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o poema e seus constituintes ( 2ª parte), Notas de aula de Teoria da Literatura

Teoria da Literatura I. INTRODUÇÃO. O que dissemos na Introdução da aula ... Chama-se icto a sílaba tônica, ou sílabas tônicas, mais fortes do verso.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Gaucho_82 🇧🇷

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O POEMA E SEUS
CONSTITUINTES ( 2ª PARTE)
META
Apresentar os elementos formais do poema referentes ao ritmo e à rima.
OBJETIVOS
Ao fi nal desta aula, o aluno deverá:
identifi car as diferenças entre o ritmo melódico, o ritmo lógico e o ritmo psicológico;
comparar as características do ritmo na prosa e na poesia;
reconhecer as diferenças entre os vários tipos de rima;
avaliar a importância maior ou menor da rima na elaboração do poema.
PRÉ-REQUISITOS
A aula 9, que contém a primeira parte do assunto que descreve o poema e seus constituintes
Aula10
Antonio Cardoso Filho
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O POEMA E SEUS

CONSTITUINTES ( 2ª PARTE)

META

Apresentar os elementos formais do poema referentes ao ritmo e à rima.

OBJETIVOS Ao final desta aula, o aluno deverá: identificar as diferenças entre o ritmo melódico, o ritmo lógico e o ritmo psicológico; comparar as características do ritmo na prosa e na poesia; reconhecer as diferenças entre os vários tipos de rima; avaliar a importância maior ou menor da rima na elaboração do poema.

PRÉ-REQUISITOS A aula 9, que contém a primeira parte do assunto que descreve o poema e seus constituintes

Aula

Antonio Cardoso Filho

Teoria da Literatura I

INTRODUÇÃO

O que dissemos na Introdução da aula anterior serve de igual modo para esta aula. Você pode se perguntar: “Se é assim, porque o conteúdo desta aula já não faz parte da aula passada?” Bem, é porque cada aula deve ser escrita em função do tempo normal de uma aula presencial e, sendo assim, não é possível estudar tudo em tão pouco tempo. Aliás, neste momento, você já percebeu que o conteúdo da Aula 17 é demasiado para se estudar em duas horas. Se essa demasia não foi evitada é devido à importância de você ter uma visão geral desses aspectos técnicos da poesia. Mesmo assim, o que está posto lá e o que você vai ver aqui ainda não é suficiente para um estudo aprofundado do assunto. Vamos, então, começar essa nova etapa, que trata do RITMO e da RIMA.

Teoria da Literatura I

Mas, cuidado! Nem sempre ocorre uma pausa no final do verso. Não raramente, o sentido de um verso continua no verso seguinte. Daí não se poder fazer uma pausa no final. A esse fenômeno se dá o nome de encade- amento ou enjambment.

Eu sei que vou te amar Por toda a minha vida eu vou te amar A cada despedida eu vou te amar desesperadamente, eu sei que vou te amar.

(Vinícius de Moraes e Tom Jobim)

Outro fenômeno do verso é o corte. Isso ocorre quando há uma pausa máxima no interior do verso, forçada pela presença de uma pontuação forte. É o que vai acontecer no meio do terceiro verso com o ponto na palavra “espanholas”.

Sopra o vento, desdobra-o, resplandecem De um lado a imagem do Cordeiro, e do outro As armas espanholas. Como assenso Da divina mansão, esparge a brisa Um chuveiro de flores sobre a imagem,

(Araújo Porto Alegre)

Dentro do ritmo melódico há que se considerar ainda o segmento melódico que é a parte do verso que constitui a unidade do ritmo. Um verso pode ter um ou mais segmentos melódicos.

Oh! que saudades / que tenho Da aurora / da minha vida Da minha / infância querida Que os anos/ não trazem mais!

(Casimiro de Abreu)

Para detectar o segmento melódico é necessário verificar onde estão a cesura e a pausa final do verso. Se o verso tiver apenas um segmento, será considerado simples (versos com até quatro sílabas métricas); se tiver mais de um segmento melódico, será considerado composto (versos com mais de quatro sílabas métricas).

O poema e seus constituintes (2ª parte) (^) Aula 10

c) ritmo psicológico (ou interior) – característico do verso livre, que não se preocupa com a forma de musicalidade do verso medido e deixa a cargo do leitor a percepção do clima poético.

Não faças versos sobre acontecimentos. Não há criação nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina. As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam. Não faças poesia com o corpo, esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

(Drummond)

(Fonte: http://brunogodinho.zip.net/).

