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Preconceito e Sotaque: Discriminação Social na Linguagem, Notas de aula de Sociolinguística

Este documento aborda o tema do preconceito, especificamente o preconceito de sotaque, que pode ser social, cultural ou racial. O autor, daiane vithoft, discute a importância de se posicionar cuidadosamente quanto ao preconceito para evitar ser tendencioso. Ela também explora a definição da linguagem e a relação entre a linguagem e a sociedade, enfatizando a importância da sociolinguística. O documento também discute a influência do sotaque na confiança de crianças e na formação de preconceitos socioeconômicos, regionais e culturais.

O que você vai aprender

  • Quais são as raízes sociais do preconceito linguístico?
  • Como o preconceito linguístico pode afetar pessoas financeiramente?
  • Como o sotaque pode influenciar a confiança de crianças?
  • O que é o preconceito de sotaque?
  • Qual é a definição de linguagem?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

EmiliaCuca
EmiliaCuca 🇧🇷

4.5

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O PRECONCEITO LINGUÍSTICO NO SOTAQUE E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA
VIDA DO INDIVÍDUO
LUZ, Jurema dos Santos
Curso de Bacharelado em Letras
Centro Universitário Internacional Uninter
ALMEIDA, Daiane Vithoft de
1
Professora Orientadora
RESUMO
O sotaque de um indivíduo pode ser, em algumas ocasiões, considerado como um
cartão de apresentação a um novo interlocutor. No momento em que abrimos a boca
e iniciamos a falar demonstramos várias coisas a nosso respeito: nossa cultura,
nossa educação, nossa origem geográfica e até, porque não dizer, nossas intenções.
Este trabalho está voltado para o preconceito que sofremos quando o nosso
interlocutor não pertence a nossa mesma classe social e geográfica e somos julgados
pela nossa pronúncia; o dano causado quando somos discriminados por nosso
sotaque, mas também o orgulho que temos de falar como falamos. A pesquisa está
calcada na opinião de doutores, mestres e na vivência de quem passou por situações
constrangedoras ou que foi preterido por seu sotaque. O preconceito pode ser de
várias formas, tanto social, como cultural, como racial, e, enfatizado neste trabalho, o
preconceito de sotaque. O sotaque, além de ser regional, também pode ser local e,
dentro de uma mesma localidade, pode acontecer de se ouvir palavras às quais não
estamos acostumados a ouvir.
Palavras-chave: Sotaque. Discriminação. Prejuízos. Traumas.
1 INTRODUÇÃO
Embora sejamos habitantes de um mesmo país, região ou até mesmo cidade,
muitas vezes a pronúncia o que conhecemos como sotaque - de determinadas
palavras provoca no ouvinte discriminação, isto é, o falante acaba sendo rotulado pelo
1
Professora Daiane Vithoft de Almeida, Graduada em Letras no ano de 2005 na Instituição Santa Cruz,
pós- graduada em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa, Pós- graduada em Deficiências
Múltiplas. Professora Orientadora na Faculdade Uninter.
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O PRECONCEITO LINGUÍSTICO NO SOTAQUE E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA

VIDA DO INDIVÍDUO

LUZ, Jurema dos Santos Curso de Bacharelado em Letras Centro Universitário Internacional Uninter ALMEIDA, Daiane Vithoft de^1 Professora Orientadora RESUMO O sotaque de um indivíduo pode ser, em algumas ocasiões, considerado como um cartão de apresentação a um novo interlocutor. No momento em que abrimos a boca e iniciamos a falar já demonstramos várias coisas a nosso respeito: nossa cultura, nossa educação, nossa origem geográfica e até, porque não dizer, nossas intenções. Este trabalho está voltado para o preconceito que sofremos quando o nosso interlocutor não pertence a nossa mesma classe social e geográfica e somos julgados pela nossa pronúncia; o dano causado quando somos discriminados por nosso sotaque, mas também o orgulho que temos de falar como falamos. A pesquisa está calcada na opinião de doutores, mestres e na vivência de quem passou por situações constrangedoras ou que foi preterido por seu sotaque. O preconceito pode ser de várias formas, tanto social, como cultural, como racial, e, enfatizado neste trabalho, o preconceito de sotaque. O sotaque, além de ser regional, também pode ser local e, dentro de uma mesma localidade, pode acontecer de se ouvir palavras às quais não estamos acostumados a ouvir. Palavras-chave: Sotaque. Discriminação. Prejuízos. Traumas. 1 INTRODUÇÃO Embora sejamos habitantes de um mesmo país, região ou até mesmo cidade, muitas vezes a pronúncia – o que conhecemos como sotaque - de determinadas palavras provoca no ouvinte discriminação, isto é, o falante acaba sendo rotulado pelo (^1) Professora Daiane Vithoft de Almeida, Graduada em Letras no ano de 2005 na Instituição Santa Cruz, pós- graduada em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa, Pós- graduada em Deficiências Múltiplas. Professora Orientadora na Faculdade Uninter.

