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Oralidade e Escrita - Leonor Favero, Notas de estudo de Pedagogia

ORALIDADE E LETRAMENTO

Tipologia: Notas de estudo

2016

Compartilhado em 15/05/2016

claudete-almeida-rosa-10
claudete-almeida-rosa-10 🇧🇷

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Fávero,konor Lop€s OÉlidadee esçrita: perspectivapaÌao ensinode^ língua matema/ konor l,opesFávero,MariaLúciadaCunhaV de OliveiÍaAndrade,Zilda^ CasparOliveiradeAquino.-2. ed.- SãoPaulo: CoÍtez,2000.

Bibliognfia- lsBN 85-249-0715-

l. Comunicaçãooral. 2.^ Escrita 3.Fala 4. Linguageme línguas- Estudoe €nsino5. OralidadeI. Andrade'MaÌia^ Lúcia daCunhaV de Oliveira.ll. Aquino,Zilda^ GasparOliveirade lII. Tïtulo.

DadosIntèrnacionaisde Catalogaçãona Publicação(ClP) (CâmaraBrãsilelÍado Livro,SB BÍasil)

índices para catálogo sistemático: l. Línguamatema:Oralidadee^ escÍita: Ensino: Lingüística410.

  1. Oralidadee escrita:Línguamatema:Ensino: Lingúística410.

I

íft"fl,tÇ,àã* eb /.,.ffi

l€onorbpesFá,eío

Marh LrúciaG.V.O.Andrade

Zlda(ìO.Aquino

^trtr

t,raildade

e escrita

perspectivasparao

ensinodelínguamatema

P edição

@EfiflÉã

Repetição

Correção

Capítulo IV - As relaçõesentre fala e escrita.. ..

Condições de produção Operaçõesde transformação Sugestõesde atividades

Conclusão

Anexo - Normaspara transcriçãodos textos orais..

Referênciasbibliográficas

9l

l

t2l

ApnpsplvtaçÃo

O objetivodestaobra é apresentarao leitor a questão

do tratamentoda oralidadeno ensino de língua matema,

pois há consensoentreos responsáveispor esseensinoque

"o texto escritonão é mais^ o soberano"e que,^ taÍìto^ quanto

a escrita,a fala tem "sua própria^ maneirade se organizar,

desenvolvere transmitirinformação,o que permite^ qu@

G )ome como fenômenoespecífico"(Marcuschi,1993:4).

O livro compõe-sede quatrocapítulos,alémda intro-

dução e da conclusão.Na introduçãoe no CapítuloI, são

apresentadasa organizaçãoda fala - níveis constitutivos

e níveis de estruturação- e da escrita- o parágrafo.No

Capítulo II,^ discute-sea coesãoe a coerênciano texto

falado, mostrandoque a análisedessesdois fatoresconsti

tutivos do texto deve ser feita de forma diferenteda dos

textos escritos,já^ que são de naturezadiversa, pois a

conversaçãoseproduzdialogicamente,comocriaçãocoletiva.

Sãoexaminadoso turno conversacional,o tópico discursivo,

os marcadoresconversacionaise o par adjacente.

No CapítuloIII, sãoanalisadasatividadesde formulação

como a hesitação,a repetição,a paráfrasee a correção.No

Capítulo IV, observam-seas relaçõesentre fala e escrita,

trabalham-seas operaçõesde transfomaçãoe são sugcridas atividadespara apÌicaçãoem sala de aula. O corpus utilizado compõe-sede textos do (^) I'rojeto NURC/SPdo tipo D2 ídiálogoentredois inforrnanrcs).ajcim de conversaçòesesponlânerse de entrevistaslrlnscr.itirsem Andrade (1995) e Aquino (1997). Os inquéritosdo l)roicto NURC/SP do tipo D2 podem ser considerados,cln rletrns momentos. (^) nìo simplesmentecliálogos (^) no senrido cstr-ito, mas trílogos,de acordocom Kerbrat-Orecchioni(Ì995), uma vez que apresentamuma estruturamais abertae mais irn_ previsível (^) que a do diálogo, e a troca se dá entre trôs e não doìs participantes(Documentador,Locutor I c l,ocrrtoÍ 2). Já as entrevistasde televisãoaqui expostaslônì scrììpre uma estruturamais aberta e mais imprcvisívcl trtrc a tlo diálogoem que L2 só pode interv;rupí,:,rr t.rl:r,1. l.t. onde a interrupçàoe a "única fanrlsiailrre()\ ilterl()cut()rcs" se podem^ permitir no que se reÍcrc (^) iì altelniìrrcirrrlc turnos". (Kerbrat-Orecchioni,op. cit.) Assirn, invalirlrrst. rr Íìir.rrlrla ab nb ab aplicada (^) somentc ao cliÍlogo,.jri 11rrr.rro /r./o,go ots,no polílogo essesesqucmasnão possucnìr.ctr.l lirlr. A obra,.destina-scprecipuamcntea proÍcssolcs.r.strr_ dantesde graduaçãoe pessoasinteressaclascnt irrlìrrrr;rrsc sobrequestõesconcernentesao tratamentogcr.ultllr olrrlitllrtlc e suas relações (^) com a escrita, (^) e ptocuriÌ rÌìoslfir. (lu(, o estudodaquela.emborase v:rlhudls teorirrsrl;r An;rlisr.tlrr Conversação,SociolingüísticaIntcraciolal,Arlilisr. (^) rlo l)is- curso e de outras ciências,não podc ocol.('r i\olir(llnt(.ltcl poismantémcom a escritarclaçõcsrrrritrr;rst. irrtr.rrrrrrrlriiivcis.

