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Peninsulares”, e a de Eça de Queirós, “O Realismo como Nova Expressão de Arte”. ... As Personagens da Intriga Principal, especialmente Carlos, Afonso e Ega, ...
Tipologia: Notas de estudo
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Contexto em que surge: Romantismo demasiado limitado aos problemas nacionais. Período que sucede ao primeiro romantismo português (1850-1870) – não é fértil em criações originais, rareiam os contactos com o estrangeiro a nível das grandes criações de ideias período de estagnação.
Segunda geração romântica – grupo de escritores, mais ou menos comprometidos com o regime da Regeneração (privilegiados pelos cargos que esta lhes oferecia). Produziam uma literatura oficial, caracterizada pelo conservadorismo e pela consequente deterioração estética.
António Feliciano de Castilho – personalidade do ultra-romantismo (de temática soturna, melancólica, cujos expoentes eram a morte, a saudade, o amor infeliz, ...)
Geração de 70 – Grupo de jovens universitários de Coimbra pensa e põe em causa toda a cultura, desde as suas origens prepara uma profunda alteração na ideologia e estrutura social (a revolução republicana de
Cerca de 1865 o grupo de ultra-românticos é contestado pelos jovens intelectuais de Coimbra, dos quais se destacam Antero de Quental e Teófilo Braga , que se batiam por uma abertura a influências culturais europeias (nomeadamente, francesas e alemãs). A polémica gerada por esta confrontação ficou conhecida como Questão Coimbrã.
Mais do que um confronto entre movimentos literários, a Questão foi sobretudo uma confrontação entre duas concepções de literatura: uma alienada e perfeitamente decorativa (ultra-romantismo) e outra, perfilhada por Antero, que defendia uma literatura em que os problemas da sociedade deveriam ter lugar. Deste grupo faziam ainda parte nomes como Guerra Junqueiro , Oliveira Martins , Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. Este último apareceu inicialmente ligado a Castilho na Questão Coimbrã, mas acabou por ser um dos membros mais activos da Geração de 70.
IDEÁRIO DA GERAÇÃO DE 70
Inconformismo com a estagnação cultural
Rejeição do estilo melodramático e rebuscado do ultra-romantismo
Adesão aos “ventos” da industrialização e modernização europeia
“paixão” pela luta contra os grandes problemas sociais
Reflexão sobre os conflitos políticos
Questionação da cultura portuguesa desde a sua origem
Preparação da revolução ideológica e política da sociedade portuguesa
Revalorização das tradições culturais
Recriação da língua e linguagem para permitir a tradução de um mundo novo.
No final dos seus estudos em Coimbra, os jovens envolvidos na Questão Coimbrã foram viver para Lisboa. Entendendo que Portugal se deveria aproximar da Europa culta, passaram a reunir-se para discutir problemas sociais, políticos, filosóficos, culturais e religiosos; eram conhecidos em Lisboa como o Grupo do Cenáculo. O grande impulsionador no âmbito do grupo foi Antero de Quental que decidiu organizar na sala do Casino Lisbonense uma série de conferências abertas, onde se expressassem as grandes questões contemporâneas: religiosas, literárias, sociais e científicas. Nascem, assim, em 1871 as Conferências do Casino.
De todas as conferências destacam-se a de Antero , “Causas da Decadência dos Povos Peninsulares” , e a de Eça de Queirós , “O Realismo como Nova Expressão de Arte”.
Na sua conferência Antero analisa a história de Portugal, identificando os factores que contribuiram para a nossa decadência: de carácter político, o absolutismo monárquico; de âmbito religioso, o papel opressor da religião católica, especialmente da inquisição; de cariz económico, o fracasso dos projectos comerciais implementados pelos Descobrimentos.
Na conferência de Eça são apresentadas as razões para a necessidade de proceder, em termos literários, a uma revolução como a que se estava a operar na política, na ciência, na vida social. O Realismo é, então, apresentado como a negação da arte pela arte, da retórica balofa; o Realismo é a análise com vista à verdade absoluta, é a anatomia do carácter; fazendo um retrato do homem e da sociedade, o Realismo tocava os limites da moral, visando a justiça e a verdade. Segundo o próprio Eça “o Realismo é uma reacção ao romantismo; o Romantismo era a apoteose do sentimento, o Realismo é a anatomia do carácter”. E ainda, “o romance tem de nos transmitir a natureza em quadros exactíssimos, flagrantes, reais.”
