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Suicídio entre Líderes Eclesiásticos: Causas e Consequências, Manuais, Projetos, Pesquisas de Psicologia

Uma reflexão sobre o suicídio entre líderes religiosos, abordando as possíveis relações entre esgotamento psíquico e o suicídio na carreira ministerial. O texto também discute as causas de suicídio, como depressão, solidão, falência financeira e a perda de pessoas amadas.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Raimundo
Raimundo 🇧🇷

4.6

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CAMPO LIMPO PAULISTA
BACHARELADO EM PSICOLOGIA
Trabalho de Diplomação
Aluno Otavio Aparecido De Souza – 26263
Orientadora Rose Meire Mendes de Almeida
Esgotamento Na Carreira Ministerial: O Suicídio De Líderes
Eclesiásticos
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CENTRO UNIVERSITÁRIO CAMPO LIMPO PAULISTA

BACHARELADO EM PSICOLOGIA

Trabalho de Diplomação

Aluno Otavio Aparecido De Souza – 26263 Orientadora Rose Meire Mendes de Almeida

Esgotamento Na Carreira Ministerial: O Suicídio De Líderes

Eclesiásticos

CENTRO UNIVERSITÁRIO CAMPO LIMPO PAULISTA

BACHARELADO EM PSICOLOGIA

Esgotamento Na Carreira Ministerial: O Suicídio De Líderes

Eclesiásticos

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário de Campo Limpo Paulista, como requisito para obtenção do Título de Bacharel em Psicologia, sob a orientação da Profª Drª. Rose Meire Mendes de Almeida. Campo Limpo Paulista (SP),08 de Dezembro de 2021. Otavio Aparecido de Souza Banca Examinadora Profª Drª Rose Meire Mendes de Almeida Profª. Esp. Priscila Angelica Quintana da Silva

CENTRO UNIVERSITÁRIO CAMPO LIMPO PAULISTA

BACHARELADO EM PSICOLOGIA

Esgotamento Na Carreira Ministerial: O Suicídio De Líderes

Eclesiásticos

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, por ser o autor da vida e em sua infinita misericórdia e sabedoria ter me escolhido e concedido o privilégio do presente trabalho, mesmo em meio às minhas infinitas limitações. Ao meu Pai Felisberto de Souza (in memoriam) segundo minha mãe, grande escritor anônimo. A minha mãe Benedicta Vieira de Souza (in memoriam) minha guerreira inspiradora, detentora de todos os títulos acadêmicos possíveis em minha opinião, com apenas o segundo ano primário. As minhas irmãs Palmira, Marli, Marlene e Joana, vocês sempre foram as quatro estações do ano em minha vida. A minha esposa Regiane e meus filhos Gabriela, Rômulo e Christofer sem os quais nada faria sentido algum, me desculpem pelas inúmeras privações, não tenho como repará-las. Por fim aos Professores e a magnífica primeira turma do curso, que ao longo desses cinco anos contribuíram escrevendo mais um capítulo na história da psicologia.

CENTRO UNIVERSITÁRIO CAMPO LIMPO PAULISTA

BACHARELADO EM PSICOLOGIA

Esgotamento Na Carreira Ministerial: O Suicídio De Líderes

Eclesiásticos

RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi proposto pensando-se em chamar para uma reflexão uma população, onde em seu meio o tema Suicídio ainda é um grande tabu. É realmente verdade que o Líder Eclesiástico carrega consigo inúmeros rótulos no exercício de sua função como: administrador, conselheiro, psicólogo, orador, professor, economista, etc, que o sobrecarrega de responsabilidades podendo levá-lo a um esgotamento físico e mental, a depressão, solidão e muitas das vezes ao extremo e ainda menos abordado nesse meio o suicídio. Segundo o Ministério da Saúde cerca de 11 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no Brasil. A cada ano cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida e um número ainda maior de indivíduos tentam o suicídio. A porcentagem de suicídios aumentou 60% no mundo durante os últimos 50 anos. O suicídio é atualmente a terceira causa de mortalidade entre os 15 e 34 anos. Cerca de 3mil pessoas se suicidam por dia no mundo, uma a cada 30 segundos conforme a Organização Pan-americana de Assistência a Saúde. Com o trabalho procurou-se refletir sobre os sofrimentos de líderes eclesiásticos utilizando-se de artigos, livros, sites da internet que abordavam a temática. Pode-se perceber uma vocação recheada de idealismos, mas que em sua realidade está carregada de um “peso” que possivelmente proporciona ao sujeito dessa vocação sofrimentos não esperados pelo mesmo. Palavras – Chave: Suicídio, Líderes Eclesiásticos, Esgotamento.