Espera-seter atingido (^) os ohjctivos rlcscjrrrlos

IwrnonuçÃo

Fala e escrita

Muitas pesquisas (^) têm sido realizadas ultimamente sobre a língua falada, quer nas ciências humanas, quer nas sociais,e, ainda que um número crescentede trabalhos compare-acom a modalidadeescrita,pouco sabemossobre elas. Embora nas durs o sistemalingüísticoseja o mesmo para a construçãodas frases,"as regras de sua efetivação, bem como os meios empregados,são diversos e específicos, o que acaba por evidenciar produtos diferenciados" (Mar- cuschi, 1986:62). Sociólogos, antropólogos,educâdores,psicólogos e lingtiistas têm se debrgç{do sobre o assuÌÌtoe, diante de tanto interesse,era de (^) [se)esperarque as característicasda fala e da escritajá tivesíem sido analisadasexaustivamente, porém, se há muitos trabal@ (^) entre eles- é pequena.^ A escrita tem sido vista como de estrutura complexa, formal e abstrata,enquantoa fala, de estrutura simples (^) ou desestruturada,informal, concretae dependente do contexto.

Teixeira de Castilho,e os trabalhosde Estudosda Norma

UrbanaCulta do Brasil (ProjetoNURC), especialmentedo

grupo de São Paulo, coordenadopor Dino Preti.

Quantoà escola,não se trata obviamentede "ensinar

a fala", mas de mostraraos alunos a grandevariedadede

usosda fala, dandolhesa consciênciade que a línguanão

é homogênea,monolítica,trabalhandocom elesos diferentes

níveis (do mais coloquialao mais formal) das duas moda-

lidades- escritae falada-, isto é, procurandotorná-los

"poliglotasdentro de sua própria língua" (Bechara,1985).

Reafirmando,com Castilho(1998: 13),

"(...) não se acredita mais que a função da cscola deve concentÍar-seapenasno ensino da língua escrila, a pretexto de que o aluno já (^) aprendeu a língua falada em casa, Ora, se essa disciplina se concenÍasse mais na reflcxão sobre a

4. língua que falamos,@!Ig!4o_!g_.bdg*u_,Igpry!qç{,1d"

esquemasclassificatóÍios, logo se descobriria a importância da língua falada, mesmo para a aquisição da língua cscrita".

Na veiâade,vem-secriando a consciênciade quc a

oralidadetem um papelno ensinode línguae, nessescniido,

os ParâmetrosCurricularesNacionaisafirmam quc:

"a questão não é falar certo ou €rÍado c sim sabcr que forma de fala utilizar, considerandous c r ctcríslicitsdo contexto de comunicação, ot (^) se1a,saber aderlu(r e rcgisto às diferentes situações comunicativas. É subcr crxrrdcnar sâtisfatoriamenteo que falar e como Íuzê.1o,cOnsidcrtndo a quem e poÍ que (^) se diz dclcrmin$du coisl" (grilìrs nossos).

Como já^ apontouMarcuschi( 1997),r qucstiloda

oralidadeé colocadacomo um prohlemtrlc ,lrdcquuçloàs

diferentessituaçõescomunicativas".

ti

Nessaperspectiva,o ensinoda oralidadenão pode^ ser

visto isoladamente,isto é, sem relaçãocom a escrita,pois

elas mantêmentresi relaçõesmútuase intercambiáveis.E

o que pretendefazer este livro que ora passamosas suas

mãos, caro leitor, lembrandoque ele se coloca como um

caminhopara a consecuçãoda propostaapresentada.

