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Este documento discute o impacto negativo da liderança nociva e do narcisismo em um ambiente militar, baseado em estudos e exemplos reais. O texto aborda os sinais de narcisismo em líderes, os efeitos negativos sobre as unidades e os métodos para enfrentar esses problemas. Além disso, o autor destaca a importância de autoconsciência, autoregulação e inteligência emocional para o desenvolvimento de líderes econômicos.
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Não perca as partes importantes!
OR QUE UM líder no Exército ou em qualquer organização decidiria microgerenciar os subordinados, demonstrar falta de respeito por eles, não escutar ou valorizar suas contribuições, ou ser grosseiro, mesquinho e ameaçador? A maioria dos líderes não faria isso. A maioria das pessoas não opta por agir dessa forma. Entretanto, isso vem, claramente, acontecendo nas Forças Armadas e na sociedade como um todo. O Exército dos Estados Unidos da América (EUA) publicou, recentemente, um estudo segundo o qual 80% dos oficiais e sargentos entrevistados haviam observado líderes nocivos em ação e 20% haviam trabalhado para um deles. Esse não é um problema novo. Nos últimos anos, o Exército destituiu dois comandantes de brigada e um general por comportamentos supostamente nocivos — e possivelmente nar- cisistas e abusivos. Um comandante de divisão que serviu em Bagdá durante a Operação Iraqi Freedom foi “convidado” a solicitar sua trans- ferência para a Reserva Remunerada depois de uma investigação sobre seu estilo de liderança e ambiente de comando tóxico. Há anos que líderes nocivos existem, e eles continuarão a servir em todas as Forças 1. A Marinha destituiu, recentemente, vários comandantes, em função de comportamentos nocivos e ambientes de comando prejudiciais 2. Pode-se afirmar que a maioria dos líderes nocivos, se não todos, sofre de narcisismo. Que são líderes narcisistas e nocivos? São indivíduos egoístas e interesseiros, que destroem o moral dos subordinados e das Unidades. Na melhor das circunstâncias, um subordinado resiste e sobrevive a um líder nocivo — um dia, um dos dois segue para outra Unidade ou deixa as Forças Armadas. Entretanto, na pior das hipóteses, um líder nocivo destrói o espírito de equipe, a disci- plina, a iniciativa, a motivação e a disposição de servir dos subordinados, assim como as Unidades que eles integram.
Considerando o fato de que o narcisismo constitui uma parcela considerável e central do paradigma de liderança nociva, o Exército deve contemplar analisá-lo — ponderando seus prós e contras — e desenvolver métodos destinados a reforçar seus atributos positivos e a aumentar a conscientização sobre seus aspectos negativos. Por definição, o líder narcisista tem “um senso exagerado de sua própria importância e uma preocupação extrema consigo mesmo” 3. Todo o seu foco, conscientemente ou não, é voltado a si próprio, ao seu sucesso, à sua carreira e ao seu ego. Tudo diz respeito a ele. Ele é o centro de gravidade para todos à sua volta e para sua organização. Por outro lado, para os líderes, espe- cialmente nas Forças Armadas, há aspectos do narcisismo que são apropriados (se controlados e autorregulados) e importantes para seu próprio sucesso e o da Unidade. Um estudo os descreveu como “estrategistas talentosos e criativos, capazes de enxergar o quadro geral e de encontrar sentido no arriscado desafio de mudar o mundo e deixar um legado. Joe Doty trabalha como consultor de liderança e ética. Formou-se pela Academia Militar de West Point e comandou no escalão batalhão. Foi Vice- Diretor do Centro da Profissão e Ética do Exército. O Subtenente Jeff Fenlason tem 23 anos de carreira e serve, atualmente, na 3ª Divisão de Infantaria. Redige e publica artigos sobre o desenvolvimento de líderes e a instrução ética em seu blog pessoal sobre liderança e no site Leader Net.
