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Uma dissertação sobre a utilização do jogo como ferramenta de ensino-aprendizagem nas ciências naturais no ensino fundamental ii. O autor justifica a pesquisa, discute o conceito de ensino-aprendizagem com sentido e significado, realiza um breve histórico do ensino de ciências no brasil, apresenta conceitos sobre ludicidade e jogo, e dialoga sobre o sistema nervoso e suas funções. O objetivo é compreender como um jogo didático pode contribuir para aprendizagem significativa do sistema nervoso entre alunos e alunas do ensino fundamental ii.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
Compartilhado em 07/11/2022
4.5
(60)160 documentos
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Não perca as partes importantes!
Dissertação submetida como requisito parcial para a obtenção do grau em Mestre em Educação em Ciências e Matemática , no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática.
Luiza Alves de Oliveira. Prof. Dra. – UFRRJ (Orientador)
Lígia Cristina Ferreira Machado – Prof. Dra. – UFRRJ
Luciana Antunes de Mattos – Prof. Dra. – SEE/RJ
Dedico este trabalho aos meus alunos e aos colegas de profissão que buscam na formação
continuada o aprimoramento para essa difícil tarefa que é ser um educador.
Agradeço também aos membros da banca professoras Lígia Cristina Ferreira
Machado e Luciana Antunes de Mattos, que aceitaram prontamente o convite para
avaliarem o meu trabalho, contribuindo com seus conhecimentos e competências.
Minha eterna gratidão a todos e todas!
NOVAES, Laid Jane Conceição. 2020. 98p. O jogo Batalha Cerebral como ferramenta pedagógica para o ensino sobre o sistema nervoso. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências de Matemática). Instituto de Educação, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2020.
O presente trabalho teve por objetivo analisar a utilização de um jogo como ferramenta pedagógica para ensinar sobre o sistema nervoso no ensino Fundamental II. O jogo, denominado Batalha Cerebral, foi vivenciado por alunos do 8º ano de uma escola pública de Rio Claro, no estado do Rio de Janeiro. A pesquisa buscou refletir sobre a utilização da ferramenta lúdica – jogo – como proposta para um ensino-aprendizagem de Ciências com sentido e significado e que visasse à autonomia dos alunos. O estudo embasou-se em teóricos que discutem a ludicidade, como Kishimoto (2000), Huizinga (2007) e Luckesi (2014), e também em autores como Coll (1988) e Freire (1997), que trazem discussões sobre os processos de ensino-aprendizagem que tenham sentido para quem aprende, mas também que sejam capazes de desenvolver uma postura autônoma e crítica nos estudantes. Durante a realização da atividade, as falas dos alunos foram audiogravadas e posteriormente transcritas e analisadas com base no paradigma indiciário de Ginzburg (1989). Além da pesquisa de campo, com alunos do Ensino Fundamental II, foi analisada a narrativa da professora-pesquisadora sobre as vivências com o jogo em sala de aula. Os dados que foram analisados à luz do paradigma indiciário de Ginzburg (1989), apontam para a potencialidade da utilização do jogo como ferramenta pedagógica no ensino-aprendizagem de conteúdos sobre o sistema nervoso de forma lúdica e motivadora.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem. Ciências Naturais. Sistema Nervoso. Ludicidade.
Figura 1: Sistema Nervoso Central................................................................................. 36 Figura 2: Membranas conjuntivas do Sistema Nervoso.................................................. 37 Figura 3: Medula Espinhal.............................................................................................. 38 Figura 4: Divisão Funcional do SNP.............................................................................. 39 Figura 5: Neurônio.......................................................................................................... 39 Figura 6: Células da Glia................................................................................................ 40 Figura 7: Rede de neurônios........................................................................................... 40 Figura 8: Encéfalo e as suas funções............................................................................... 41 Figura 9: Vista Frontal da Escola.................................................................................... 43 Figura 10:
Vista Lateral da Escola.................................................................................... 44
Figura 11:
Mapa do município de Rio Claro.................................................................... 45
Figura 12:
Tabuleiro Base do Jogo Batalha Cerebral....................................................... 46
Figura 13:
Capa do Jogo Batalha Cerebral....................................................................... 46
Figura 14:
Marcador do Cérebro....................................................................................... 47
Figura 15:
Marcador de Perigo......................................................................................... 47
Figura 16:
Gabarito do Jogo Batalha Cerebral.................................................................. 47
Figura 17:
Tabuleiro Base com Peças............................................................................... 47
Figura 18:
Carta Pergunta (FRENTE).............................................................................. 48
Figura 19:
Carta Pergunta (VERSO)................................................................................ 48
Figura 20:
Carta Pergunta (FRENTE).............................................................................. 49
Figura 21:
Carta Pergunta (VERSO)................................................................................ 49
Figura 22:
Peças Coloridas............................................................................................... 49
Figura 23:
Peças Coloridas............................................................................................... 49
Figura 24:
Carta da Medula Espinhal (FRENTE)............................................................. 50
Figura 25:
Carta da Medula Espinhal (VERSO).............................................................. 50
Figura 26:
Carta Pergunta................................................................................................. 50
Figura 27:
Carta Pergunta................................................................................................. 50
Figura 28:
Carta Pergunta................................................................................................. 51
Figura 29:
Carta Pergunta................................................................................................. 51
Figura 30:
O jogo "Batalha Cerebral"............................................................................... 52
Figura 31:
O jogo "Batalha Cerebral"............................................................................... 52
Figura 32:
O jogo "Batalha Cerebral"............................................................................... 52
Figura 33:
O jogo "Batalha Cerebral"............................................................................... 52
Figura 34:
O jogo "Batalha Cerebral"............................................................................... 52
Figura 35:
O jogo "Batalha Cerebral"............................................................................... 52
Página
1.1 Aprendizagem com sentido e significado por Coll.......................................................... 1.2 Pedagogia da Autonomia Paulo Freire.............................................................................
