Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL, Teses (TCC) de Ciências da Educação

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: A PROTAGONIZAÇÃO DO EDUCANDO NO SÉCULO XXI. Essa pesquisa tem como tema a pedagogia da autonomia nos anos iniciais do ensino fundamental: a protagonização do educando no século XXI. Este trabalho tem como objetivo promover a excelente protagonização do educando na atualidade. Pretende-se, para tanto, mostrar quais elementos promovem esta protagonização, considerando, sobretudo, os elementos já apontados pelo educador Paulo Freire.

Tipologia: Teses (TCC)

2021

À venda por 28/02/2022

halan-crystian-2
halan-crystian-2 🇧🇷

4.7

(38)

78 documentos

1 / 45

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE CRUZEIRO
FLÁVIA APARECIDA NEVES MOTA
PEDAGOGIA DA AUTONOMIA NOS ANOS INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL: A PROTAGONIZAÇÃO DO
EDUCANDO NO SÉCULO XXI
CRUZEIRO-SP
2021
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29
pf2a
pf2b
pf2c
pf2d

Pré-visualização parcial do texto

Baixe PEDAGOGIA DA AUTONOMIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL e outras Teses (TCC) em PDF para Ciências da Educação, somente na Docsity!

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE CRUZEIRO

FLÁVIA APARECIDA NEVES MOTA

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA NOS ANOS INICIAIS DO

ENSINO FUNDAMENTAL: A PROTAGONIZAÇÃO DO

EDUCANDO NO SÉCULO XXI

CRUZEIRO-SP

FLÁVIA APARECIDA NEVES MOTA

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA NOS ANOS INICIAIS DO

ENSINO FUNDAMENTAL: A PROTAGONIZAÇÃO DO

EDUCANDO NO SÉCULO XXI

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências Humanas de Cruzeiro, em cumprimento à exigência parcial para obtenção do título de Licenciada em Pedagogia, sob orientação do Profª. Esp. Cláudia Mônica Cendretti Figueiredo.

CRUZEIRO-SP

À todos que comigo colaboraram, meu esposo Halan Crystian e minha filha Joana de Angelis, meus professores, sobretudo, meus alunos, os meus maiores mestres.

AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Ciências Humanas de Cruzeiro-SP na pessoa de todos os seus colaboradores e alunos por fazerem parte de meu desenvolvimento humano, especialmente nos últimos anos.

Ao Centro de Integração Empresa Escola – CIEE e a Prefeitura Municipal de Cruzeiro-SP.

À minha ilustríssima orientadora Prof.ª Esp. Cláudia Mônica Cendretti Figueiredo pelas orientações, pelo carinho, apoio, pelo amor altamente impactante, quem será minha eterna inspiração.

Aos demais atores envolvidos no meu processo formativo, meus colegas de trabalho, especialmente a diretora de escola Edilene Coutinho, quem sempre apostou e confiou em meu trabalho, permitindo-me realizar sempre com o meu melhor, com toda excelência.

RESUMO

A educação é a ação de promover a aprendizagem. Mas, não é simples assim, pois, em considerações mais precisas, a educação é um conjunto complexo de ideias, de pressupostos, paradigmas e preceitos que contempla atos que objetiva a promoção e a facilitação da ensinagem-aprendizagem, sobretudo de educando, desenvolvendo os conhecimentos, habilidades, valores, crenças, hábitos, a forma de viver. Essa pesquisa tem como tema a pedagogia da autonomia nos anos iniciais do ensino fundamental: a protagonização do educando no século XXI. Este trabalho tem como objetivo promover a excelente protagonização do educando na atualidade. Pretende- se, para tanto, mostrar quais elementos promovem esta protagonização, considerando, sobretudo, os elementos já apontados pelo educador Paulo Freire, descrevendo com especificidade as ações, os métodos e técnicas à serem aplicadas. Neste trabalho adotara-se a pesquisa bibliográfica, onde é realizada a leitura crítica, a redação de resumos e paráfrases e a elaboração de materiais pertinentes ao enfrentamento do tema e a comprovação das hipóteses. Embora muitas produções acadêmicas falem desta temática aqui proposta, poucas apresentaram um trilhar metódico consubstanciado em práticas decorrentes, o que aqui busca apresentar-se.