ouvinte como “diferente” por sua forma de falar. A forma de tratamento dada às pessoas que falam diferente do que estamos acostumados a ouvir, pode traumatizar de maneira indelével uma pessoa. Em um primeiro momento, as palavras proferidas podem causam estranheza, levando muitas pessoas a rirem de seu interlocutor apenas por ter pronunciado de maneira não habitual ao que o outro indivíduo está acostumado a ouvir. E é essa discriminação social que sofre o falante ao se comunicar com pessoas de fora do seu círculo geográfico, e porque não dizer familiar, que será o tema deste trabalho. No entanto, é necessário tomar-se cuidado no momento de se posicionar quanto ao preconceito para não ser tendencioso, para não correr o risco de ser preconceituoso dentro do preconceito. Como sabemos, para podermos nos posicionar – e por que não, criticar – alguém ou um trabalho devemos ter um bom conhecimento para que tal crítica seja construtiva. Daí a necessidade da leitura de vários livros e pensamentos de brasileiros ilustres na área das Letras. O posicionamento dos autores aqui citados dará um norte ao título deste trabalho, que é o dano causado a um indivíduo por sua forma de falar. Algo que está, intrinsicamente, ligado ao conhecimento da Língua Portuguesa e de sua, também, transformação ao longo das gerações, fazendo com que o falante fique rotulado ou como um iletrado ou como um pernóstico. A metodologia empregada foi o sistema de pesquisa bibliográfica com estudiosos do assunto enriquecendo de maneira significativa este trabalho. Quais as consequências dessa discriminação? Até que ponto pode afetar mental e psicologicamente o falante? O constrangimento causado pela forma de falar/sotaque pode causar danos permanentes no indivíduo? Até que ponto a utilização da Linguística e da Sociolinguística amenizaria esses danos? 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Na Moderna Gramática Portuguesa encontramos a seguinte definição de Linguagem: “Entende-se por linguagem qualquer sistema de signos simbólicos

estudos linguísticos entre Leipzig, Berlim, Paris e Genebra, tornando a Linguística uma ciência. O reconhecimento de Saussure como o fundador da Linguística como ciência só veio após sua morte. Aliás, Saussure publicou apenas um livro em vida, quando ainda estudante. Porém, dois alunos: Charles Bally (franco-suíço) e Albert Sechehayeque compilaram seus trabalhos e editaram junto com os de muitos outros alunos todo o material de cursos e aulas dadas por Saussure e lançaram, três anos após sua morte, um livro chamado Curso de Linguística Geral, que serviu de base para o desenvolvimento da linguística atual. Conforme Dilva Frazão escreve na ebiografia do linguista Ferdinand de Saussure, a Linguística “é um sistema abstrato de relações diferenciais”. Em seus estudos, ele estabeleceu uma série de definições e distinções sobre a natureza da linguagem, voltando-se para o signo, fazendo uma distinção entre Langue e Parole, isto é, Língua (psíquica) e Palavra ou Fala (psicofísica), argumentando que a Língua é um produto social na mente do falante e a Parole = Palavra ou Fala é um ato individual que sofre influência de fatores externos. Surgindo daí o Estruturalismo que teve (e tem) como proposta o estudo de que a Linguagem tem um lado individual e outro social. É relevante destacar que na abordagem estruturalista, a língua passa a ser o objeto da Linguística em decorrência de esta fazer parte da coletividade e possuir um sistema homogêneo; ao passo que a fala não é considerada passível de análise por tratar-se apenas de manifestações momentâneas e individuais e por estar sujeita à influência de fatores externos, os quais, na maioria das vezes, não são linguísticos. (ROSA, Eliana da. Sociolinguística Histórica-Revista de Letras; 2015; v.17). Para facilitar o estudo da Linguística, ela foi dividida em quatro grupos – as variações linguísticas, que são: as sociais ou diastráticas; as regionais ou diatópicas; as históricas ou diacrônicas e as estilísticas ou diafásicas. A partir do momento em que houve essa dissecação da língua pela Linguística, foi possível o surgimento da Sociolinguística, que nos traz de volta ao título deste trabalho. Pois, com a ajuda destas duas ciências vamos trabalhar os diferentes sotaques, as diferentes pronúncias e a razão destas diferenças. Ainda segundo Eliana da Rosa...”Mais tarde, com a implementação do Gerativismo e da Sociolinguística, o interesse pela investigação da língua falada se

