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Guias e Dicas
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O LIVRO DE JÓ EBA José Marcos Santana IBCU Escola ..., Notas de aula de Teologia

Em resumo podemos afirmar que a base com que Deus se relaciona com a ... Jó. Nós temos algumas informações sobre a vida de Jó antes dos eventos.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Brasilia80
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O LIVRO DE JÓ
EBA
IBCU
José Marcos Santana
IBCU
Escola Bíblica de Adultos
Exposição Bíblica Livro de Jó
Maio/Junho 2014
Chamada para o Curso:
Se pudéssemos rapidamente relacionar sofrimentos com pecados cometidos,
estabelecer conexões entre nossas tragédias e nossas transgressões, poderíamos
realmente entender os porquês dos nossos problemas. Mas normalmente os
problemas aparecem sem explicação. Quando, porém, não conseguimos ligar uma
aflição com um pecado, concluímos que tal aflição é imerecida. Porque eu? Porque
comigo? Porque agora?
Se estas são algumas das perguntas que você gostaria de ter as respostas, venha
estudar conosco o livro de Jó.
Informações do Curso
Número de aulas e datas: 8 aulas, 4 em Maio e 4 em Junho. O último domingo de
Junho (29) haverá atividade específica para toda a Igreja.
Literaturas:
Abaixo seguem as literaturas usadas para preparação desta apostila. Muito
material foi retirado integralmente dos livros e outras partes foram mencionadas
literalmente, e outras ainda tiveram seu sentido aplicado ao assunto estudado.
Caso vc deseje expandir seu conhecimento neste assunto, as literaturas abaixo
lhe serão valiosas.
O curso é baseado, principalmente, nos livros: "Job" - Roy Zuck e "Jó Introdução
e Comentário" - Francis Andersen.
Notes on Job Thomas Constable
Job Roy Zuck
A Biblical Theology of the Old Testament Roy Zuck
Introdução e Comentário Francis I. Andersen
Foco no Antigo Testamento Carlos Osvaldo
Jó, Um Homem de Tolerância Heróica Charles Swindoll
Sermons on Job John Calvin
Rota 66 Estudos 282 a 298 Luiz Sayão/Alberto Veríssimo
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IBCU

Escola Bíblica de Adultos Exposição Bíblica – Livro de Jó Maio/Junho 2014

Chamada para o Curso: Se pudéssemos rapidamente relacionar sofrimentos com pecados cometidos, estabelecer conexões entre nossas tragédias e nossas transgressões, poderíamos realmente entender os porquês dos nossos problemas. Mas normalmente os problemas aparecem sem explicação. Quando, porém, não conseguimos ligar uma aflição com um pecado, concluímos que tal aflição é imerecida. Porque eu? Porque comigo? Porque agora? Se estas são algumas das perguntas que você gostaria de ter as respostas, venha estudar conosco o livro de Jó.

Informações do Curso Número de aulas e datas: 8 aulas, 4 em Maio e 4 em Junho. O último domingo de Junho (29) haverá atividade específica para toda a Igreja.

Literaturas: Abaixo seguem as literaturas usadas para preparação desta apostila. Muito material foi retirado integralmente dos livros e outras partes foram mencionadas literalmente, e outras ainda tiveram seu sentido aplicado ao assunto estudado. Caso vc deseje expandir seu conhecimento neste assunto, as literaturas abaixo lhe serão valiosas. O curso é baseado, principalmente, nos livros: "Job" - Roy Zuck e "Jó – Introdução e Comentário" - Francis Andersen.

Notes on Job – Thomas Constable Job – Roy Zuck A Biblical Theology of the Old Testament – Roy Zuck Jó – Introdução e Comentário – Francis I. Andersen Foco no Antigo Testamento – Carlos Osvaldo Jó, Um Homem de Tolerância Heróica – Charles Swindoll Sermons on Job – John Calvin Rota 66 – Jó – Estudos 282 a 298 – Luiz Sayão/Alberto Veríssimo

