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Guias e Dicas
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Percepção Ambiental em Comunidades Rurais de uma Reserva Particular, Notas de estudo de Engenharia Ambiental

Estudo de Percepção Ambiental em unidades de Conservação

Tipologia: Notas de estudo

2015

Compartilhado em 02/12/2015

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1153
Recebido: 10/09/2014 Aceito: 03/03/2015
Artigo original DOI: 105902/2236117015472
Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental
Santa Maria, v. 19, n. 2, mai - ago. 2015, p. 1153-1161
Revista do Centro de Ciências Naturais e Exatas UFSM
ISSN :22361170
Percepção Ambiental em Comunidades Rurais Circundantes a uma
Reserva Particular do Patrimônio Natural
Environmental Perception in Rural Communities Surrounding a Reserve
Private Natural Heritage
Ozanan de Almeida Dias¹,Neidson Dias da Mota²
¹Gestor Ambiental- Fundação Presidente Antônio Carlos (FUPAC), Campus Ubá, MG, Brasil
²EngenheiroAgrônomo-Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), Campus Januária, MG, Brasil
Resumo
As Unidades de Conservação (UC’s) são áreas protegidas reconhecidas como meio importante para proteção da natureza. No entanto,
muitas vezes, esses resultados não estão sendo alcançados, tornando-se necessário o estudo da Percepção Ambiental a fim de se conhecer
significados e atitudes do homem com os elementos naturais e com as UC’s. Este trabalho teve como objetivo analisar a Percepção Ambiental
da comunidade rural do entorno da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), localizada em Iúna e Muniz Freire ES. Dentre as
técnicas para diagnosticar a Percepção Ambiental, foi aplicado um questionário estruturado com perguntas discursivas e objetivas.
Constatou-se que a preservação dos recursos hídricos e da fauna é a principal preocupação dos entrevistados, e que o ser humano percebe o
meio ambiente de acordo com as suas necessidades e com a utilização que faz dele, identificando benefícios da preservação e conservação da
natureza concernente à realidade na qual está inserido.
Palavraschave: Unidades de Conservação, Educação Ambiental,conservação da natureza.
Abstract
Conservation Units(CU´s) are p rotected areasrecognized asimportant mean forprotecting nature. However, often theseresultsare not
beingachievedmaking it necessary tostudy Environmental Perceptionin order to find out meaningsand attitudesof man withthe natural
elementsand theUC's. This study aimed toanalyze theEnvironmental Perception of a rural communitysurrounding thePrivate Reserve
ofNatural Heritage(PRNP), located innaandMunizFreire villages -ES. Among the techniquesfor diagnosingEnvironmental Perception, it
was applied a structured questionnairewithdiscursiveand objectivequestions. It was found thatthe preservationof water resourcesand
wildlifeisthe primary concernof respondents, andthat humansperceivethe environmentaccording totheir needsand theuse they makeof it,
identifying benefits ofpreservation and conservationof natureconcerning realityinwhich it is inserted.
Keywords: Conservation Units, Environmental Education, nature conservation.
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Baixe Percepção Ambiental em Comunidades Rurais de uma Reserva Particular e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Ambiental, somente na Docsity!

Artigo original DOI: 105902/

Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental Santa Maria, v. 19, n. 2, mai - ago. 2015, p. 1153- Revista do Centro de Ciências Naturais e Exatas – UFSM ISSN : 22361170

Percepção Ambiental em Comunidades Rurais Circundantes a uma

Reserva Particular do Patrimônio Natural

Environmental Perception in Rural Communities Surrounding a Reserve

Private Natural Heritage

Ozanan de Almeida Dias¹,Neidson Dias da Mota²

¹Gestor Ambiental- Fundação Presidente Antônio Carlos (FUPAC), Campus Ubá, MG, Brasil ²EngenheiroAgrônomo-Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), Campus Januária, MG, Brasil

Resumo

As Unidades de Conservação (UC’s) são áreas protegidas reconhecidas como meio importante para proteção da natureza. No entanto, muitas vezes, esses resultados não estão sendo alcançados, tornando-se necessário o estudo da Percepção Ambiental a fim de se conhecer significados e atitudes do homem com os elementos naturais e com as UC’s. Este trabalho teve como objetivo analisar a Percepção Ambiental da comunidade rural do entorno da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), localizada em Iúna e Muniz Freire – ES. Dentre as técnicas para diagnosticar a Percepção Ambiental, foi aplicado um questionário estruturado com perguntas discursivas e objetivas. Constatou-se que a preservação dos recursos hídricos e da fauna é a principal preocupação dos entrevistados, e que o ser humano percebe o meio ambiente de acordo com as suas necessidades e com a utilização que faz dele, identificando benefícios da preservação e conservação da natureza concernente à realidade na qual está inserido.