CENTRO UNIVERSITÁRIO CAMPO LIMPO PAULISTA

BACHARELADO EM PSICOLOGIA

Esgotamento Na Carreira Ministerial: O Suicídio De Líderes

Eclesiásticos

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO …………...................................................................…............…

2. CAPÍTULO 1…………………………..…. ………….......................…….…...….

Suicídio entre líderes religiosos: Uma breve apresentação. 2.1. Características do esgotamento psíquico/profissional…………………………... 2.2. Fatores contribuintes para o sofrimento psíquico de líderes eclesiásticos. .……..

  1. CAPÍTULO 2……………………………………………………………………… Possíveis relações entre esgotamento psíquico e o suicídio na carreira ministerial.
  2. CAPÍTULO 3…………………………………………………………………….... Possíveis estratégias de enfrentamento ao esgotamento psíquico.
  3. JUSTIFICATIVA ……………………………………………………………..…...
  4. OBJETIVO GERAL …………………………………………………………..…..
  5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ……………………………...………………..…….
  6. METODOLOGIA …………………………………………………….……..…….
  7. CONCLUSÕES ……………………………………………..…………………...
  8. REFERENCIAS …………………………………………………………..……..

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho surgiu em 2018 de uma inquietação entre amigos do curso de psicologia em desenvolver alguma atividade para o mês de setembro referente à campanha setembro amarelo. Naquele momento foi apenas pensado um trabalho em que abordasse o suicídio de adolescentes, pois nesse período houve uma incidência de suicídios na região onde resido – Botujuru – Campo Limpo Paulista-SP. Foi então no ano de 2019 durante todo o mês de setembro que surgiu a oportunidade de coordenar no bairro de Botujuru na Vila Chacrinha em Campo Limpo Paulista-SP um evento intitulado “Não queremos perder mais ninguém: Vila Chacrinha contra o suicídio”. O evento contou com a participação de Igrejas locais e foram convidados órgãos do município: Escolas locais, CRAS local Centro de Referência em Assistência Social, CAPS Centro de Atenção Psicossocial e uma instituição parceira que apoiou o evento, CEAAF Centro Educacional e Assistencial de Apoio à Família, e também o apoio dos moradores do bairro. Durante o período de realização do evento foram proporcionadas palestras com psicólogos, além de aconselhamentos em dias específicos. Pelo fato de fazer parte de uma instituição religiosa e no período ter ocorrido o suicídio de alguns pastores noticiado pela mídia (JM NOTÍCIAS; O GLOBO; NOTÍCIAS GOSPEL apud SILVA), foi então modificado o tema de “Suicídio de Adolescentes” para o de Líderes Eclesiásticos, ideia essa reforçada por eu estar incluso nessa população. Tal preocupação também é reforçada por uma transição ministerial, ou seja, uma mudança na liderança local da instituição onde eu participava no final de 2017. A partir de então toma-me uma angustia, um sentimento de frustração e percebo certa solidão de que apenas tinha ouvido falar, mas nunca experimentado. Partindo desses sentimentos próprios, interesso-me em saber mais sobre tais sofrimentos no meio eclesiástico e possivelmente poder provocar reflexões acerca dos mesmos, utilizando- se de minha futura formação e contribuindo para a mesma.

Inicia-se o trabalho realizando uma classificação do líder eclesiástico em suas respectivas funções. Na sequência, optou-se por breve apresentação do tema suicídio e de alguns conceitos pertinentes como esgotamento, sofrimento, apontando-se quatro fatores contribuintes para os mesmos: depressão, solidão, falência financeira e a perda de pessoas amadas. No capítulo dois aborda-se as possíveis relações entre o esgotamento e o suicídio na carreira ministerial, apresentando-se algumas causas que podem servir como gatilhos. No capítulo três aborda-se algumas das possíveis estratégias para o enfrentamento do esgotamento psíquico, apresentando algumas sugestões, traz-se ainda breve apresentação de possibilidades de atuação do profissional de psicologia. Em seguida as considerações finais.

