Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Pierre Bourdieu. Sobre a Televisão, seguido de A influência ..., Slides de Antropologia

Pierre Bourdieu. Sobre a Televisão, seguido de A influência do jornalis-. 1no e Os lo gos Olí,npicos. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1997, 143 pp.

Tipologia: Slides

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Carnaval2000
Carnaval2000 🇧🇷

4.7

(116)

218 documentos

1 / 3

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
Pierre Bourdieu. Sobre a Televisão, seguido de A influência do jornalis-
1no e Os lo gos Olí,npicos. Rio de Jan eiro, Jorge Zahar, 1997, 143 pp.
Sylvia Caiuby Novaes
Profes sora do Departamento de Antropologia - USP
Publicado pela primeira vez na França e1n 1996, a edição brasileira deste
livro de Bourdieu veio acrescida de um posfácio e de um artigo sobre os
jogo s olímpicos. Bourdieu optou por falar sobre a televi são na própria TV
e o texto é re sultado das duas aulas em que ele procura analisar o modo
como a TV coloca em risco diferente s áreas do conhecimento, assim como
a vida política e a própria democracia. O programa em que ele apresentou
suas aulas teve condições excepcionais, exatamente aquelas ausentes na
programação que ele critica, ou seja, contou com a possibilidade de fazer
da TV "um extraordinário insttu1nento de democracia direta", sem cons-
trangimento s de qualquer ordem. Numa resenha sobre este mesmo livro ,
publicada no 5 de Cadernos de Antropologia e bnage,n , Carmem Rial
informa que Sobre a Televisão permaneceu na lista dos dez mais vendidos
durante meses, tendo tido um enorme in1pacto na França quando de sua
publicação.
Tal como fez quando se dispôs a analisar outros universo s, como a arte,
a universidade, a religião, neste livro foi também a partir da noção de campo
que Bourdieu de senvolveu sua análise sobre a televisão e, particularmen-
te, sobre o jornalismo televisivo. "Um campo é um espaço social estrutu-
rado, um campo de forças - há dominantes e dominados, relações cons-
tantes, permanentes, de desigualdade, que se exercem no interior deste
espaço - que é também u1n campo de lutas para transformar ou conservar
este campo de forças." (p:57). Como se estrutura o campo jornalístico e
quais as conseqüências desta estruturação para o jornalismo que nos é ofe-
recido pela TV?
A tese de Bourdieu é simples: o universo do jornalismo é um campo que
está sob a pressão do campo econômico a partir de uma realidade a qual a
,,
TV cada vez mais se submete: o índice de audiência. E através dos índices
- 215 -
pf3

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Pierre Bourdieu. Sobre a Televisão, seguido de A influência ... e outras Slides em PDF para Antropologia, somente na Docsity!

Pierre Bourdieu. Sobre a Televisão, seguido de A influência do jornalis-

1no e Os lo gos Olí,npi cos. Rio de Jan eiro, Jorge Zahar, 1997, 143 pp.

Sylvia Caiuby Novaes Profes sora do Departamento de Antropologia - USP

Publicado pela primeira vez na França e1n 1996, a edição brasileira deste livro de Bourdieu veio acrescida de um posfácio e de um artigo sobre os jogo s olímpicos. Bourdieu optou por falar sob re a televi são na própria TV e o texto é re sultado das duas aulas em que ele procura analisar o modo como a TV coloca em risco diferente s áreas do conhecimento, assim como a vida política e a própria democracia. O programa em que ele apresentou suas aulas teve condições excepcionais, exatamente aquelas ausentes na programação que ele critica, ou seja, contou com a possibilidade de fazer da TV "um extraordinário insttu1nento de democracia direta", sem cons- trangimento s de qualquer ordem. Numa resenha sobre este me smo livro ,

