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Os Mensageiros: Espíritos Desencarnados e Suas Missões, Notas de aula de Comunicação

Livro de andré luiz, publicado pela federação espírita brasileira, conta as experiências de francisco cândido xavier ao receber mensagens de espíritos desencarnados. O texto aborda temas como a vida no mundo espiritual, a renovação espiritual e a importância da fraternidade universal.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Francisco Cândido Xavier
Os Mensageiros
2o livro da Coleção
“A Vida no Mundo Espiritual”
Ditado pelo Espírito
André Luiz
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
DEPARTAMENTO EDITORIAL
Rua Souza Valente, 17
20941-040 - Rio - RJ - Brasil
http://www.febnet.org.br/
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Francisco Cândido Xavier

Os Mensageiros

2 o^ livro da Coleção “A Vida no Mundo Espiritual”

Ditado pelo Espírito

André Luiz

FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA

DEPARTAMENTO EDITORIAL Rua Souza Valente, 17 20941-040 - Rio - RJ - Brasil

http://www.febnet.org.br/

Coleção

“A Vida no Mundo Espiritual”

01 - Nosso Lar 02 - Os Mensageiros 03 - Missionários da Luz 04 - Obreiros da Vida Eterna 05 - No Mundo Maior 06 - Libertação 07 - Entre a Terra e o Céu 08 - Nos Domínios da Mediunidade 09 - Ação e Reação 10 - Evolução em Dois Mundos 11 - Mecanismos da Mediunidade 12 - Sexo e Destino 13 - E a Vida Continua...

  • Os Mensageiros............................................................................
  • 1 Renovação................................................................................
  • 2 Aniceto...................................................................................
  • 3 No Centro de Mensageiros
  • 4 O caso Vicente
  • 5 Ouvindo instruções.................................................................
  • 6 Advertências profundas..........................................................
  • 7 A queda de Otávio..................................................................
  • 8 O desastre de Acelino.............................................................
  • 9 Ouvindo impressões
  • 10 A experiência de Joel
  • 11 Belarmino, o doutrinador
  • 12 A palavra de Monteiro..........................................................
  • 13 Ponderações de Vicente........................................................
  • 14 Preparativos..........................................................................
  • 15 A viagem
  • 16 No Posto de Socorro.............................................................
  • 17 O romance de Alfredo
  • 18 Informações e esclarecimentos
  • 19 O sopro.................................................................................
  • 20 Defesas contra o mal
  • 21 Espíritos dementados..........................................................
  • 22 Os que dormem
  • 23 Pesadelos............................................................................
  • 24 A prece de Ismália..............................................................
  • 25 Efeitos da oração
  • 26 Ouvindo servidores
  • 27 O caluniador
  • 28 Vida social
  • 29 Notícias interessantes
  • 30 Em palestra afetuosa...........................................................
  • 31 Cecília ao órgão..................................................................
  • 32 Melodia sublime.................................................................
  • 33 A caminho da Crosta
  • 34 Oficina de “Nosso Lar”
  • 35 Culto doméstico
  • 36 Mãe e filhos........................................................................
  • 37 No santuário doméstico
  • 38 Atividade plena
  • 39 Trabalho incessante
  • 40 Rumo ao campo..................................................................
  • 41 Entre árvores
  • 42 Evangelho no ambiente rural..............................................
  • 43 Antes da reunião.................................................................
  • 44 Assistência
  • 45 Mente enferma
  • 46 Aprendendo sempre............................................................
  • 47 No trabalho ativo................................................................
  • 48 Pavor da morte
  • 49 Máquina divina...................................................................
  • 50 A desencarnação de Fernando
  • 51 Nas despedidas

Os Mensageiros

Lendo este livro, que relaciona algumas experiências de men- sageiros espirituais, certamente muitos leitores concluirão, com os velhos conceitos da filosofia, que “tudo está no cérebro do ho- mem”, em virtude da materialidade relativa das paisagens, obser- vações, serviços e acontecimentos.

Forçoso é reconhecer, todavia, que o cérebro é o aparelho da razão e que o homem desencarnado, pela simples circunstância da morte física, não penetrou os domínios angélicos, permanecendo diante da própria consciência, lutando por iluminar o raciocínio e preparando-se para a continuidade do aperfeiçoamento noutro campo vibratório.

