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O Trabalho dos Sonhos: Uma Análise Freudiana, Notas de estudo de Psicanálise

Neste artigo, diego marcolan canova discute a questão dos sonhos na psicanálise, abordando a formação de sonhos segundo freud, sua finalidade e importância em nossas vidas, além dos mecanismos inconscientes que os geram. O autor também explora a deformação de sonhos e os papéis da censura e simbolismo onírico.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Lula_85
Lula_85 🇧🇷

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O TRABALHO DOS SONHOS
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Diego Marcolan Canova
Resumo: Este artigo tem o objetivo de rever a questão dos sonhos em Psicanálise. Portanto,
versa sobre como acontece a formação dos sonhos segundo Freud, qual sua finalidade e
importância em nossas vidas e também na prática clínica, assim como os mecanismos
inconscientes que atuam para que eles ocorram.
Palavras-chave: Sonho; Inconsciente; Desejo; Deformação.
A questão dos sonhos é um tema que para mim, assim como imagino que para muitos,
desperta curiosidade. Atualmente no segundo semestre de formação, esse foi o principal tema
abordado, além de atos falhos e me pareceu natural aproveitar a oportunidade para uma vez
mais debruçar-me sobre o assunto.
Em tempos mais antigos, os sonhos eram tratados como podendo serem presságios e
era comum que reis e generais buscassem a orientação de oráculos para descobrirem o que
seus sonhos poderiam estar lhes dizendo e a partir disso tomarem decisões. Atualmente, com
o advento da Psicanálise, foi possível obter uma melhor e maior compreensão desse fenômeno
tão intrigante e ao mesmo tempo tão comum a nós humanos.
Esse texto terá como objetivo discursar sobre como ele se dá, quais elementos o
compõem e qual sua finalidade. Para tanto, o principal autor no qual buscarei referências será,
como vocês podem imaginar, Freud.
A questão dos sonhos foi algo que progressivamente tomou forma e importância na
medida em que diferentes pacientes os relatavam nas diferentes análises que Freud realizava e
nas quais eles estavam sob a influência da associação livre. Se volta e meia sonhos eram
trazidos pelos pacientes, é porque alguma importância eles deveriam ter. Observador como
Freud era, não demorou para que começasse a teorizar sobre o assunto e, mediante seus
esforços, os sonhos revelaram-se um importante e rico material no percurso de qualquer
análise.
No entanto... como é então que algo, de natureza tão enigmática, complexa, e por
vezes tão absurda como os sonhos às vezes o são, poderia ser interpretado a fim de obter-se
um sentido legítimo e que auxiliaria no processo terapêutico? Freud partiu de alguns
pressupostos. O primeiro deles, de que sonhos são fenômenos psíquicos, e não somáticos. É
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Trabalho apresentado em Jornada de Psicanálise do CPRS em 24 de novembro de 2018.
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O TRABALHO DOS SONHOS^1

Diego Marcolan Canova

Resumo: Este artigo tem o objetivo de rever a questão dos sonhos em Psicanálise. Portanto, versa sobre como acontece a formação dos sonhos segundo Freud, qual sua finalidade e importância em nossas vidas e também na prática clínica, assim como os mecanismos inconscientes que atuam para que eles ocorram.

Palavras-chave: Sonho; Inconsciente; Desejo; Deformação.

A questão dos sonhos é um tema que para mim, assim como imagino que para muitos, desperta curiosidade. Atualmente no segundo semestre de formação, esse foi o principal tema abordado, além de atos falhos e me pareceu natural aproveitar a oportunidade para uma vez mais debruçar-me sobre o assunto. Em tempos mais antigos, os sonhos eram tratados como podendo serem presságios e era comum que reis e generais buscassem a orientação de oráculos para descobrirem o que seus sonhos poderiam estar lhes dizendo e a partir disso tomarem decisões. Atualmente, com o advento da Psicanálise, foi possível obter uma melhor e maior compreensão desse fenômeno tão intrigante e ao mesmo tempo tão comum a nós humanos. Esse texto terá como objetivo discursar sobre como ele se dá, quais elementos o compõem e qual sua finalidade. Para tanto, o principal autor no qual buscarei referências será, como vocês podem imaginar, Freud. A questão dos sonhos foi algo que progressivamente tomou forma e importância na medida em que diferentes pacientes os relatavam nas diferentes análises que Freud realizava e nas quais eles estavam sob a influência da associação livre. Se volta e meia sonhos eram trazidos pelos pacientes, é porque alguma importância eles deveriam ter. Observador como Freud era, não demorou para que começasse a teorizar sobre o assunto e, mediante seus esforços, os sonhos revelaram-se um importante e rico material no percurso de qualquer análise. No entanto... como é então que algo, de natureza tão enigmática, complexa, e por vezes tão absurda como os sonhos às vezes o são, poderia ser interpretado a fim de obter-se um sentido legítimo e que auxiliaria no processo terapêutico? Freud partiu de alguns pressupostos. O primeiro deles, de que sonhos são fenômenos psíquicos, e não somáticos. É

