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Guias e Dicas
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O patrimônio científico-tecnológico do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes (IMPG)-Uni, Manuais, Projetos, Pesquisas de Cultura

Tese que trata de documentação sobre histórias e práticas cotidianas, no final do século XIX e primeira metade do século XX, experenciados, especialmente, no Rio de Janeiro. O cenário vivido nessa dinâmica, houve um propósito museal a ser organizado por Maria Rondon, bibliotecária que atuou no Instituto de Microbiologia, por mais de 30 anos.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2024

Compartilhado em 23/05/2025

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ana-paula-louzada-2 🇧🇷

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A criança Maria Rondon, em pé (de vestido azul claro) ao lado de sua mãe, Francisca Xavier
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Baixe O patrimônio científico-tecnológico do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes (IMPG)-Uni e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Cultura, somente na Docsity!

A criança Maria Rondon, em pé (de vestido azul claro) ao lado de sua mãe, Francisca Xavier

O patrimônio científico-tecnológico do

Instituto de Microbiologia Paulo de Góes

(IMPG)-Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ): as memórias encobertas nas

anotações de Maria Rondon

por

Ana Paula Alves Teixeira van Erven Louzada

Aluna do Curso de Doutorado em Museologia e Patrimônio

Linha 0 2 – Museologia, Patrimônio e Desenvolvimento

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio – PPG-PMUS (UNIRIO/MAST).

Orientador: Professor Doutor Luiz Carlos Borges

UNIRIO/MAST - RJ, 06 de agosto de 202 4.

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DEDICATÓRIA Dedico a essa pesquisa a duas mulheres que passaram no IM/IMPG. Primeiro, à Maria Rondon, produtora da documentação. Sem ela, essa pesquisa não seria possível. Depois à Dilma Cayres, parceira querida e maior incentivadora dos meus projetos na biblioteca.

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RESUMO LOUZADA, Ana Paula Alves Teixeira van Erven. O patrimônio científico-tecnológico do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes (IMPG)-Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ): as memórias encobertas nas anotações de Maria Rondon_._ Rio de Janeiro. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio, UNIRIO/MAST, Rio de Janeiro, 2024. Orientador: Luiz C. Borges. RESUMO: Este trabalho enfoca um conjunto de pastas encontrado em gavetas da Biblioteca do atual Instituto de Microbiologia Paulo de Goes (doravante IMPG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Descobrimos que os documentos foram preparados e arquivados nas pastas por Maria de Molina da Silva Rondon (doravante, Maria Rondon), bibliotecária que exerceu suas funções no Instituto de 1959 a 19 98. Essa documentação composta por: 34 pastas, 34 fichas manuscritas, 24 fichas catalográficas e 5 folhas rascunhadas relaciona-se a histórias e práticas cotidianas, no final do século XIX e primeira metade do século XX, experenciados, especialmente, no Rio de Janeiro. O cenário vivido nessa dinâmica, pôde ser viabilizado pela comunidade da microbiologia, a partir de fragmentos documentais e mnemônicos, permitindo, desse modo, a reconstituição da trajetória do campo da microbiologia e áreas afins. O procedimento técnico dessa bibliotecária, tal como uma rota de navegação, nos faz convergir entre anotações, correspondências, documentos oficiais que, ao desaguarem nas rotas do patrimônio científico na UFRJ, suscitam debates os campos da história, memória, patrimônio científico e museus, pois, apuramos que, além das pistas que alinhavam um conjunto de objetos à trajetória do IMPG, houve um propósito museal. Nesse processo acadêmico, a travessia é o IMPG, com ancoragem na Biblioteca, lugar de memória e de divulgação cientifica desse Instituto. Em vista disso, nosso propósito é o de, recorrendo ao método indiciário e aos estudos do patrimônio e da memória, analisar as anotações de Maria Rondon, correlacionando-as ao potencial patrimônio salvaguardado e a proposta de um Museu de Microbiologia nessa unidade acadêmica. Palavras-chave: Museologia; Patrimônio; Memória; Maria Rondon; IMPG.

