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Estudo da Relação entre Fenestras e Estratificação Vertical em Monstera adansonii, Notas de estudo de Crescimento

Um estudo realizado na universidade de são paulo sobre a monstera adansonii, uma planta heliófita comum na floresta atlântica brasileira. O objetivo do estudo foi avaliar se a variação do padrão de fenestras nas folhas desta espécie está relacionada à estratificação vertical dos indivíduos. As hipóteses sugerem que as fenestras foram selecionadas para permitir a passagem de luz para as folhas de baixo que estão sombreadas.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Curso de Pós-Graduação em Ecologia - Universidade de São Paulo
JANELAS ABERTAS: O PAPEL DAS FENESTRAS NA
INCIDÊNCIA DE LUZ EM FOLHAS DE MONSTERA
ADANSONII (ARACEAE)
Monise Terra Cerezini
INTRODUÇÃO
As florestas tropicais possuem uma estratificação
vertical e esses estratos são compostos por
diferentes espécies com diferentes capacidades de
ocupação resultantes de respostas adaptativas a
diferentes condições de luz (Richards 1996). Em
florestas que apresentam copas densamente unidas,
a incidência da radiação solar é atenuada
gradualmente à medida que atravessa as diversas
camadas de folhas até atingir o solo (Lüttger 1997).
Assim, as plantas que vivem nas regiões abaixo do
dossel recebem menor intensidade de luz do que
as plantas que alcançam o dossel (Larcher 1986).
As espécies que nascem no solo em um ambiente
florestal apresentam estratégias morfológicas,
fisiológicas, ou de crescimento para captar a energia
luminosa necessária (Larcher 1986). Uma das
estratégias que possibilita aos organismos o acesso
à luz é o epifitismo (Janzen 1980). Epífitas são
definidas como plantas que crescem acima do solo
na superfície de outras plantas (Krebs 1994),
denominadas forófitos (Lüttge 1997).
Dentre as plantas que apresentam hábitos
epifíticos, destacam-se algumas espécies da família
Araceae (Gonçalves & Waechter 2003) pertencentes
aos gêneros Monstera, Anthurium e Philodendron,
comuns na floresta atlântica brasileira (Mayo et
al. 1997). Indivíduos do gênero Monstera começam
sua vida no solo, continuam o crescimento em
direção à luz, tendo como suporte um forófito, e
posteriormente suas raízes se degeneram. Quando
as condições são favoráveis (e.g. luminosidade,
suporte, umidade) as plantas do gênero Monstera
tornam-se robustas e produzem folhas mais largas
e perfuradas (fenestradas), sendo a quantidade e o
tamanho das fenestras variáveis entre as folhas de
um mesmo indivíduo (Mayo et al.1997).
Visto que Monstera adansonii é uma planta
heliófita, os indivíduos desta espécie têm uma
desvantagem ao expandirem suas folhas de modo
a captar mais luz, pois o crescimento da área foliar
gera um maior sombreamento nas folhas do mesmo
indivíduo que estão nos estratos inferiores.
Portanto, este estudo teve como objetivo avaliar
se a variação do padrão das fenestras nas folhas da
espécie Monstera adansonii Schott está relacionada
à estratificação vertical dos indivíduos. Minha
hipótese é que as fenestras foram selecionadas para
permitir a passagem de luz para as folhas de baixo
que estão sombreadas. Sendo assim, minha
previsão é que haverá mais fenestras e que a área
de fenestra será maior nas folhas superiores em
relação às folhas inferiores. Espero ainda que haja
uma relação positiva entre a área da folha e a área
da fenestra, visto que folhas maiores causam mais
sombreamento e área de fenestra maior nessas
folhas permitirá mais passagem de luz.
MÉTODOS
O estudo foi realizado na Estação Ecológica Juréia-
Itatins (E.E.J.I), Núcleo Arpoador, localizada no
litoral sul do estado de São Paulo (24°38’S - 47°01’O).
Os indivíduos da espécie Monstera adansonii foram
coletados em um trecho da trilha da Mangueira,
onde a vegetação típica é de floresta ombrófila em
estágio secundário. Foram amostrados 10 pontos
ao longo da trilha equidistantes 20 m e em cada
ponto foi amostrado um indivíduo para cada lado
da trilha. Visto que cada indivíduo de Monstera
adansonii expande suas folhas em alturas diferentes
de acordo com condições ótimas de luminosidade e
umidade, para cada indivíduo foram coletadas as
três primeiras folhas que se tornaram maduras e
três folhas mais altas que estivessem ao alcance
do podão (8m).
As áreas das folhas coletadas e de suas fenestras
foram estimadas por aproximação à área de uma
elipse. Posteriormente, foi calculada a
porcentagem da área de fenestra em relação à área
da folha para as folhas maduras do estrato inferior
e para as folhas maduras do estrato superior,
extraída a média para cada grupo e calculada a
diferença entre essas médias. A área
fotossintetizante de cada folha foi obtida subtraindo-
se a área da fenestra da área da folha. Também foi
calculado o número de fenestras por folhas e o
número de folhas sem fenestra nos dois estratos.
Para avaliar se a diferença entre as medidas das
folhas dos dois estratos, pareados por indivíduo foi
significativa, foi realizada uma análise de
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JANELAS ABERTAS: O PAPEL DAS FENESTRAS NA