Comparando a forma de organização do ritmo e do metro, podemos dizer que este último é um fator formal e exterior do poema enquanto o ritmo é algo subjetivo e está relacionado com a produção de uma certa emoção, por isso tem a ver com o interior do sujeito poético. Os apoios rítmicos do verso, ou seja, os lugares onde estão os ictos podem-se dar em qualquer sílaba a depender da preferência do poeta. En- tretanto, existem algumas convenções. Por exemplo, o verso decassílabo quando apresenta o esquema rítmico na 6ª e na 10ª sílabas chama-se heróico; quando este esquema está na 4ª, 7ª e 10ª sílabas, chama-se provençal; e quando ocorre na 4ª, 8ª e 10ª sílabas, chama-se sáfico.

SOBRE A RIMA

A rima é a semelhança ou igualdade de som. Ela pode ocorrer no final de versos diferentes, no interior do mesmo verso ou ainda no final de um verso com o interior de outro. Mas a rima não é um dado intrínseco ao po- ema e nem sempre existiu. Entre os gregos e os romanos ela não aparecia. Mas aqui nós vamos estudá-la. Então, comecemos.

Ver glossário no final da Aula

O poema e seus constituintes (2ª parte) (^) Aula 10

A rima é classificada em relação a cinco aspectos: disposição, qualidade, som, intensidade e gênero.

  1. Quanto à disposição, ela pode ser final e interna. FINAL – quando acontecem no fim do verso. As rimas finais podem ser:
  • paralelas – um verso rima com o seguinte. Seu esquema é a a b b.

Filho meu, tesouro mago de todo esse afeto vago... Filho meu, torre mais alta de onde o meu amor se exalta.

(Cruz e Sousa)

  • Opostas – o esquema é a - - a. Entre os versos rimados existem dois outros que podem conter rima ou não.

Quem és tu, quem és tu, vulto gracioso, Que te elevas da noite na orvalhada? Tens a face nas sombras mergulhada... Sobre as névoas te libras vaporoso...

(Castro Alves)

  • Alternadas – seu esquema é a b a b.

Minh’alma é triste como a flor que morre Pendida à beira do riacho ingrato. Nem beijos dá-lhes a viração que corre, Nem doce canto o sabiá do mato!

(Casimiro de Abreu)

  • Misturadas – como o próprio nome está dizendo, não têm esquema pa- dronizado.

Acorda! à ave na selva, Às flores no agasalho Da relva;

À aranha em cuja corda Treme a gota de orvalho: Acorda!

Ver glossário no final da Aula

Teoria da Literatura I

Do caniçal às flechas, do matagal às ramas; implexas; (Alberto de Oliveira)

  • Continuadas – é a repetição do mesmo som na estrofe ou até no poema completo. Ó tristeza sem fim deste dia de agosto! É como um dia que nascesse de um sol-posto: um dia já vivido, um dia já transposto há muito, muito tempo... um dia decomposto
    • cadáver de outro dia – a apodrecer exposto ao sol profanador de outro dia disposto a ser útil e belo; um dia recomposto, feito do que ficou de dias de desgosto.

(Guilherme de Almeida)

INTERNA – é aquela que se dá dentro do verso. As rimas internas se subdividem em:

  • Aliterantes – quando sons consonantais iguais ou semelhantes se repetem.

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem... que já vem, que já vem, que já vem...

(Chico Buarque de Holanda)

  • Encadeadas – acontecem com palavras do final de um verso com palavra do interior do verso seguinte.

Carinhosa e doce, ó Glaura, Vem esta aura lisonjeira,

(Silva Alvarenga)

(Fonte: http://img.olhares.com).

Teoria da Literatura I

Raras – quando a rima se dá com palavras pouco utilizadas para a rima.

Para que não ter por ti desprezo? Por que não perdê-lo? Ah, deixa que eu te ignore... O teu silêncio é um leque – Um leque fechado, um leque que aberto seria tão belo, tão belo,

Mas mais belo é não o abrir, para que a Hora não peque...

(Fernando Pessoa)

  1. Quanto ao som. Quando falamos em som, estamos aqui nos referindo à extensão dos fonemas que rimam. Nesse aspecto, a rima pode ser consoante, toante (ou assoante) e impura. Rima consoante – é aquela que se dá a partir da última vogal tônica do verso.

Destes penhascos fez na natureza O berço em que nasci: Oh! quem cuidara, Que entre penhas tão duras se criara Uma alma terna, um peito sem dureza!

(Cláudio Manuel da Costa)

Essa rima se subdivide em: suficiente e opulenta.

  • Suficiente – quando a identidade do som ocorre apenas a partir do último icto, da última vogal tônica do verso, como se deu no exemplo anterior.
  • Opulenta – quando a identidade do som ocorre também com os fonemas anteriores ao icto.

