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O sonho e a psicanálise freudiana, Notas de aula de Psicanálise

Resumo: O presente estudo aborda a psicanálise freudiana acerca dos sonhos, iniciada em 1890, aproximadamente. Para Freud, a essência do sonho é um desejo ...

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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O sonho e a psicanálise freudiana
Giovana Rodrigues da Silva
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Resumo: O presente estudo aborda a psicanálise freudiana acerca dos sonhos, iniciada em 1890,
aproximadamente. Para Freud, a essência do sonho é um desejo que fora reprimido durante a
infância. Partiremos da hipótese de que o sonho pode revelador da personalidade humana, que nos
ajudará a entender a verdadeira identidade do homem, bem como tornará o interior oculto da mente
acessível a nosso conhecimento. A fim de analisar a teoria freudiana e compreender os processos do
inconsciente manifesto através do sonho, iremos buscar a melhor compreensão a respeito da
temática abordada. Utilizaremos o levantamento bibliográfico, como os escritos na bibliografia de
Freud e autores que analisam sua obra, para apontarmos os aspectos mais relevantes de sua teoria
e trajetória dentro da psicanálise acerca dos sonhos.
Palavras chave: Freud. Psicanálise. Sonho. Interpretação. Desejo.
Abstract: The present study focuses on Freudian psychoanalysis of dreams, begun 1890,
approximately. According to Freud, the essence of the dream is a wish that had been repressed
during childhood. Start from the hypothesis that the dream may be revealing of the human personality,
which will help us understand the true identity of the man, and become the hidden interior of the mind
accessible to our knowledge. In order to analyze the Freudian theory and understand the processes of
the unconscious through the dream manifest, we seek better understanding of the theme. We will use
the literature as the writings of Freud in the literature and authors who analyze his work, to point out
the most relevant aspects of his theory and history within psychoanalysis about the dreams.
Keywords: Freud. Psychoanalysis. Dream. Interpretation. Desire.
Considerações iniciais
Em sua obra prima, A Interpretação de Sonhos, publicada em 1899, Freud escreveu
que “O sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente”. Durante muito tempo,
antes do surgimento da psicanálise freudiana, pensava-se que o sonho era símbolo
de uma manifestação divina ou uma premonição.
Para Freud, o sonho é um exemplo privilegiado de um processo primário, pois é
acompanhado de uma diminuição das necessidades físicas e por um desligamento
daquilo que possa vir a ser externo. Portanto, a precondição essencial ao sono é o
sonho, que é o pórtico real da psicanálise, pois através dele podemos compreender
os sintomas, os mitos, as religiões e a obra de arte como expressão do nosso desejo
mais íntimo.
Cada sentido que pertence ao sonho é correlativo à sua interpretação, que passou a
ser realizada por Freud no decorrer de seus estudos psicanalíticos. Ele usou os
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Acadêmica do curso de Letras pela FACOS Faculdade Cenecista de Osório.
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O sonho e a psicanálise freudiana

Giovana Rodrigues da Silva 1

Resumo : O presente estudo aborda a psicanálise freudiana acerca dos sonhos, iniciada em 1890, aproximadamente. Para Freud, a essência do sonho é um desejo que fora reprimido durante a infância. Partiremos da hipótese de que o sonho pode revelador da personalidade humana, que nos ajudará a entender a verdadeira identidade do homem, bem como tornará o interior oculto da mente acessível a nosso conhecimento. A fim de analisar a teoria freudiana e compreender os processos do inconsciente manifesto através do sonho, iremos buscar a melhor compreensão a respeito da temática abordada. Utilizaremos o levantamento bibliográfico, como os escritos na bibliografia de Freud e autores que analisam sua obra, para apontarmos os aspectos mais relevantes de sua teoria e trajetória dentro da psicanálise acerca dos sonhos.

Palavras – chave : Freud. Psicanálise. Sonho. Interpretação. Desejo.