Ninguém pode trair as leis evolutivas. Se um chimpanzé, guindado a um palácio, encontrasse recur- sos para escrever aos seus irmãos de fase evolucionária, quase não encontraria diferenças fundamentais para relacionar, ante o senso dos semelhantes. Daria noticias de uma vida animal aperfeiçoada e talvez a única zona inacessível às suas possibilidades de defini- ção estivesse justamente na auréola da razão que envolve o espíri- to humano. Quanto às formas de vida, a mudança não seria pro- fundamente sensível. Os pelos rústicos encontram sucessão nas casimiras e sedas modernas. A Natureza que cerca o ninho agreste é a mesma que fornece estabilidade à moradia do homem. A furna ter-se-ia transformado na edificação de pedra. O prado verde liga- se ao jardim civilizado. A continuação da espécie apresenta fenô- menos quase idênticos. A lei da herança continua, com ligeiras modificações. A nutrição demonstra os mesmos trâmites. A união de família consangüínea revela os mesmos traços fortes. O chim- panzé, desse modo, somente encontraria dificuldade para enume- rar os problemas do trabalho, da responsabilidade, da memória

Não falta concurso divino ao trabalhador de boa vontade. E quem observar o nobre serviço de um Aniceto, reconhecerá que não é fácil prestar assistência espiritual aos homens. Trazer a colaboração fraterna dos planos superiores aos Espíritos encarna- dos não é obra mecânica, enquadrada em princípios de menor esforço. Claro, portanto, que, para recebê-la, não poderá o homem fugir aos mesmos imperativos. É indispensável lavar o vaso do coração para receber a “água viva”, abandonar envoltórios inferi- ores, para vestir os “trajes nupciais” da luz eterna.

Entregamos, pois, ao leitor amigo, as novas páginas de André Luiz, satisfeitos por cumprir um dever. Constituem o relatório incompleto de uma semana de trabalho espiritual dos mensageiros do Bem, junto aos homens e, acima de tudo, mostram a figura de um emissário consciente e benfeitor generoso em Aniceto, desta- cando as necessidades de ordem moral no quadro de serviço dos que se consagram às atividades nobres da fé.

Se procuras, amigo, a luz espiritual; se a animalidade já te cansou o coração, lembra-te de que, em Espiritualismo, a investi- gação conduzirá sempre ao Infinito, tanto no que se refere ao campo infinitesimal, como à esfera dos astros distantes, e que só a transformação de ti mesmo, à luz da Espiritualidade Superior, te facultará acesso da fontes da Vida Divina. E, sobretudo, recorda que as mensagens edificantes do Além não se destinam apenas à expressão emocional, mas, acima de tudo, ao teu senso de filho de Deus, para que faças o inventário de tuas próprias realizações e te integres, de fato, na responsabilidade de viver diante do Senhor.

EMMANUEL

Pedro Leopoldo, 26 de fevereiro de 1944.

1 Renovação

Desligando-me dos laços inferiores que me prendiam às ati- vidades terrestres, elevado entendimento felicitou-me o espírito.

Semelhante libertação, contudo, não se fizera espontânea. Sabia, no fundo, quanto me custara abandonar a paisagem doméstica, suportar a incompreensão da esposa e a divergência dos filhos amados.

Guardava a certeza de que amigos espirituais, abnegados e poderosos, me haviam auxiliado a alma pobre e imperfeita, na grande transição.

Antes, a inquietude relativa à companheira torturava-me in- cessantemente o coração; mas, agora, vendo-a profundamente identificada com o segundo marido, não via recurso outro que procurar diferentes motivos de interesse.

Foi assim que, eminentemente surpreendido, observei minha própria transformação, no curso dos acontecimentos.

Experimentava o júbilo da descoberta de mim mesmo. Dan- tes, vivia à feição do caramujo, segregado na concha, impermeá- vel aos grandiosos espetáculos da Natureza, rastejando no lodo. Agora, entretanto, convencia-me de que a dor agira em minha construção mental, à maneira do alvião pesado, cujos golpes eu não entendera de pronto. O alvião quebrara a concha de antigas viciações do sentimento. Libertara-me. Expusera-me o organismo espiritual ao sol da Bondade Infinita. E comecei a ver mais alto, alcançando longa distância.

