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Desenvolvimento Auditivo: Etapas, Fatores e Impacto na Linguagem, Notas de aula de Otorrinolaringologia

Este artigo aborda o desenvolvimento do sistema auditivo humano, desde a gestação até a infância, descrevendo as principais etapas de maturação e os fatores que podem interferir nesse processo, como perdas auditivas e privação sensorial. O texto destaca a importância do desenvolvimento auditivo para a aquisição da linguagem e a capacidade de processamento auditivo, explorando a neuroplasticidade e a possibilidade de intervenção precoce para minimizar os impactos de deficiências auditivas.

Tipologia: Notas de aula

2022

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V ERBA VOLANT
Volume 4 – Número 1 – janeiro-junho 2013 – ISSN 2178-4736
http://letras.ufpel.edu.br/verbavolant
104 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO AUDITIVO
Ana Claudia Vieira Cardoso1
1. Introdução
O sistema auditivo humano é único e difere do das outras espécies
porque desenvolve a capacidade de receber, interpretar e reagir à linguagem
de forma complexa.
Ao nascimento a cóclea humana é funcional (GRANIER-DEFERRE et
al., 1985; RUBEL, 1985) porém, o sistema nervoso auditivo continua a se
desenvolver por pelo menos mais uma década ( MOORE, 2002; SANES e
WOOLEY, 2011). Para que esse desenvolvimento ocorra é necessário que o
sistema auditivo seja estimulado. Sons ambientais irão modular e aumentar a
atividade do nervo auditivo (MOORE, 2000), ocorrerá mielinização das fibras
nervosas, e as habilidades de análise e de interpretação dos padrões sonoros
serão incorporadas ao desenvolvimento (PEREIRA, 1993).
Períodos prolongados de privação sensorial nesse período podem
causar deficiências permanentes nas habilidades de processamento auditivo
(SANES e WOOLEY, 2011) e atrasos na aquisição e percepção de fala
(WHITTON e POLLEY, 2011).
Considerando o exposto esse artigo se propõe a descrever as principais
etapas de desenvolvimento do sistema auditivo e os fatores que podem
interferir nesse desenvolvimento.
1 Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana: Campo Fonoaudiológico pela Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP), Docente do Departamento de Fonoaudiologia da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP); anac@marilia.unesp.br
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Volume 4 – Número 1 – janeiro-junho 2013 – ISSN 2178- 4736 http://letras.ufpel.edu.br/verbavolant

REFLEXÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO AUDITIVO

Ana Claudia Vieira Cardoso^1

1. Introdução O sistema auditivo humano é único e difere do das outras espécies porque desenvolve a capacidade de receber, interpretar e reagir à linguagem de forma complexa. Ao nascimento a cóclea humana é funcional (GRANIER-DEFERRE et al., 1985; RUBEL, 1985) porém, o sistema nervoso auditivo continua a se desenvolver por pelo menos mais uma década ( MOORE, 2002; SANES e WOOLEY, 2011). Para que esse desenvolvimento ocorra é necessário que o sistema auditivo seja estimulado. Sons ambientais irão modular e aumentar a atividade do nervo auditivo (MOORE, 2000), ocorrerá mielinização das fibras nervosas, e as habilidades de análise e de interpretação dos padrões sonoros serão incorporadas ao desenvolvimento (PEREIRA, 1993). Períodos prolongados de privação sensorial nesse período podem causar deficiências permanentes nas habilidades de processamento auditivo (SANES e WOOLEY, 2011) e atrasos na aquisição e percepção de fala (WHITTON e POLLEY, 2011). Considerando o exposto esse artigo se propõe a descrever as principais etapas de desenvolvimento do sistema auditivo e os fatores que podem interferir nesse desenvolvimento. (^1) Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana: Campo Fonoaudiológico pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Docente do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP); anac@marilia.unesp.br

Volume 4 – Número 1 – janeiro-junho 2013 – ISSN 2178- 4736 http://letras.ufpel.edu.br/verbavolant