intensificou ainda mais”. Ela ainda continua, em seu trabalho denominado Sociolinguística Histórica: O Gerativismo surgiu com a publicação da obra Syntactic Structures (1957) de Noam Chomsky, como oposição ao Estruturalismo vigente até então. Este linguista propôs que a linguagem deveria ser considerada como um sistema de conhecimentos inatos, geneticamente determinado, inconsciente e modular, ou seja, a língua era formada por um sistema de regras. Segundo as premissas desta teoria, o falante possuiria dois tipos de gramáticas: a universal (GU) e a particular (GP). A Gramática Universal tratar- se-ia do estado inicial da linguagem, ou seja, quando a criança começaria a adquirir a língua, a qual está exposta. A evolução da GU resultaria na Gramática Particular (GP), que corresponderia às características próprias de cada língua. Desse modo, os elementos da língua fariam parte da GU, ao passo que a forma e a ordem como esses elementos são organizados, no sistema dessa língua, fariam parte da GP. Na opinião de Noam Chomsky (2015), opositor de Ferdinand de Saussure, “a capacidade de desenvolver a linguagem é uma habilidade inata do ser humano”. 2.2 SOCIOLINGUÍSTICA O que é? É a ciência que estuda a relação da língua com a sociedade, suas nuances, diferenças culturais e até diferenças geográficas. A sociolinguística estuda o padrão de comportamento da língua dentro de uma determinada sociedade, como vocabulário, pronúncia, morfologia e sintaxe, inserindo o falante em seu meio social abrangente, cultural e financeiro, bem como a herança da fala (pronúncia) legada pelo ambiente familiar. 3 O DIÁLOGO Para Mikhail Mikhailovich Bakhtin, filósofo e pensador russo,“a alteridade define o ser humano, pois o outro é indispensável para sua concepção. E é nesse momento do diálogo que pode acontecer a discriminação, uma vez que como diz Bakhtin “é impossível pensar no homem fora das relações que o ligam ao outro” (BAKHTIN apud BRAIT, 1997, p. 35-36). Ricardo Santos Davi em seu trabalho de filologia (vide Referências) Ideologia e Dialogismo diz o seguinte sobre o Círculo de Bakhtin:

da Universidade de Cornell, nos EUA, que fez todo um trabalho junto a bebês, tanto ainda em processo de gestação, quanto a recém-nascidos e concluí que: ... os bebês preferem a linguagem que mais ouvem quando ainda estão no ventre da mãe. Em um estudo, os pesquisadores repetiram uma palavra inventada várias vezes enquanto as mulheres ainda estavam grávidas. Quando os bebês nasceram, exames cerebrais apontaram que apenas os bebês que ouviram a palavra repetidamente responderam a ela. Quando os bebês já têm vários meses de idade, eles podem diferenciar idiomas e dialetos. Desde cedo, os bebês passam a ter afinidade por outros que falam sua língua nativa. Em outro estudo, ela descobriu que as crianças confiam mais em pessoas que falam a língua nativa do que os que falam com sotaque estrangeiro. (HOGENBOOM, Melissa. BBC NEWS. 16/04/2018) E Melissa continua: No Brasil, os sotaques das regiões do Nordeste são os que geralmente sofrem preconceito, o que ficou evidente quando a cearense Melissa Gurgel foi coroada Miss Brasil 2014 e foi vítima de uma série de ofensas na internet. Um dos comentários dizia "Miss Ceará: bonita até abrir a boca e vir aquele sotaquezinho sofrível". 3.2 DIALETO E IDIOLETO Estas duas palavras muito parecidas, cujas definições podem causar alguma confusão, estão, de certa maneira, interligadas com a discriminação e o preconceito linguístico. 3.2.1 Dialeto A definição desta palavra no Google é a seguinte: “substantivo masculino – conjunto de marcas linguísticas de natureza semântico-lexical, morfossintática e fonético-morfológica, restrita a uma comunidade inserida numa comunidade maior de usuários da mesma língua”. Evanildo Bechara, na Moderna Gramática Portuguesa diz: ... há uma diversidade na unidade, e uma unidade na diversidade. Os falantes dessas diversidades, por motivações de ordem política e cultural, tendem a procurar, graças a um largo período histórico, um veículo comum de comunicação que manifeste a unidade que envolve e sedimenta as várias comunidades em questão ... um dialeto (...) como veículo de expressão e comunicação, que paire sobre as variedades regionais ...