Palavras–chave: Unidades de Conservação, Educação Ambiental,conservação da natureza.

Abstract

Conservation Units(CU´s) are protected areasrecognized asimportant mean forprotecting nature. However, often theseresultsare not beingachievedmaking it necessary tostudy Environmental Perceptionin order to find out meaningsand attitudesof man withthe natural elementsand theUC's. This study aimed toanalyze theEnvironmental Perception of a rural communitysurrounding thePrivate Reserve ofNatural Heritage(PRNP), located inIúnaandMunizFreire villages -ES. Among the techniquesfor diagnosingEnvironmental Perception, it was applied a structured questionnairewithdiscursiveand objectivequestions. It was found thatthe preservationof water resourcesand wildlifeisthe primary concernof respondents, andthat humansperceivethe environmentaccording totheir needsand theuse they makeof it, identifying benefits ofpreservation and conservationof natureconcerning realityinwhich it is inserted.

Keywords : Conservation Units, Environmental Education, nature conservation.

Ozanan de Almeida Dias et al.: Percepção Ambiental em Comunidades...

1INTRODUÇÃO

Aspectos que abrangem a temática ambiental vêm se tornando assunto comum e prioritário entre os cidadãos brasileiros, levando vários segmentos da sociedade a intensificar esforços voltados à conservação do meio ambiente. Com o objetivo de proteger o meio ambiente e concomitantemente resguardar a maior biodiversidade do mundo, o Brasil instituiu o sistema de áreas naturais protegidas, denominadas Unidades de Conservação (UC’s), que são regidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), Lei Federal 9.985/2000 (BRASIL, 2000). O SNUC define e regulamenta as categorias deUC’s em todas as instâncias dos entes federativos, separando-as em dois grupos: de Proteção Integral e de Uso Sustentável. As UC’s de Proteção Integral têm por objetivo principal a conservação da natureza, mantendo ecossistemas livres de alteração causadas por interferências antrópicas; as de Uso Sustentável têm como princípio o uso dos recursos naturais em quantidades compatíveis com sua capacidade de renovação (RYLAND e BRANDON, 2005).Esses espaços protegidossão reconhecidos a nível global, como um meio importante para conservação da biodiversidade, proteção do meio físico e preservação do ambiente histórico-cultural associado aos ambientes naturais (BRESOLIN, ZAKRZEVSKI e MARINHO, 2010). Dentre asUC’s, merece destaque a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), inserida na categoria de Uso Sustentável, possui o objetivo de compatibilizar a conservação da natureza com a utilização sustentável dos recursos naturais. Para Lucena (2010), a RPPN constitui-se de uma área com características peculiares,primeiramente por se tratar de uma UC privada,sendo sua criação de caráter voluntário, possui a finalidade de conservar a biodiversidade, permitindo ainda a pesquisa cientifica e visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais. De acordo com Mendonça (2004), as RPPN´sidealizam os primeiros passos para envolver a comunidade local com a conservação da natureza. A área privada contribui significativamente para proteção do meio ambiente, aumentando a possibilidade de obter um cenário em que haverá muito mais áreas protegidas, tanto quantitativamente quanto qualitativamente. As UC’srepresentam um importante papel para preservação e conservação da natureza, e, além disso, favorecem a Educação Ambiental, desenvolvendo a consciência dos próprios hábitos do indivíduo (JACOBI, FLEURY e ROCHA, 2004). Para sensibilizar as populações envolvidas com essas áreas é preponderante analisar a Percepção Ambiental desses indivíduos, a fim desses estudos subsidiarem a realização de Projetos/Programas de Educação Ambiental (BRESOLIN, ZAKRZEVSKI e MARINHO, 2010). De acordo com Shinaishi (2011), o estudo da Percepção Ambiental contribui para a gestão da UC, auxiliando na administração de conflitos, no planejamento, na Educação Ambiental e na elaboração de políticas ambientais. Macedo et al. (2007)afirma que se pode definir Percepção Ambiental como uma tomada de consciência do ambiente pelo homem. É o ato de perceber o ambiente em que o indivíduo está inserido, aprendendo a proteger e cuidar do mesmo. Para Hoeffel et al. (2008) é importante investigar as semelhanças e diferenças entre valores e significados por vários indivíduos, fenômenos sociais e ambientais. Segundo os mesmos autores, as formas de compreender a natureza e suas relações com o mundo não humano se diferem entre culturas e momentos históricos. Geerdink e Neiman (2010) apud Gonçalves e Hoefeel (2012) comentam que o meio ambiente só é percebido pelos indivíduos quando a sua compreensão é através de uma perspectiva subjetiva operada numa realidade concreta. Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo analisar a Percepção Ambiental das comunidades do entorno da RPPN, localizada nos municípios de Iúna e Muniz Freire, ES. A análise da Percepção Ambiental tem como alvo, conhecer os significados e atitudes que regem nas relações estabelecidas pelas comunidades rurais circunvizinha dessa Reserva com os elementos naturais e com a UC.

