Observação da Relação Mãe-Bebe: A Perspectiva de Winnicott, Trabalhos de Psicologia

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LUARA LILI GROSS

OBSERVAÇÃO NA RELAÇÃO MÃE-BEBE

Pela visão de Winnicott Novo Hamburgo 2019

O presente trabalho se refere a uma observação da relação Mãe-Bebe, realizada com base em entrevista de anamnese, com foco na gestação e puerpério. Foi utilizado como embasamento teórico os estudos de Winnicott, sobre a relação mãe- bebe. Winnicott foi um Médico Pediatra e Psicanalista, realizou sua formação e supervisão com Melanie Klein em 1935. Para Winnicott assim como para outros autores, o meio ambiente possui grande papel no desenvolvimento do ser humano. Esse ambiente é inicialmente representado pela mãe (ou cuidadores) que permite o desenrolar dos processos de maturação do eu. Gestação e Puerpério: A observação foi realizada com a mãe, Nauane que tem dois filhos, Otavio e o Bento, a observação foi realizada com o Bento, que nasceu no dia 16 de Agosto de

2019. A gravidez do Bento não foi planejada, foi descoberta quando a Mãe estava com 4 meses de gestação. Nauane relata que a gravidez foi complicada, devido a uma separação com o atual marido, informa que se sentiu muito sozinha e triste quando seu marido foi embora. Seu momento mais significativo foi quando houve a reconciliação com seu esposo, e a participação dele ao sentir os primeiros movimentos do bebe dentro dela. O pai acompanhou o começo e o final da gravidez muito presente, devido a essa separação no meio da gestação ele acabou se ausentando. Nauane teve acompanhamento médico uma vez por mês, nos últimos meses de gestação acabou visitando seu médico de 15 em 15 dias. Ao ser questionada de expectativa do sexo do bebe, Nauane relatou que por mais que tivesse o desejo de ter um bebe do sexo feminino, ainda sentia que seu bebe seria um menino. Após a descoberta do sexo, definiram que o nome do bebe seria Bento, relatam que escolheram por ter o significado de “abençoado”. No período da gestação Nauane relata que sentiu um amor crescer, a parir dos primeiros movimentos do bebe, e logo que ele nasceu seu sentimento aumentou, mudando sua perspectiva de vida, e fazendo com que se sentisse completa. Foi possível observar que a mãe apresenta a preocupação matéria primaria desde a gravidez, conforme relatado na anamnese, no início da gravidez tinha a preocupação de não conseguir ser uma boa mãe, porem ao logo da gravidez, desperta a confiança em ser uma boa mãe com o apoio dos seus familiares e companheiro. É notável que durante a gravidez a mãe adquiriu o sentimento de grandeza, de “estar com o rei na barriga”, assim como é proposto na teoria do Ciclo da Vida

observar que a mãe apresenta características nítidas da Preocupação Materna Primaria de Donald Winnicott (2005).  A preocupação Materna Primaria Consiste em uma “Doença normal”, que as mães adquirem desde a gestação, é um estado de identificação com o bebe, de desenvolvimento de empatia por ele. É a partir dessa doença normal, que a mãe adquire capacidade de cuidar do bebe, e saber quais são as suas necessidades. De acordo com Winnicott (2005, p. 40), constata-se na mãe grávida uma identificação cada vez maior com seu filho. (...) O bebê apresenta outros significados na fantasia inconsciente da mãe, mas é possível que o traço materno predominante seja uma vontade e uma capacidade de desviar o interesse de si mesma para o bebê. (Neves, Jesus e Figueiras, 2009, p.

2. Observação: Na segunda observação, o bebe estava na casa de parentes com sua mãe e seu pai. Em um determinado momento o bebe começa a chorar desesperadamente, provavelmente por algum incomodo, (fome, fraldas, dor), neste momento a mãe pega-o e abraça-o no seu colo, caminhando com ele para que aos poucos o bebe se acalme, presente a satisfação do bebe com o cuidado de suas necessidades, o mesmo para de chorar e se acalma nos braços da mãe, ela fixa o olhar nele e vice- versa. Neste momento percebe-se a fase de dependência absolta do bebe com a mãe, assim como propõe Winnicott, um dos mecanismos que devem ser utilizados pela mãe para apartar situações como essa, é chamado de Holding.  O Holding O Holding , segundo Winnicott (2005), é a sustentação e suporte que a mãe passa para o bebe, com essa função, a mãe protege o bebe de perigos físicos, leva em conta sua sensibilidade auditiva e visual, e sua ignorância com relação a realidade externa. “Além de prover a satisfação das necessidades físicas reais do bebê, deve fortalecer o ego imaturo através da capacidade da mãe em oferecer apoio emocional ao seu filho.” (Neves, Jesus e Figueiras, 2009, p. 201). Winnicott enfatiza que o Holding além de ser um modo de segurar a criança fisicamente, também se refere ao sustento psíquico, pois é a partir do Holding, que o bebe vincula os primeiros contatos com uma realidade externa e simplificada pela mãe. Considerações Finais É notável a contribuição de Winnicott para as teorias sobre o desenvolvimento do ser humano. Portanto nesse trabalho de observação foi possível destacar diversos

aspectos da Preocupação Matéria Primária, assim como aspectos inatos do próprio bebe. Foi possível observar o Holding e Haldling praticados pela mãe, e em alguns momentos a mãe demonstrou características da Mãe Suficientemente Boa de Winnicott. A mãe que nos primeiros meses de vida do filho, identifica-se estreitamente com ele, e que na teoria adapta-se perfeitamente as suas necessidades é chamada por Winnicott de mãe suficientemente boa. (Zahar,1995, p. 186) Referências Bibliográficas:  NASIO, D.J. Introdução ás Obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott, Dolto, Lacan. Rio de Janeiro: Jorge ZAHAR Editor, 1995.  NEVES, C. O. F.; JESUS, M. A. G. S.; FIGUEIRAS, M. S. I. O Encontro Mãe-Bebe como fator preponderante no desenvolvimento psíquico da criança. CES Revista , Juiz de Fora, v. 23, p. 195 - 206, 2009.