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ABSTRACT LOUZADA, Ana Paula Alves Teixeira van Erven. The scientific-technological heritage of the Paulo de Góes Microbiology Institute (IMPG)-Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ): the hidden memories of Maria Rondon. Rio de Janeiro. Tese (Doutorado) – Programa de Pós- Graduação em Museologia e Patrimônio, UNIRIO/MAST, Rio de Janeiro, 2024. Orientador: Luiz C. Borges. Abstract: This paper focuses on a set of folders found in drawers of the library of the current Paulo de Goes Microbiology Institute (hereinafter IMPG) of the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ). We discovered that the documents were prepared and filed in the folders by Maria de Molina da Silva Rondon (hereinafter, Maria Rondon), a librarian who worked at the Institute from 1959 to 1998. This documentation, composed of 34 folders, 34 handwritten cards, 24 catalog cards and 5 drafted sheets, relates to stories and daily practices, in the late 19th century and first half of the 20th century, experienced especially in Rio de Janeiro. The scenario experienced in this dynamic was made possible by the microbiology community, based on documentary and mnemonic fragments, thus allowing the reconstruction of the trajectory of the field of microbiology and related areas. The technical procedure of this librarian, like a navigation route, makes us converge between notes, correspondence, and official documents that, when they flow into the routes of scientific heritage at UFRJ, raise debates in the fields of history, memory, scientific heritage, and museums, since we found that, in addition to the clues that aligned a set of objects with the trajectory of the IMPG, there was a museum purpose. In this academic process, the crossing is the IMPG, anchored in the library, a place of memory and scientific dissemination of this Institute. In view of this, our purpose is to, using the evidentiary method and studies of heritage and memory, analyze Maria Rondon's notes, correlating them with the potential heritage safeguarded and the proposal of a Microbiology Museum in this academic unit. Keywords: Museology; Heritage; Memories; Maria Rondon; IMPG

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IMN Inspetoria de Monumentos Nacionais

IMPG Instituto de Microbiologia Paulo de Góes

INCE Instituto Nacional de Cinema Educativo

INT Instituto Nacional de Tecnologia

IOC Instituto Oswaldo Cruz

IPAHN Instituto de Patrimonio Artístico e Histórico Nacional

MAST Museu de Astronomia e Ciências Afins

MEC Ministério da Educação e Cultura

MHN Museu Histórico Nacional

MINC Ministério da Cultura

MN Museu Nacional

MS Mato Grosso do Sul

NBR Normas Brasileiras Regulamentadoras

PPG-PMUS Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio

PR4 Pró-Reitoria de Extensão

SAB Society of American Bacteriologists

SARS-CoV- 2 Novo Coronavírus

SBC Sociedade Brasileira de Ciências

SBE Sociedade Brasileira de Educação

SCIELO Scientific Electronic Library Online

SIARQ Sistema de Arquivos

SiBI Sistema de Bibliotecas

SIMAP Sistema de Museus, Acervos e Patrimônio Cultural

SPHAN Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

TCC's Trabalhos de Conclusão de Curso

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UB Universidade do Brasil

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNIRIO Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

URJ Universidade do Rio de Janeiro

USP Universidade de São Paulo

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INTRODUÇÃO

Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo;

todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme.

John Donne, 1623

Mais de setenta anos se passaram entre um polo de ensino em microbiologia da

Universidade do Brasil (UB) e o atual Instituto de Microbiologia Paulo de Góes (IMPG),

localizado no bloco I, do Centro de Ciências em Saúde (CCS) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro (UFRJ). As atividades de ensino e pesquisa em Microbiologia iniciaram-se, em

1950, no pavilhão desativado (e que, anteriormente, era um dos refeitórios do Hospital dos

Alienados), como uma das unidades da antiga Universidade do Brasil (UB), localizada no

bairro da Urca, na cidade do Rio de Janeiro.

