CT, é determinada adicionando-se verticalmente as curvas de custo fixo e de custo variável. Pelo lato de o custo fixo ser constante, a distância vertical entre as duas curvas é sempre de $50, “ Estamos implicitamente presumindo que o trabalho seja contratado em mercados competitivos, de tal forma que o pagamento por unidade de insumo utilizado seria o mesmo, qualquer que fosse o nível de produção da empresa. * Com dois ou mais insumos variáveis, a relação torna-se mais complexa. No entanto, o princípio básico se mantém: quanto maior for a produtividade dos fatores, menores serão os custos variáveis da empresa para obter qualquer nível específico de produção. O produto marginal do trabalho foi discutido na Seção 6.2. PARTE II PRODUTORES, CONSUMIDORES E MERCADOS COMPETITIVOS ct Custo 400 | Cv (dólares por ano) 300 175 100 CF 0 4 1 l l l 1 I l 1 l l 2 3 4 5 6 8 q lo 1 Produção (unidades por ano) ta) Custo 100 CMg (dólares por ano) 5 50 CTMe CYMe 25 l 2 3 4 5 6 7 8 9 lo 1 Produção (unidades por ano) (b) JE DUG AA E Curvas de custos da empresa Em (a), o custo total, CT, é a soma vertical do custo fixo, CF e do custo variável, CV. Em (b), o custo total mé- dio, CTMe, é a soma do custo variável médio, CVMe, e do custo fixo médio, CFMe. A curva do custo marginal, CMeg, cruza com as curvas de custo variável médio e custo total médio em seus respectivos pontos mínimos. A Figura 7.1(b) mostra o conjunto correspondente de curvas de custo marginal e de custo variá- vel médio. Sendo o custo fixo total igual a $50, a curva de custo fixo médio, CFMe, apresenta queda continua de $50 em direção a zero. O formato das demais curvas de curto prazo é determinado pela re- lação entre as curvas de custo marginal e custo médio. Sempre que o custo marginal for inferior ao cus- to médio, a curva de custo médio apresentará declínio. Sempre que o custo marginal estiver acima do custo médio, a curva de custo médio apresentará elevação. Quando o custo marginal estiver em seu ponto mínimo, o custo marginal será igual ao custo médio. À RELAÇÃO ENTRE CUSTOS MARGINAL E MÉDIO Os custos marginal e médio são outro exemplo de relação en- tre variáveis definidas como média e como marginal já descrita no Capítulo 6 (com referência ao produ- to marginal e ao produto médio). Com um nível de produto igual a 5 na Tabela 7.1, por exemplo, o cus- to marginal de $18 está abaixo do custo variável médio de $26; por isso, a média diminui em resposta a um aumento do produto. Mas, quando o custo marginal é de $29, superior ao custo variável médio ($25,5), a média apresenta elevação. Por fim, quando o custo marginal ($25) e o custo médio ($25) são praticamente iguais, o custo variável médio aumenta muito pouco. * Essas curvas não expressam exatamente os valores da Tabela 7.1. Uma vez que o custo marginal representa a varia- ção de custo associada a uma variação do produto, desenhamos a curva de CMg para a primeira unidade de produto fazendo com que este seja igual a +, e para a segunda unidade fixando um produto igual a 1º e assim por diante. 190 PARTE II PRODUTORES, CONSUMIDORES E MERCADOS COMPETITIVOS TABELA 7.2 Custos de operação de uma unidade de fusão de alumínio (dólares por tonelada) [baseados em uma produção de 600 toneladas /dia) Custos variáveis que são constantes em todos os niveis de produção Eletricidade $316 Alumina 369 Outros materiais brutos 125 Energia e combustíveis 10 Subtotal 5820 Custos que aumentam quando o produto excede 600 toneladas /dia Trabalho 5150 Manutenção 120 Frete 30 Subtotal 5320 Custos operacionais totais $1.140 tar por manter a fábrica funcionando em três turnos por dia, pedindo aos trabalhadores que fizessem horas extras. Desse modo, os salários e os custos de manutenção aumentariam provavelmente em 50% no turno adicional, já que seria necessário pagar mais pelas horas extras. Na Tabela 7.2, dividi- mos os componentes dos custos em dois grupos: no primeiro colocamos os custos que não se alteram com o nível de produção e no segundo incluímos os custos que aumentam quando o produto excede 600 