Abstract : The present study focuses on Freudian psychoanalysis of dreams, begun 1890, approximately. According to Freud, the essence of the dream is a wish that had been repressed during childhood. Start from the hypothesis that the dream may be revealing of the human personality, which will help us understand the true identity of the man, and become the hidden interior of the mind accessible to our knowledge. In order to analyze the Freudian theory and understand the processes of the unconscious through the dream manifest, we seek better understanding of the theme. We will use the literature as the writings of Freud in the literature and authors who analyze his work, to point out the most relevant aspects of his theory and history within psychoanalysis about the dreams.

Keywords : Freud. Psychoanalysis. Dream. Interpretation. Desire.

Considerações iniciais

Em sua obra prima, A Interpretação de Sonhos , publicada em 1899, Freud escreveu

que “O sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente”. Durante muito tempo,

antes do surgimento da psicanálise freudiana, pensava-se que o sonho era símbolo

de uma manifestação divina ou uma premonição.

Para Freud, o sonho é um exemplo privilegiado de um processo primário, pois é

acompanhado de uma diminuição das necessidades físicas e por um desligamento

daquilo que possa vir a ser externo. Portanto, a precondição essencial ao sono é o

sonho, que é o pórtico real da psicanálise, pois através dele podemos compreender

os sintomas, os mitos, as religiões e a obra de arte como expressão do nosso desejo

mais íntimo.

Cada sentido que pertence ao sonho é correlativo à sua interpretação, que passou a

ser realizada por Freud no decorrer de seus estudos psicanalíticos. Ele usou os

(^1) Acadêmica do curso de Letras pela FACOS – Faculdade Cenecista de Osório.

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sonhos como ponto de partida para as livres associações que conduziam até as

ideias inconscientes que se ocultavam atrás de sintomas e sonhos.

Conforme afirma Freud, a essência do sonho é um desejo que fora reprimido

durante a infância. Após seus estudos em torno dessa temática, ele afirmou à

sociedade da época a existência do inconsciente, tido até então como lixo humano,

mas que poderia revelar grandes mistérios da personalidade humana.

Os sonhos retomam impressões de dias anteriores e têm a sua disposição os fatos

mais primitivos de nossa infância, que ainda estão latentes em nosso inconsciente.

Para que um sonho seja interpretado é importante que não seja entendido de uma

só vez, na sua totalidade, pois devido a ser formado no inconsciente só existem

afetos e fragmentos da realidade, logo muito confuso no primeiro momento

(INTERPRETAÇÃO DE SONHOS, acessado em 2011).

Sonhos: a revelação do inconsciente

Em sua teoria, Freud caracteriza seis categorias do processo onírico. A primeira dela

trata que Os sonhos são realizações de desejos. Essa foi uma das descobertas

realizada através do Projeto para uma psicologia científica , iniciado por Freud em

1895. Esse escrito era desconhecido por todos, exceto Wilhelm Fliess, amigo dele. A

publicação desse material ocorreu há meio século depois (GARCIA-ROSA, p.42).

Através de um sonho Freud fez, sem dúvida, uma das mais importantes

descobertas. Segundo Garcia – Rosa (2004), a primeira descoberta, acerca dos

sonhos como realizações dos desejos, ocorre devido ao fato que “Os sonhos são

processos primários que produzem o modelo de experiência e satisfação” (p. 59).

A segunda caracterização feita ao sonho é que As ideias oníricas são de caráter

alucinório. Como o próprio Freud dizia, citado por Garcia- Rosa: “Fecha-se os olhos

e alucina-se; torna-se a abri-los e pensa-se com palavras” (ESB, v. I, p. 447). Do

caráter alucinatório, Freud destaca que o sonho é uma possibilidade de regressão.

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realizações dos desejos.

Os sonhos são tidos como fenômenos psíquicos, devido ao fato de serem produções

e comunicações da pessoa que sonha. Portanto, através do relato fiel feito pelo

sonhador, é possível que o sonho seja interpretado psicanaliticamente.

Freud afirma também que o sonhador sempre sabe o significado de seu sonho,

entretanto, a censura o impede de reconhecer aquilo que pode ferir a sua moral.