2. Desenvolvimento do sistema auditivo no período gestacional O sistema auditivo no feto e na criança tem uma sequência própria de desenvolvimento. A parte estrutural da cóclea na orelha média está formada na 15ª semana de gestação e é anatomicamente funcional na 20ª semana gestacional (PUJOL e LAVIGNE-REBILLARD, 1992; HALL, 2000). O sistema auditivo se torna funcional em torno da 25ª e 29ª semana gestacional quando as células ganglionares do núcleo espiral da cóclea conectam as células ciliadas internas ao tronco cerebral e ao lobo temporal do córtex (HALL, 2000). Na 16ª semana gestacional as células ganglionares da cóclea estão conectadas ao núcleo do tronco encefálico que estimulam a resposta fisiológica. Da 25ª a 26ª semana gestacional, sons intensos irão produzir mudanças na função autônoma. Os batimentos cardíacos, a pressão sanguínea, o padrão respiratório, a mobilidade gastrointestinal e a oxigenação podem ser afetados (MORRIS, PHILBIN, BOSE, 2000). As conexões neurais para o lobo temporal do córtex estão funcionais em torno da 28ª a 30ª semana gestacional. Estas conexões iniciam o desenvolvimento das colunas tonotópicas no córtex auditivo e são necessárias para receber, reconhecer e reagir à linguagem, a música e sons ambientais significativos (GRAVEN e BROWNE, 2008). Segundo Graven e Browne (2008) as duas partes do sistema auditivo que são as mais importantes durante o processo de desenvolvimento são a cóclea (o órgão receptor) e o córtex auditivo. O núcleo coclear, o núcleo olivar superior, o núcleo do lemnisco lateral, o colículo inferior e o núcleo geniculado medial são todos submetidos à organização das células ganglionares e neurônios em resposta à estimulação, endógena e exógena. O córtex auditivo se desenvolve como uma área com colunas de células tonotópicas ou agrupamentos que representam as frequências características. Os neurônios sintonizados para as frequências agudas estão na região caudal e os neurônios sintonizados para as frequências graves estão na extremidade

Volume 4 – Número 1 – janeiro-junho 2013 – ISSN 2178- 4736 http://letras.ufpel.edu.br/verbavolant Na vida intrauterina o feto é capaz de conhecer a voz materna, músicas simples e sons comuns ao ambiente (MOON e FIFER, 200). O desenvolvimento auditivo e o desenvolvimento da memória, no período intrauterino, capacitam o bebê a reconhecer diferenças no tom, padrões sonoros, intensidade e ritmo (STANLEY e BROWNE, 2008). Apesar desse aprendizado a criança só será exposta ao espectro sonoro completo após o nascimento, e é evidente que as experiências pré-natais irão auxiliá-la a reconhecer alguns sons nas primeiras semanas de vida, porém após o nascimento os sons ambientais se tornam uma fonte primordial de novas informações (WERNER, 2007).

3. Desenvolvimento das habilidades auditivas O desenvolvimento e a maturação do sistema auditivo da criança com audição normal seguem uma sequência de comportamentos que se iniciam ao nascimento. Esse desenvolvimento inclui as seguintes etapas: detecção, discriminação, localização, reconhecimento e compreensão auditiva (AZEVEDO, 2011). Detecção , habilidade de receber o estímulo (Pereira, Navas e Santos, 2002). Estudo com fetos, no período final da gestação, e recém-nascido demonstrou que os mesmos são capazes de perceber aspectos sonoros que desempenham papel auxiliar na comunicação no primeiro ano de vida (MOON, 2011). Discriminação , habilidade de resolução de frequência, intensidade e duração (PEREIRA, NAVAS e SANTOS, 2002). Uma pesquisa com neonatos de até duas horas de vida demonstrou que eles são capazes de responder de forma seletiva a voz materna. Essas crianças apresentaram aumento da atividade motora quando ouviram a voz da mãe, porém o mesmo não ocorreu com vozes que não lhes eram familiares (QUERLEU, LEFEBVRE, TITRAN et al, 1984).