toneladas diárias. Notemos que os dois maiores componentes do custo da fusão do alumínio são a compra de ele- tricidade e a aquisição de alumina. Juntas, elas representam cerca de 60% dos custos operacionais, Como a eletricidade, a alumina e os outros materiais são empregados na proporção direta da quan- tidade de alumínio produzida, eles representam custos variáveis constantes em relação ao nível da produção. Os custos da mão-de-obra, da manutenção e do [rete também são proporcionais ao nível de produto, mas somente quando as unidades operam com dois turnos diários. Aumentando a pro- dução acima de 600 toneladas diárias, um terceiro turno vem a ser necessário, e isso resulta em um aumento de 50% nos custos do trabalho, da manutenção e do frete. As curvas de custo variável médio e de custo marginal no curto prazo para uma unidade de fu- são de alumínio são mostradas na Figura 7.2. Ambas são horizontais a um custo de 81.140 por tone- lada, para uma produção de até 600 toneladas diárias, que representa a máxima produção que pode ser obtida com dois turnos de trabalho por dia. Quando se torna necessário aumentar a produção do alumínio empregando três turnos, os custos marginais do trabalho, da manutenção e do frete au- mentam de $320 para $480 por tonelada, de tal modo que o custo marginal como um todo aumenta de $1.140 para 81.300 por tonelada. Como a Figura 7.2 mostra, o aumento nos custos marginais cau- sa também um aumento nos custos médios. Finalmente, quando a produção chega a 900 toneladas diárias, atinge-se uma restrição absoluta de capacidade, fazendo com que o custo marginal e o custo médio se tornem infinitos. pd E CusTOS NO LONGO PRAZO No longo prazo, a empresa tem possibilidade de variar todos os seus insumos. Nesta seção, mos- traremos como a empresa pode escolher a combinação de insumos que seja capaz de minimizar os cus- tos da produção de determinado produto. Procuraremos também examinar a relação entre os custos no longo prazo e o nível de produção. Para começar, analisaremos cuidadosamente os custos da utilização de equipamentos de capital, Mostraremos, então, como esses custos, assim como os da mão-de-obra, são considerados nas decisões de produção. CustTO DE USO DO CAPITAL As empresas frequentemente alugam equipamentos, prédios e outros bens de capital empregados no processo de produção. Em outros casos, os bens de capital utilizados são adquiridos. Na análise que se segue, porém, será importante considerar o capital como se cle fosse inteiramente alugado, mesmo que CapítuLo 7 Custos DA PRODUÇÃO | 191 Custo (dólares por tonelada) 1 + | + | + | I A 1.300 ++ 4 | A | A I - O | CMg | | | 1.200 I | LI4O — | : f “=CVMe 1.100 | | | 300 600 900 Produção (toneladas por dia) eps AP) Custos variáveis no curto prazo da fusão do alumínio O custo variável médio no curto prazo do processo de fusão do alumínio é constante para níveis de produção que usam até dois turnos de trabalho, Quando um terceiro turno é adicionado, o custo marginal e o custo mé- dio aumentam até que a capacidade máxima seja atingida. tenha sido comprado. Um caso ilustrativo ajudará a explicar como e por que isso tem de ser feito. Vamos supor que a Delta Air Lines esteja considerando a possibilidade de comprar um novo Boeing 777 por $150 milhões. Embora essa empresa aérea tenha de gastar um grande volume de recursos imediatamente, o valor da compra, por razões econômicas, tem de ser alocado ou amortizado durante a vida útil do avião. Isso exige que a Delta compare suas receitas e seus custos na base de fluxos anuais. Presumiremos que a vi- da útil da acronave seja de 30 anos e que, consequentemente, o custo de amortização chegue a $5 milhões por ano, Os $5 milhões podem então ser vistos como a depreciação econômica anual do avião. Até o presente momento, ignoramos o fato de que a empresa poderia obter uma receita de juros sobre os $150 milhões, caso optasse por não comprar a acronave. Esse montante de juros perdido é um custo de oportunidade que deve ser levado em conta. Assim, o custo de uso do