l

Em síntese,podemosdizer que um cvcrìtoconrunicativo constitu!sedos seguintesaspectossignificalivos: a) situaçãodiscursiva:formal, inforrnal; b) eventode faÌa: (^) casual,espontâneo,proÍìssional,ins- titucional; c) tema do evento: (^) casual,prévio; d) objetivo do evento: nenhum,prévio; e) graude preparonecessárioparaefetivaçiodo cvento: nenhum,pouco. muito. 0 participantes;idade,sexo, posiçãosocial, formação, profissão,crençasetc.; g) relaçãoentre os participantes:amigos, conhecidos, inimigos, (^) desconhecidos,pârentes; h) canal utilizado para a realizaçãodo evento: Íìce a face, telefone, rádio, televisão, internct. A (^) seleçãode um ou outro item dentre os elcncados interfere nas condições de produção do texto falado, deter_ mlnando a especificidadedo evento discursivo. para que possamose*pÌicitar melhor essa questão,observemosos exemplos:

  • _

(Ì) (^) Contextualização:momentosde interaçãoentre um oftalmologisra(Ll) (^) e sua paciente(L2).

Ll (^) donaM... como vai a senhora? L2 bem...obrigada... Ll (^) entãohoje (^) vamostestaras lentes...não (^) é? bem...eu já disse (^) para a senhoraque poucaspessoasconseguem adaptar-seàs ÌentesVarilux...especialmenteàs de con- {ato... L2 ceno... mas vamos lental Ll por favor...entãome acompanheató a salinhuao lado... minha auxiliar irá ajudá-Ia... (Convcrslçioespontânea)

Trata-sede uma situaçãodiscursiva formal, já esperada num evento de fala profissional,^ cujo tema é preestabelecido por dizer respeitoa uma consultamédicaem que se combinara a colocaçãode lentesde contato;assim,o objetivodo evento é prévio e seu grau de preparaçãonecessáriopara efetivação do encontro é relativo, ou seja, há certa prepaÍação,já que o médico mantém um diáÌogo de rotina com sua paciente; entretanto, algumas falas podem ser específicas para essa pacientedevido às necessidadesdo andamentoda consulta. Quanto aos paÍicipantes, Ll^ conduz a interação (o diálogo é, então, assimétrico) e caracteriza-sepor ser um homem da segunda faixa etária (36 a 55 anos), mestre em Oftalmologia,mantendouma relação profissionalcom sua paciente,mulher,pertencentetambémà segundafaixa etária, mestre em Educação, e o canal utilizado é face a face. A identifìcaçãodos componentesda estruturado trecho apresentadopermite afirmar que a produção do texto falado resultada conjugaçãode vários fatorese, além disso, essa conjugação possibilita também detectar o tipo de relação de poder que se instauraentre os participantes. Numa situaçãodiscursivainfôrmal, em que há paren- tesco entre os interlocutores,a relação poderá^ ser distinta, como se observano segmentoa seguir: (2) L2... achoque meu conhecimentode São Pauloé muito restÍito se compararcom papai por exemplo.... Ll eu fui:: quinta-feira...não foi terça-feiraà noite fui Ìá no ( ) né? lá na Celso Furtado L2 éh:. Ll passeiali em ftente à:: Faculdadede Direito...então estavalembrando...queeu ia muito lá quantotinhasete nove onze...(com)a titia sabe?...e:: estámuito pior a cidade (NIJRC-SPD2 343, linhas 15 a 23, p. 17)

l

No exemplo(2) tem-seuma situaçãodiscLrrsivainlìrr-mal, em que Ll é um rapaz de 26 anos, (^) solteiro c cnfcnhciro. e L2 é uma jovem de 25 anos. solreiru c psictil,rr;r..., u relaçãoentre os participanlesé de parenrcs.:,r.jrí irre sjo irmãos, têm um conhecimentopartilhadobasttntc gr.iìndee manlêm. nesse segmento.o mesmo nívcl rlc I.cirçlìo rJe pooer. Por tratar-sede um inquérìto do projcro NUIÌ(', (^) o tema do encontrofoi sugeridopelo documentdrrr..irrclie;rdo que os participantesdeveriamconversarsobrc a cidrdc c o comércio.O canal utiÌizadopara a realizaçãotkr cvurto foi face a face. (3) Contextualização:Mãe (Ll) (^) e filho (1.2) (^) rÌìanrôm um diálogo a propósitode o jovem nÍo (^) tcr rtt'lizirdoseu celular para notificá-la de que não iria dor.rrrir.ctÌì casa naquelanoite. Nessa interação,o filho tcnr rroçrìodc que não há espaçopara negociaçãoe. assim.r..cirrr.r inr;r,rsiç:ào da mãe nessarelaçãode poder, como sc vcr.ilicarÌo tÍcclìo a sesuir:

Ll que,n não sabe usar celular aliás:: você não vai usá-lo resolvido L2 tá bo::m...tá bo::m... ((ìonvcr (^) srrçrrrr csporrtinca)

Paramelhor (^) entendere analisaro texto lilldo, (^) ;xrtlctrros examiná-loa partir da propostade Dittrnurrrr( l()7r))-r,11nc consideraas seguintescaractcrísticasbiisicas: a) interaçãoentre pelo mcnos doìs Írrlrrrrtt.s: b) ocorrênciade pelo ntcnosulÌll lr(x.irrk. lrrlrrrrlcs; c) presençade uma sct;iìôrrciutk. lrçot.s((xl(l(.lit(llls.

d) execução num determinado tempo; e) envoÌvimentonuma interaçãocentrada. Observa-se,assim, que a produção de um texto falado correspondea uma atividadesocialque requera coordenação de esforçosde pelo menos dois indivíduosque têm algum .objetivo (^) em comum.

Paraparticiparde atividadesdessanatureza,sãoprecisos conhecimentose habilidadesque vão além da competência gramatical,necessáriapara decodificarmensagensisoladas, pois que as atividadcs conversacionaistêm propriedades dialógicasque diferem das propriedadesdos enunciadosou dos textosescritos.Na verdade-parl tomar parte- interagir

  • numa conversação, é necessário que os participantes consigam inferir do que se trata e o que se espera de cada um. As característicasapresentadaspermitem saÌientar que o texto conversacionalé criação^ coletiva e se produz não só interacionalmente,mas também de forma organizada. Dado o caráter de imprevisibilidade em relação aos elementosestruturais,o textofaladodeixaentreverplenamente seu processo^ de organização,tornando-sepossível perceber sua estrutura,bem como suas estratégiasorganizacionais. Dessa forma, observam-senessamodalidade de texto muitos cortes, interrupções,retomadas,sobreposiçõesetc., de onde se deduz que, se o sistemada língua é o mesmo, tanto para a fala quanto para a escrita,as relaçõessintáticassão de outra ordem. A veracidade de tal afirmação pode ser comprovada por meio de inúmerasocorrênciasde textos falados,dentre as quais se destacaa seguinte,em que a Locutora I fala de suasfilhas mais velhasque estãoentrandona adolescência: (4) Ll ...estãoentrandona as maisvelhasestãoentÍandoagora na adolescênciae ...

deve dcirii (^) lo crl elsu... durlnlc trnlt \etìlì niÌ... lí

  1. Apud Mrrcus(hi(t98í) tS t6)

2I

Ll é coneceí... L2 (^) e gostou? Ll gostei/gostei si,x:: L2 (^) QUANtos alunos? Ll (^) QUAtro... havia apEn.ts elJAtro... .ttht,t... r,u lìtttiteío Número de alunos especiais e a secril.Áritt (^) nrc disse que havia QUIN::zealunosqueren:;do.fìt:.cr,, tttctr(,utso É PEna MAS eu NÃO sqbia dísso(...) nÌrs vollan::do a falar da Cris acho que ELA pENsa t;uc scu/sou (^) a culpada(...)

(ConvcrsrrçÌocspontânea)

Nesse trecho, os locutores estão convct.siul(losobre o incidente com a (^) babí conÍatada (^) por Ll. (^) O lìrlo dc (^) essa locutora mencionar que quando saísse (^) ,/rí1,rrtlur (^) trrtltt, clona Marta (^) deveria oferecer novamente a reÍeiçio faz com que I2 l)lÌl.il^ u garota, pergunte a respeito ,Jo nuuo .r,rr,.l ,i,c Ll começou a ministrar na última (^) semana. OcorÍc. (^) clrtio, um desvio do (^) tópico discursivo que (^) se clrlctr,fr,/ir (.()rìr.ìuma digressàor.O fato de Ll dizer que vai ..srrirp.rr.;rtl:rr uulr.. sugere (^) a (^) L2 perguntar (^) sobre uma (^) particullr.icladc clcsse enuncjado: "como (^) foi a primeira aula áo cur.s,rclc pírs,, (^) que teve início (^) naquela semana. Esse tipo (^) tlc rcl,rçlì,, ,lccxre porque L2 e Ll têm um conhecimento par.tilhlckr:srìo (^) arrrigas há (^) alguns anos, estão inteiradas dos problcrrrrs larrriliais, trabalham na mesma universidade etc. A (^) anáÌise desse segmento permile (^) obselvlrl (^) ir rnovi- mentação do tópico discursivo que se iniciu. tr irrlcrrornpido pela. digressão ("você (^) começou (^) o curso dc (^) ptis onÌcrn,,), sendo depois retomado (,,mas voltando a lirlrl: tlrr (,r.is,,).