Volume 4 – Número 1 – janeiro-junho 2013 – ISSN 2178- 4736 http://letras.ufpel.edu.br/verbavolant Outros estudos mostraram que recém-nascidos de até três dias de vida alteraram seu padrão de sucção para ativarem uma gravação com a voz materna, o que indicou que a voz pode atuar como um reforço (DECASPER e FIFER, 1980; FIFER e MOON, 1989). Experimentos de aprendizagem utilizando a exposição pré-natal à música mostrou que os neonatos respondem a melodia familiar no primeiro mês de vida (GRANIER-DEFERRE, BASSEREAU, RIBEIRO et al, 2011). A retenção de sons musicais é consistente com a ideia que as qualidades musicais da voz (tom, intensidade e ritmo) são importantes para a experiência perinatal de fala (QUERLEU, RENARD, BOUTTEVILLE et al, 1989; PANNETON COOPER e ASLIN, 1989; NAZZI, BERTONCINI e MEHLER, 1998). Recém-nascidos respondem de forma seletiva a amostras de falam que trazem informações sobre o estado emocional do falante (MASTROPIERI e TURKEWITZ, 1999), essa informação é baseada no tom, intensidade e ritmo. Contudo, o feto não está limitado a perceber apenas essas diferenças sutis da fala, mas também é capaz de detectar (GROOME, MOONEY, HOLLAND et al.

  1. e discriminar (LECANUET, GRANIER-DEFERRE, DE CASPER et al,
  2. sons de fala muito mais breves, como por exemplo, os sons das vogais /a/ ou /i/. Essas vogais apresentam características acústicas e articulatórias distintas. Localização , habilidade de analisar diferenças de tempo e de intensidade dos sons recebidos e transmitidos para cada um dos lados da orelha (PEREIRA, NAVAS e SANTOS, 2002). A criança é capaz de localizar um som a partir do quarto mês de vida (AZEVEDO, 2005) e esta habilidade evolui com o aumento da idade. Essa evolução ocorre da seguinte forma: inicialmente a criança é capaz de localizar o som no eixo horizontal (lateral direita e esquerda, para baixo e para cima); depois no eixo longitudinal (acima da cabeça) e por último no eixo transversal ( sons situados à frente e atrás da cabeça). A forma de localização lateral evolui de indireta para direta. Localização indireta é quando a criança olha primeiro para o lado e depois para

Volume 4 – Número 1 – janeiro-junho 2013 – ISSN 2178- 4736 http://letras.ufpel.edu.br/verbavolant elétrica e, envolvem as estruturas da cóclea. Perdas auditivas neurais resultam de problemas de transmissão do sinal elétrico para e ao longo do sistema auditivo e, envolvem o oitavo par craniano e as vias auditivas do sistema nervoso (STACH e RAMACHANDAN, 2008). As perdas auditivas condutivas são normalmente transitórias, porém a flutuação na audição resultante da otite média recorrente pode causar problemas de linguagem /aprendizagem devido à inconsistência da entrada auditiva durante o período crítico de desenvolvimento auditivo. As causas mais comuns de perdas auditivas condutivas adquiridas no período pré-natal são por atresia e anomalias de orelha média e, as adquiridas no período pós-natal por otite média com efusão, perfuração de membrana timpânica, colesteatoma, excesso de cerúmen e otite externa (Joint Committee of Infant and Hearing, 2007). As perdas auditivas sensorioneurais são geralmente permanentes e variam de leve a profunda. Desordens nos processos cocleares resultam em redução na sensibilidade das células receptoras da cóclea, resolução de frequência diminuída e redução da faixa dinâmica. Essas mudanças complexas da função coclear tem um impacto negativo na audição supraliminar (STACH e RAMACHANDAN, 2008). A causa mais frequente de perda auditiva sensorioneural congênita é genética (REHM e MADORE, 2008). Algumas das causas mais comuns de perdas auditivas sensorioneurais adquiridas no período pré-natal são devido a anomalias de orelha interna e infecções congênitas, tais como: citomegalovírus, sífilis, rubéola e toxoplasmose e; as pós-natais são por hipertensão pulmonar persistente no recém-nascido / oxigenação extracorpórea, meningite, doenças autoimunes da orelha interna, infecções virais (caxumba e sarampo) e ototoxidade (Joint Committee of Infant and Hearing, 2007). As desordens auditivas neurais tendem a ser divididas em dois grupos: retrococleares e alterações do processamento auditivo. As desordens