Aula 1 – Introdução, Esboço e Pano de Fundo

Singularidade do Livro

Através dos tempos a humanidade tem procurado resposta para questões do tipo: Porque isto aconteceu comigo? Pessoas têm agonizado em dor, chorado de tristeza, definhando em função de perdas. Se, ao menos, pudéssemos rapidamente correlacionar sofrimentos com pecados, nossas tragédias com nossas transgressões, então entenderíamos a razão das nossas angústias e os porquês dos nossos problemas. Mas isto não ocorre! Como harmonizar estes contrastes? Com isto em mente, facilmente podemos concluir que Jó foi um dos maiores exemplos de sofrimento imerecido. Em poucos minutos Jó perdeu sua riqueza, seus filhos e a sua saúde. Condenando ao invés de o confortando. Tudo isto sob o intenso silêncio de Deus! Deus afirmou em 1:1 que Jó era " homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desviava do mal ". Poderia uma tragédia ser mais imerecida? Por séculos o homem foi atraído por este livro em função de seu tema e conteúdo. Muitos encontraram consolo se identificando com Jó na sua causa e na esperança de que Deus seja mais rápido no consolo e nas bênçãos, nunca imaginando que o final poderia ser diferente do de Jó. O "injusto" sofrimento humano é o foco do livro de Jó. Uma busca desmedida através do quebra-cabeça do mistério universal da miséria imerecida.^1 A desgraça humana, ou o mal em todas as suas formas , é um problema somente para aquele que crê em um único Deus onipotente e todo-poderoso.^2 Como diz Charles Swindoll,^3 precisamos de heróis. Precisamos deles para sermos estimulados pela idoneidade, vida exemplar daquele que conquista o direito de ser chamado de herói em função de seus caráter, pela sua disposição em se sacrificar, ter paciência e capacidade de prosseguir mesmo frente as dificuldades, injustiças, sofrimentos e fracassos. Ele continua dizendo que estes heróis não precisam ser perfeitos, mas corajosos, autênticos, decididos a perseverar Ao contrário do que muitos pensam, o livro de Jó não se trata de um relato de uma tragédia e exemplo de um tratamento injusto e humilhante. Jó demonstra ser, não somente, um homem de elevada perseverança, como alguém com uma vontade de viver uma vida de coragem e disposição para aprender.

Visão Panorâmica do Livro e de Seus personagens

Uma proposta para o propósito do livro de Jó focaliza como os justos deveriam reagir ao sofrimento "imerecido"^4.

(^1) Job, Roy Zuck (^2) Jó, Francis I. Andersen (^3) Jó, Heróis da Fé, Charles Swindoll (^4) Foco e Desenvolvimento no AT, Carlos Osvaldo

A resposta é que Ele se baseia no princípio da Graça soberana graça. Isto significa que ao invés dEle responder as nossas boas ações com bênçãos e punições quando agimos mal, Ele age em nosso favor mesmo quando não merecemos. A evidência desta forma graciosa de agir está na resposta dada por Deus a Jó nos capítulos 38 a 41. Deus argumenta o quanto Ele é mais poderoso que Jó, o que é prontamente reconhecido (42:6). A partir deste ponto Jó retorna à condição de alegria sendo beneficiário do amor imerecido de Deus, mesmo sem que Deus tenha respondido as suas questões. Como podemos harmonizar estes princípios com o conflito cósmico entre Deus e Satanás? Satanás, também, cria no princípio da retribuição (1:9-11). Deus, então, se dedica a demonstrar para Satanás que ele também estava errado. Mesmo constatando a graça de Deus abençoando Jó no final do evento, ele (Satanás), consistentemente, falha em apreciar a graça de Deus. Ao invés disto, Satanás permanece em rebelião contra Deus querendo receber mais do que Deus lhe dera. Mas do que isto, ele tem induzido pessoas a fazerem o mesmo (Ge 3 e Mt 4). Para a elaboração da teologia de Jó, temos que falar sobre o papel e natureza e a de Satanás. Nos dois primeiros capítulos do livro Satanás ainda não é apresentado como o inimigo de Deus, como o conhecemos hoje. Ele (Satanás) se apresenta diante de Deus, juntamente com seus filhos (de Deus, 1:6 e 2:1). Satanás é apresentado como alguém que tem poder para gerar o mal, porém sob total autoridade de Deus (1:12, 2:4), o que suscita o tema dualismo, o qual trataremos mais à frente. A simples menção da presença de Satanás diante de Deus e suas criaturas, demonstra a forma com que Deus se relaciona com toda as suas criaturas. Deus permite que haja desafio à sua autoridade, mesmo que este desafio produza efeitos negativos na vida do homem, levando-o a um estado de confusão e dúvida sobre sua vida e relacionamento com Deus. O prof. Constable destaca três observações sobre o princípio de atuação de Deus baseando-se na Graça e não na Retribuição:

  1. Tudo indica que o livro de Jó foi o primeiro livro da Bíblia a ser escrito. Este fato nos leva a considerar como fundamental a mensagem do livro, e como Ele se preocupou em como a criação deveria entender estes princípios. Que Deus, unilateralmente, decidiu abençoar sua criação independentemente dela merecer tal tratamento. Este tratamento está no coração de Deus e na sua Doutrina (Sl 103:10).
  2. Assim como Satanás, temos a tendência em não crer que Deus quer o melhor pra nós. Com isto, buscamos nos assegurar daquilo que queremos. Normalmente somos ingratos a Deus pelo derramamento de sua graça em nossas vidas. Essa ingratidão, além de nos deixar infelizes, é a raiz de vários pecados. Temos que cultivar um espírito de gratidão e nos alegrarmos sobre maneira com graça de Deus (1Te 5:18).
  3. Nos tendemos a elevar o princípio da retribuição à condição de primeiro lugar, sendo o principal modo de agir de Deus. Isto nos permite sentir que temos algum controle sobre Deus. Dizendo de outra forma, agimos de forma a que Deus nos sirva ao invés de nós estarmos servindo a Deus. Se posso "obrigar" a Deus a abençoar-me agindo bem, então Deus me deve alguma coisa. Se Deus não me abençoa quando

realizo algo que sei que Ele se alegra, não me abato porque em última instância, um dia, Ele me abençoará. Esta é a Sua promessa (Gl 6:7 "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará"). Deus não deu garantias que pagará pelos atos de todos ainda nesta vida, embora possa ocorrer, mas certamente na vida vindoura. Nós cremos nisto? O interessante é que ao final do livro Deus declara que Jó está com a razão e restaura sua propriedade e sua felicidade.

Não é fácil determinar quanto tempo dura os eventos narrados no livro de Jó. Nós temos algumas informações sobre a vida de Jó antes dos eventos descritas no capítulo 1. No último capítulo temos as informações sobre os anos de vida de Jó após todas as suas agruras. Temos algumas dicas: (a) Em 7:3 e 29:2 Jó fala em meses quando se refere aos seus sofrimentos, (b) Jó diz que as mesmas pessoas que o respeitavam antes dos acontecimentos, vieram a rejeitá-lo posteriormente, uma indicação de que esta mudança de comportamento ocorrera recentemente, (c) Boa parte dos diálogos entre Jó e seus amigos ocorreram numa área conhecida como o lixão da cidade. Não há indicações que tenham ocorrido extensas interrupções nestes diálogos. No máximo, uma parada ou outra. Diante disto é razoável concluir que boa parte dos eventos descritos no livro ocorreram em, não mais que, alguns dias, semanas ou no máximo alguns poucos meses.

Sem dúvida nenhuma o Livro de Jó é um convite para revisarmos nossa ortodoxia. Independentemente da nossa visão sobre Deus, Ele é maior, mais amplo e mais complexo! Requerendo com isto que estejamos aprendendo dEle todo o tempo e não mantendo-O dentro dos limites das nossas doutrinas.

Local, Data e Autor

Não se sabe ao certo Quem, Quando nem Onde foi escrito o livro de Jó. Muitas são as sugestões, porém muitas, também, são as possibilidades:

  1. Se nos basearmos nos paralelos com a cultura canaanita, o período de Salomão se torna uma possibilidade;
  2. Se focarmos naquilo que se assemelha ao Aramaico, tendo em mente contatos com os Fenícios, pode-se atribuir data de escrita em período pós-exílio (500aC);

Vale a pena observar o que Jó não menciona:

  1. Eventos históricos: Chamada de Abraão, Êxodo, Conquista da Terra, Exílio;
  2. As instituições de Israel: Monarquia, Templo, os profetas.

E com relação às ideias teológicas presentes no livro? Conceito de Deus, do pecado, da ética. Andersen menciona que a forma com que o livro lida com o sofrimento só foi entendida nacionalmente por Israel com o Exílio. Assim ele propõe que o livro

b. Textos Egípcios – 2000aC c. Cartas de Amarna – 1400aC na região oeste do delta do Nilo d. Textos Ugaríticos (Ugariti – cidade portuária, norte da Síria)

Estrutura

Carlos Osvaldo propõe dividir o livro em três partes:

  1. A tragédia de Jó – Cap. 1 e 2

Escrita em prosa, a primeira parte detalha a vida de um homem que se vê destituído de suas posses (1:3, 14-17), sua posteridade (1:2, 13, 18,19) e finalmente sua saúde. Esta última como forma de "pressionar" a Deus a não colocar uma "cerca" ao redor do seu protegido e às suas criaturas (1:9, 2:4,5). Sua rejeição por parte da esposa e amigos não arranha sua inabalável fé e submissão a Deus e a Sua vontade (1:21,22; 2:10).