capital - o custo anual que se tem por possuir e usar a aeronave em vez de vendé-la ou nunca tê-la comprado — é dado pela soma da depreciação econômica e pelos juros (isto é, o retorno financeiro) que poderiam ter sido ganhos se esses recursos hou- vessem sido aplicados de outra forma” Formalmente, Custo de Uso do Capital = Depreciação Econômica + (Taxa de Juros) (Valor do Capital) No exemplo, a depreciação econômica da aeronave é de 85 milhões por ano. Suponhamos que a Delta pudesse ter obtido um retorno de 10% se tivesse investido o dinheiro de outra forma. Nesse caso, o custo de uso do capital vem a ser 45 milhões + (0,10)($150 milhões — depreciação). Ora, à medida que a aeronave sofre uma depreciação com o decorrer do tempo, seu valor declina, ocorrendo o mesmo com o custo de oportunidade do capital financeiro investido. Nos termos do exemplo, no momento da com- pra, fazendo uma previsão para o período de um ano, o custo de uso do capital vem a ser $5 milhões + (0,10)($150 milhões) = $20 milhões. No décimo ano, a aeronave, cujo preço terá sido depreciado em $50 milhões, valerá apenas $100 milhões. Nesse ponto, o custo de uso do capital será $5 milhões + (0,10)($100 milhões) = $15 milhões por ano. Podemos expressar também o custo de uso do capital como uma taxa por unidade monetária in- vestida em capital: r= Taxa de depreciação + Taxa de juros Mais precisamente, o retorno financeiro deveria refletir um investimento com risco similar. A taxa de juros, con- sequentemente, deveria incluir um prêmio de risco, Discutiremos esse ponto no Capítulo 15, Note também que o custo de uso do capital não está ajustado por impostos; quando os impostos são considerados, receitas e custos de- vem ser mensurados em termos de seus valores após o pagamento dos impostos. custo de uso do capital Custo que se tem por pos: suir e usar um ativo de ca- pital, o qual é igual co custo da depreciação mais as juros não recebidos. CapítuLo 7 Custos DA PRODUÇÃO 193 binações de trabalho e capital que podem ser adquiridas por determinado custo total. Para visualizar uma linha de isocusto, lembre-se de que a curva do custo total, €, para a produção de qualquer produto espe- cífico é obtida por meio da soma dos custos da empresa referentes ao trabalho, wL, e ao capital, rk: C=wL+rkK (7.2) Para cada nível diferente de custo total, a equação 7.2 apresenta uma linha de isocusto diferente. Por exemplo, na Figura 7.3, a linha de isocusto €, descreve todas as possíveis combinações de trabalho e capital que podem ser adquiridas com um valor igual a €,. Se reescrevermos a equação do custo total na forma de uma equação para uma linha reta, teremos: K= Clr- (wir) Sendo assim, a linha de isocusto tem uma inclinação igual a AK/AL = —(w/r), que é a razão entre a taxa de remuneração do trabalho e o custo da locação de capital. Essa inclinação é similar à inclina- ção da linha do orçamento com que se defronta um consumidor (porque ela é determinada tão-somen- te pelos preços das mercadorias em questão, sejam insumos ou produtos). Ela nos informa que, se uma empresa eliminasse uma unidade de trabalho (recuperando assim w dólares em custo) para poder ad- quirir w/r unidades de capital a um custo de r dólares por unidade, seu custo total de produção perma- neceria inalterado. Por exemplo, se a taxa de remuneração de mão-de-obra fosse $10 e o custo de loca- ção do capital fosse $5, a empresa poderia substituir uma unidade de trabalho por duas unidades de ca- pital, sem a ocorrência de variação em seu custo total. ESCOLHA DE INSUMOS Vamos supor que tenhamos interesse em obter um nível de produção g,. De que forma podemos fazê-lo a um custo mínimo? Vejamos a isoquanta da produção da empresa, indicada por q,, na Figura 73.0 problema será escolher o ponto dessa isoquanta que seja capaz de minimizar os custos totais. A Figura 7.3 ilustra a solução para esse problema. Suponhamos que a empresa fosse despender €, com insumos. Infelizmente, nenhuma combinação de insumos adquirida pelo valor €, permitiria que a empresa atingisse o nível