Palavras-chave : Autonomia. Protagonização. Atualidade. Transformação.

ABSTRACT

Education is the action of promoting learning. But, it is not that simple, because, in more precise considerations, education is a complex set of ideas, assumptions, paradigms and precepts that include acts that aim to promote and facilitate teaching- learning, especially of educating, developing the knowledge, skills, values, beliefs, habits, the way of living. This research has as its theme the pedagogy of autonomy in the early years of elementary school: the role of the student in the 21st century. This work, aims to, promote the excellent role of the student today. It is intended to show which elements promote this role, considering, above all, the elements already pointed out by educator Paulo Freire, describing with specificity the actions, methods and techniques to be applied. In this work, bibliographical research was adopted, where critical reading is performed, the writing of abstracts and paraphrases and the preparation of relevant materials to confront the theme and to prove the hypotheses. Although many academic productions speak of this theme proposed here, few presented a methodical path embodied in resulting practices, which seeks to present themselves here.

Keywords: Autonomy. Protagonization. Present. Transformation.

INTRODUÇÃO

O conhecimento popular afirma ser a educação uma primordial necessidade para a vida em sociedade, ao ponto de determinar coeficientes mínimos de investimentos econômicos neste setor social através das políticas públicas educacionais. Assim, a educação é algo socialmente sabida a sua relevância e necessidade, porém, o quadro sociohistórico e circunstancial parece contestar veementemente este conhecimento, colocando em dúvida o quanto, que qualidade, o como mensura-se em termos pragmáticos a tal muito falada educação. Aliás, que de fato é educação? Qual seu objetivo? Quem seus criadores e beneficiários? Há os que afirmam ser a educação uma mera ação de promover a aprendizagem. Seria tão simples assim? Afinal, em considerações mais precisas, afirma-se que educação é um conjunto complexo de ideias, de pressupostos, paradigmas e preceitos que contempla atos que objetiva a gestão de processos de promoção e facilitação da ensinagem-aprendizagem, sobretudo de educando, desenvolvendo seus conhecimentos, habilidades, valores, crenças, hábitos, a forma de viver, suas virtudes, com base no princípio da liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber (MEC-PCN, 2002). Percebe-se, deste modo, o conglomerado de aspectos que devem ser considerados para o tratamento de qualquer temática que relacione-se com atores da educação e com a própria educação. Tratar de ações pedagógicas e andragógicas que visem a protagonização de educandos, implica em tratamento de autonomia destes educandos e dos demais sujeitos envolvidos e comprometidos com o processo educativo, suas visões, suas construções sociais, seus interesses explícitos e implícitos, sua vida psicológica, a consciência de seu saber, a consciência de sua ignorância e a consciência de sua inconsciência. Porquanto, no caso deste trabalho, trata-se das principais considerações sobre a finalidade última e direta da educação, o pleno desenvolvimento de educando e a fluência de todos os atores da educação, sendo um ato político, algo normalmente desavisado pelo senso comum e pelo conhecimento popular quando fragmenta a educação, a qual demanda integralidade. A educação é algo de todos e detida por ninguém. Os saberes sistematizados são substratos registrados através da universalidade de saberes. Portanto, educação pode ser algo de todo simples, mas, em último grau de sofisticação, algo

demasiadamente complexo, mas, completamente concreto, prático, cotidiano, podendo ser um fazer que se entrelaça com perspectivas que visam também num futuro, porém, jamais desvencilhando-se da factualidade de que antes de tudo a atenção deve estar voltada ao eterno presente, aquele que apresenta cabalmente o que é e o que tem sido educação. Aprender a aprender que é educação é uma necessidade contínua dos que propõe-se atuar como bom educador. Aprender a desaprender e reaprender é uma necessidade contínua dos que propõe atuar como excelentes educadores. Consideremos, todavia, as ideias apresentadas. Antes de reflexionar sobre educação e expor afirmativas que possa ensejar a construção de conhecimentos e saberes, cabe lembrar, conforme Bessa (2018, p. 11):

É bom lembrarmos que para cada teórico ou conjunto de teorias a aprendizagem é definida de uma maneira diferente e a explicação sobre como ela ocorre também se diferencia. Portanto, não devemos nos expressar de forma a validar uma e negar a outra, ou seja, não devemos dizer que uma está certa e outra errada. O que ocorre é que todas têm validade, pois lançam um olhar sobre maneiras específicas de aprender.