  1. O Trauma de Jó – Cap. 3:1-42:

Esta segunda parte, escrita na forma de poesia hebraica, é composta por (a) Três ciclos de debates entre seus amigos e Jó (4-31), (b) Dois discursos de Eliú (32-37), (c) Dois discursos de Yahweh (38-41), e, (d) A retratação de Jó (42:1-6).

No cap.3 Jó faz seu discurso inicial: Ele abre seu coração.

  1. O Triunfo de Jó – Cap. 42.7-17).

Este é o momento em que Jó se vê vindicado da inescrutável soberania de Deus, tendo tanto suas propriedades, como a posteridade restauradas com medida recalcada. Há a repreensão dos amigos de Jó que cravaram suas estacas na definição de um Deus limitado e retributivo de acordo com as ações das suas criaturas.

Para Andersen o livro possui uma simetria e temas em posições equilibradas. Ao mesmo tempo há um desenvolvimento crescente que nos leva de clímax para clímax, até o final. Os discursos são reunidos em ciclos, onde é possível perceber o aumento da tensão. Neste sentido:

  1. O segundo encontro de Satanás com Deus é mais drástico que o primeiro;
  2. O segundo discurso de Deus com Jó é mais intenso que o primeiro;
  3. O tom dos diálogos entre Jó e seus amigos se eleva à cada ciclo.

Entretanto é interessante notar que este fluxo não avança para um "gran finale", mas para uma pausa com o discurso poético de Jó no Cap.28, como que nos dando fôlego para entrar na próxima etapa de tensões e turbulências. Da mesma forma, entre os capítulos 29-31 onde Jó destila seu desafio final à Yahweh e os capítulos 38-41 quando Yahweh se manifesta de forma soberana,

seis para armadilhas (18:8-10) e seis para trevas (3:4-6, 10:21-22). São mencionados nomes de constelações, metais e várias pedras preciosas. Há detalhes de anatomia de grandes feras, linguagem técnica e termos da lei, atividades de mineração e caça. Há referencias a insetos, repteis, pássaros, feras, armas, estratégias militares, instrumentos musicais, meios de viagem, geografia, redemoinhos, orvalho, madrugada, escuridão, nuvens, chuva. Ha referencias sobre a influencia de várias línguas além do Hebraico, incluindo Acadiano, Árabe, Aramaico, Sumério e Ugarítico.

  1. Terceiro, pelo uso extensivo de símiles e metáforas: a. Brevidade da vida retratada por uma lançadeira de um tecelão (7:6); b. É um sopro (7:7); c. Uma nuvem (7:9); d. Uma sombra (8:9,14:2); e. Um corredor (9:25); f. Um falcão (Águia) (9:26); g. Uma flor (14:2).

Interessante é que Deus sendo o principal foco dos discursos de Jó, mantém o mistério e no final revela-se um Deus justo, bondoso e digno de ser adorado, como Jó o fez no final. Muitas são as evidências e obras a cerca do texto de Jó. A começar pelo Texto Massorético (TM)^6 e pela LXX. Os escribas judaicos preferiram copiar um texto obscuro com exatidão, onde o pouco entendimento não os levou a "explicar" os textos através de emendas, evitando assim a destruição de evidências sobre a originalidade dos mesmos.^2 Tomas de Aquino e João Calvino trouxeram uma abordagem mais científica ao estudo do livro, uma vez que por séculos a igreja preferiu um caminho de interpretação alegórica no lugar de uma interpretação literal. Segundo os eruditos há uma série de problemas técnicos no livro de Jó, inclusive linguísticos. Mas estes mesmos eruditos são rápidos em dizer que devemos nos ater ao efeito literário do livro como um todo.^2 Muitos se ajuntam em um canto e se recusam fazer qualquer comparação com literatura pagã, ou mesmo reconhecer semelhanças ou afinidades de conteúdo e estrutura. Em um outro canto estão aqueles que defendem uma região imensa como tendo um único perfil cultural. É como se não houvesse diferenças culturais entre Babilônia e Egito, ou Fenícios e Filisteus. Em meio a toda esta conjuntura cultural é que encontramos o livro de Jó, um livro cosmopolita, atual em sua época e também na atual.