Pela primeira vez, cataloguei adversários na categoria de ben- feitores. Comecei a freqüentar, de novo, o ninho da família terres- tre, não mais como senhor do círculo doméstico, mas como operá-

A conversação espiritualizante tornara-se-me indispensável. Aprazia-me, antigamente, torturar a própria alma com as re- miniscências da Terra. Estimava as narrativas dramáticas de cer- tos companheiros de luta, lembrando o meu caso pessoal e embri- agando-me nas perspectivas de me agarrar, novamente, à parente- la do mundo, valendo-me de laços inferiores. Mas agora... perdera totalmente a paixão pelos assuntos de ordem menos digna. As próprias descrições dos enfermos, nas Câmaras de Retificação, figuravam-se-me desprovidas de maior interesse. Não mais dese- java informar-me da procedência dos infelizes, não indagava de suas aventuras nas zonas mais baixas. Buscava irmãos necessita- dos. Desejava saber em que lhes poderia ser útil.

Identificando essa profunda transformação, falou-me Narcisa certo dia:

  • André, meu amigo, você vem fazendo a renovação mental. Em tais períodos, extremas dificuldades espirituais nos assaltam o coração. Lembre-se da meditação no Evangelho de Jesus. Sei que você experimenta intraduzível alegria ao contacto da harmonia universal, após o abandono de suas criações caprichosas, mas reconheço que, ao lado das rosas do júbilo, defrontando os novos caminhos que se descerram para sua esperança, há espinhos de tédio nas margens das velhas estradas inferiores que você vai deixando para trás. Seu coração é uma taça iluminada aos raios do alvorecer divino, mas vazia dos sentimentos do mundo, que a encheram por séculos consecutivos.

Não poderia, eu mesmo, formular tão exata definição do meu estado espiritual.

Narcisa tinha razão. Suprema alegria inundava-me o espírito, ao lado de incomensurável sensação de tédio, quanto às situações da natureza inferior. Sentia-me liberto de pesados grilhões, po- rém, não mais possuía o lar, a esposa, os filhos amados. Regres- sava freqüentemente ao círculo doméstico e aí trabalhava pelo

bem de todos, mas sem qualquer estimulo. Minha devotada amiga acertara. Meu coração era bem um cálice luminoso, porém, vazio. A definição comovera-me.

Vendo-me as lágrimas silenciosas, Narcisa acentuou:

  • Encha sua taça nas águas eternas daquele que é o Doador Divino. Além disso, André, todos nós somos portadores da planta do Cristo, na terra do coração. Em períodos como o que você atravessa, há mais facilidade para nos desenvolvermos com êxito, se soubermos aproveitar as oportunidades. Enquanto o espírito do homem se engolfa apenas em cálculos e raciocínios, o Evangelho de Jesus não lhe parece mais que repositório de ensinamentos comuns; mas, quando se lhe despertam os sentimentos superiores, verifica que as lições do Mestre têm vida própria e revelam ex- pressões desconhecidas da sua inteligência, à medida que se es- força na edificação de si mesmo, como instrumento do Pai. Quan- do crescemos para o Senhor, seus ensinos crescem igualmente aos nossos olhos. Vamos fazer o bem, meu caro! Encha seu cálice com o bálsamo do amor divino. Já que você pressente os raios da alvorada nova, caminhe confiante para o dia!...

E, conhecendo meu temperamento de homem, amante do ser- viço movimentado, acrescentou, generosa:

  • Você tem trabalhado bastante aqui nas Câmaras, onde me preparo, por minha vez, considerando o futuro próximo, na carne. Não poderei, portanto, acompanhá-lo, mas creio deve você apro- veitar os novos cursos de serviço, instalados no Ministério da Comunicação. Muitos companheiros nossos habilitam-se a prestar concurso na Terra, nos campos visíveis e invisíveis ao homem, acompanhados, todos eles, por nobres instrutores. Poderia você conhecer experiências novas, aprender muito e cooperar com excelente ação individual. Porque não tenta?

Antes que pudesse agradecer o alvitre valioso, Narcisa foi chamada ao interior das Câmaras, a serviço, deixando-me domi-

2 Aniceto

Comunicando meus novos propósitos a Tobias, verifiquei a satisfação que lhe transpareceu do olhar.

  • Fique tranqüilo – disse, bondoso –, você possui a quantida- de necessária de horas de trabalho para justificar o pedido. Temos, por nossa vez, grande número de colegas na Comunicação. Não será difícil localizá-lo com instrutores amigos. Conhece o nosso estimado Aniceto?
  • Não tenho esse prazer.
  • É antigo companheiro de serviço – continuou informando, amável – e esteve conosco na Regeneração, algum tempo. Em seguida, devotou-se a tarefas sacrificiais no Ministério do Auxílio e, hoje, é instrutor competente na Comunicação, onde vem pres- tando concurso respeitável. Conversarei, a respeito, com o Minis- tro Genésio. Não tenha dúvidas. Seu desejo, André, é muito nobre aos nossos olhos.