de produção g,. Entretanto, o nível de produção q, pode ser atingido com um valor €,, seja por meio do uso de K, unidades de capital e L, unidades de trabalho ou por meio do uso de Capital por ano Trabalho por ano Figura 7.3| Produção de um nível determinado com um custo mínimo As curvas de isocusto descrevem as combinações de insumos de produção que custam o mesmo montante para a empresa. A curva de isocusto €, é tangente à isoquanta q, no ponto 4 e mostra que o produto q, pode ser produzido ao custo mínimo com L, unidades de insumo trabalho e K, unidades de insumo capital. Outras combinações de insumos - L, K,e L, K,- fornecem a mesma produção, mas a um custo maior, 194 | Parrrll PRODUTORES, CONSUMIDORES E MERCADOS COMPETITIVOS Na Seção 4.3, explica- mos que o TMST é a quantidade de capital que pode ser reduzida quan- do uma unidade adicional de trabalho é empregada, de maneira que o produto seja mantido constante. K, unidades de capital e L, unidades de trabalho. No entanto, €, não é o custo mínimo. O mesmo nível de produção q, poderia ser obtido de forma menos dispendiosa por um custo C,, utilizando-se K, unida- des de capital e £, unidades de trabalho. Na verdade, a linha de isocusto €, é a linha mais baixa de iso- custo que permite a obtenção do nível de produção q,. O ponto de tangência da isoquanta q, com a li- nha de isocusto, no ponto 4, fornece-nos a escolha que minimiza os custos dos insumos L e K, e pode ser identificado diretamente a partir do diagrama. Nesse ponto, as inclinações da isoquanta e da linha de isocusto são exatamente iguais. Quando aumenta o gasto com todos os insumos, a inclinação da linha de isocusto não sofre mo- dificação (porque não ocorreu alteração dos preços dos insumos), mas o intercepto aumenta. Suponha- mos que o preço de um dos insumos, por exemplo, o trabalho, viesse a apresentar elevação. Nesse caso, a inclinação da linha de isocusto, ou seja, —(w/r), teria aumentado, e a própria linha de isocusto teria se tornado mais inclinada. A Figura 7.4 mostra esse fato. Inicialmente, a linha de isocusto é €, e a empre- sa minimiza seu custo da produção q, no ponto 4, utilizando L, unidades de trabalho e K, unidades de capital. Quando o preço do trabalho aumenta, a linha de isocusto se torna mais inclinada. A linha de isocusto €, reflete o custo mais elevado do trabalho, Defrontando-se com esse preço mais elevado para o trabalho, a empresa minimiza seu custo da produção q, no ponto B, empregando L, unidades de tra- balho e K, unidades de capital, Assim, a empresa reage contra a elevação do preço do trabalho empre- gando mais capital em substituição ao trabalho no processo produtivo. De que forma tais fatos se relacionam com o processo produtivo da empresa? Lembre-se de que, na análise que fizemos da tecnologia de produção, mostramos que a taxa marginal de substituição téc- nica de capital por trabalho (TMST) corresponde ao negativo da inclinação da isoquanta, sendo igual à razão entre os produtos marginais do trabalho e do capital: TMST = -AK/AL = PMg,/PMg, (7.3) Pudemos observar anteriormente que a linha de isocusto tem uma inclinação igual a AK/AL = =wir. Portanto, quando uma empresa minimiza o custo de determinado nível de produção, torna-se vá- lida a seguinte condição: PMg,'PMg, = wir Capital por ano | VÊ [o Trabalho por ano JEDI MS Substituição de insumos quando o preço de um deles muda Ao se defrontar com uma curva de isocusto C,, a empresa produz q, no ponto À utilizando L unidades de in- sumo trabalho c K, unidades de insumo capital, Quando o preço do insumo trabalho aumenta, a curva de iso- custo torna-se mais inclinada. O produto q, é agora obtido no ponto B da curva de isocusto Cy utilizando L, unidades de trabalho e K, unidades de capital. 