Aprender a aprender o por outro aprendido é aprender desaprendendo. Assim, propõe-se neste trabalho uma complementaridade ao pesquisado, e não apenas uma mera reprodutiva, uma mecanicista catalogação de ideias. Propõe-se, deste modo, também a consideração integral do pensar de agente educando neste processo. Observa-se como uma das primeiras necessidades de educando é o considerar deste, a sua existência como coautor de uma construção, aquele como um sujeito pensante, construtor de sua própria identidade, aquele capaz de colaborar diretamente em seu processo educativo, deixando de ser um agente passivo, um mero coadjuvante, aquele ciente da necessidade de protagonizar e indissociar teoria de prática, aquele que enfrenta a realidade, aquele que vive a própria vida antes mesmo de preparar-se para a vida (Freire, 1987). A aprendizagem é algo de todo imbricado com a ensinagem, algo que vai muito além do comumente professado em salas de aula e catalogado em publicações nas prateleiras empoeiradas de silenciosas bibliotecas. A aprendizagem demanda vivência com autonomia, o que sem isso seria apenas uma mera e

pesquisadora já identificar a protagonização de si e de educandos como a principal necessidade destes e agir fluentemente nesta propositiva. Como metodologia adotara-se a pesquisa bibliográfica. Será realizada a leitura crítica, a redação de resumos e paráfrases e a elaboração de fichamentos das obras pertinentes ao enfrentamento do tema e a comprovação das hipóteses. Além da leitura de livros pertinentes ao objeto de pesquisa, serão consultados documentos disponíveis online , devidamente referenciados neste trabalho, na Bibliografia, para assim, começarmos a redação dos capítulos e a conclusão da pesquisa. Fundamentara-se a pesquisa em: BESSA (2018); COSTA (2018); DEMETERCO (2018); FREIRE (1987); MOTA (2018); BAUMANN (2001); BORDIEU (1989), FILHO e DAINEZE (2014); WEBER (1989), CARNEIRO (2017), entre outros referenciados. Estruturalmente, o trabalho está dividido em três capítulos. No primeiro capítulo abordam-se as considerações teóricas que fundamentam a análise da pedagogia da autonomia. Destacam-se os estudos sobre proposta pedagógica como ato político e autonomia como pressuposto demandado e necessário na construção de saberes que concretizam-se numa vida social a qual culmina-se justa, igualitária, equânime. No segundo capítulo aborda-se a noção de que é protagonização e quem são, quem e como devem ser os protagonistas nos anos iniciais no ensino fundamental. No terceiro capítulo discute-se sobre a necessidade do educando na atualidade e sobre as ações promotoras da protagonização dos sujeitos partícipes no processo de ensinagem-aprendizagem. Em fim segue a conclusão e as referências.

1 PEDAGOGIA DA AUTONOMIA

O presente capítulo visa apresentar as considerações teóricas que fundamentam a pedagogia da autonomia e que caracteriza a autonomia no processo de ensinagem-aprendizagem como uma atividade essencial na formação do educando. O termo pedagogia da autonomia, referenciando-se em Freire (1987), serve para embasar uma pedagogia fundamentada precipuamente na ética, em sua definição largamente ampliada, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando. Ao mesmo tempo, este termo implica em uma total responsabilidade do educador quando no interagir com o educando, expondo-lhe tudo quanto devido e cabido, abstendo-se por completo de cercear-lhe alguma ensinagem-aprendizagem demandada no processo. Assim, o educador deve focar-se no transmitir da beleza de estar no mundo, como ser histórico, produto e produtor, construção e construtor de uma realidade. Destacam-se os estudos sobre a compreensão da pedagogia da autonomia fazendo alusão à didática como um objeto complexo que permite a compreensão do funcionamento do processo de ensinagem-aprendizagem como algo que está inserido em um sistema social e que suporta funções sociais que lhe conferem razão de ser. Para o cumprimento de tais propósitos são discutidos os entendimentos dos estudiosos da área educacional como: Freire (1987); Mota (2018); Bessa (2018); Demeterco (2018) e Costa (2018). Para continuar com uma visão geral desta pedagogia, com atenção mais específica aos anos iniciais do ensino fundamental, foram utilizados os postulados teóricos de Braslavsky (1993) e Carneiro (2017). Ainda neste capítulo são apresentadas sugestões que complementam e melhormente estruturam um raciocínio através das ideias de Baumann (2001); Weber (1989); Filho e Daineze (2014) e Bordieu (1989).