Os narcisistas produtivos não só são indivíduos ousados, dispostos a gerar resultados; são, tam- bém, pessoas encantadoras, capazes de converter as massas com sua retórica” 4. É simplista demais sugerir que todos os com- portamentos narcisistas são inevitavelmente nocivos. Entretanto, quando o narcisismo se torna um transtorno (como o alcoolismo, o vício em drogas e a depressão), os resultados prejudicam o moral e a efetividade do grupo, podendo levar ao desastre. Sinais de que o narcisismo de um líder está prejudicando uma Unidade incluem:
Muitos militares, tanto do Componente da Ativa quanto da Reserva, tiveram alguma experiência com um superior que se encaixa nessa descrição. Soldados que interagiram com líderes nocivos e narcisistas muitas vezes relatam como foram tratados ou como os viram tratar outras pessoas. Os exemplos a seguir se referem a casos reais:
Forças Armadas. Como diz um velho ditado nos EUA: “Se o líder passa ao lado e nota algo errado, mas não efetua a correção, ele estabelece o novo padrão de comportamento”. Caso se recuse a tratar do narcisismo como parte da metodologia do líder nocivo, o Exército continuará a fazer vista grossa para o problema com esse tipo de liderança. Isso nos leva a algumas questões instigantes:
Em termos práticos e comportamentais, as ações (comportamentos) das pessoas são conscientes ou inconscientes. Isso significa que ou elas tomam uma decisão consciente de se portar de determi- nado modo ou simplesmente agem sem pensar (comportamento inconsciente) 7. Por exemplo, um comandante de batalhão narcisista pode se portar conscientemente de modo nocivo (isto é, sabendo exatamente o que está fazendo, por se tratar de uma decisão consciente). Ele pode decidir não escutar com empatia ou até desconsiderar a opi- nião de um de seus comandantes de companhia. Pode, em seguida, repreendê-lo severamente por ter sido obtuso e não ter escutado a diretriz do comandante. Sabe exatamente o que está fazendo e se sente à vontade com esse comportamento. Em contrapartida, é possível que um comandante de batalhão nem esteja ciente de não estar escutando com empatia (talvez não saiba o que é isso ou não acredite na importância de ouvir os outros). Não é incomum que líderes não se deem conta de que não estão realmente escutando os outros, especialmente seus subordinados. Esse é um caso típico de falta de autoconsciência e talvez um indício de um transtorno de personalidade narcisista que não tenha sido reconhecido ou diagnosticado (algo a ser abordado na instrução de desenvolvimento de líderes). Outro exemplo, a título de ilustração: um subtenente narcisista repreende um sargento de um pelotão subordinado na frente de outros soldados. As palavras específicas, o tom e o local são intencionais, e o subtenente está plenamente ciente dos três elementos. Contudo, caso não estivesse consciente de seu comportamento, ele nem refletiria nas palavras, tom ou local de sua interação com o subordinado. Estaria fazendo algo sem pensar. Agir sem realmente pensar é bem mais comum nas Forças Armadas e na sociedade do Integrantes das Forças da coalizão proveem segurança na aldeia de Loy Kalay durante a Operação Southern Strike IV, Província de Kandahar, Afeganistão, 15 Nov 12. Exército dos EUA, 1º Ten Veronica Aguila
que se crê. Essa “falta de reflexão” (mindlessness) é uma ausência de consciência ou a não utilização de todas as informações disponíveis para decidir como agir, e isso explica como o comportamento narcisista pode tornar-se um problema em nossas fileiras 8. Um estudo sobre essa falta de reflexão propõe que alguns comportamentos se tornam tão rotineiros que acabam sendo exercidos de modo quase automático e inconsciente. Muitos líderes narcisistas e nocivos se enquadram nessa descrição. Além disso, quando agem mal ou fazem algo errado, as pessoas podem “desconectar” moralmente partes de seu pensamento, a fim de não prejudicarem sua autoimagem (como se sentem em relação a si mesmas), ou mentir para si próprias (autoengano) para justificar comporta- mentos inadequados 9. Líderes conscientes podem escolher pensar, não pensar ou algo entre esses dois extremos. Entretanto, em cada caso, fazem uma escolha consciente, e não estão simplesmente alheios à situação. Nathaniel Braden observa que os seres humanos (ao contrário dos animais) possuem “o livre-arbítrio e a opção de aumentar ou diminuir a intensidade da consciência”. Todos são livres para:
Entretanto, propomos que, embora essas ferra- mentas possam ter algum valor, este é presumido com base em seu mero emprego, e não em uma análise ou avaliação da utilidade de seus resultados. Por exemplo: que importa se o tipo Myers-Briggs de um superior é “extrovertido, sensorial, racional e julgador”? Se ele não usar essa informação para nada (isto é, se ela não tiver efeito algum em seu pensamento ou comportamento), então ela não tem a menor utilidade. Além disso, se a instituição não tiver acesso a essa informação ou se ela não for acompanhada ao longo do tempo para levar em conta mudanças, melhorias ou o impacto de um mentor, ela terá pouco ou nenhum valor em decisões sobre pessoal e comando posteriormente.
Os líderes narcisistas não possuem inteligência emocional porque concentram-se, primordial- mente, neles próprios. Dispor de inteligência emocional significa ter o foco voltado para “o outro” (um colega, um subordinado, etc) 11. A lide- rança diz respeito, fundamentalmente, a liderar e interagir com seres humanos, e não com máquinas e processos. Consiste em uma série de escolhas e decisões arbitrárias. Sendo assim, para exercer a liderança no “terreno humano”, a inteligência emocional é fundamental. Ao atingirem escalões superiores (nos níveis operacional e estratégico), os comandantes decerto precisam administrar e chefiar organizações maiores e lidar com maior complexidade e incerteza. Entretanto, essas diferentes complexidades e variáveis contextuais
mesmo 15. Colocar o foco em si mesmo pode parecer simples, mas pode ser algo muito difícil de executar. Poucos líderes dentro e fora das Forças Armadas dominam a fundo a prática, e muitos simplesmente não sabem o que significa voltar o foco para si mesmo. Contudo, esse é um ponto de partida para livrar o Exército dos líderes nocivos e narcisistas. Embora tenhamos nos concentrado no narci- sismo e nos líderes nocivos, a realidade é que o Exército “totalmente voluntário” dos EUA espera e merece o melhor de seus líderes — narcisistas e nocivos ou não. Aqueles que ocupem funções de comando precisam atingir seu pleno potencial. Uma ênfase maior na atuação de mentores, na autoconsciência, na autorregulação e na inteligên- cia emocional ajudará a fazer com que os líderes na Força atinjam seu pleno potencial e com que nossos soldados tenham o tipo de liderança que tanto merecem. MR REFERÊNCIAS