  1. A digressãopode ser definìda (^) conì(, LrrÌrjr|(r.:r(, it,r r,,rì.r\r ltIc (^) nio sc acha diretamenlerelacionadacom o scgrììerl()rììiÌtrirl,rr(.rt. g,r..",l,.rir,:ncrn com o que lhe scguc. O lrecho cnì iliili((,. nl) sritlì(. d (/r (^) rrt.r. \r (^) unìr drgressão.

A estrutura do texto escrito: o parágrafo

A (^) eìaboraçãodo texto escrito - assim como do oral

  • envolve um objetivo ou intençãodo locutor. Contudo, o entendimento desse texto não diz respeito apenas ao conteúdo semântico,mas à percepçãodas marcas de seu processode produção. (^) Essas marcas orientam o interlocutor no momento da leitura, na (^) medida em que (^) são pistas lingüísticaspâra a busca do efeito de sentido pretendido pelo produtor. Um texto escrito tem no parágrafouma de suasunidades de construção.Essa unidade é compostade um ou mais períodosreunidosem torno de idéias estritamenterelacio- nadas.Nos textos bem-formados,em geral, a cada pârágrafo deve relacionar-seuma idéia importante,não havendonormas rígidas para a paragrafação.De fato, o produtor pode fazer uso da paragrafaçãopara marcar a sua intencionalidade. Em termos práticos, os parágrafos podem ser identifi- cadospor recursosvisuais:espaçode entradajunto à margem esquerdaou linha em branco na passagemde um parágrafo para outro. Embora a extensão do parágrafo seja variável, a observaçãomostra que a tendênciamodema é não usar parágrafos muito longos. Quanto à estrutura, o parágrafo padrão organiza-se como um pequeno texto (microtexto), apresentandointrodução,desenvolvimentoe conclusão. A diversidadede textos implica a diversidadede cons- trução de parágrafos (cf. Andrade, 1994). Temos, então, a estrutura do parágrafo narrativo, a do descritivo e a do dissertativo.Enquantoo núcÌeo do parágrafodissertativoé uma determinada idéia (idéia-n(tcleo (^) ou idéia principal), o do narrativo é tm incidente (episódio curto ou fragmento de episódio) e o do descritivo é tm quadro (fragmento de paisagem,ambienteou ser num determinadoinstante,ob- servadoa partir de determinadaperspectiva). Vejam-seexemplos:

25

Foram só 73 segundosde vôo.0 ônibus espocialChallcnger havia arrancado,apaÍentementecom sucesso,dl base do cabo Canaveral,na Flórida, e já (^) estava a 16 quilômetros de aÌtitude,quando sobreveiouma tragédia:a nave trans- formou-seabruptamenteem uma bola de fogo. Hora exata: I lh39m de 28 de feverciÍo.(lsto é, dez. 1986,apudI.-ARACO, Carlos.Trabalhandocom narraÍíra,2. ed., São Paulo,Ática, 1992,p. 7.)

(e) A Catedral de Brasília é um dos prédios que mais me agradamna arquiteturada nova capital.E difcÍentede todas as catedrais já^ construídas. Com a galeria dc acesso em sombra e a nave colorida, elâ estabeleceum jogo, (^) um contrastede luz que a todos surpÍeende;cria com a nave transparenteuma ligação visual inovadora (^) entrc cla e os espaços infinitos; tem na (^) sua concepçÍo arquitetural um movimento de ascensãoque a caracteriz{e não apfesenta frchrdas diferentescomo us velhascatcdr.lis.E pur:r.(('mo obra de arte. (Oscar (^) NIEMEYER, A (^) catedrale as cadeiras, in: FoLhade S. Paulo,20 maio de 1992,Caderno l, p. 3.).

(10) A sociedadeindustrialmodernadestruiua imagcm de coe- rênciâ estéticada cidade.A persistênciado discursocultural identificado (^) com a qualidade do entorno construído que permitiaa progressivaaniculaçãode diferentesmaniÍestações aÍtísticas- a praça da Annunziatano centro nrcdicvll de Florenza ou a coexistênciade estilos sucessivosna praça São Marcos de Veneza *,^ se desintegraantc I cxlensÍo da agressivavolumetriadas edificaçÕese a nítidr scgrcgação tenitoÍial dos grupos sociais que nela habiturn.Ao tccido consolidadodo "centro urbano", denso dc síntbo|rrsc sig- nificados,contrapõe-seo anonimatoiÌldiviclulldc "suhulbia"... nos EstadosUnidos atualmentea pcrilcri:r ú oc.rrPadapor 50 milhões de habitaçõesisoladls. Qucnr pllne.ja (^) c rcaliza I cidadeatual?Si,' o5 q.t..r1..,,'rcì. cnìlìr'r..itir',inc,ìrpo- tadores,engenheiros,proptictiiÍios(lc lrffit clr I)irllasou