3RESULTADOS E DISCUSSÃO

No diagnóstico do perfil social dos entrevistados os resultados demonstraram que 57% dos questionados são do sexo masculino, cuja idade variou entre 18 a 82, com uma média de 46 anos. A idade do sexo feminino variou de 18 a 81, com média de 37 anos.Quanto ao estado civil, a maioria é casada, 76% (incluindo aqueles em regime concubinato), 14 % solteiros e 10 % viúvos. Essas famílias em geral possuem em seu núcleo residencial uma média de 3,6 indivíduos. Os proprietários rurais entrevistados não dispõem de grandes propriedades, encontra-se entre 2, a 80 (ha) de área total do imóvel. As maiores propriedades possuem residentes colonos, moram nas propriedades porem não são titulares da mesma. A maioria dos agricultores cultiva o café e outras culturas como subsistência. Em algumas propriedades além da agricultura há também a criação de gado de leite. A agricultura desubsistência também foi evidenciada no entorno da RPPN Etoessel de Brito- RN (LUCENA, 2010). Os entrevistados que não tem a agricultura familiar como principal fonte de renda obtém seu sustento trabalhando nas lavouras de café. A cafeicultura em Muniz Freire e Iúna iniciou-se no sec. XIX, com o desmatamento das florestas para dar lugar a grandes lavouras, que até hoje são predominantes. Atualmente essa região faz parte do polo cafeeiro do Caparaó, sendo a principal fonte econômica de pequenos e grandes produtores rurais. Os questionados quando perguntados sobre a presença de remanescente florestal na propriedade, 88% afirmam a existência.Diferente de Costa et al. (2011) que ao diagnosticar a percepção ambiental na Micro Bacia do Rio Paraopeba – SP constatouque todas as propriedades rurais apresentaram fragmentos florestais. Os produtores rurais circunvizinhos da RPPN que têm em sua propriedade fragmentos florestais, ao serem perguntados se tinham vontade de preservá-los 100% responderam que sim. Todos os entrevistados consideram importante a preservação de remanescentes florestais na região, mesmo aqueles que não os possuem. As maiorias dos fragmentos florestais da região do estudo são pequenos e encontram-se desequilibrados, isolados e desprotegidos.Viana (1990) apud Oliveira et al. (1998, p. 648), define fragmento florestal como “qualquer área de vegetação natural contínua, interrompida por barreiras antrópicas (estradas, culturas agrícolas, etc.) ou naturais (lagos, outras formações vegetais, etc.) capazes de diminuir significativamente o fluxo de animais, pólen e, ou, sementes.” Apesar de todos os danos causados pela fragmentação de uma floresta, a preservação desses remanescentes é relevante, visto que, permite a conservaçãode espécies vegetais e animais, proteção do solo e conservação dos cursos d`água (VOGEL, ZAWADZKI e METRI, 2009).Para melhorar a situação de grande parte dos remanescentes florestais é importante que se mantenham e conserve os corredores ecológicos, denominação dada à faixa de vegetação que ligam esses remanescentes,diminuindo o isolamento, aumentando o fluxo gênico e beneficiando a biodiversidade (VALERI e SENÔ, 2009). Os resultados mostram que os produtores rurais estão conscientes sobre a importância de se preservar os fragmentos florestais. No entanto alguns entrevistados comentaram que a Fiscalização feita pelo IDAF (Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo), colabora para esse resultado, exigindo na forma da lei a permanência de fragmentos florestas, sejam eles em Reserva Legal ou Área de Preservação Permanente (APP). Salientam ainda Hoeffel et al. (2008) que a legislação ambiental e a fiscalização são importantes instrumentos para a conservação ambiental, porém apenas esses mecanismos não são suficientes, sendo necessária a elaboração de Programas de Planejamento e Educação Ambiental. No que diz respeitoà importância dadaà preservação dos fragmentos florestais pelos moradores do entorno da RPPN (Tabela 1), obteve-se diferentes resultados entre as comunidades estudadas.As principais respostas ficaram entre proteção dos cursos d’água, e, proteção da fauna, flora e proteção dos cursos d’água. Os resultados de Córrego Jatobá e Seio de Abraão foram semelhantes, deram importância à proteção dos cursos d’água, sendo respectivamente66,67%e 45,82%. Já as respostas

dessas mesmas comunidades que deram atenção à proteção da fauna, flora e cursos d’água foram respectivamente 27,77% e 37,5%.