Geografia

Uz

(^6) Os Massoretas são considerados os pais da gramática da língua hebraica atual. Criaram as vogais e seu sistema de uso. Iniciaram seus trabalhos no VIdC. Com um sistema de pontuação que posteriormente se tornou no sistema vocálico, permitiu que o texto se tornasse igual para todos que o lesse. Torá (5), Profetas (Neviim) e os Escritos (Kethuvim).

  1. Um sobrinho de Abraão (Ge 22:21)
  2. Terra próxima a Edom (Lm4:21)
  3. Arábia, Nordeste de Petra ou próximo à Galileia.

Temã (Elifaz, 2:11)

  1. Descendentes de Temã (Ge 36:34, 1Cr 1:45);
  2. Rei de Edom, após Joab, terra dos Temanitas (Ge 36:34, 1Cr 1:45))
  3. Termo geográfico para Edom
  4. Elifaz, filho de Esaú (Ge 36:

Sabeus (1:15)

  1. Povo semita;
  2. Origem nômade (nesta época);
  3. De origem do norte, se firmando na, então, Arábia do Sul, hoje Iêmen. Formaram o Reino de Sabá,^7 cuja rainha visitou Salomão.
  4. Existência conhecida entre X-XIIaC;
  5. Há menções da Bíblia sobre os Sabeus: a. Is 45:14, 60: b. Jl 3:8; c. Ez 27:22-3, 38:13, d. Sl 73:15, e. Jr 6:

Caldeus (1:17)

  1. Nesta época os Caldeus eram nômades;
  2. Vivian na Árabia, próximo ao Golfo Pérsico, antes de emigrarem para a planície plana da região da Babilônia (Rios Tigre e Eufrates);
  3. Passaram a fazer parte do império babilônico;
  4. Acredita-se que o Império Babilônico tenha sido fundado em 1950aC; a. Código de Amurabi b. Ligações com antiga Sumérica

Suíta (Bildade, 2:11)

  1. Filho de Abraão com Quetura (Ge 25:2, 1Cr 1:32);
  2. Não há menção de Bildade fora de Jó;
  3. Acredita-se que ele tenha vivido no Médio Eufrates (Cuneiformes);

Naamate (Zofar, 2:11)

  1. Não há menção de Zofar fora de Jó;
  2. Não se sabe onde ficava Naamate. O fato dos amigos terem combinado sua ida visitar Jó indicam que eram amigos e/ou que conheciam, ainda pode- se inferir que viviam em regiões vizinhas.

Arqueologia e História

Cartas de Amarna (1350aC):

  1. Nome de Jó (בֹוּיִא , iyyôb) e outros nomes;

(^7) http://pt.wikipedia.org/wiki/Sabeus

Aula 2 – Capítulos 1:6-22; 2:1- 7

 Convenção anual: Abertura  Deus diante de suas criaturas  Satanás e seu campo e forma de atuação  Dualismo e a teoria do Cão Bravo  Jó serviu a Deus por nada?

Quem era Jó? (1-5) Jó não era um homem qualquer, na verdade era um homem íntegro (Heb tam = completo). Quando Jó pecava a sua maturidade se manifestava, uma evidência de sua integridade. Deus usou a palavra "íntegro" (Heb yasar = andar segundo os princípios de Deus) para definí-lo.

Jó era um homem rico e também temente a Deus. Esta é uma realidade incomum, pois a riqueza pode trazer consigo o sentimento de que Deus é secundário (Pv 30:7-9 – palavras de Agur, Mt 19:16-23 – Jovem rico).

É importante conhecermos bem o caráter de Jó, pois o livro enfatiza que o relacionamento de Deus com o homem é baseado na Sua soberana graça, através da sua confiança e obediência nEle.

Como parte do caráter e temor de Jó, ele oferecia sacrifícios pelos eventuais pecados dos seus filhos (V3-4). A menção de horário aqui se trata de uma expressão hebraica para prioridade, não limitando o horário dos sacrifícios (Ge22:3). Jó era sacerdote para a sua família.

As evidências indicam que Jó conhecia Yahweh e já cria nEle, semelhantemente a outros personagens do AT: Adão, Noé, Abraão e Melquisedeque.

Vale notar que Jó não expressa qualquer preocupação ou restrição aos eventos festivos de seus filhos, o que nos permite inferir que estes banquetes não se tratavam de bebedices e coisas afins. Mas reconhecia a necessidade de sacrifícios.

O ato de intercessão pelos filhos através dos sacrifícios demonstra sua crença na figura de um mediador, o qual ele vai ansiar e que veremos mais à frente.