Pintei-lhe outra vez o estado, em que estava esta alma posta; não me deu também resposta, constrangeu-se e suspirou. (Tomás Antônio Gonzaga)

Rima toante – é aquela que se dá apenas na vogal tônica final do verso.

O cristal do Tejo Anarda Em ditosa barca sulca; Qual perla, Anarda se alinda, Qual concha, a barca se encurva.

(Botelho de Oliveira)

O poema e seus constituintes (2ª parte) (^) Aula 10

Rima impura – é aquela em que o timbre da vogal tônica é diferente.

O coração é o colibri dourado Das veigas puras do jardim do céu. Um – tem o mel da granadilha agreste, Bebe os perfumes, que a bonina deu.

  1. Quanto à intensidade. A intensidade do som é vista em relação à força com que a palavra é pronunciada. As palavras oxítonas levam a força até o final, as paroxítonas diminuem o impacto final e as proparoxítonas puxam o som para trás. De modo que, em relação à intensidade, a rima pode ser aguda, grave e esdrúxula.
  • Agudas – quando é feita com palavras oxítonas.

Um sussurro também, em sons dispersos, Ouvia não há muito a casa. Eram meus versos. De alguns, talvez, ainda, os ecos falarão. E em seu surto, a buscar eternamente o belo, misturado à voz das monjas do Carmelo, subirão até Deus nas asas da oração.

(Alberto de Oliveira)

  • Graves – quando se dão em palavras paroxítonas. Nas estrofes acima, temos rima grave acontecendo entre os versos 1 e 2; e 4 e 5.
  • Esdrúxulas – quando ocorrer em palavras proparoxítonas.

Ah! quanto custa, ó Deus, ver as crianças pálidas! Pobres botões em flor! pobres gentis crisálidas!

(Guerra Junqueiro)

  1. Quanto ao gênero. Nessa categoria, a rima pode ser: masculina e feminina.
  • Masculina – se é feita com palavras oxítonas.
  • Feminina – se é feita com palavras paroxítonas.

Logo, toda rima masculina é aguda, e toda rima feminina é grave.

O poema e seus constituintes (2ª parte) (^) Aula 10

  1. Classifique as rimas finais dos versos seguintes quanto à disposição: a) Eu sob a copa da mangueira altiva Nosso leito gentil cobri zelosa Com mimoso tapiz de folhas brandas, Onde o frouxo luar brinca entre flores

(Gonçalves Dias)

b) Em mim também que descuidado vistes, Encantado e aumentando o próprio encanto, Tereis notado que outras cousas canto Muito diversas do que outrora ouvistes”

(Olavo Bilac)

  1. Nas afirmações abaixo, escreva dentro dos parênteses a letra “S” se a afirmação for completamente correta e a letra “N” se for falsa ou contiver algum dado incorreto.

a) ( ) Cesura é o nome que se dá à pausa no fim da estrofe. b) ( ) O ritmo melódico é o organizado pela alternância de vozes tônicas culminantes e pausa alternadas. c) ( ) O segmento melódico é a unidade do ritmo mecânico. d) ( ) Rimas encadeadas são aquelas que se verificam no final de um verso com o final do verso seguinte. e) ( ) Rima aguda é aquela que se dá entre palavras paroxítonas. f) ( ) A rima rara ocorre com palavras cuja terminação não é comum. g) ( ) O ritmo lógico é característico do verso livre. h) ( ) Icto são as sílabas tônicas principais do verso. i) ( ) Quanto à qualidade, a rima pode ser pobre, rica e rara. j) ( ) Corte é a pausa forte no interior do verso.

PRÓXIMA AULA

Na próxima aula você entenderá como funciona a natureza da crítica literária.

Teoria da Literatura I

REFERÊNCIAS

ALVES, Castro. Espumas flutuantes e outros poemas. São Paulo: Ática,

ANDRADE, Carlos Drummond. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar,

CANDIDO, Antonio e CASTELO, Aderaldo. Presença da literatura brasileira I. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1973. TAVARES, Hênio. Teoria literária. Belo Horizonte: Villa Rica Editora,

GLÓSSARIO

Cinamomo: Planta ornamental.

Pomos: Frutos

Assenso: Aceitação; adesão.

Infenso: Contrário, que não deixa se aproximar.

Rio: Neste trecho do poema Cão sem plumas, este rio é o Capibaribe

  • onde os esgotos de Recife deságuam.

Libras: 2ª pessoa do singular do verbo librar, que significa estar suspenso, pôr em equílibrio.

Veiga: Várzea, terreno plano cultivado

Granadilha: Espécie de maracujá.

Bonina: Planta ornamental.

Tapiz: Tapete.