2. CAPÍTULO 1: SUICÍDIO ENTRE LÍDERES RELIGIOSOS: UMA BREVE

APRESENTAÇÃO

Suicídio – Trata-se de um termo que deriva de dois vocábulos latinos: Sui ( “De si mesmo” ) e Caedere ( “Matar” ),ou seja, matar-se a si mesmo (CONCEITO,2012). É um fenômeno especificamente atribuído à raça humana. Tanto quanto se conhece, apenas o ser humano poderá desejar este tipo de morte, e matar-se a si próprio (FERREIRA, p. 3,2008). Chama-se suicídio todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato, positivo ou negativo, realizado pela própria vítima e que ela sabia que produziria esse resultado (DURKHEIM p.14,2000). Líder Eclesiástico – Origem da palavra Eclesiástico: do grego ekklesiastikós, pelo latim ecclesiasticus, tendo o significado de assembleia do povo ou alguém que fala para uma assembleia. Eclesiástico é a característica dada a alguém pertencente a igreja, ao clero e sacerdócio, ou seja, seu corpo ministerial de obreiros, líderes religiosos, administradores (WIKCIONÁRIO,2020). O Líder Eclesiástico, de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações “realizam liturgias, celebrações, cultos e ritos; dirigem e administram comunidades; formam pessoas segundo preceitos religiosos das diferentes tradições; orientam pessoas; realizam ação social junto à comunidade; pesquisam a doutrina religiosa; transmitem ensinamentos religiosos; praticam vida contemplativa e meditativa; preservam a tradição e, para isso, é essencial o exercício contínuo de competências pessoais específicas”, dentre outras atividades, que tendem a sobrecarregá-lo e não raramente, contribuir para seu esgotamento físico e mental (CBO,2002). De acordo com Melo, Melo e Bett (2019), “O esgotamento físico e mental e ainda a solidão são apontados como principais causas de uma epidemia silenciosa entre pastores” Assim, é preciso considerar, ainda, que tais aspectos podem ser agravados, quando se considera o praticante de uma religião de forma geral e principalmente sendo ele o Líder, o que de alguma forma o mesmo nem sempre reconhece, ou se dá conta, ou admite o próprio sofrimento ou adoecimento.

Considerando as intercorrências do fenômeno nos Líderes religiosos e a proposta de pensar estratégias de prevenção ao problema, cabe a aproximação de alguns conceitos: Esgotamento – Síndrome do esgotamento profissional – Burnout – Distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico e mental (MS,2019). Estafa – Esgotamento, exaustão física, cansaço mental, fadiga, sensação penosa (DICIO,2009). Exausto – Do latim exhastu – esgotado; cansado, exaurido (WIKCIONÁRIO,2017). Prevenção – É um processo sempre inacabado. É um caminho que se escolhe no sentido de se atingir uma eficácia cada vez maior no combate ao risco (CGTP,2017). Posvenção – Qualquer ato apropriado e de ajuda que aconteça após o suicídio com o objetivo de auxiliar os sobreviventes (VITA ALERE,). Sobreviventes – São todas as pessoas afetadas por um suicídio: pais, filhos, irmãos, familiares, amigos etc (VITA ALERE).

2.1 – CARACTERÍSTICAS DO ESGOTAMENTO PSÍQUICO/PROFISSIONAL

O que nos vem a mente quando surge o termo “esgotamento”? Estar esgotado, no senso comum,é estar no limite,é não ter mais condições de continuar, não ter mais saída. É preciso considerar conforme conceituado pelo Ministério da Saúde que o esgotamento “é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físicos resultantes de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade e responsabilidade”(MS,2019). Em seu trabalho de conclusão de curso: estresse entre líderes religiosos Araújo chama- nos a atenção citando que “os líderes religiosos possuem um estilo de vida próprio, carregado de responsabilidades e características que tem evidenciado possíveis causas de desgaste físico e mental” (MENDES; SILVA,2006 apud ARAÚJO,2019). Pode-se citar ainda o Burnout, que “é causado principalmente por excesso de trabalho”, o que se encaixa muito bem com a carga horária de um Pastor como aponta a Organização Mundial de Saúde em pesquisa sobre o suicídio de Pastores evangélicos “90% dos Pastores trabalham mais de 50 horas por semana” (OMS,2019). Em concordância com a (OMS) pode-se destacar Rollo May em seu livro “A arte do aconselhamento psicológico” discorrendo sobre o assunto: “Que características observamos nesses assistentes religiosos típicos? Primeiro, que eles trabalham muito e conscienciosamente. Parecem não descansar com tanta frequência quanto as pessoas de outras vocações, e não possuem tantos interesses a vocacionais. São capazes de devotar-se completamente a seu trabalho e mesmo sentir um orgulho consciente no fato. Trabalham sob tensão e, na verdade, tendem a suportar essa tensão durante as vinte e quatro horas do dia, pois sua ocupação não é do tipo que possa ser limitada por horários de trabalho. Às vezes essa tensão cresce tanto que eles encontram dificuldade em tirar férias ou gozar um feriado, sem um sentimento de culpa” (MAY,pg.149,1977).