Preparando o Palco para o Desastre^3

A vida é difícil, mas é também injusta? Naturalmente conseguimos atribuir ao nosso dia-a-dia a expressão inicial: A vida não é fácil! Com facilidade e elevada frequência somos confrontados com situações que exigem coragem, decisão, posicionamento, iniciativa, e o produto ou resultado dessas ações nem sempre é bom ou positivo, mas necessário. Um trabalhador que precisa acordar as 04:00 da manhã, pegar três ônibus (geralmente cheios), caminhar um tanto a pé para chegar ao trabalho as 07:00 ou

08:00h, repetindo a mesma maratona no final do dia, certamente diria: A vida é difícil! Mas acorda todos os dias com disposição para enfrentar a batalha da sobrevivência. Mas e se a vida fosse injusta? Este sentimento é mais profundo e geralmente desarma as pessoas, as deixa arqueadas, desanimadas. Talvez para alguns a vida não seja somente difícil, mas também injusta. Neste caso eu diria bem vindo ao mundo de Jó!

Eugene Peterson diz sobre Jó:

Jó não é importante para nós apenas por causa do seu sofrimento. É importante por ter sofrido da mesma maneira que sofremos – nas áreas vitais da família, saúde pessoal e coisas materiais. Jó é igualmente importante para nós por ter indagado diligentemente e protestado ousadamente contra o seu sofrimento.

Nos versos de 1-5 temos a descrição de um homem muito rico, piedoso, excelente marido, pai dedicado, e "integro" e "reto". De quebra, temente a Deus e que se desviava do mal.

No verso 6, como que por mágica, não fazendo parte de uma peça teatral ou ópera, muda-se o cenário para um plano celestial.

Aqui os filhos de Deus, seus anjos, se apresentam diante do Criador, talvez até para uma prestação de contas! Entre eles, o texto diz que estava Satanás, que em hebraico significa: verbo: ser adversário, resistir; substantivo: adversário, acusador.

Dos versos 7-12 temos a descrição do diálogo entre Deus e Satanás. Ele, Satanás, demonstra que tem acesso não somente a terra, como ao céus. Ele e seus demônios. Sendo seres sobrenaturais têm acesso livre e instantâneo a toda a terra. Por isso quando ele diz "De rodear a terra", devemos realmente crer literalmente nisto.

Satanás demonstra algumas características dignas de menção:

  1. Intelecto, pois dialoga com Deus;
  2. Emoções, pois demonstra sua oposição à Jó;
  3. Vontade, pois pretende destruir Jó;

Satanás, o acusador, parte então para sugerir que Deus somente é adorado por Jó em função de toda a proteção, bênçãos e um "cercado" que Deus colocara em torno dele e de sua família. Satanás está configurando a Teologia da Retribuição, a qual falaremos novamente mais à frente.

Veja que a sua insolência demonstra uma mente já pervertida e longe de Deus.

E Deus dá autorização para Satanás tocar em tudo de Jó, menos a sua saúde (por enquanto). Esta autorização demonstra não haver espaço para dualismo, mas

Capítulo 2: Na segunda assembleia, na segunda reunião da convenção de vendas, percebemos a presença do "intruso" novamente, Satanás.

No verso 3 vemos Deus se referir a Jó como ele conserva sua integridade, embora Satanás tenha me colocado contra Jó. Objetivamente Deus está afirmando que Jó sabia que as desgraças ocorridas com ele e sua família tinham origem em Deus.

No verso 4 Satanás afirma que Jó não se preocupa com sua família, suas riquezas, mas com a própria pele, daí seu pedido de tocar na sua saúde! De fato, Satanás está se referindo à sua própria carne e ossos.

Satanás não poderia fazer nada com Jó sem a permissão de Deus. E Deus a deu.

A doença de Jó produziu uma condição de impureza física que o tornou indigno de convivência com os demais da comunidade. Por isso que ele passou a viver no lixão da cidade. Alguém que se sentava na entrada da cidade atuando como juiz (29:7), passou a se sentar onde não havia qualquer prestígio.

Outro destaque pode ser dado a sua mulher (v9). Ele deve ter concluído que Deus não foi justo com seu marido, o afligindo ao invés de premiá-lo. Certamente ela também compartilhava da teologia retributiva. Vendo seu marido sofrer sem poder ajudar, ou ainda nem entendendo o que e porque ocorria, demonstrou sua imaturidade sugerindo que Jó amaldiçoasse a Deus e morresse, pois até ela não via chance alguma para Jó.