publicada no nº 5 de Cadernos de Antropologia e bnage,n , Carmem Rial

informa que Sobre a Televisão permaneceu na lista dos dez mais vendidos

durante meses, tendo tido um enorme in1pacto na França quando de sua publicação. Tal como fez quando se dispôs a analisar outros universo s, como a arte, a universidade, a religião, neste livro foi também a partir da noção de campo que Bourdieu de senvolveu sua análise sobre a televisão e, particularmen- te, sobre o jornalismo televisivo. "Um campo é um espaço social estrutu- rado, um campo de forças - há dominantes e dominados, há relações cons- tantes, permanentes, de desigualdade, que se exercem no interior deste espaço - que é também u1n campo de lutas para transformar ou conservar este campo de forças." (p:57). Como se estrutura o campo jornalístico e quais as conseqüências desta estruturação para o jornalismo que nos é ofe- recido pela TV?

A tese de Bourdieu é simples: o universo do jornalismo é um campo que

está sob a pressão do campo econômico a partir de uma realidade,, a qual a TV cada vez mais se submete: o índice de audiência. E através dos índices

REVI STA DE ANTROPOLOGIA , S ÃO PA ULO, USP , 1998, v. 41 nº 2.

de audiência que a lógica comerc ial se impõe às produçõe s cu lturais. Até

cerca de trinta anos atrás o suces so comercial imediato era visto como sus-

peito - nas artes plásticas , na literatura, etc.; hoje o mercado aparece como

instância legítima de co nsagração do artista - os bestsellers, as listas diá-

rias nos jornais dos mais vendidos, etc., apenas refletem esta tendência. Na

TV, como bem lembra -Bourdieu, esta lógica é levada ao máxim o, já que

os índices de audiênc ia podem ser med idos a cada quarto de hora , com a

possibilidade inclu sive de se verificar as variaçõe s por grande s categoria s

soc1a1s.

E1n íntima conexão com os índices de audiência estão os critérios de se-

leção daquilo que será mostrado na TV. A TV convida à dramatização , no

duplo sentido: põe em cena as i1nagens e exagera a importância do fato , seu

caráte r dramático e trágico. Os acontec in1entos são selecionados a partir do

princípio do sensacional , do espetac ular, da busca do "fu ro jornalí stico ",

que inunda a tela de enc hentes, incêndio s, acident es, assassinato s. Ao sub-

meter-se à pressão comercial a TV pode "oc ultar mostrando , mostrando un1a

coisa diferente do que seria preciso mostrar caso fizesse o que supostamente

faz , isto é, infonnar ; ou ainda mostrando o que é prec iso mo strar , mas de

tal maneira que não é mostrado ou se torna insignificant e, ou cons truind o-

º de tal n1aneira que adquire um sentido que não correspond e abso luta1nente

à rea lidade" (p:25 ). A TV que se pretende um instrum ento de reg istro tor-

na-se, ass i1n, um instru1nento de criação de rea lidades e é, neste sentido,

um can1po de produçã o simbólica co1n muito pouca autonomia. Bourdieu

parece ter sempre e1111nente a TV france sa, e1nbora faça referências explí-

citas ao telej ornalismo norte-a mericano. Co1no brasileiro s não ten1os ne-

nhuma dificuldade e1n reco nhece r nessas frases aquilo que oco rre nos pro-

grama s de grande audiência (Ratinho , Faustão, Gugu Liberato e outros) e

mesmo com nossos telej ornais, mas será que essa é a rea lidade da TV em

si, não í1nportando o país ou reg ião?

Seria interessa nte um estudo co 1nparativo sobre o telejornali s1no e1n di-

ferentes países. O estilo de telejornalis1no inglês, por exernplo, é n1uito dife-

rente do modelo norte-an1ericano. Há urna preocupação analíti ca n1ais ex-

plícita, a contextuali zação dos fatos é en1 geral buscada, há un1 nún1ero

maior de programas que, na linha dos docu,n entários, e1n que os ing leses

são os grandes mestres, se díspõe1n a discutir un1 tema espec ífico. Vale a