1.1 EDUCAÇÃO

vez mais humanizada. Pode-se perceber as várias definições de educação até mesmo entre os teóricos de uma mesma área, no entanto, são estas várias definições que possibilitam um confrontar e arranjar de ideias e um harmonizar de ideários para o desenvolvimento da educação. De certo modo, todos afirmam que a educação deve ser vivenciada como uma prática concreta de percepção, de desobscurecimento, de libertação, de expressão ontológica de ser. Bessa (2018, p. 16) menciona que:

(...) o processo de aprender envolve, para além de nossas habilidades cognitivas, as relações estabelecidas entre professores e alunos e, consequentemente, a relação que se constrói em torno do ensino e da aprendizagem. Isso significa que, mesmo um aluno considerado inteligente pode apresentar dificuldades se a relação que estabelece com a matéria, a partir do professor e de sua didática, não for bem construída.

A educação é algo inexoravelmente bi ou poli-interacional, bi ou poli-lateral, jamais algo só. A educação é imbricada com relação, com interação, algo possível apenas a partir de duas pessoas. Assim, antes de algo ser apresentado, algo anteriormente já ocorrera. Seja a solicitação, o demandar, o predispor e a condescendência com o apresentado, ativamente ou passivamente. Desde a antiguidade, o educar é utilizado como um instrumento para o ensino, contudo, cada vez mais percebe-se um pensamento romântico quando unilateraliza-se o ensinar e o aprender. Mas, mesmo com o passar do tempo o termo educação ainda não está amplamente definido, pois ainda é compreendido e associado fortemente com conteúdos de aprendizagem, com algo detentor de pressupostos de verdades absolutas. Ainda é incomum observar-se que educação é algo mais ligado ao escutar e ouvir do que com o propriamente falar e dizer. Como esclarece Freire (1987, p.78) a “educação como uma situação gnosiológica”, caracterizando-a como “aquela em que o ato cognoscente não termina no objeto cognoscível, visto que se comunica a outros sujeitos, igualmente cognoscentes”, apresenta-se uma educação possível apenas como ensinagem- aprendizagem, sendo os atores da educação sempre aqueles que aprendem e ensinam simultaneamente.

Como toda atividade humana, a educação se constitui na interação entre vários fatores que marcam determinados momentos históricos sendo transformados pela própria ação das pessoas. Enquanto ações humanas o educar é também situações de construção de significado e indagação e transformação do próprio significado. A educação de acordo com Freire (1987, p. 7) “é a covivência amorosa” entre sujeitos educantes. A amorosidade é algo necessário às relações educativas. E o amor neste caso está diretamente ligado ao saber fazer pedagógico/andragógico. Portanto, educação é amor, mas, amar é algo de todo sem romantismo. É algo de profundamente empático, considerando que empatia de nada relaciona-se com o colocar-se no lugar do outro, pois, o outro tem sentimentos próprios, e colocando-se no lugar do outro é retirar o outro de si mesmo. Empatia é algo de busca pelo sentir do outro com sua própria identidade. Convivência amorosa é algo que contribui para a autonomia dos sujeitos, e tem um fator valor cultural inserido, sobretudo a partir do outro, aquele que sou eu também, mas, antes é o próprio outro.

1.2 PEDAGOGIA

Sendo pedagogia a ciência que tem como objeto de estudo a educação, o processo de ensinagem-aprendizagem, o sujeito humano como educando-educador, ao longo da história a pedagogia tem perpassado por variadas definições. Etimologicamente, a pedagogia remete-se ao “estudo da condução de crianças”, porém, este termo também fora associado ao longo dos séculos à aprendizagem em si. Consoante a tendência atual dos teóricos da educação, a pedagogia tem interagido com vários outros conceitos para melhor compreender-se. Um exemplo é a interação entre pedagogia e andragogia, observando que, se para conduzir crianças é necessária a aplicação da pedagogia, para conduzir adultos sobre a condução de crianças é necessária a aplicação da andragogia, termo apresentado pela primeira vez em 1833 pelo alemão Professor Alexander Kapp, através de seu livro “Ideias Educacionais de Platão”.