Não podemos esquecer que a mulher de Jó passou também por várias dificuldades:^3

  1. Ela, também, perdeu 1o^ filhos;
  2. Ela, também, sofreu com perda das riquezas;
  3. Ela perdeu a condição de esposa do "maior de todos os homens do oriente;
  4. Ela perdeu seu companheiro.

A esposa de Jó também fora instrumento usado por Satanás para tentar tirar o foco de Jó. Ela tentou Jó a fazer exatamente o que Satanás queria. Sutilmente Satanás se manifesta, não há confronto direto.

Interessante é que aqui podemos fazer um paralelo com Gen3 onde Eva também foi usada por Satanás. As duas mulheres sucumbiram à tentação e se tornaram instrumento de tropeço aos seus maridos, embora as posturas de Adão e Jó tenham sido diametralmente opostas.

Por isso mulheres nunca ofereçam aos seus maridos que abram mão de um princípio, mesmo que isto venha trazer alívio momentâneo. Pelo contrário, digam: Fique firme, mantenha o foco em Deus e vamos trilhar este caminho juntos!

A submissão de Jó a Deus adquire mais um tom de beleza (v10), mesmo não entendendo seu estado de sofrimento ele não atribui nada a Deus e mantém sua

condição de adorador, mesmo não recebendo nada em troca (muito pelo contrário, Tg 5:11). Ele prova que satanás está, mais uma vez, errado.

Vocês podem imaginar a cara de Satanás e de seus asseclas? Ele, Satanás, deve ter ficado muito bravo! Ele e sua turma não ouviram de Jó:

  1. Porquê isso agora Senhor?
  2. O que eu fiz para merecer tudo isto?
  3. Porquê comigo?
  4. Depois de andar com o SENHOR todos estes anos, é isso que recebo em troca? A perspectiva de Jó era de que recebeu tudo de Deus por empréstimo, para tomar conta enquanto o dono não pedisse de volta. E ele pediu!!!!

Não se apegue às coisas!

Charles Swindoll descreve com bom humor o momento da conversa entre Jó e sua esposa:

Com plena compreensão das coisas, Jó levantou-se, olhou para tudo que mudara, colocou o braço ao redor da mulher que sofria e sussurrou ao seu ouvido: "Deus deu e, por alguma razão não revelada, decidiu tomar de volta. Tudo pertence a ele, minha querida."^3

Evento Reação da Mulher Reação do Homem Passar por períodos difíceis por tempo prolongado

Fortalecida Enfraquecido

Estado mental vulnerável Mantêm o foco Perda de objetividade Medo Mantêm a perspectiva Confusão mental, insegurança

Já passei por dificuldades significativas, ao ponto de não conseguir dormir a noite, mas quando tento me colocar na situação de Jó, meus problemas parecem bem menores do que eles realmente são. No final do primeiro dia ele enterra seus filhos, um a um, chorando e prostrando diante de Deus e no final do dia seguinte ele está se coçando e raspando pus da própria pele, em um lugar destinado aos excluídos da sociedade. Ele que era referencia social, moral, ética, econômica e política dois dias antes! Este é o cara!

É mais fácil baixar a nossa opinião de Deus do que elevar a nossa fé à altura de aceitar, em paz, as obras de Deus.

Os acontecimentos com Jó viraram notícia no oriente, e seus três amigos vieram visita-lo. Embora vindo de diferentes regiões, combinaram para vir juntos confortar o amigo (2:11): Elifáz o Temanita, Bildade, o Suita, e Zofar, o Naamatita.

Aula 3

Eu quero morrer! (Cap 3)

Na aula de hoje veremos dois grandes momentos:

  1. O profundo e primeiro lamento de Jó (Cap 3);
  2. O primeiro discurso de Elifaz, no primeiro ciclo de discursos dos amigos de Jó, e a resposta de Jó ao seu primeiro "amigo" (cap. 4-7).

Deste capítulo 3 até o 42 temos uma linguagem poética, como já foi dito. Em face a isto, não podemos esquecer por um minuto sequer... estamos falando de poesia.

A linguagem, necessariamente, tem jogo de palavras, imagens a serem associadas à poesia, alegorias (não confundir com interpretação alegórica dos textos) e textos de difícil entendimento e/ou acompanhamento.

Neste capítulo 3 Jó compartilha seus primeiros lamentos pessoais. Ele demonstra um estado de assombro por saber que, em última análise, era Deus que estava lhe "proporcionando" tais experiências.