(^1) Trabalho apresentado em Jornada de Psicanálise do CPRS em 24 de novembro de 2018.

obra e manifestação particular do sonhador. O segundo, de que o sonhador sabe, sim, o que seu sonho significa. No entanto, ele apenas não sabe que sabe, e por isso crê não saber. O terceiro, de que todo sonho possui um sentido e resulta da existência de processos psíquicos inconscientes. A partir desse ponto de partida, Freud desenvolve e aprofunda os conhecimentos sobre o assunto: alega que se o sonhador sabe de seu sonho, trata-se “apenas” de possibilitar que ele encontre e comunique esse saber. Como Freud pôde averiguar, isso nem sempre foi fácil. Para nos aprofundarmos no assunto, é de fundamental importância a clara distinção entre o que é sonho manifesto e pensamentos oníricos latentes. De maneira resumida, por sonho manifesto compreende-se que estamos falando do sonho em si. Por pensamentos oníricos latentes, compreende-se os pensamentos/desejos inconscientes que dão origem ao sonho. A partir dessa afirmação, o que depreende-se desses dois conceitos é que o sonho representa o sucedâneo desses pensamentos que estão inconscientes. Isso se dá pelo fato de muitos de nossos pensamentos/desejos inconscientes serem de natureza inconcebível para nossos padrões éticos e morais. Normalmente, situações do dia-a-dia e/ou eventos do dia anterior ou próximos, servem de gatilho ou faísca inicial para que um sonho se desenvolva, pois de algum modo se conectaram com algum pensamento inconsciente do sonhador, de origem infantil. Como dito anteriormente, por esses pensamentos inconscientes serem em sua grande maioria inconcebíveis, o sonho precisará mascarar/deformar esse material, a fim de torna-lo irreconhecível, não sendo à toa que sonhos tendem a ser estranhos ou absurdos. Falamos aqui, portanto, do trabalho do sonho. Diversos são os artifícios que entram em ação para que isso ocorra, como veremos a seguir. A censura é a responsável pela omissão, modificação, reagrupamento e deslocamento de elementos do material onírico latente, a fim de deformá-los, fazendo com que o sonho manifesto difira tanto dos pensamentos oníricos latentes que ninguém suspeitaria da presença destes últimos por trás dos primeiros. É válido também mencionar quais tendências exercem censura e contra quais ela é dirigida. As tendências que exercem a censura são aquelas que o juízo desperto do sonhador reconhece, aquelas com as quais ele se sente em concordância. As tendências contra as quais a censura do sonho se volta devem ser descritas primeiramente do ponto de vista da própria instância que a exerce. A partir dessa ótica, só se poderá dizer que são de natureza condenável, que são ética, estética e socialmente chocantes, que são, enfim, coisas que nem ousamos pensar ou em que só pensamos com repulsa (FREUD, 1916-1917, p. 191). Um artifício que torna o sonho obscuro e contribui para a deformação do sonho é o uso do simbolismo nos sonhos. “Chamamos de simbólica a relação constante entre um

faz adiciona inserções e possíveis fragmentos que em realidade não estavam no sonho manifesto, mas ele os utiliza para tentar dar um sentido lógico ou maior coerência ao relato de seu sonho. É a partir desses abstratos e complexos processos psíquicos que podem ocorrer inconscientemente que o sonho manifesto “se concretiza”. O trabalho da interpretação dos sonhos em psicanálise, a partir do conhecimento desses processos, busca a partir dos fragmentos do sonho manifesto, revelar os pensamentos oníricos latentes inconscientes. Segundo Freud, toda vez que um sonho é devidamente interpretado, chega-se à conclusão de que ele se trata da realização de um desejo inconsciente. De tal maneira, como os pensamentos oníricos latentes possuem esse caráter perturbador e repugnante de acordo com nossos valores morais e éticos, uma das grandes funções da deformação do sonho, é que ele serve também como o guardião do sono. Afinal, caso as deformações não ocorressem, dificilmente conseguiríamos dormir profundamente. E justamente pelos sonhos serem, em última instância, a expressão de pensamentos oníricos latentes, é que Freud os definiu como a via régia ao inconsciente. Por esse motivo, é possível compreender sua importância durante o processo terapêutico. A interpretação dos sonhos permite uma melhor compreensão da estrutura psíquica do paciente, como configura-se ou não o recalcamento, quais conflitos estão em jogo. Uma vez que a transferência provocada pela condição terapêutica movimentará conteúdos arcaicos deste paciente, o rico material que os sonhos e suas intepretações oferecem também servirão de auxílio ao psicanalista na obtenção de informações sobre como o tratamento está evoluindo ou não, dando indícios de como e por onde prosseguir com determinado paciente.

Referências FREUD, Sigmund. Conferências Introdutórias à Psicanálise (1916-17). In: FREUD, Sigmund. Obras Completas. Tradução: Sergio Tellaroli. São Paulo: Companhia das Letras, 2014, vol.