Movimento estético-literário ligado ao Realismo (pode considerar-se o seu prolongamento). No romance naturalista encaram-se os factos como resultado de causas determinantes – por exemplo, a educação, o meio, a hereditariedade,... O indivíduo é uma entidade passiva, condicionada por estes factores e incapaz de lhes escapar. daqui advém o carácter fatalista deste movimento.
a) Vida dissoluta
b) Encontro fortuito com Maria Monforte
Paixão
c) Pedro procura um encontro com Maria
Monforte
d) Encontro através de Alencar / Melo
Elemento de oposição: a Negreira (oposição real de Afonso)
e) Encontros e casamento
f) Vida de casados: viagem ao estrangeiro, vida
social em Arroios, nascimento dos filhos
g) Retardamento do encontro com Afonso
Elemento desencadeador do drama: o Napolitano
h) Infidelidade e fuga de Maria Monforte –
reacções de Pedro
O drama
i) Regresso de Pedro ao Ramalhete, diálogo com
Afonso e suicídio de Pedro
j) Motivação para a morte de Afonso
a) Vida dissoluta b) Encontro fortuito com Maria Eduarda
Paixão
c) Carlos procura um encontro com Maria Eduarda d) Encontro através de Dâmaso (Indirecto)
Elemento de oposição: a amante (oposição potencial de Afonso)
e) Encontros e relação f) Vida de relacionamento íntimo: viagem ao estrangeiro e casamento adiados, vida social na Toca g) Retardamento por causa de Afonso
Elemento desencadeador da tragédia: o Guimarães
h) Descoberta do incesto – reacções de Carlos
A iminência da tragédia
i) Encontro de Carlos com Afonso, sem diálogo, e motivação para o suicídio de Carlos j) Morte de Afonso
As Personagens da Intriga Principal , especialmente Carlos, Afonso e Ega, revelam complexidade psicológica e conflito interior; são personagens modeladas. Embora sendo este um romance de família, esta não assume o papel de personagem colectiva. A partir do Capítulo III o narrador volta a sua atenção para Carlos, o que pode levar-nos a concluir que as referências às gerações de Afonso e Pedro só foram feitas para explicar a presença de Carlos em Lisboa.
No que se refere a esta personagem, a narrativa compreende as seguintes etapas:
A época da formação de Carlos (Cap. III) Os seus estudos em Coimbra (Cap. IV) Vida social em Lisboa e a sua intriga (Cap.s IV a XVII) O seu regresso a Lisboa com o objectivo da apresentação de significados simbólicos e ideológicos (Cap. XVIII)
FIM DA ANALEPSE – Carlos no meio lisboeta.
Idealismo de Carlos (p. 97)
Luxo do consultório (p. 99) Ócio/actividades lúdicas Vs Trabalho A preocupação com o conforto e com a aparência é indiscutivelmente maior do que com a funcionalidade.
O ócio e a indolência invadem Carlos (pp. 102-103)
Práxis (pp.289-290) Carlos incapacidade de concretização de projetos Reflexão de Carlos Ega [Tempo Psicológico]
Concretização do seu percurso rumo ao falhanço (p. 713) Carlos assume-se como parasita – o anti-heroi
O desencanto de uma existência; comparável ao percurso dos homens da Geração de 70
Destacam-se na personalidade de Carlos as seguintes características: cosmopolitismo , sensualidade , luxo , diletantismo* e dandismo*.
*diletantismo - qualidade ou carácter de diletante; diletante - aquele que exerce uma arte (ou profissão) por paixão e não por obrigação; dandismo – o mesmo que janotismo; excessivo rigor ou luxo no trajar; apuro; ostentação.
Falhámos a vida, menino!
A feição trágica d’ Os Maias advém dos seguintes aspectos:
Cap. I – pág.s 7 (“…eram sempre fatais aos Maias as paredes do Ramalhete.”), 22 (parecença de Pedro com o bisavô, que enlouqueceu e se enforcou), 29 - 30 (a sombrinha escarlate de Maria Monforte tapa Pedro e parece a Afonso uma larga mancha de sangue)
Cap. VI – pág. 152 (Ega compara Carlos a Dom Juan – “Tu és simplesmente como ele, um devasso; e hás-de vir a acabar desgraçadamente como ele, numa tragédia infernal!”)
Cap. IX – pág. 263 (origem dos olhos azuis de Rosa)
Cap. X – pág. 344 ( Carlos afirma que nunca se sabe se o que nos acontece é, na verdade, bom ou mau. Craft responde que, por regra, é mau.)