Tabela 1: Importância dada à preservação de Fragmentos Florestais.

Respostas Comunidades Córrego Jatobá %

Serrinha I %

Seio de Abraão %

Proteção dos cursos d'água. 66,67 24 45, Proteção da fauna e flora. 5,56 8 4, Proteção da fauna, flora e cursos d'água. 27,77 64 37, Proteção dos cursos d'água e melhoria no clima. - - 4, Proteção da fauna, flora, curso d'água e beleza cênica.

Proteção da fauna, flora, curso d’água e diminuição de processos erosivos.

Melhoria no clima. - - 4, Total 100 100 100

O padrão de respostas da comunidade Serrinha I diferiu das demais comunidades entrevistadas. Observam-se mais respostas para proteção da fauna, flora e cursos d’água (64%) e a proteção dos cursos d’água (24%). Demonstram as respostas, que a maioria dos entrevistados das comunidades de Córrego Jatobá e Seio de Abrão consideram a preservação dos fragmentos florestais importantes para a proteção dos cursos d’água. Isso se explica por serem as comunidades que estão inseridas próximas a cursos d’água, córregos que são usufruídos pela população, seja na agropecuária ou uso doméstico. A presença de remanescentes de floresta, sejam eles fragmentos florestais, Reserva Legal ou APP, representam a sobrevivência da bacia hidrográfica. A floresta está intimamente ligada à permeabilidade e erodibilidade dos solos, atua de modo significativo na regulação da vazão e dinâmica dos rios. Somente uma pessoa, que corresponde 4% da comunidade de Serrinha I, comentou o beneficio do fragmento florestal para diminuir processos erosivos no solo. Esse benefício é extremamente importante para o solo e perenidade dos rios. A cobertura vegetal atenua o impacto da gota da chuva, formam rugosidades, barreiras físicas, que diminuem a velocidade do escoamento da água facilitando a sua infiltração e consequentemente minimizando o seu poder de erosão, evitando perdas do solo e carreamento de suas partículas para os leitos dos rios (MACHADO e TORRES, 2012). Em Serrinha I a predominância pelas respostas foi proteção da fauna, flora e cursos d’água, diferente das demais comunidades. O resultado demonstra que a maioria dos questionados não estão somente preocupados com a proteção dos cursos d’água, mas também com a proteção da fauna e flora. Isso se evidência por ser a comunidade que dá acesso aos locais de caça e extração vegetal nativa. A preservação de fragmentos florestais permite a sobrevivência de algumas espécies animais e vegetais, são refúgios da biodiversidade, pequenos ecossistemas que regem a vida. Apesar da maioria dos fragmentos florestais estarem isolados, a criação e manutenção de corredores ecológicos permitiram o fluxo gênico beneficiando as espécies que ali estão, sejam animais ou vegetais. Para dimensionar a percepção ambiental em relação à RPPN, questionou-se a população das comunidades se já tinham ouvido falar da Reserva,somente Córrego Jatobá teve em sua maioria a resposta afirmativa, sendo 89% dos entrevistados. Serrinha I e Seio de Abraão tiveram respectivamente como resposta afirmativa 40% e 12,5%.A maioria dos questionados de Córrego Jatobá