INCIDÊNCIA DE LUZ EM FOLHAS DE MONSTERA

ADANSONII (ARACEAE)

Monise Terra Cerezini

INTRODUÇÃO

As florestas tropicais possuem uma estratificação vertical e esses estratos são compostos por diferentes espécies com diferentes capacidades de ocupação resultantes de respostas adaptativas a diferentes condições de luz (Richards 1996). Em florestas que apresentam copas densamente unidas, a incidência da radiação solar é atenuada gradualmente à medida que atravessa as diversas camadas de folhas até atingir o solo (Lüttger 1997). Assim, as plantas que vivem nas regiões abaixo do dossel recebem menor intensidade de luz do que as plantas que alcançam o dossel (Larcher 1986).

As espécies que nascem no solo em um ambiente florestal apresentam estratégias morfológicas, fisiológicas, ou de crescimento para captar a energia luminosa necessária (Larcher 1986). Uma das estratégias que possibilita aos organismos o acesso à luz é o epifitismo (Janzen 1980). Epífitas são definidas como plantas que crescem acima do solo na superfície de outras plantas (Krebs 1994), denominadas forófitos (Lüttge 1997).

Dentre as plantas que apresentam hábitos epifíticos, destacam-se algumas espécies da família Araceae (Gonçalves & Waechter 2003) pertencentes aos gêneros Monstera, Anthurium e Philodendron, comuns na floresta atlântica brasileira (Mayo et al. 1997). Indivíduos do gênero Monstera começam sua vida no solo, continuam o crescimento em direção à luz, tendo como suporte um forófito, e posteriormente suas raízes se degeneram. Quando as condições são favoráveis (e.g. luminosidade, suporte, umidade) as plantas do gênero Monstera tornam-se robustas e produzem folhas mais largas e perfuradas (fenestradas), sendo a quantidade e o tamanho das fenestras variáveis entre as folhas de um mesmo indivíduo (Mayo et al. 1997).

Visto que Monstera adansonii é uma planta heliófita, os indivíduos desta espécie têm uma desvantagem ao expandirem suas folhas de modo a captar mais luz, pois o crescimento da área foliar gera um maior sombreamento nas folhas do mesmo indivíduo que estão nos estratos inferiores. Portanto, este estudo teve como objetivo avaliar se a variação do padrão das fenestras nas folhas da espécie Monstera adansonii Schott está relacionada

à estratificação vertical dos indivíduos_._ Minha hipótese é que as fenestras foram selecionadas para permitir a passagem de luz para as folhas de baixo que estão sombreadas. Sendo assim, minha previsão é que haverá mais fenestras e que a área de fenestra será maior nas folhas superiores em relação às folhas inferiores. Espero ainda que haja uma relação positiva entre a área da folha e a área da fenestra, visto que folhas maiores causam mais sombreamento e área de fenestra maior nessas folhas permitirá mais passagem de luz.