196 | Parrell ProDUTORES, CONSUMIDORES E MERCADOS COMPETITIVOS Capital lp (horas-máquina N por mês) N N 4 5.000 — + Produção de 2.000 toneladas de aço por mês 5.000 10.000 12,000 18.000 20.000 Água despejada (galões por mês) Figura 7.5 | Minimização de custos diante de uma taxa para efluentes Quando a empresa não sofre cobrança de taxa relativa ao despejo de seus efluentes em um rio, ela opta por determinado nível de produção, com 10.000 galões de água despejada e 2.000 horas-máquina de capital no ponto 4. Entretanto, a taxa para efluentes eleva o custo da água despejada, deslocando a curva de isocusto de FC para DE e fazendo com que a empresa passe a produzir no ponto 8, com muito menos efluentes. isocusto é igual a -$10/$40 = 0,25, pois uma unidade de capital custa quatro vezes mais do que uma unidade de água despejada. Quando a taxa para efluentes passa a ser arrecadada, o custo da água despejada aumenta, passando de $10 por galão para $20, já que para cada galão de água despejada (que custa $10) a em- presa tem de pagar ao governo $10 adicionais. A taxa para efluentes aumenta o custo da água des- pejada em relação ao capital. Para poder obter o mesmo nível de produção ao menor custo possível, o administrador necessita escolher a linha de isocusto com uma inclinação de -$20/ $40 = 0,5, que é tangente à isoquanta. Na Figura 7.5, DE apresenta-se como a linha de isocusto apropriada, e o ponto B oferece a combinação adequada de capital e elluentes. O deslocamento do ponta A para o ponto B mostra que, havendo uma taxa para efluentes, o uso de uma tecnologia de produção alter- nativa, dando maior ênfase ao uso de capital (3.500 horas-máquina) e com menor produção de efluentes (5.000 galões), torna-se menos dispendioso do que o processo original, que não enfatiza- va a reciclagem. (O custo total da produção aumentou para $240.000: $140.000 com capital, 550.000 com a água despejada e $50.000 com a taxa para efluentes.) Podemos tirar duas lições dessa decisão. Em primeiro lugar, quanto mais fácil for a substitui- ção de fatores no processo produtivo, ou seja, quanto mais fácil for para a empresa tratar as partícu- las de taconita sem a utilização do rio, mais cficaz será a taxa na redução do despejo dos efluentes. Em segundo lugar, quanto maior for o grau de substituição, mais fácil será para a empresa evitar a taxa. Em nosso exemplo, a taxa teria sido de $100,000 se a empresa não tivesse feito uma alteração em seus insumos. Ao deslocar sua produção do ponto À para o ponto B, porém, a empresa paga ape- nas $50.000 de taxa. MINIMIZAÇÃO DE CUSTOS COM VARIAÇÃO DOS NÍVEIS DE PRODUÇÃO Na seção anterior, vimos de que forma uma empresa, visando à minimização de custos, opta por uma combinação de insumos para poder obter dado nível de produção. Agora ampliaremos essa análi- se para que possamos ver de que maneira os custos da empresa dependem de seu nível de produção. Pa- ra tanto, determinaremos as quantidades de insumos que minimizam os custos da empresa e, posterior- mente, calcularemos os custos resultantes. CapítuLo 7 Custos DA PRODUÇÃO 197 O exercício de minimização de custos fornece um resultado como o mostrado na Figura 7.6. Su- ponhamos que as empresas possam contratar mão-de-obra, L, com salário w = S10 por hora, assim co- mo arrendar uma unidade de capital, K, por r = $20 por hora. Dados esses custos de insumos, podemos desenhar três das linhas de isocusto da empresa, as quais têm a seguinte equação: C = (810 por horaj(L) + (820 por hora)(K) Na Figura 7.6(a), a linha mais baixa (sem denominação no gráfico) representa um custo de $1.000; a linha do meio e a linha superior representam, respectivamente, custos de 82.000 e 83.000. Cada um dos pontos 4, B e Cna Figura 7.6(a) representa um ponto de tangência entre uma curva de isocusto e uma isoquanta. O ponto B, por exemplo, mostra que para produzir 200 unidades de pro- duto com o menor custo é preciso empregar 100 unidades de trabalho « 50 unidades de capital, uma combinação situada na linha de isocusto correspondente a $2.000, De modo similar, a forma mais bara- Capital por ano . Linha de isocusto de 83.000 150 Linha de Caminho de expansão isocusto de $2.000 100 k 75[->>"EN COD" 3 50 p=Ãp===———5 . Isoquanta de 300 unidades DZ I de 200 unidades | HI 50 100 150 200 300 Trabalho por ano (a) Capital (dólares j Custo total de