Neste momento Jó não está reagindo a um estado de avaliação mental sobre os males da humanidade, mas chorando em função do seu sofrimento pessoal, emocional e físico.

Notar que Jó logo no começo amaldiçoou o dia do seu nascimento, mas não a Deus. Não há aqui, ainda, o interesse em saber porque os "justos" sofrem, mas certamente um profundo sentimento de insegurança por não saber a causa do seu infortúnio.

O comportamento que vemos em Jó, iniciando aqui no cap 3, é diferente daquele que normalmente vemos na nossa cultura ocidental, onde a razão deve prevalecer e como consequência, o entendimento do "modus operandi" de Deus produz uma paz imobilizante, desumana, irreal para Jó. Andersen retrata este comportamento: A receita para os aflitos (pelo sofrimento) é a aceitação entorpecida da vontade inquestionável de Deus, um freio severo sobre todos os sentimentos, com desaprovação da maioria fraca que não pode andar calmamente na fornalha.^2 Quanta diferença da reação de Jó!

Os lamentos de Jó possuem eco em Jr 20:14-18, Lm 3:1-18, culminando com o exemplo maior, quando Jesus se manifestou na cruz em Mateus 27:46. Estes foram clamores legítimos, procurando por um Deus perdido. Por este motivo não há porque condenar Jó pelo seus lamentos.

Nos versos 4 a 6 a palavra trevas é mencionada 5 vezes. Uma demonstração da riqueza de expressão do Hebraico, neste texto são usadas quatro palavras diferentes para indicar o sentido de trevas.

O verso 8 propõe uma receita contendo mágica e objeto de mágica e mitologia. Andersen propõem a seguinte transliteração: "Aqueles cuja magia prende até o monstro da profundeza." Podemos dizer que Jó está apresentando aqui uma crença na mitologia canaanita? Acho que não, estamos falando de poesia, lembra? Esta frase está mais para facilitar o entendimento dos seus ouvintes do que uma declaração de sua fé e esperança.

Num primeiro momento Jó afirma que ele desejaria não ter nascido (1-10). Agora ele expressa seu desejo de ter morrido no nascimento (11-19). Para Jó a não existência teria sido melhor do que a presente existência em confusão, turbilhão de sofrimento. Da mesma maneira o acolhimento dado pela sua mãe marca a progressão do sentimento de Jó. Nesta progressão, Jó expressa seu desejo de estar no Sheol, onde teria descanso e poderia dormir. Notar o nível de desespero de Jó: ele desejava a morte para que pudesse descansar e poder dormir. Para ele, o Sheol, seria o livramento da escravidão ao sofrimento, refém da doença, local onde todos estariam juntos, tanto o grande como o pequeno. Não há aqui intenção de destacar a condição igualitária dos habitantes do Sheol, mas, sim, a condição de que independentemente da posição do sofredor, no Sheol todos seriam livres. Será que um sofrimento pode chegar a um ponto tão extremo? Desejar intensamente a morte para se livrar do sofrimento!

Na última parte do cap 3 (20-26), Jó expressa seu desejo de ter morrido após seu nascimento.

Acredito que muitas pessoas podem chegar ao estágio em que se encontra Jó, desejando a própria morte, mas não buscando o suicídio. A pressão causada pelo dor constante nos leva a esquecer as alegrias e tempos de fartura. Há sofrimentos que nos envolvem de tal maneira que não se consegue ver a luz no final do túnel. Devemos estar atentos para, de um lado, não julgar quem está sob sofrimento (ampliando-o), nem tampouco, minimizar o sofrimento (reduzindo sua dimensão).

Quando vemos alguém fazendo evangelismo, ou ainda um irmão da igreja afirmando com todas as letras: Deus é bom e tem um plano maravilhoso para você e para a sua vida!. Se vc estivesse numa situação parecida com a de Jó, a tendência seria vc se perguntar: Será mesmo? Com certeza. O fato é que confundimos, mais uma vez, os ensinos de Deus. O plano maravilhoso é na perspectiva de Deus e não na nossa. Pra nós, um plano maravilhoso significa conforto, fartura, alegria, situação financeira estável, filhos nas melhores faculdades, ótimo plano de aposentadoria, etc.

Algumas vezes em minha vida enfrentei tempos de desanimo. Houve vezes que achava que era "privilegio" somente meu e não dividia com ninguém. Santo engano. O sentimento é de desânimo e desestímulo. Entretanto, nada que eu tenha experimentado se parece com o que Jó passou. Ele chegou quase no fundo do poço. Interessante que as saídas destes períodos de desanimo se deram