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João Grilo: No dia em que chegou o motor novo do major Antônio Morais o senhor não o benzeu? Padre: Motor é diferente, é uma coisa que todo mundo benze.
Tipologia: Notas de aula
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O texto teatral, também literário, é conhecido como dramático. Esse texto é composto para ser encenado; ele funciona como roteiro e pode trazer até sugestões de atuação (rubricas). A tradição teatral finca raízes na Grécia antiga e a partir daí ele ganha força e a preocupação com os recursos (figurino, sonoplastia, etc.) fica mais evidente. Ainda na Grécia, os textos teatrais costumavam ser divididos em dois: os dramáticos e os cômicos. Particularidades do texto teatral: Texto narrativo, pois conta uma história; Apresenta personagens, espaço, tempo, etc.; Textos encenados; Predominância do discurso direto (situação dialógica); Presença de rubricas (marcações especiais sobre a encenação); O texto teatral geralmente não tem narrador. Texto I Auto da Compadecida (fragmento) - Ariano Suassuna: João Grilo: Padre João! Padre João! Padre , aparecendo na igreja: Que há? Que gritaria é essa? Chicó: Mandaram avisar para o senhor não sair, porque vem uma pessoa aqui trazer um cachorro que está se ultimando para o senhor benzer. Padre: Para eu benzer? Chicó: Sim. Padre, com desprezo: Um cachorro? Chicó: Sim. Padre: Que maluquice! Que besteira! João Grilo: Cansei de dizer a ele que o senhor benzia. Benze porque benze, vim com ele. Padre: Não benzo de jeito nenhum. Chicó: Mas padre, não vejo nada de mal em se benzer o bicho. João Grilo: No dia em que chegou o motor novo do major Antônio Morais o senhor não o benzeu? Padre: Motor é diferente, é uma coisa que todo mundo benze. Cachorro é que eu nunca ouvi falar. Chicó: Eu acho cachorro uma coisa muito melhor do que motor. Padre: É, mas quem vai ficar engraçado sou eu, benzendo o cachorro. Benzer motor é fácil, todo mundo faz isso, mas benzer cachorro? João Grilo: É, Chicó, o padre tem razão. Quem vai ficar engraçado é ele e uma coisa é o motor do major Antônio Morais e outra benzer o cachorro do major Antônio Morais. Padre , mão em concha no ouvido: Como? João Grilo: Eu disse que uma coisa era o motor e outra o cachorro do major Antônio Morais. Padre: E o dono do cachorro de quem vocês estão falando é Antônio Morais? João Grilo: É. Eu não queria vir, com medo de que o senhor se zangasse, mas o major é rico e poderoso e eu trabalho na mina dele. Com medo de perder meu emprego, fui forçado a obedecer, mas disse a Chicó: o padre vai se zangar. Padre , desfazendo-se em sorrisos: Zangar nada, João! Quem é um ministro de Deus para ter direito de se zangar? Falei por falar, mas também vocês não tinham dito de quem era o cachorro!
João Grilo, cortante: Quer dizer que benze, não é? Padre , a Chicó: Você o que é que acha? Chicó: : Eu não acho nada de mais. Padre: Nem eu. Não vejo mal nenhum em abençoar as criaturas de Deus. João Grilo: Então fica tudo na paz do Senhor, com cachorro benzido e todo mundo satisfeito. Padre: Digam ao major que venha. Eu estou esperando. Chicó: Que invenção foi essa de dizer que o cachorro era do major Antônio Morais? João Grilo: Era o único jeito de o padre prometer que benzia. Tem medo da riqueza do major que se Chicó: Isso não vai dar certo. Você já começa com suas coisas, João. E havia necessidade de inventar que era empregado de Antônio Morais? João Grilo: Meu filho, empregado do major e empregado de um amigo do major é quase a mesma coisa. O padeiro vive dizendo que é amigo do homem, de modo que a diferença é muito pouca. Além disso, eu podia perfeitamente ter sido mandado pelo major, porque o filho dele está doente e pode até precisar do padre. Chicó: João, deixe de agouro com o menino, que isso pode se virar por cima de você. João Grilo : E você deixe de conversa. Nunca vi homem mais mole do que você, Chicó. O padeiro mandou você arranjar o padre para benzer o cachorro e eu arranjei sem ter sido mandado. Que é que você quer mais?
de cor inúmeros versos das peças dos seus grandes autores. Na Inglaterra dos séculos XVI e XVII, Shakespeare produziu peças nas quais temas como o amor, o poder, o bem e o mal foram tratados. Nessas peças, os grandes personagens falavam em verso e os demais em prosa. No Brasil colonial, os índios aprenderam com os jesuítas a representar peças de caráter religioso. Esses fatos são exemplos de que, em diferentes tempos e situações, o teatro é uma forma a) de diversão e de expressão dos valores e problemas da sociedade. c) de entretenimento popular, que se esgota na sua função de distrair. d) de manipulação do povo pelos intelectuais que compõem as peças. e) de entretenimento, que foi superada e hoje é substituída pela televisão.
elaboradas pelo teatrólogo brasileiro Augusto Boal, recentemente falecido, que visa à desmecanização física e intelectual de seus praticantes. Partindo do princípio de que a linguagem teatral não deve ser diferenciada da que é usada cotidianamente pelo cidadão comum (oprimido), ele propõe condições práticas para que o oprimido se aproprie dos meios do fazer teatral e, assim, amplie suas possibilidades de expressão. Nesse sentido, todos podem desenvolver essa linguagem e, consequentemente, fazer teatro. Trata-se de um teatro em que o espectador é convidado a substituir o protagonista e mudar a condução ou mesmo o fim da história, conforme o olhar interpretativo e contextualizado do receptor. Companhia Teatro do Oprimido. Disponível em: www.ctorio.org.br. Acesso em: 1 jul. 2009 (adaptado). Considerando-se as características do Teatro do Oprimido apresentadas, conclui-se que a) a forma de recepção desse modelo teatral se destaca pela separação entre atores e público, na qual os atores representam seus personagens e a plateia assiste passivamente ao espetáculo. b) sua linguagem teatral pode ser democratizada e apropriada pelo cidadão comum, no sentido de proporcionar-lhe autonomia crítica para compreensão e interpretação do mundo em que vive. c) o convite ao espectador para substituir o protagonista e mudar o fim da história evidencia que a proposta de Boal se aproxima das regras do teatro tradicional para a preparação de atores. d) a metodologia teatral do Teatro do Oprimido segue a concepção do teatro clássico aristotélico, que visa à desautomação física e intelectual de seus praticantes.