longo prazo por ano) 3.000 2.000 1.000 | | I | I I 100 200 300 Produção (unidades por ano) (b) Epic MS Caminho de expansão e curva de custo total no longo prazo de uma empresa Em (a), o caminho de expansão (a partir da origem, passando pelos pontos 4, Be C) ilustra as combinações de trabalho e capital que apresentam menores custos c que podem ser utilizadas na obtenção de cada nível de produção no longo prazo, quando todos os insumos de produção podem ser variados. Em (b), a curva de custo total no longo prazo correspondente (a partir da origem, passando pelos pontos D, É e F| apresenta o menor custo de produção para cada nível de produção. CapítuLo 7 Custos DA PRODUÇÃO 199 clusive nas dimensões da fábrica. Tal flexibilidade adicional possibilita que a empresa obtenha uma pro- dução com menor custo médio do que no curto prazo. Para entender a razão de tal fato, poderíamos comparar a situação em que capital e trabalho sejam ambos flexíveis com o caso em que o capital seja fixo no curto prazo. A Figura 7.7 apresenta as isoquantas da produção da empresa. O seu caminho de expansão no longo prazo é a linha reta partindo da origem que corresponde à trajetória apresentada na Figura 7.6. Supo- nhamos que o capital esteja fixo no nível K, no curto prazo. Para obter o nível de produção g,, a empresa minimizaria custos pela escolha da quantidade L, de trabalho, correspondendo ao ponto de tangência com a linha de isocusto AB. A inflexibilidade surge quando a empresa decide elevar seu nível de produ- ção para q, sem aumentar o uso do capital. Se o capital não estivesse fixo, seria possível atingir esse ní- vel de produção com a quantidade K, de capital e a quantidade L, de trabalho. Seu custo de produção seria refletido pela linha de isocusto CD. Entretanto, o nível fixo de capital força a empresa a elevar seu nível de produção por meio da quantidade K, de capital e da quantidade L, de trabalho no ponto P. O ponto P situa-se sobre a linha de isocusto EF, que corresponde a um custo mais alto do que a linha CD. O custo da produção é mais ele- vado quando o capital é mantido fixo porque a empresa é incapaz de substituir o trabalho pelo capital, que seria relativamente mais barato, ao expandir sua produção, Essa inflexibilidade se reflete no cami- nho de expansão no curto prazo, o qual começa como uma reta a partir da origem, mas se torna horizontal a partir do momento em que o insumo capital atinge o valor K,. CustO MÉDIO NO LONGO PRAZO No longo prazo, à capacidade de variar a quantidade de capital permite que a empresa reduza seus custos. Para visualizarmos como variam os custos, à medida que a empresa percorre seu caminho de ex- pansão no longo prazo, podemos observar as curvas de custo médio e custo marginal no longo prazo. Capital porano C Caminho de expansão no longo prazo A K |--A ==—————— Caminho de expansão no curto prazo K p--————— L fo n L, L, B L; D F Trabalho por ano Inflexibilidade da produção no curto prazo Quando uma empresa opera no curto prazo, seu custo de produção pode não ser minimizado devido à infle- xibilidade na utilização de insumos de capital. Inicialmente, o nível de produção é q,. No curto prazo, o nível de produção q, só pode ser atingido aumentando-se o insumo trabalho de L, para L,, porque a quantidade de capital está fixa em K,. No longo prazo, o mesmo produto pode ser atingido com custos mais baixos, aumen- tando-se o trabalho de L, para L, co capital de K, para K.. * No curto prazo, o formato das curvas de custo médio e custo marginal cra determinado principalmente por rendi- mentos decrescentes, Como já apresentamos no Capítulo 6, rendimentos decrescentes para cada fator de produ- ção mostram-se consistentes com rendimentos de escala constantes (ou crescentes). PARTE II 200 PRODUTORES, CONSUMIDORES E MERCADOS COMPETITIVOS curva de custo médio no longo prazo (CMeLP) Curva que fornece o cus- to médio de produção para cada nivel de pro- duto quando todos os in- sumos, incluindo capital, são variáveis, curva de custo médio no curto prozo [CMeCP) Curva que