Volume 4 – Número 1 – janeiro-junho 2013 – ISSN 2178- 4736 http://letras.ufpel.edu.br/verbavolant retrococleares resultam de lesões estruturais no sistema nervoso e são causadas por neoplasias, hidrocefalia, hipóxia e hiperbilirrubinemia (STACH e RAMACHANDAN, 2008). As desordens de processamento auditivo são devido a problemas de desenvolvimento ou atrasos. Essas desordens são resultado de lesões funcionais do sistema nervoso. Os sintomas mais comuns de desordens auditivas neurais são dificuldade de escutar em ambiente ruidoso e de localização da fonte sonora na presença de ruído ambiental. Períodos prolongados de privação sensorial podem causar deficiências permanentes nas habilidades do processamento auditivo humano. Estas incluem as habilidades de localização dos sons, detecção de sons no ruído, e discriminação das frequências ou modulações de amplitude (HALL e GROSE, 1994B; HALL et al 1995; WILMIGTON et al. 1994; KIDD et al. 2002; RANCE et al., 2004; HALLIDAY and BISHOP, 2005). Perdas auditivas nesse período podem causar atrasos na aquisição e percepção de fala (WHITTON e POLLEY, 2011). Porém, estudo realizado por MOORE (2002) demonstrou que a plasticidade cerebral é capaz de mediar a recuperação da função auditiva após perda auditiva e melhorar o seu funcionamento após treinamento auditivo (Moore, 2002). Deficientes auditivos que recebem implante coclear antes dos 3 anos e meio de idade são um exemplo desta neuroplasticidade (SHARMA, DORMAN, KRAL, 2005).

5. Considerações finais O período gestacional e os primeiros anos de vida são críticos para o desenvolvimento auditivo. Com o avanço científico e tecnológico atualmente é possível diagnosticar precocemente deficiências auditivas e iniciar o treinamento auditivo com o intuito de minimizar o impacto dessa deficiência no processo de aquisição de linguagem.

Volume 4 – Número 1 – janeiro-junho 2013 – ISSN 2178- 4736 http://letras.ufpel.edu.br/verbavolant GRAVEN, S.N., BROWNE, J.V. Auditory development in the fetus and infant. Newborn and Infant nursing Reviews. 2008. Vol 8 number 4: 187-193. GRAY, L. RUBEL, E.W. Development of absolute thershold in chickens. J Acoustic Soc Am 1985; 77(3): 1162-72. GROONME, L.J., MOONEY, D.M., HOLLAND, S.B. et al. Temporal pattern and spectral complexity as stimulus parameters for eliciting a cardiac orienting reflex in human fetuses. Percept psychophys 2000; 62(2): 313-20. HALL III, J.W., GROSE, J.H. The effect of conductive hearing loss on the masking level difference: insert versus standard earphones. J Acoust Soc Am 1994b; 95: 2652-2657. HALL III, J.W., GROSE, J.H., PILLSBURY, H.C. Long term effects of chronic otitis media on binaural hearing in children. Arch Otolaryngol Head Neck Surg 1995; 121: 847-852. HALL III, J.W. Development of ear and hearing_. J. Perinatol._ 2000; 20 (8 Pt 2): S12-S20. HALLIDAY, L.F. BISHOP, D.V. Frequency discrimination and literacy skills in children with mild to moderate sensorioneural hearing loss. J Speech Lang Hear Res 2005; 48: 11 87 - 1203. JOINT COMMITTEE ON INFANT HEARING. Position statement: principles and guidelines for early hearing detection and intervention programs. Pediatrics 2007; 120(4): 898-921. KANDEL, ER, SCHWARTZ, JH, JESSEL, TM. Editors. Principles of neural science. 4th ed. New York: Mcgraw-Hill; 2000. P 606-610. KIDD, G., ARBOGAST, T.L., MASON, C.R., WALSH, M. Informational masking in listeners with sensorioneural hearing loss. J Assoc. Res. Otolaryngol. 2002; 3: 107-119.