Com a criação da cidade universitária, na ilha do Fundão, na década de 1970, a

unidade foi definitivamente transferida para lá, em 1974, já como Instituto de Microbiologia

(IM) da UFRJ, sigla pela qual a antiga UB passou a ser denominada. Após vinte anos, em

homenagem a seu fundador, o IM passou a denominar-se, em 1995, IMPG, uma unidade

acadêmica dedicada à produção de conhecimento e à formação de pesquisadores em

microbiologia.

Em 2013, celebrou-se na unidade, o centenário de nascimento de Paulo de Góes,

médico e fundador do IM. Como parte dessa celebração, foi planejada pela equipe da

Biblioteca da unidade, a exposição “Um olhar memorialista sobre a Ciência”. Ocorrida na

biblioteca, do agora IMPG, a exibição apresentou a releitura do movimento acadêmico-político

de Góes. Esse evento memorialista que envolveu a própria história da UB/UFRJ (uma

universidade centenária a partir de 2020), evidenciou a institucionalização do IM, através das

ações políticas de seu idealizador, destacou, também, cooperações (inter)institucionais por

personalidades científicas que passaram pela universidade, assim como o desempenho

desses pares, no núcleo do próprio Instituto, ainda como UB.

Ações, pós-comemoração, acabaram-se tornando-se a base para o surgimento de

fragmentos ou vestígios de memórias mais abrangentes. Isso significa dizer que outros

vestígios envolvendo as Ciências da Saúde, especialmente, a microbiologia, iam sendo

encontrados. Descobertas que se deram passo a passo, quando a Biblioteca do IMPG, após

as celebrações do aniversário do patrono da unidade, incorporava à rotina do espaço,

atividades extensionistas que, guardando e, ao mesmo tempo, (re)exibindo certificados,

diplomas e fotografias, desvelavam novas camadas que recobriam a trajetória do Instituto.

Em meio a exposições temporárias apresentadas na biblioteca, a dissertação “a

Biblioteca do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes e a construção dos campos da

bens (documentais e de outras tipologias) arquivados e, em alguns casos, deixados em

silêncio, ou ignorados, em pastas da biblioteca há cerca de 25 anos, tendo em vista que, Maria

Rondon deixava o IMPG, definitivamente, nos idos de 1998.

O conjunto documental, guardado por mais de duas décadas, nas gavetas da

biblioteca de uma unidade científico-acadêmica (IMPG/UFRJ), nos impulsionou a pensar

sobre o legado patrimonial em Ciência e Tecnologia (C&T), materializado e representado por

diferentes objetos, refletindo a ideia integradora de documentos em bibliotecas, arquivos e

museus, como instituições-memória, o que nos leva a refletir, também, sobre instrumentos de

representação e construção de localidades.

No que se refere a espaços, assim como os documentos da biblioteca, os objetos

exibidos nos armários da Congregação do IM/IMPG, suscitam reflexões acerca de coleções

e patrimônio cultural, de natureza científica e tecnológica da UFRJ. Ainda, nesse sentido, se

faz importante destacar que, nessa documentação descortinou-se um Museu de Microbiologia

do IM.

Pelos caminhos do patrimônio e pelo fenômeno memória, alinhavando passado e

presente, é que, na conjectura dessa investigação, concebemos pois que, por meio do ofício

biblioteconômico de Maria Rondon, pretendia-se que bens culturais representativos de uma

das áreas da saúde fossem organizados, mas, sobretudo, difundidos no âmbito do IM. Desse

modo, anunciamos que essa pesquisa acadêmica está inserida na linha 2 “Museologia,

Patrimônio Integral e Desenvolvimento” no Doutorado em Museologia e Patrimônio, do

Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio da UNIRIO.