Atlantasão E. Rouse,G. Hines,J. Portmanou D. Trump

  • e os desamparados-Restapouco^ espaçopara o Estado e paraos uÍbanistase projetistasquerepresentama vanguaÍda do saberprofissional.(RobertoSEGRE,"Havana:o resgate social da memória".ln|. O direíto ò ntetúría: patríntônio histórico e cídadatia. São Paulo: DPH - Secretaria.Mu- nicipalde Cultura,1992,p. 102.).

No texto (8), o parágrafo é narrativo, já^ que se tem uma notíciasobreum fato reall desenvolve-sesob a influência do tempo cronoÌógico (nos contos e romancesnarram-se acontecimentosreais que se desenvolvem a partir do tempo cronológico ou do psicológico)e inclui um procedimento: seqüênciade açõesque se encaminhampara um desfecho ou epílogo. O núcleo do parágrafo nanativo é, como já dissemos,um incidente.Nele não há frase núcleo explícita, vlsto que:

"o seu conteúdoé lm (^) rta\ um devenir, um instanteno tempo,e, portanto,teoricamenteimprevisível,tecnicamente impossívelde antcncipar.Lembraum instantâneode película cinematográficacom a mdquinaposta em repousopara permitir a análisedos detalhes'daação".(Garcia,1973: 229).

No texto (9), tem-se um parágrafo (^) descritivo, pois nele o l.cutor pretende apresentarcaracterísticase qualificações de çerta reaÌidade.Nota-se que a sua estrutura é espacial e atemporal: a intenção é fixar, "fotografar", tornar perceptível um detcrminado objeto: a catedral. A idéia principal deste parágrafoé a diferença existente entre a catedralde Brasília e as demaisjá construídas.A qualidade do texto repousa na Dercepçãodo observadorque busca apresentaro objeto por meio de seus traços particula- nzantes. Em (10), o parágrafodissertativose inicia por uma frase-núcleo(tambémdesignadaidéia-núcleoou tópicofrasal),

(^26 )

Nestecapítulo,procuramosexaminara organizaçãodo

texto nâs modalidadesfalada e escrita.Dentre o que nos

propusemos,e conformejá dissemosna introduçãì. este

livro privilegia a fala. Examinaremos,no próximo capítulo,

como se dão os fatoresde coesãoe coerêncianessamoda_

lidade.

CapíhtLo II

CopsÃo E CoBnBNcIe

NO TBXTO Fru,ENO

A coesãoe a coerênciaconstituemfatoresbásicosde

textualidade.Muitos autoresnão^ fazemdistinçãoentreelas,

utilizando um termo ou outro para os dois fenômenos.

Alguns usamexpressõescomo coeiênciamicroestruturalou

coerêncialocal, quandose referemà coesão,e expressões

como coerênciamacroestÍuturalou coerênciaglobal,quando

tratam da coerênciapropriamentedita.

Na visão de Tannen^ (1984), por exemplo,^ a co€são

contribui para o estabelecimentoda coerência'mas não

garantesua obtenção.Essaidéia é compartilhadapor Giora

(1985),que mostranão ser a coesãoum fator independente,

mas "um subprodutoda coerência".

r A coesãorevela-se,às vezes,por meio de marcas

formais na estÍuturalingüística,manifestando-sena oÍgani

zação seqüencialdo texto e sendo^ percebidana superfície

textualem seusaspectosléxico,sintáticoe semântico;outras

. vezes,vem subentendida,não marcadalingüisticamente.

Tendo em vista a naturezado texto conversacional,a análise dos elementosde coesão deve ser fcita de modo específico.Estudos de Fávero (1992, l99g) sâlienramos recursosempregadoscom maior freqüência (^) no quc se refere à coesãoreferencial,recorrencialou seqüencial. Dentre as possibilidades (^) de ocorrência clc coesão re_ ferencial, a autora destaca (^) a reiteraçãodo mesmo item lexical. De faro. a alta incidênciade repcriçòcsno texto faÌado é perceptível com (^) facilidade e fiworóce a coesão. além de contribuir para a organizaçàorópica. Um exemplo (^) de como se manifestaa cocsãono texto conversacional (^) pode ser observado no trecho a seÊuir. em que o locutor repete os mesmos itens lexic;ris,rãvelando falta de agilidade na busca de melhor expressão ou um recurso para continuar com o tumo: flt) L2 elejí^ ia à escolada manhãque eu comeceiquandoeu comeceitabalhar...coneccia trabulharhi dois Lrnos...só anteseu não trabaÌhava...e quer (^) dizer (^) então...ele iá ia à escolade manhâpoÍqueelesdormemselee meil e aeordam sels.iemeia...é o horário (^) normal deles