floresta onde era cultivado o café, área que hoje se preserva, aumentou a quantidade e qualidade da água do córrego Jatobá. A floresta está profundamente ligada ao abastecimento das águas subsuperficiais, através da proteção e permeabilidade concedida ao solo. Atua como meio de abrandar processos erosivos, mediante aos impedimentos físicos que faz com que a chuva não seja tão agressiva ao solo. O recurso água é indispensável para sobrevivência da humanidade e dos demais seres vivos do planeta. Infelizmente a água em disponibilidade e qualidade está cada vez mais limitada, devido às ações impactantes ocasionadas pelo homem. São claras as modificações nos ambientes aquáticos, com isso cada vez mais surgem às preocupações ambientais relacionadas à água. Em Serrinha I foram três as principais respostas com relação ao beneficio da RPPN, proteção dos recursos hídricos, proteção da fauna, e, proteção dos recursos hídricos e da fauna, correspondendo respectivamente a 20%, 20% e 32%. Observa-se que a proteção da fauna é mencionada em duas respostas, demonstrando que, além de identificar os benefícios para os recursos hídricos, há uma grande preocupação com a sobrevivência dos animais nativos. Esses resultados diferem das demais comunidades que mencionarão muito pouco sobre os benefícios para proteção fauna. A preocupação com a fauna está presente em Serrinha I, devido a ser a comunidade onde ocorre e tem-se acesso aos locais de caça predatória, inclusive na própria RPPN. Os questionados acreditam que a delimitação da área da UC, inibirá essa predação, confirmando que a RPPN é vista como uma área de proibição. Resultado semelhante foi obtidona Estação Ecológica de Juréia - SP, que os entrevistados a identificam como área que impede condutas predatórias (FERREIRA, 2005). As UC’s têm como objetivos a conservação e preservação da natureza, da fauna e da flora, porém muitas das vezes esses objetivos não sãoalcançados, como evidenciado na RPPN. Diegues (2001) apud Lucena e Freire (2012, p. 1) comentam que “apenas a criação das UC’snão significa que a conservação da biodiversidade seja adequada e eficaz, pois ainda são evidentes as degradações nos ecossistemas.” Salientam Bresolin, Zakrzevskie Marinho (2010) que o histórico da criação das UC´s demonstra que as mesmas não são suficientes para assegurar a proteção dos recursos naturais, culturais e históricos. A criação de unidades de conservação envolve a necessidade de preservação e conservação de áreas e recursos naturais que determinam transformações socioambientais (GONÇALVES e HOEFEEL, 2012). É necessário que implante projetos educacionais voltados para sensibilização desses caçadores, para que os mesmos cessem a caça, contribuindo para preservação da fauna e colaborando com a proteção do meio ambiente. O número de pessoas que não souberam quais benefícios a RPPN poderia trazer, foi expressivo em Córrego Jatobá e Seio de Abraão, que correspondem respectivamente 27,78 % e 41,67%. Assim pode-se dizer que boa parte da população da comunidade de Córrego Jatobá e a maior parte de Seio de Abrão conhecem muito pouco sobre os benefícios de uma UC. Indicam as respostas que é imprescindível a elaboração de um Programa de Educação Ambiental, evidenciando a importância da preservação da vegetação nativa, ressaltando seus grandes benefícios para humanidade e para os ecossistemas naturais.Shinaishi (2011)ao identificar a Percepção Ambiental, também comentou a necessidade do desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental pra esclarecimento sobre a importância da Reserva Biológica da Contagem.

4CONCLUSÕES

O estudo demonstrouque a proteção dos recursos hídricos e proteção da fauna são as principais preocupações da comunidade do entorno da Reserva. A legislação e fiscalização ambiental são ferramentas importantes para proteção da natureza, no entanto é imprescindível que a aliada a esses instrumentos esteja a Educação Ambiental. De acordo com os moradores de Córrego Jatobá a proteção dos recursos hídricos é o principal benefício que a criação da RPPN trará para eles e para a comunidade, diferentemente da Comunidade Serrinha I que acham que Reserva beneficiará a proteção da Fauna. Ainda assim é grande o número

de pessoas que não conhecem a RPPN e não sabemdosbenefícios de sua criação, demonstrando a necessidade da implantação de um Programa de Educação Ambiental que aborde a importância e benefícios das UC’s. A percepção ambiental permite compreender e entender as relações da comunidade com o meio, isso é primordial para elaboração de Programas de Planejamento e Educação Ambiental. O ser humano percebe o meio ambiente de acordo com as suas necessidades e com a utilização que faz dele, os benefícios da preservação de fragmentos florestais e benefícios da criação da RPPN foram mencionados de acordo com a realidade e necessidade de cada comunidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRESOLIN, A. J.; ZAKRZEVSKI, S. B. B.; MARINHO, J. R. Percepção, comunicação e educação ambiental em unidades de conservação: um estudo no Parque Estadual de Espigão Alto – Barracão/RS

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COSTA, D. R., et al. Diagnostico Socioeconômico de Percepção Ambiental na Micro Bacia do Rio Pirapora, Piedade - SP. Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal , São Paulo, v. 18, n. 1, p. 22-34, 2011.

FERREIRA, C. P. Percepção Ambiental na Estação Ecológica de Juréia-Itatins. 2005, 108f. Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) Programa de Pós Graduação em Ciência Ambiental, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

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