Assim posto, dividimos e analisamos esse estudo, nos 4 capítulos descritos abaixo:

Primeiro capítulo – Navegação geral (objetivo, problematização e fundamento

metodológico). Descrição do conjunto documental: rascunhos, notas e fichas, produzidos ou

organizados por Maria de Molina da Silva Rondon. Apresentação da vida pessoal e caminhada

profissional dessa bibliotecária, como a timoneira que nos conduziu pelas memórias cientificas

de um grupo social. Para desdobramento das investigações e fundamentação acadêmica,

elencamos sete entrevistados: personalidades, pessoal e profissionalmente, envolvidas com

IMPG. Esses sujeitos, mesmo acordando com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) (Apêndice A), tiveram suas identidades sob anonimato, atendendo exigências da

Plataforma Brasil (CAAE-69340222.2.0000.5285). Como alternativa aos seus nomes legais,

cada ator, dentro da proposta acadêmica do estudo, recebeu a alcunha de um capitão,

personagem de literaturas ficcionais. Um breve relato sobre o porquê do nosso estudo estar

alinhado ao campo da Museologia e do Patrimônio. Definição de patrimônio científico, bem

como da Biblioteca do IMPG, como embarcação, mas, como lugar de memória, que

salvaguarda uma documentação que retrata os eventos científicos, desde o século XIX até a

atualidade.

Segundo capítulo – Alicerçados nas pastas da Rondon, abordamos o

desenvolvimento científico-acadêmico no Rio de Janeiro, na área da microbiologia. A partir de

documentação encontrada, foi possível trilhar os caminhos percorridos pela UFRJ, nos quais

se entrelaçaram personalidades e Instituições cientificas. Partindo de alguns vestígios

documentais, destacamos a Academia Nacional de Medicina (ANM) e a Academia Brasileira

de Ciências (ABC). Nesse contexto, identificamos o Museu Nacional (MN), como a célula

inicial da pesquisa no Brasil, no qual emergem os pesquisadores Fritz Muller e Bruno Lobo.

Terceiro capítulo – História em torno da formação e do desenvolvimento do IM, como

unidade consolidada no campo da microbiologia com graduação e pós-graduação da UFRJ.

Pensar sobre essa ciência até a atualidade, trazendo relatos dos entrevistados, sobre o

crescimento e a consolidação de uma unidade de ensino. Nesse contexto, o IMPG é a

travessia que nos levará, através do conjunto documental dos primeiros tempos da ciência

micróbios, em uma instituição acadêmica do Rio de Janeiro. Além do debate sobre a

Biblioteca (como espaço de memória e de divulgação científica) tratamos dos métodos

centrados nos dados marginais, resíduos: pistas, indícios, sinais, vestígios que envolvem os

fragmentos encontrados nesse lugar de memória.

Quarto capítulo – Pistas, vestígios notas e, por extensão, a menção a um “Museu

de Microbiologia”, fazem de acervos, instrumentos, coleções ou fundos, testemunhos do fazer

científico (eles mesmos, por definição, patrimônios) identificados na Biblioteca e na Sala de

Congregação do IMPG. Nesse capítulo trazemos à tona, o projeto de extensão, que

possibilitou a recuperação, a higienização e a divulgação de objetos científicos, tal como a

vitrine expositora no corredor do IMPG. Também, o cosimento de dados, recompilando o

conjunto documental, referenciado por Maria Rondon, ao patrimônio encontrado nessas

localidades da unidade, apontando para 34 pastas, representada em apêndices e anexos.

À vista em todos os capítulos da tese, os registros de Maria Rondon deságuam no

patrimônio cultural, e sua relação com histórias e práticas cotidianas que se destacam no

ambiente acadêmico do Rio de Janeiro. Nessa dinâmica, o cenário vivido pela comunidade

da microbiologia pôde viabilizar a reconstituição da trajetória desse campo, a partir desses

fragmentos documentais e mnemônicos.

Em relação ao objeto que cerca essa pesquisa, podemos afirmar que, além da

curiosidade desta pesquisadora sobre a temática memória (materializada no conjunto

documental organizado por uma colega de profissão), existe um interesse pessoal direcionado

às atividades extensionistas, que formam o tripé ensino-pesquisa-extensão universitária. Ao

nosso ver, as ações de natureza extensionista permitem que transpassemos o muro da

universidade, concatenando Academia e Sociedade, o que deve ou deveria, de certa forma,

estimular a comunidade acadêmica a pensar em propostas mais criativas de atuação.