2.2 – FATORES CONTRIBUINTES PARA O SOFRIMENTO PSÍQUICO DE

LÍDERES ECLESIÁSTICOS

Como pôde-se observar no capítulo anterior o esgotamento psíquico decorrente da rotina diária do Líder Eclesiástico, faz com que o mesmo possivelmente experimente um sofrimento psíquico. Em seu livro: O demônio do meio dia uma anatomia da depressão, Solomon declara que: “Mesmo as pessoas que se apoiam em uma fé que lhes promete uma existência diferente no além não podem evitar a angustia neste mundo” (SOLOMON, p. 5,2002). A angustia faz parte da vida conforme descreve REICH em seu livro “O prazer e a angustia são as duas excitações primordiais, ou emoções primordiais, da substância viva” (REICH, p.189,1975). No livro: o sofrimento do pastor, um mal silencioso enfrentado por Paulo e por pastores ainda hoje, o autor aponta ser uma das causas desse sofrimento a própria idealização do pastor “A igreja enxerga o pastor como um super-herói que não passa por dificuldades e, então, causa sofrimento aos pastores de inúmeras maneiras, uma vez que não cuida dos mesmos como deveria, gerando assim, tensões desnecessárias sobre suas vidas”. “Também é normal o próprio pastor entender que é super-herói e que não precisa de cuidados” (BUHR,2017). Assim, na tentativa de maior compreensão dos possíveis fatores que contribuem para esse sofrimento, optamos por discorrer um pouco mais sobre a depressão, a solidão, a falência financeira e a perda de pessoas amadas. Não ha nenhuma intenção de esgotá- los, mas sim como é o propósito de trabalho refletir sobre. Depressão: Um dos fatores de maior contribuição para o sofrimento psíquico e apontado como o mal do século, é a depressão. O que é confirmado no artigo: suicídio de pastores evangélicos no Brasil “A depressão é o mal do século e atinge milhares de pessoas no Brasil e no mundo”. A Organização Pan-americana de Assistência a Saúde em informativo sobre o suicídio aponta que:

“A depressão é um transtorno mental frequente. Em todo o mundo, estima-se que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofram com esse transtorno. A depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo e contribui de forma importante para a carga global de doenças. No pior dos casos, a depressão pode levar ao suicídio. A depressão é um transtorno mental caracterizado por tristeza persistente e pela perda de interesse em atividades que normalmente são prazerosas, acompanhadas da incapacidade de realizar atividades diárias, durante, pelo menos, duas semanas” (OPAS BRASIL,2018). A depressão se impõe sobre o sujeito mesmo contra sua vontade, “a depressão não é apenas muito sofrimento; mas sofrimento demais pode virar depressão” (SOLOMON p.6,2002). “A melancolia é uma forma organizada do estado de depressão ao qual quase todas as pessoas estão sujeitas. O paciente melancólico pode ser paralisado por um sentimento de culpa” (WINNICOTT, pg.23,1983). Abordado no artigo: suicídio de lideres eclesiásticos no Brasil, referindo-se às maiores causas de suicídio no mundo: aponta-se a depressão como sendo uma das doenças mais destruidoras e o suicídio a principal consequência, é como uma dependência química grave, a pessoa quer sair mais não consegue (MELO, MELO e BETT,2019). Solidão: Conforme o mesmo artigo a “solidão” faz parte da realidade do Líder Eclesiástico apontada como uma “epidemia silenciosa”. E que pode fazer com que algumas pessoas tirem as suas próprias vidas. Em reportagem na UOL notícias de julho de 2015 abordando sobre a solidão como um dos motivos do suicídio o professor da universidade de temple Wataru Nishandi, diz que:

“As pessoas com pensamentos suicidas podem se isolar, não atendendo a telefonemas, interagindo menos nas redes sociais, ficando em casa ou fechadas em seus quartos, reduzindo ou cancelando todas as atividades sociais, principalmente aquelas que costumavam e gostavam de fazer” (MS,2013). No artigo “O caminho sombrio para o suicídio de pastores” Catito (2020), aponta algumas situações que podem servir de gatilhos para o esgotamento como: a falência financeira e a perda de pessoas amadas. Falência Financeira: O equilíbrio financeiro traz certa segurança às pessoas e de forma geral proporciona que obtenham melhor qualidade de vida, mas quando ocorre um desequilíbrio ou falência financeira o desespero, a insegurança, o descontrole, o estresse invadem as pessoas. Segundo o Serviço de Proteção ao Credito (SPC),após pesquisas realizadas apontam que, “70% dos inadimplentes sofrem de ansiedade e outros distúrbios, por não conseguirem resolver suas dívidas”. O que pode ser confirmado com o artigo: suicídio de pastores evangélicos no Brasil, que traz como um dos motivos além da depressão, do esgotamento físico e emocional, de traições ministeriais,à solidão, os baixos salários e o desequilíbrio nas finanças de alguns. Muitas vezes as pessoas mantém o mesmo estilo de vida, maquiando sua atual situação financeira o que pode piorar ainda mais o problema. Perda de Pessoas Amadas: Na perda de pessoas amadas, o choro e o isolamento podem ser uma constante. “Durante o luto pode-se sentir um misto de frustração e ansiedade por não conseguir evitar a perda e uma sensação de que não será capaz de viver sem a pessoa”. O mesmo artigo trata que prazer e dor são companheiras inseparáveis de um líder eclesiástico. “Num mesmo dia a alegria de uma criança que nasceu e o enterro de um membro que partiu, ou seja, vai do alto para baixo como uma gangorra de sentimentos exigindo equilíbrio e serenidade o tempo todo”.

3. CAPÍTULO 2 – POSSÍVEIS RELAÇÕES ENTRE ESGOTAMENTO

PSÍQUICO E O SUICÍDIO NA CARREIRA MINISTERIAL

Se o esgotamento traz consequências e ou sintomas terrivelmente prejudiciais para o sujeito, pode-se dizer que ha uma linha tênue do esgotamento psíquico e o suicídio, como se fosse um equilibrista numa corda bamba, com essa colocação não pretende-se em hipótese alguma ser reducionista, mas, devido à multifatorialidade do suicídio se faz necessário atentar-se a toda e qualquer hipótese. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) em sua cartilha ressalta “o sofrimento psíquico é algo da ordem da vivência, algo da ordem da existência, todos nós mas hora ou menos hora, em maior ou menor intensidade, desenvolvemos sofrimentos psíquicos” (NETTO,P.19,2013). “Anormalidades como conflitos familiares, depressão ou estresse, são observadas em indivíduos que atentam contra si, caracterizado de distúrbios psiquiátricos, podendo ocorrer em pessoas sem anormalidades aparentes, mas que estão sob fatores estressores agudos” (RIBEIRO,2003). Sendo assim todos sofremos sem exceções, mas, um sujeito exposto diariamente a situações estressoras ou que lhe exige muito como é o caso de um Líder Eclesiástico, possivelmente buscará por atitudes extremas. “Na atualidade, os pastores são colocados diante de situações cada vez mais complexas, debaixo de responsabilidades cada vez maiores, de exigências as vezes sobre-humanas” (MAGALHÃES,2015). “O suicídio pode ser um evento psicótico, ou seja, um dado momento, dada uma situação, um episódio” (KALINA e KOVADLOFF, apud RIBEIRO,2003), onde então o sujeito decide, escolhe, ou opta pelo autoextermínio. “Algumas pessoas ficam muito descontroladas por não verem outras saídas, pensam em se matar ou o fazem sem ter disso consciência. De fato, nenhum de nós sabe o que é a morte, podemos imaginar que vamos reencontrar seres queridos (se acreditarmos na imortalidade da alma),alcançar a graça divina, ou nos livrarmos do sofrimento deste mundo. Mas isso está apenas em nossa imaginação, em nossas crenças, não ha como provar” (RAPPAPORT,p.92,2005).