Cap. XI – pág.s 347 (quando vai a casa de Maria Eduarda para observar a governanta, em cima de uma mesa há uma jarra com três lírios brancos, já murchos = os três Maias), 368 (Carlos acha semelhanças entre Maria Eduarda e Afonso, pelo facto de ser piedosa)
Cap. XII – pág. 415 (Ega pressente um “grave segredo” na vida de Carlos)
Cap. XIII – pág. 434 (decoração do quarto, na Toca)
Cap. XIV – pág.s 458 (ao adiar a partida para Itália “...o presságio de um futuro onde tudo seria confuso e escuro também.”), 471 (Maria vê em Carlos parecenças com a sua mãe)
Cap. XVII – pág. 681 (“Há três anos, quando o Sr. Afonso me encomendou aqui as primeiras obras, lembrei-lhe eu que, segundo uma antiga lenda, eram sempre fatais aos Maias as paredes do Ramalhete. O Sr. Afonso da Maia riu de agouros e lendas... Pois fatais foram!”).
Cap. II – pág. 38 (a escolha do nome Carlos Eduardo “parecia-lhe conter todo um destino de amores e façanhas.”)
Cap. VI – pág. 152 (Ega diz a Carlos que cada um tem “a sua mulher” e, ainda que estejam longe um do outro, inevitavelmente, encontrar-se-ão)
Cap. VIII – pág. 245 (imaginação de Carlos acerca de Maria – “…foi-lhe surgindo na alma um romance radiante e absurdo: um sopro de paixão mais forte que as leis humanas, levava juntos o seu destino e o dela.”)
Cap. XI – pág. 346 (similitude nos nomes de ambos – “Quem sabe se não pressagiava a concordância dos seus destinos!”)
Cap. XII – pág.s 409 (“...como se esperassem, suspensos, o desfecho supremo dos seus destinos...”) 411 (“...conhece- me tão pouco, para irmos assim ambos, quebrando por tudo, criar um destino que é irreparável...”), 417 (Ega percebe, pelo modo como Carlos fala de Maria, que esse amor se tornou “o seu irreparável destino.”)
Cap. XV – pág. 516 (Carlos considera-se “apanhado dentro de uma implacável rede de fatalidades...”)
Cap. XVII – pág. 646 (o destino abate-se mais uma vez sobre Afonso - “...vencido enfim por aquele implacável destino que, depois de o ter ferido (...) com a desgraça do filho – o esmagava (...) com a desgraça do neto.”)
A temática do incesto , que domina todo o desencadear da intriga, era já tema fulcral da tragédia Rei Édipo , de Sófocles. Pelo seu carácter de ocorrência excepcional (especialmente nas circunstâncias em que ocorre n’ Os Maias ) está talhado para servir uma acção que reúna dois requisitos da tragédia: a impossibilidade de resolução pacífica do conflito instaurado e o facto de atingir, com o seu impacto destruidor, seres dotados de condição superior e acariciados pela felicidade.
O narrador é heterodiegético , ou seja, não é uma personagem da história.
Assume, geralmente, uma atitude de observador.
Marcas linguísticas: verbos na 3ª pessoa; pronomes e determinantes na 3ª pessoa; discurso indireto livre (nesta obra).
O narrador omnisciente sabe tudo sobre as personagens: o seu passado, presente e futuro, bem como os seus sentimentos e desejos mais íntimos. É como um deus que tudo viu e tudo sabe. Verificamos que o narrador do romance conhece todo o passado dos Maias, sabendo mais sobre eles do que as próprias personagens. Isto permite-lhe arquitetar o romance, jogando com várias técnicas narrativas ao nível do tempo do discurso (por exemplo, a analepse).
Um exemplo concreto do conhecimento do narrador relativamente à interioridade das personagens é o momento em que mostra conhecer os sentimentos que Afonso não expressa quando o filho, Pedro, surge perante ele, desesperado com a fuga da Monforte. (Final do cap. II – p. 44 – “Uma sombria tarde de Dezembro…”)
O ponto de vista , ou perspetiva narrativa, corresponde à adoção, por parte do narrador, de uma determinada posição para contar a história.
Perspetivar a diegese de acordo com uma determinada focalização não é só ver a diegese por certos olhos; é tomar em relação a ela uma posição afetiva e/ou ideológica. Constituir-se-á assim uma imagem particular da história, configurada pela subjetividade da personagem que a perspetiva.
N’ Os Maias é fundamentalmente sobre Carlos que recai a focalização interna: as outras personagens dependem da sua visão do mundo e é a sua subjetividade que atua como elemento filtrante da realidade observada.
A focalização interna valoriza o universo psicológico de Carlos e proporciona uma visão crítica da sociedade.