A definição desta palavra no Google é a seguinte: substantivo masculino – conjunto de marcas linguísticas de natureza semântico-lexical, morfossintática e fonético-morfológica, restrita a uma comunidade inserida numa comunidade maior de usuários da mesma língua. Evanildo Bechara, na Moderna Gramática Portuguesa diz: ... há uma diversidade na unidade, e uma unidade na diversidade. Os falantes dessas diversidades, por motivações de ordem política e cultural, tendem a procurar, graças a um largo período histórico, um veículo comum de comuniação que manifeste a unidade que envolve e sedimenta as várias comunidades em questão ... um dialeto (...) como veículo de expressão e comunicação, que paire sobre as variedades regionais ... 3.2.2 Idioleto O idioleto é um vocabulário praticado de maneira individual ou familiar com padrões de fala de uma pessoa específica. Conforme definição encontrada na Wikipédia: “Cada indivíduo tem um idioleto; o arranjo de palavras e frases é único, não significando que o indivíduo utiliza palavras específicas que ninguém mais usa. Um idioleto pode evoluir facilmente para um ecoleto, uma variação de dialeto específica a uma família de indivíduos”. 3.3 A DIFICULDADE DO DIÁLOGO E DA INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Na visão de Marcos Bagno há uma crise no ensino brasileiro. Em seu livro Preconceito Linguístico – o que é, como se faz(1999), o autor não só explica o porquê da crise no ensino, como o resultado dessa crise. Embora o livro tenha sido escrito há mais de 20 anos, até hoje, pouco ou quase nada foi feito para mudar esse quadro, trazendo em seu bojo a dificuldade de expressão, tanto oral, quanto escrita, e os famosos analfabetos funcionais, que são aqueles que não conseguem interpretar coisas simples, como a leitura de um documento ou até mesmo uma receita de bolo. Ele diz: Uma coisa não podemos deixar de reconhecer: existe atualmente uma crise no ensino da língua portuguesa. Muitos professores, alertados em debates e conferências ou pela leitura de bons textos científicos, já não recorrem tão exclusivamente à gramática normativa como única fonte de explicação para os fenômenos lingüísticos. Por outro lado, sentem falta de outros instrumentos didáticos que possam, senão substituir, ao menos

4 PRECONCEITO LINGUÍSTICO

O preconceito linguístico não anda sozinho, ele sofre influência do preconceito socioeconômico, do preconceito regional, do preconceito cultural, ou seja, há todo um contexto que ajuda a produzir o preconceito linguístico. E isto que estamos nos referindo apenas ao preconceito linguístico no sotaque. Nildo Viana, Professor Universitário da UEG (Universidade Estadual de Goiás) e Doutor em Sociologia pela UnB (Universidade de Brasilia) fala sobre o preconceito linguístico: A maioria das abordagens do preconceito linguístico se limita a descrevê-lo e denunciá-lo sem apresentar suas raízes sociais e seu envolvimento na dinâmica das lutas sociais, inclusive as travadas no interior do sistema escolar... (...) Uma das condições de possibilidade do preconceito linguístico se encontra na distinção na linguagem. É somente quando tal distinção surge é que se torna possível esta forma de preconceito. ... (...) preconceito originado da distinção entre a “língua culta” e a linguagem coloquial, ou a normatização da linguagem e a distinção entre “certo” e “errado”. Tal preconceito tem origem no processo de normatização da língua feita pelo sistema escolar e pelos setores intelectualizados da sociedade. As classes sociais privilegiadas incorporam a chamada “língua culta” e a tomam como uma distinção social que reforça seu status privilegiado. (VIANA,Nildo. Abril de 2004) A doutora e professora do Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Siane Gois explica o que é o preconceito para Wellington Silva, do jornal Folha de Pernambuco: Preconceito linguístico é o julgamento de valor que se faz em relação a determinada maneira de falar, a determinada variante linguística de uma comunidade.“Pessoas que residem nas regiões mais ricas do país acham que as falas delas são mais belas e organizadas do que as falas das regiões pobres. Quem está na capital acha que os moradores do interior têm uma fala feia, engraçada, errada. E se você vai para o Interior, provavelmente, o falante da cidade acha que moradores da zona rural têm uma fala diferente, estranha, inferior. Isso mostra que o preconceito linguístico é, na verdade, social. O grupo que está em uma situação mais favorecida vai se posicionar de uma maneira preconceituosa em relação ao mais desfavorecido”, fala a professora. (SILVA, Wellington. Folha de Pernambuco – 06/03/2021) 4.1 OS DANOS CAUSADOS PELO PRECONCEITO LINGUÍSTICO Os danos causados pelo preconceito linguístico vão além de danos psicológicos, podendo afetar, também, financeiramente alguém que é preterido em