O prestimoso companheiro deixou-me num mar de contenta- mento indefinível.

Comecei a compreender o valor do trabalho. A amizade de Narcisa e Tobias era tesouro de inapreciável grandeza, que o espírito de serviço me havia descortinado ao coração.

Novo setor de luta desdobrar-se-ia à minhalma. Não deveria perder a oportunidade. “Nosso Lar” estava cheio de entidades ansiosas por aquisições dessa natureza. Não seria justo entregar- me, de boa vontade, ao novo aprendizado? Além disso, certo da minha volta à carne, em futuro talvez não distante, a providência constituiria realização de profundo interesse ao meu aproveita- mento geral.

Misteriosa alegria dominava-me todo, sublimada esperança iluminava-me os sentimentos. Aquele desejo ardente de colaborar em benefício dos outros, que Narcisa me acendera no íntimo, parecia encher, agora, a taça vazia do meu coração.

Trabalharia, sim. Conheceria a satisfação dos cooperadores anônimos da felicidade alheia. Procuraria a prodigiosa luz da fraternidade, através do serviço às criaturas.

À noite, fui procurado por Tobias, sempre generoso, trazen- do-me a confortadora aquiescência do Ministro Genésio.

Com sorrisos afetuosos, convidou-me a acompanhá-lo. Con- duzir-me-ia à presença de Aniceto, para conversarmos relativa- mente ao assunto.

Emocionadíssimo, segui para a residência da nova persona- gem que se ligaria fundamente à minha vida espiritual.

Aniceto, ao contrário de Tobias, não se consorciara em “Nos- so Lar”. Vivia ao lado de cinco amigos que lhe foram discípulos na Terra, em edifício confortável, encravado entre árvores frondo- sas e tranqüilas, que pareciam postas ali para protegerem extenso e maravilhoso roseiral.

Recebeu-nos com extrema gentileza, o que me causou exce- lente impressão. Aparentava ele a calma refletida do homem que chegou à idade madura, sem fantasias da mocidade inexperiente. Embora lhe transparecesse muita energia no rosto, revelava o otimismo sadio do coração cheio de ideais sacrossantos. Muito sereno, recebeu todas as alegações do meu benfeitor, dirigindo- me, de quando em vez, olhares amistosos e indagadores.

Tobias falou longamente, comentando minha posição de ex- médico no plano terráqueo, agora em reajustamento de valores no plano espiritual.

Depois de examinar-me com atenção, o orientador aduziu:

lizadas em trabalhos domésticos e dezoito operários diversos. Em “Nosso Lar”, a ação que nos compete é desdobrada de maneira coletiva; mas, nos dias de aplicação na crosta terrestre, não me faço seguido de todos. Naturalmente, não se negará ao engenhei- ro, ou ao operário, o ensejo de aquisição de conhecimentos outros, que transcendem a paisagem de realizações que lhes cabem; mas, tais manifestações devem constar do quadro de esforços espontâ- neos, no tempo vasto que cada qual aufere para descanso e entre- tenimento. Considerando, pois, o serviço atual, temos interesse em aproveitar as horas no limite máximo, não só em beneficio dos que necessitam de nosso concurso fraternal, como também a favor de nós mesmos, no que toca à eficiência.

Ponderei, admirado, o curioso processo, enquanto o orienta- dor fazia longa pausa.

Após mergulhar toda a atenção em mim, como se desejasse perceber o efeito de suas palavras, Aniceto continuou:

  • Este método não visa apenas a criar obrigações para os ou- tros. Aqui, como na Terra, quem alcança a melhor porção, nas aulas e demonstrações, não é propriamente o discípulo e sim o instrutor, que enriquece observações e intensifica experiências. Quando o Ministro Espiridião me chamou a exercer o cargo, aceitei-o sob a condição de não perder tempo na melhoria e edu- cação de mim mesmo. Desse modo, não preciso alongar-me nou- tras considerações. Creio haver dito o bastante. Se está, portanto, disposto, não posso recusar-me a aceitá-lo.
  • Compreendo seus nobres programas – respondi, comovido –, será honra para mim a possibilidade de acompanhá-lo e receber suas determinações de serviço.