Volume 4 – Número 1 – janeiro-junho 2013 – ISSN 2178- 4736 http://letras.ufpel.edu.br/verbavolant LECANUET, J., GRANIER-DEFERRE, C., DECASPER, A.J. et al. Peception et discrimination foetales de stimuli langagiers; mice evidence a partir de La reactive cardiaque; resultats preliminaries. C R Acad Sci III 1987; 305(3): 161-4. MAMPE, B., FRIEDERICI, A.D., CHRISTOPHE, A. et al. Newborns’ cry melody is shaped by their native language. Curr Biol 2009; 19:1-4. MATROPIERI, D.P., TURKEWITZ, G. Prenatal experience and neonatal responsiveness to vocal expressions of emotion. Dev Psychobiol 1999; 33: 207 - 15. MOON, C., PANNETON-COOPER, R., FIFER, W.P. Two days olds prefer their native language. Infant Behav Dev 1993; 16(4): 495- 500 MOON, C., FIFER, W.P. Evidence of transnatal auditory learnig. J Perinatol. 2000; 20 (8 Pt 2): S37-S44. MOON, C. The role of early auditory development in attachment and communication. Clin Perionatol 38 (2011) 657-669. MOORE, J.K, GUAN, Y.L. Cytoarchitectural and axonal maturation in human auditory córtex. J. Assoc Res Otolaryngol 2001; 2(4):297-311. MOORE, D.R. Auditory development and the role of experience. British Medical Bulletin 2002; 63: 171-181. MORRIS, B.H., PHILBIN, M.K., BOSE, C. Physiological effects of sound on the newborn. J. Perinatol. 2000; 20 (8 Pt 2): S55-S60. NAZZI, T., BERTONCINI, A., MEHLER, J. Language discrimination by newborns: toward na understanding of the role of rhythm. J Exp Psychol Hum Percept Perform 1998; 24(3): 756-66. PANNETON COOPER, R., ASLIN, R.N. The language environment of the young infant: implications for early perceptual development. Can J Psychol 1989; 43(2): 247- 65 PEREIRA, L.D. Processamento auditivo. Temas sobre desenvolvimento. 1993. 11: 7-13.

Volume 4 – Número 1 – janeiro-junho 2013 – ISSN 2178- 4736 http://letras.ufpel.edu.br/verbavolant WHITTON, J.P, POLLEY,D.B. Evaluating the perceptual and patho- physiological consequences of auditory deprivation in early post-natal life: a comparison of a basic and clinical studies. J Assoc Res Otolaryngol. 2011; 535-

WILMINGTON, D., GRAY, L., JAHRSDOERFER, R. Binaural processing after corrected congenital unilateral conductive hearing loss. Hear. Res. 1994; 74: 99 - 114. RESUMO O sistema auditivo humano é único e difere do das outras espécies porque desenvolve a capacidade de receber, interpretar e reagir à linguagem de forma complexa. Ao nascimento o sistema auditivo é funcional, porém continuará se desenvolvendo por mais de uma década. Períodos prolongados de privação sensorial nesse período podem causar deficiências auditivas permanentes. O objetivo deste artigo foi descrever as principais etapas de desenvolvimento do sistema auditivo e os fatores que podem interferir nesse desenvolvimento. PALAVRAS-CHAVE: sistema auditivo; desenvolvimento; privação sensorial; perda auditiva. ABSTRACT The human auditory system is unique and differs from other species because it develops the ability to receive, interpret and react to language in complex ways. At birth the auditory system is functional, but it will continue to develop for over a decade. Prolonged periods of sensory deprivation during this period may cause permanent hearing loss. The purpose of this article was to describe the main stages of the auditory system development and the factors that may interfere with this development. KEYWORDS: auditory system; development, sensory deprivation; hearing loss.