uma seleção de emprego por ter um sotaque acentuado. Uma jovem atriz, natural de Recife, conta que para ser aceita nos testes para conseguir um trabalho passou a falar com sotaque carioca, alegando que mantendo seu sotaque original haveria o esteriótipo regional, isto é, dariam a ela um papel secundário por causa de seu sotaque nordestino. No site do jornal Folha de Pernambuco, Wellington Silva escreve: Alguns especialistas destacam que o preconceito linguístico, fruto das questões socioeconômicas, pode ser considerado o que promove as mais graves consequências, pois integrantes de classes mais pobres acabam dominando variedades linguísticas mais informais, devido ao pouco ou quase nenhum acesso à educação formal. Por conta deste fenômeno, essa parcela populacional é excluída de seleções de emprego e um ciclo de pobreza é perpetuado. Pais e filhos sem acesso à educação acabam seguindo o mesmo caminho de poucas oportunidades de mudança de classe social. (SILVA, Wellington. Folha de Pernambuco) 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Interessante a colocação de Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa, pag. 36) ao falor sobre Juízos de Valor “... Sendo (o português) uma língua histórica ... um conjunto de várias línguas comunitárias, haverá mais de uma norma de correção”, sendo que para ele o uso que fazemos das normas deveria ser revisto, pois a palavra norma deriva de normal, o que pode provocar conflito na sua interpretação. Então, o falante que pronuncia uma palavra acentuando o “e” no final da palavra, muito comum no Sul, o famoso “leit e quent e” não deve, de forma alguma, ser ridicularizado por isso. Da mesma forma quem pronuncia este mesmo “e” puxando para o “i” – leit i quent i – não está, necessariamente, errado, porém esta pronúncia diferente, causa muita dor de cabeça na hora da escrita, pois por sua excessiva familiaridade com o som pode, por exemplo, escrever “iscola”. Sabemos que a evolução da língua acontece dessa forma, mas enquanto os gramáticos não batem o martelo, devemos escrever conforme as normas cultas. O preconceito linguístico é, segundo o professor, linguista e filólogo Marcos Bagno, todo juízo de valor negativo (de reprovação, de repulsa ou mesmo de desrespeito) às variedades linguísticas de menor prestígio social. Porém precisamos

HOGENBOOM, Melissa. O que seu sotaque diz sobre você. BBC NEWS.COM/PORTUGUESE (BBC FUTURE) 16/04/2018 – Acesso em 20/03/ PEREZ, Luciana Castro Alves. Sotaques Brasileiros. https://www.portugues.com.br/gramatica/sotaques-brasileiros.html – Acesso em 14/03/ POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, SP : Mercado de Letras : Associação de Leitura do Brasil, 1996. (Coleção Leituras no Brasil) ISBN 85 85725- 24 - 9 SILVA, Wellington. Atualizado em 06/03/21 às 10H1. FOLHA DE PERNAMBUCO – folhape.com.br – Acesso em 10/03/ VIANA, Nildo. Educação e Preconceito Linguístico. Revista “A PÁGINA DA EDUCAÇÃO ONLINE”. Edição Nº 133, Ano 13, Abril 2004. Acesso em 08/01/ WIKIPÉDIA – Idioleto – acesso em 17/03/