(NURC_SPD2 360 374_379,p. t45)

Além disso, a repetiçãopode-se (^) constituir em meio para se ter acessoao tumo, como no exemplo a seguir, em que L2 repete a faÌa do Documentador (^) e toma o túmo, ao conversarem (^) sobre a dificuldade que tinha seu marido em ìocalizar bons executivos pura us fir-as, (12) Doc. de BAIxa procura e ao mesmo tempo que se necessita d,essa:: ela é difícil L2 é é clificil de encontrar...uhn uhn normalmenteé difícil...

Para a coesão recorrencial, Fávero destaca a presença da paráfrasecomo elemento coesivo, o que se pode exem- plificar com o segmento: (13) L2 mesmoporqueaí que vai procurarajuda né l Ll aí... vai procurarterapia né?

(NIJRC-SPD2 343 2O6-2O7,P. 22)

em que Ll^ reÍoma^ ajuda - formulada porL2e^ que permite uma pluralidade de acepções-^ por meio da utilização de terapia - acepção específica. A coesão seqtiencial pode ser observada^ a partir dos conectores.No exemplo a seguir, tem-se uma ocorrência^ do e intra e interturnos,^ exercendo^ variadas^ funções -^ promo- vendo continuidade, ou funcionando como marcador para continuar o tumo ou para assaìtá-lo: (14) Ll e:: L2 e daí o entusiasmopara Nove filhos... Ll exatamentenoveou dez... l L2 () Ll é e:: mas...depoisdiantedas dificuldadesde conseguir quemme ajudasse...nó::spâramosno sextofilho... L2 ahn ahn Ll não é?...e... estamosmuito contentese... L2 e dáo muito trabalhotem essesproblemasde juventude essesnegócios 0

(NURC-SPD2 360:30-38,p. 137)

A coerência, por sua vez, pode ser definida como um princípio de interpretabilidadedo texto, envolvendo fatores

)z

(NURC-SPD2. 360: 971-973,p. 160)

b) em qualquertumo, fala um de cada vcz; c) ocorrênciascom mais tle um falantc poÍ vez são comuns,mas breves; d) transiçõesde um tumo a outro sem intervaloe sem sobreposiçãosão comuns; siçõesextensassão mrnona;.longaspausase sobrepo_ e) a ordem de tumos não é fixa, mas variável; f) o tamanhodo turno não é fixo, mas variável; g) a extensãoda conversaçãonão é fixa nem previa_ mente especificada; h) o que cadafalantedirá não é fixo nem previamente especificado; i) a distribuiçãodos turnos não é fixa; j) (^) o número de paÍicipantes (^) é variável; k) a fala pode ser contínuaou descontínua; l) são usadastécnicasde atribuiçãode turnos; m) são empregadasdiversas unidades para construir o tumo: lexema (palavra),sintagma,sentençaetc.; n)'.èertos (^) mecanismosde reparaçãoresolvem falhas ou violações nas tomadasde turno, como por exempÌo: "desculpe...mas você estavadizendo que,,.

.tomadade turnoaé uma operaçãofunàamentalda conversação Pr:u. propriedadesapontadaspermitem afirmar que a e o tumo toma-seum dos componentescentraisdo modéÌo. Para (^) exemplificara distribuiçãode rumos (^) em um r;h; (^) J; conversação,observeo exemplo (5), já discutido anterior_ mente e que retomamos aqui:

Ll (^) eu fui ver um filme ó::timo...Vcsrígiosdo Dia L2 ah..:me falaramque é muilo bo::m

^

  1. Para um esludo sobrc i (^) Scstiì{)( (^) tiÍxìlogiil (t(.rr rìr)\ LrrÌvcrsÍcionais, ver Galembeck, Silva & tìosl i),X))

--)o

t

L3 nestefim de semana?...eúvocê^ viu Filadélfia? Ll vi sim...vi semanapassada...es::tefim de sema::navi...

Cadaparticipantedessaconversaçãotem direito a formular seu tumo e, se o princípio^ é "faìa um de cada^ vez", o exemplo evidencia que nem sempre é isso o que ocorre, já^ que se detecta a fala, ao mesmo tempo, de dois interlocutoresL2 e L3 em sobreposição,marcadapelo sinal de colchete.