Conforme os estudos a cerca da teoria da interpretação de Freud, Garcia-Roza diz:

“A função da interpretação é exatamente a de produzir a inteligibilidade desse

sentido oculto” (2004, p. 63).

Todo material que compõe o conteúdo de um sonho é derivado, de algum modo, da

experiência, ou seja, foi reproduzido ou lembrado no sonho. No entanto, esse

material não é imediatamente acessível nem ao sonhador, nem ao intérprete, como

afirma Garcia-Roza (2004, p. 63):

A razão disso reside no fato de o sonho ser sempre uma forma disfarçada de realização dos desejos e que nessa medida incide sobre ele uma censura cujo efeito é deformação onírica. O sonho que recordamos e relatamos ao interprete foi submetido a uma deformação cujo objetivo é proteger o sujeito do caráter ameaçador dos seus desejos. O sonho recordado é, pois, um substituto deformado de outra coisa, de um conteúdo inconsciente, ao qual se pretende chegar através da interpretação.

Como citado, o conteúdo do sonho relatado nunca será ligeiramente interpretado no

mais profundo do inconsciente. Segundo Freud, sempre haverá dois componentes

básicos intrínsecos na interpretação do sonho: o conteúdo manifesto do sonho e os

pensamentos oníricos latentes. O material do primeiro corresponde ao sonho

lembrado e relatado pelo sonhador. Já o material do segundo trata do oculto e

inconsciente do sonho, que se pretendem atingir através da interpretação.

Como o sonho sonhado, retomamos, não é interpretado, e sim o relato do sonho, o

intérprete é apenas o seu analista. Portanto, interpretar um sonho é possível

somente utilizando a linguagem e não as imagens oníricas, atingidas apenas pelo

sonhador. O analista deve usar os enunciados do paciente sonhador para observar

novos enunciados, mais ocultos e primitivos, que será a expressão do desejo do

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paciente. (GARCIA-ROZA, 2004, p. 64)

A expressão do desejo através do sonho

Antes de mais nada devemos compreender o que vem a ser um desejo. Conforme

Garcia-Roza (2004), o desejo é uma ideia ou um pensamento; portanto, algo

completamente distinto da necessidade e da exigência. O desejo se apresenta como

fantasias, que podem ou não ser realizadas para satisfazer o sujeito.

Assim como afirma Freud, esse desejo pode ser reprimido, pois seus pensamentos

serão censurados e deformados pela atividade onírica. A matéria-prima dos sonhos

é, portanto, o pensamento. Esse pensamento possui um sentido e um valor, assim

como o significado e o significante na linguística.

Mediante essas afirmações, Garcia-Roza (2004, p. 84) pergunta-se de onde vêm os

desejos. Para Freud há três origens possíveis: A) Restos diurnos não – satisfeitos,

que foram despertados por algum motivo externo que não foi concretizado. B)

Restos diurnos recalcados, que surgiram durante o dia, mas foram suprimidos. C)

Desejos que nada tem que ver com a vida diurna, mas que surgem durante o sono.

Há ainda uma quarta fonte de desejos oníricos, que são os impulsos decorrentes de

estímulos noturnos (fome, sede, sexo etc).

Os desejos do nosso inconsciente preparam-se para ser manifestos, entretanto a

censura consciente não permite que eles sejam expressos. Não podemos

desconsiderar que a atividade onírica pode provocar ansiedade no sonhador, pois

nem sempre o sonho obtém sucesso completo na realização dos desejos.

Outro aspecto em análise, que se refere à realização dos desejos através do sonho

é a insatisfação do sonhador, que muitas vezes não aproveita o prazer oferecido

devido a repulsa e censura do seu inconsciente. Assim, questiona-se Garcia-Rosa a

esse aspecto:

[...]”quando se afirma que o sonho é uma realização de desejos e que a realização de um desejo deve provocar prazer, não fica esclarecido o seguinte: a quem o sonho deve proporcionar prazer? A resposta obvia e

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Referências

GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o inconsciente. 20. ed. Rio de Janeiro: Jorge

Zahar, 2004.

http://fundamentosfreud.vilabol.uol.com.br/sonhos.html. Acessado em: 29/11/2011.