Aniceto esboçou a expressão fisionômica de quem atinge a solução desejada, e concluiu:

  • Pois bem; poderá começar amanhã.

E, dirigindo-se a Tobias, acrescentou:

  • Encaminhe o nosso amigo, amanhã cedo, ao Centro de Mensageiros. Lá estaremos em estudo ativo e providenciarei para que André seja bonificado pelas tabelas da Comunicação.

Agradecemos, satisfeitos, e, logo em seguida a Tobias, des- pedi-me, alimentando novas esperanças.

rios invisíveis. Organizamos turmas compactas de aprendizes para a reencarnação. Médiuns e doutrinadores saem daqui às centenas, anualmente. Tarefeiros do conforto espiritual encaminham-se para os círculos carnais, em quantidade considerável, habilitados pelo nosso Centro de Mensageiros.

  • Que me diz? – interroguei, surpreso. – Segundo seus infor- mes, os trabalhos de esclarecimento espiritual devem estar muitís- simo adiantados no mundo!...

Fixou Tobias expressão singular, sorriu tranqüilamente e ex- plicou:

  • Você não ponderou, todavia, meu caro André, que essa pre- paração não constitui, ainda, a realização propriamente dita. Saem milhares de mensageiros aptos para o Serviço, mas são muito raros os que triunfam. Alguns conseguem execução parcial da tarefa, outros muitos fracassam de todo. O serviço legítimo não é fantasia. É esforço sem o qual a obra não pode aparecer nem prevalecer. Longas fileiras de médiuns e doutrinadores para o mundo carnal partem daqui, com as necessárias instruções, porque os benfeitores da Espiritualidade Superior, para intensificarem a redenção humana, precisam de renúncia e de altruísmo. Quando os mensageiros se esquecem do espírito missionário e da dedica- ção aos semelhantes, costumam transformar-se em instrumentos inúteis. Há médiuns e mediunidade, doutrinadores e doutrina, como existem a enxada e os trabalhadores. Pode a enxada ser excelente, mas, se falta espírito de serviço no cultivador, o ganho da enxada será inevitavelmente a ferrugem. Assim acontece com as faculdades psíquicas e com os grandes conhecimentos. A ex- pressão mediúnica pode ser riquíssima; entretanto, se o dono não consegue olhar além dos interesses próprios, fracassará fatalmente na tarefa que lhe foi conferida. Acredite, meu caro, que todo trabalho construtivo tem as batalhas que lhe dizem respeito. São muito escassos os servidores que toleram as dificuldades e reveses

das linhas de frente. Esmagadora percentagem permanece a dis- tância do fogo forte. Trabalhadores sem conta recuam quando a tarefa abre oportunidades mais valiosas.

Algo impressionado, considerei:

  • Isto me surpreende sobremaneira. Não supunha fossem pre- parados, aqui, determinados mensageiros para a vida carnal.
  • Ah! meu amigo – falou Tobias sorridente –, poderia você admitir que as obras do bem estivessem circunscritas a simples operações automáticas? Nossa visão, na Terra, costuma viciar-se no círculo dos cultos externos, na atividade religiosa. Cremos, por lá, resolver todos os problemas pela atitude suplicante. Entretanto, a genuflexão não soluciona questões fundamentais do espírito, nem a mera adoração à Divindade constitui a máxima edificação. Em verdade, todo ato de humildade e amor é respeitável e santo, e, incontestavelmente, o Senhor nos concederá suas bênçãos; no entanto, é imprescindível considerar que a manutenção e limpeza do vaso, para recolhê-las, é dever que nos assiste. Não prepara- mos, pois, neste Centro, simples postalistas, mas espíritos que se transformem em cartas vivas de Jesus para a Humanidade encar- nada. Pelo menos, este é o programa de nossa administração espiritual...

Calei, emocionado, ponderando a grandeza dos ensinamentos. Meu companheiro, após longa pausa, prosseguiu observando:

  • Raros triunfam, porque quase todos estamos ainda ligados a extenso pretérito de erros criminosos, que nos deformaram a personalidade. Em cada novo ciclo de empreendimentos carnais, acreditamos muito mais em nossas tendências inferiores do passa- do, que nas possibilidades divinas do presente, complicando sempre o futuro. É desse modo que prosseguimos, por lá, agarra- dos ao mal e esquecidos do bem, chegando, por vezes, ao dispara- te de interpretar dificuldades como punições, quando todo obstá-