O ponto de vista de Carlos é sobretudo evidente nas passagens em que a obra nos dá a conhecer Maria Eduarda (o primeiro avistamento, o primeiro encontro,…). Aliás, parece ser na caracterização desta personagem feminina que o narrador mais abdica da sua omnisciência. Mas também existem outros exemplos da focalização interna de Carlos, como o jantar do Hotel Central ou o Passeio Final, em que a visão crítica da decadência do país é filtrada pelo olhar do protagonista.
Toca (território de Carlos e de Maria Eduarda – realça o caráter animalesco da relação, dominada pelo desejo, pela paixão sensual) A decoração permite antever o desfecho da relação que, desafiando valores humanos se rende a outras leis, através da relação incestuosa.
Os microespaços em que se desenrola a crónica de costumes: Hipódromo de Belém , Teatro da Trindade , Redações dos jornais , Largo de Camões ,...
Figurantes Crítica à sociedade portuguesa Alencar e Ega Craft Eusébiozinho Cohen Palma “Cavalão” Steinbroken (filho de Sousa Neto) Mulheres da alta sociedade Dâmaso Conde de Gouvarinho Sousa Neto Rufino Cruges
Literatura Aristrocracia inglesa Educação portuguesa Alta finança Imprensa / jornalismo Diplomacia Mulher portuguesa da alta sociedade Corrupção/decadência moral Política Administração pública Oratória balofa Talento não reconhecido
Ao longo da acção Carlos vai tomando contacto com inúmeros ambientes e episódios que ilustram a sociedade lisboeta do século XIX.
(pág. 156-176)
Objectivos:
Intervenientes:
Temas Discutidos :
1. A Literatura e a crítica literária
Tomás de Alencar João da Ega
Carlos e Craft Narrador
Próximos de Eça, quando defende para a literatura uma nova forma
Há quatro corridas : 1ª: a do primeiro prémio dos “Produtos” 2ª: a do Grande Prémio Nacional 3ª: a do Prémio de El-Rei 4ª: a do Prémio de Consolação
Visão Caricatural
Conclusões
(pág. 388-402)
Objectivos:
Temas mais prementes da vida social
O episódio evidencia especialmente a mediocridade mental de dois figurantes : o conde de Gouvarinho e Sousa Neto.
CONDE DE GOUVARINHO SOUSA NETO
mulheres
mais absurdas)
Superficialidade dos juizos dos mais destacados funcionários do Estado; incapacidade de diálogo por manifesta falta de cultura.
Fracasso total dos objectivos das corridas Radiografia perfeita do atraso da sociedade lisboeta O verniz da civilização estalou completamente A sorte de Carlos, ganhando todas as apostas, é indício de futura desgraça.
(pág. 530-579)
Os jornais da época não escapam ao olhar atento de Eça:
JORNAIS ATINGIDOS A Corneta do Diabo A Tarde O director é Palma “Cavalão”, um imoral; A redacção é um antro de porcaria; Publica um artigo contra Carlos, mediante dinheiro Vende a tiragem do número do jornal onde saíra o artigo Publica folhetinzinhos de baixo nível
O director é o deputado Neves Recusa publicar a carta de retractação de Dâmaso porque o confunde com um seu correligionário político Desfeito o engano, serve-se da mesma carta como meio de vingança contra o inimigo político Só publica artigos ou textos dos seus correligionários políticos O baixo nível; a intriga suja; o compadrio político; tais jornais, tal país
(pág. 586-613)
“sarau” – termo que sugere um público frequentador culto, NO ENTANTO os espectadores frequentam estes lugares, não pela qualidade do espetáculo, mas pela importância do convívio social.
Objectivos da realização do sarau:
OS ORADORES RUFINO ALENCAR
sentimentalismo
sociais
estéticos estereotipados
As classes dirigentes alheadas da realidade: uma sociedade deformada pelos excessos líricos do ultra-romantismo: tal oratória, tal país.
O Ramalhete - Sinédoque do país – atingido pela destruição e abandono
Roteiro simbólico do Passeio Símbolos Simbologia
Estátua de Camões
Dâmaso e os Lisboetas
Antigo consultório de Carlos
Ramalhete
Nostalgia de um passado glorioso ao qual se opõe um presente apagado e sem brilho
Ânsia de acesso à civilização e desrespeito pelos costumes genuinamente portugueses. Falta de originalidade, autenticidade e dinamismo
Memórias de um tempo activo, em que se acreditava nos projectos de vida para o futuro.
Degeneração da família Maia e do país, à beira da crise