alcance de objetivos e metas propostos. Começa-se por observar que só pode oferecer uma educação com autonomia se antes estiver educadores autônomos em suas ideias, pois as nuances do processo pedagógico estão passíveis de serem amplamente detidas na especificidade dos sujeitos educantes. Nesse contexto observa-se que a cultura pedagógica da rede básica de educação no Brasil, sobretudo na rede pública, parece ainda não possuir amplo dimensionamento da pedagogia e de suas potencialidades, entretanto, também parece ser intencional, algo originado da vontade da própria sociedade. Isso quer dizer que só há rompimento deste fluxo quando há uma autonomia na ensinagem- aprendizagem, algo que torna a educação como aquela possível para tudo, possível até mesmo pela realização do projetado, do idealizado, do sonhado.

1.3 AUTONOMIA

Sendo uma capacidade de agir independente, de responder aos estimulos através de elementos encontrados em si próprio, a autonomia é a capacidade da vontade humana de governar-se pelos próprios meios, de se autodeterminar segundo um fator referencial. Autonomia é um modo de agir com liberdade ética/moral e intelectual, sobretudo no sentido de decidir como sujeito pleno e consciente de seus direitos/deveres. Para Freire (1987), autonomia na ensinagem- aprendizagem significa que a prática docente deve reconhecer a natureza do educando e apresentar-lhe um processo sem pressões, gradativamente promovendo-o à uma autonomia neste processo, levando-o à uma ensinagem- aprendizagem significativa diante de suas necessidades e limitações. No transcorrer de um processo educativo, autonomia pode aparentar-se por inúmeras vezes como algo inviabilizado. Inicialmente poderia supor-se que autonomia tivesse algo de desancorado. Autonomia poderia ser confundida como algo sem direção, sem perspectiva, e até mesmo como algo de todo norteado pelo universo ainda desconhecido e caótico do educador. Estas aparências, suposições e confusões se dão pelos paradigmas culturais herdados sociohistoricamente. Se dão pelo parcial rompimento entre educação tradicional e educação moderna. Autonomia é portanto algo para além destas coisas. Autonomia é dessubjugação das pessoas,

deslimitação do desbravamento, autorresponsabilização pela direção da própria vida, permissão para colaboração no processo de construção de elementos para satisfação das próprias necessidades e de elementos para construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária, mais equânime, mais libertadora, mais virtuosa. As pessoas socializam através da relação com outras pessoas, além do contato com os objetos e com o meio ambiente, explorando, vivenciando, compartilhando, recebendo, doando. É neste momento que oferece-se e retira-se autonomia na ensinagem-aprendizagem. É neste momento que cercea-se o pensamento ou apresenta-lhe a oportunidade de libertar-se, de transcender-se para além de si mesmo. De acordo com Freire (1987, p. 25):

O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. Precisamente porque ético podemos desrespeitar a rigorosidade da ética e resvalar para a sua negação, por isso é imprescindível deixar claro que a possibilidade do desvio ético não pode receber outra designação senão a de transgressão.

Atualmente depara-se com muitas afirmativas progressistas nas escolas. Muito se ouve falar, inclusive nas mídias de massa sobre a importância da educação e dos educandos, sobre a necessidade de valorização de educadores. Porém, através das falas de Freire observa-se que, mesmo que suas ideias sejam entre as mais citadas nos trabalhos acadêmicos e até mesmo nas expositivas de educadores no cotidiano escolar, autonomia é uma ideia amplamente pouco compreendida, a qual é altamente combatida com os ideários religiosos predominantes, aquele que coloca um grupo à guiar e um outro grupo à ser guiado caminho à sua libertação, mesmo que gritantemente isso esteja confrontando-se com uma sociedade cada vez mais avassalada pelo capital, cada vez mais individualizada, mercantilista, quase que uma revivência dos tempos pré-luteranos. As emissoras abertas de televisão digital quase que em sua totalidade são organizações de fins religiosos que, ainda que intituladas “sem fins lucrativos”, seus jargões predominam-se em “ajude-nos a salvar almas, apoie-nos, doe-nos, colabore e seja abençoado, compre este produto santificado por apenas doze parcelas de centenas de reais” (sempre aludindo aos