MÉTODOS

O estudo foi realizado na Estação Ecológica Juréia- Itatins (E.E.J.I), Núcleo Arpoador, localizada no litoral sul do estado de São Paulo (24°38’S - 47°01’O). Os indivíduos da espécie Monstera adansonii foram coletados em um trecho da trilha da Mangueira, onde a vegetação típica é de floresta ombrófila em estágio secundário. Foram amostrados 10 pontos ao longo da trilha equidistantes 20 m e em cada ponto foi amostrado um indivíduo para cada lado da trilha. Visto que cada indivíduo de Monstera adansonii expande suas folhas em alturas diferentes de acordo com condições ótimas de luminosidade e umidade, para cada indivíduo foram coletadas as três primeiras folhas que se tornaram maduras e três folhas mais altas que estivessem ao alcance do podão (8m). As áreas das folhas coletadas e de suas fenestras foram estimadas por aproximação à área de uma elipse. Posteriormente, foi calculada a porcentagem da área de fenestra em relação à área da folha para as folhas maduras do estrato inferior e para as folhas maduras do estrato superior, extraída a média para cada grupo e calculada a diferença entre essas médias. A área fotossintetizante de cada folha foi obtida subtraindo- se a área da fenestra da área da folha. Também foi calculado o número de fenestras por folhas e o número de folhas sem fenestra nos dois estratos. Para avaliar se a diferença entre as medidas das folhas dos dois estratos, pareados por indivíduo foi significativa, foi realizada uma análise de

reamostragem com 2.000 aleatorizações dos valores observados para área de folha, área de fenestra, número de fenestra por folha e número de folha sem fenestra.Visto que a relação entre área de folha e área de fenestra é exponencial, os dados foram linearizados por meio da logaritimização, e a seguir realizada uma regressão entre Log (área da folha) e Log (área da fenestra). Como neste caso a estatística de interesse era a inclinação da reta, foi calculado o intervalo de confiança dos parâmetros da equação da reta (y = a

  • bx) para avaliar se a relação entre as variáveis área de folha e área de fenestra era isoalométrica (b = 1), hiperalométrica (b > 1) ou hipoalométrica (b < 1).

RESULTADOS

A média da porcentagem de área de fenestra nas folhas do estrato superior foi aproximadamente quatro vezes maior (11,6% ± 9,0; média ± desvio padrão) do que as folhas do estrato inferior (3,8% ± 4,8; p < 0,01). A média da área fotossintetizante nas folhas do estrato superior foi aproximadamente duas vezes maior (428,8 ± 142,8; média ± desvio padrão) do que as folhas do estrato inferior (264, ± 89,4; p < 0,01). O número médio de fenestras nas folhas do estrato superior foi aproximadamente duas vezes maior (2,8 ± 1,42; média ± desvio padrão) do que as folhas do estrato inferior (1,38 ± 0,91; p < 0,01). O número de folhas sem fenestra no estrato inferior foi seis vezes maior (12) do que no estrato superior (2; p < 0,01). O intervalo de confiança do coeficiente alométrico (coeficiente b) na regressão entre área da folha e área da fenestra indica que essa relação é hiperalométrica (y = -13,18 + 2,67 x; IC 95% = 1,14 – 4,20; Figura 1).

Figura 1.Figura 1.Figura 1.Figura 1.Figura 1. Relação da área da fenestra em função da área da folha (n = 120 folhas) da espécie Monstera adansonii. Linha tracejada representa a relação isoalométrica (b = 1) e a linha continua representa a relação hiperalométrica observada (b > 1) (F = 92,64, r 2 = 0,69, p < 0,01).