fornece o custo médio de produção para cada nível de produto quando o nivel do capital é fixo. curva de custo marginal no longo prazo [CMgLP) Curva que fornece a va- riação no custo total no longo prazo quando o produto aumenta em 1 unidade. O mais importante determinante do formato das curvas de custo médio e de custo marginal de longo prazo é a relação entre a escala de operação da empresa e os insumos que são necessários para minimi- zar seus custos. Suponhamos, por exemplo, que o processo produtivo da empresa apresente rendimen- tos constantes de escala para todos os níveis de produção. Sendo assim, a duplicação dos insumos oca- sionaria uma duplicação do nível de produção. Como os preços dos insumos permanecem inalterados à medida que o nível de produção vai sendo clevado, o custo médio da produção deve ser o mesmo para todos os níveis de produção, Suponhamos, por outro lado, que o processo produtivo da empresa esteja sujeito a rendimentos crescentes de escala. A duplicação dos insumos ocasionaria, então, mais do que uma duplicação do ní- vel de produção. Dessa forma, o custo médio da produção apresentaria uma redução com a elevação do nível de produção, pois a duplicação dos custos estaria associada a um aumento da produção em mais do que o dobro. Pela mesma lógica, se ocorressem rendimentos decrescentes de escala, o custo médio da produção apresentaria uma elevação com o aumento da produção. Vimos que a curva de custo total no longo prazo associada ao caminho de expansão na Figura 7.6(4) era uma linha reta partindo da origem. Nesse caso de rendimentos de escala constantes, 0 custo médio no longo prazo é constante, pois não muda quando o produto aumenta. Para um produto de 100, o custo médio no longo prazo é $1.000/100 = $10 por unidade. Para um produto de 200, o mesmo cus- to se torna $2.000/200 = $10 por unidade; para um produto de 300, também é de $10 por unidade. Co- mo um custo médio constante significa um custo marginal também constante, as curvas de custo mar- ginal e médio no longo prazo são dadas por uma linha horizontal a um custo de $10 por unidade. No capítulo anterior, vimos que no longo prazo a tecnologia de produção da maioria das empresas apresenta inicialmente rendimentos crescentes de escala, depois passa a apresentar rendimentos cons- tantes de escala e, por fim, apresenta rendimentos decrescentes de escala. À Figura 7.8 mostra uma Li- pica curva de custo médio no longo prazo (CMeLP), coerente com essa descrição de processo pro- dutivo. A curva de custo médio no longo prazo apresenta formato em U, do mesmo modo que a curva de custo médio no curto prazo, porém a razão do formato em U são os rendimentos crescentes e de- crescentes de escala, em vez de rendimentos decrescentes de determinado fator de produção. A curva de custo marginal no longo prazo (CMgLP) pode ser determinada a partir da cur- va de custo médio no longo prazo; ela mede a mudança nos custos totais de longo prazo à medida que a produção aumenta, CMgLP está abaixo da curva de custo médio no longo prazo quando CMeLP es- tá diminuindo e acima da curva de custo médio no longo prazo quando CMeLP está aumentando.“ As duas curvas se cruzam no ponto 4, onde a curva de custo médio no longo prazo atinge seu ponto mí- nimo. No caso especial em que CMeLP é constante, então temos igualdade entre CMeLP e CMELP Custo (dólares por CMgLP unidade de produção) CMeLP A | | | | | | | Produção JE[IG- DA: Curvas de custo médio e custo marginal no longo prazo Quando uma empresa apresenta um nível de produção em que o custo médio no longo prazo (CMeLP) está diminuindo, o custo marginal de longo prazo (CMgLP) é menor que o CMeLP, Inversamente, quando o CMeLP aumenta, o CMgLP é maior que o CMeLP As duas curvas se cruzam no ponto 4, onde a curva de CMeLP atinge seu valor mínimo. “ Lembre-se de que CMe = CT, que significa que ACMe/Ag = [9(ACT/M) = CT]g” = (CMg = CMe)/q. Claramente, quando CMe está aumentando, ACMe/Ag é positivo e CMg > CMe. Da mesma forma, quando CMe está diminuin- do, ACMe/Ag é negativo c CMg < CMe.