Tópico discursivo

Tomadono sentidogeralde assunto,o tópico^ discursivo pode ser definido, conforme já dissemos,como "aquilo sobre o que se está falando" (Brown &^ Yule, 1983:^ 73). Pode-se dizer que o tópico é um elementoestruturadorda conversação, pois os interlocutoressabemquando estão^ interagindo^ dentro de um mesmo tópico, quando mudam, cortam, retomam ou fazem digressões. TÍata-se,conformeobservaAquino (1991:65-66)' "do sentido construído enquanto se falâ e gerado, também, por atividadesas quais^ o mobilizam e marcamos seussegmentos". O tópico discursivose estabelecenum dado contexto em que^ dois ou maisinterlocutores,engajadosnumaatividade, negociam o assunto de sua conversação. Tal^ afirmação poderia sugerir que o tópico se estabelececlaramente, in- clusive por meio de marcas^ lingüísticas;entretanto,ainda segundoAquino, muitas vezesa identificaçãode um tópico discursivo não se dá de modo explícito,^ já^ que ele pode apenas ser pressuposto. Quando isso ocorre, verifica-se que o Íeferencial não se encontra no texto, mas no contexto situacional e, neste câso, as unidades lingüísticas referem-sesistematicamentea traços do mundo extralingüístico. Esses traços incluem não só a situaçãoimediata onde as unidadessão utilizadas,^ como

também o conhecimento por parte dos interlocutores sobre o que^ foi dito (^) anteriormente e sobre quaisquer crenças externas relevantes. Exemplifica muito bem essaquestão (^) o trecho a seguir. Num contexto em que um casal combinara ir à praia iara passar o (^) fim de semana, o marido (Ll), que eiperava à porta do (^) elevador, impacientou-se (^) com a demorã _ (^) tão costumeira- da esposa(L2) e, indignado, (^) porém cuidadoso para não.criar indisposiçãoentre eles, dirigiu_lhea palavra nos seguintestermos: (15) Ll perdeualgumacoisa? L2 não...poÍ quê? tí com muita pressa? Ll eu só:: queriale ajudar... L2 só se eu não (^) o conhecesse....

(Conversaçãoespontânea)

Ao explicitar "perdeu (^) alguma coisa?", (^) na verdadeLl estava querendo referir-se à demora da esposa e foi (^) assim que ela inÍeriu, certamentepelo que já se cónheciam.Assim, em (^) vez'de responder-lhe,L2 (^) organizou outra pergunta. mudando (^) o tópico e mostrandoa Ll o que inferiu. óomo ele insistisseem nào criar indisposição,organizouseu enun_ ciado alertando-a (^) de que não dìsseia (diretamente) (^) nadâ no sentido de pressa ("eu só queria te ajudar'.).Novamente, Ll p_osicionou-se,agora por meio de uma avaliação(,.só (^) se eu não o conhecesse"),indicandoo que detectoú,não pelo que L2 (^) explicitou, mas pelo pressuposto. Pesquisasrealizadaspelo grupo de estudiososdo texto que integram o Projeto da Gramática do português Falado no Brasil permitemindicarque o tópico (^) discursiõ5 apresenta as seguintespropriedades:

completoa respeito^ _ 5. Veja-se^ Koch et al. (1992) ede tópico discursivo.^ FáveÍo^ (1993) paÍì^ um csrudo ÍÍüris

a\ Centração. O tópico^ é^ basicamente uma^ questão de conteúdo, é^ o^ falar^ acerca de algo, o^ que implica^ a utilização de referentesexplícitos ou inferidos que con- vergem para o^ desenvoÌvimento textual. Cabe lembrar que o tópico está sempre^ na dependênciade um processo colaborativo que envolve os participantes da atividade inteÍacional. b) Organicidade. O^ tópico se estabelecea partir de uma relãção de interdependênciaem dois planos: seqúencial

  • distribuiçãolinear ou horizontal-^ e hierárquica- distribuiçãovertical.As camadasdessahierarquiapodem ser ilustradaspelo quadro tópico a seguir:

SbT sbT

ST = supertópico T = tópico SbT = subtóPico

c) Delimitação local. O^ tópico é marcado, potencialmente, por início, desenvolvimenloe^ fecho' embora isto nem sempre se evidencie. vale^ acrescentar^ que as marcas dessadelimitaçàopodem^ ser marcadoresconversacionais. elementosprosódicos(pausas,hesitações),perguntas,re- petições, paráfrasesetc. Vejamos, agora, a distribuição dos segmentostópicos na linearidade discursiva. O trecho escolhido faz parte do diálogo D2 343. A^ interferência mínima da documentadora e a conseqiiente^ predominância das falas dos informantes permitem afirmar que o^ texto apresentatraços bastante

SbT sbT SbT