CAPÍTULO 2. HISTÓRIA E PRÁTICAS DE ENSINO NA APRENDIZAGEM DE CIÊNCIAS NO BRASIL ..................................................................................................... 2 .1 História do ensino de Ciências no Brasil......................................................................... 2 .2 O ensino de Ciências Naturais e os Parâmetros Curriculares Nacionais......................... 2 .3 A Base Nacional Comum Curricular – BNCC................................................................
CAPÍTULO 3. A LUDICIDADE NO ENSINO-APRENDIZAGEM: O JOGO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA ................................................................................. 3 .1 O que é Ludicidade para Kishimoto................................................................................ 3 .2 O que é Ludicidade para Huizinga................................................................................... 3 .3 O que é Ludicidade para Luckesi..................................................................................... 3.4 O que é Ludicidade para Miranda....................................................................................
CAPÍTULO 4. O CORPO HUMANO E O SISTEMA NERVOSO ................................. 4 .1 Corpo Humano – Abordagem Histórica.......................................................................... 4 .2 O Sistema Nervoso ..........................................................................................................
CAPÍTULO 5. O LÓCUS DA PESQUISA E O JOGO BATALHA CEREBRAL ....... 5 .1 A Escola Pesquisada........................................................................................................ 5.2 Público-alvo.....................................................................................................................
CAPÍTULO 6. ANÁLISE DE DADOS .............................................................................
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................
APÊNDICES ......................................................................................................................... A – Narrativa ........................................................................................................................ B – Transcrição das gravações ............................................................................................ C – O Jogo Batalha Cerebral ..............................................................................................
O corpo humano, local em que está abrigada nossa psiquê e o nosso intelecto, e que ainda nos proporciona usufruir dos prazeres e dessabores da vida, tem sido objeto de estudo para muitos cientistas, que buscam desde a cura para doenças até o seu controle por nanocomputadores. Como o corpo faz parte de nossa realidade e integra a totalidade do ser humano, Aranha e Martins (2016, p. 201) declaram que:
Meu corpo não é alguma coisa que eu tenho: eu sou meu corpo. O corpo é o primeiro momento da experiência humana, porque, antes de ser um “ser que conhece”, o sujeito é um “ser que vive e sente”.
Como afirmam os autores, além de corpo conhecimento, somos vida e sentimentos e, nesta complexa dinâmica de sistemas e funções, encontra-se o sistema nervoso. Dentre os sistemas corporais, o sistema nervoso comumente intriga o ser humano por ser aquele que controla todos os demais e se destaca por sua imensa relevância para o estudo da anatomia e fisiologia humana. Constato, como professora de Ciências Biológicas na Educação Básica, que este tema desperta muitas curiosidades por parte dos educandos, ocupando lugar de destaque durante as aulas. Portanto, esta pesquisa remete, em certa medida, ao percurso de minha escolarização. Desde muito cedo, ainda na segunda etapa do ensino fundamental, ao ter contato com o estudo dos seres vivos, me apaixonei pelas Ciências. Decidi então seguir os estudos da Biologia, não só pelo fato de aprender sobre nossa vida e convivência no planeta, mas também pelas amplas possibilidades de conhecimento que a carreira proporciona. Após um longo período afastada da escola, ingressei no curso de Ciências Biológicas no ano de 2003. Ao longo da graduação, meu interesse pela Biologia só cresceu, mas também passei a ter contato com as disciplinas pedagógicas oferecidas pelo curso, que era de Licenciatura Plena, e surpreendentemente, essas matérias passaram a dominar meu interesse. Desta maneira, optei por permanecer lecionando e não investir no bacharelado. Licenciada em Ciências Físicas e Biológicas pela Fundação Educacional Rosimar Pimentel / Universidade Geraldo Di Biase (FERP/UGB), concluí o curso no ano de 2006 e já desde os meados deste, prestava concurso para prefeituras e secretarias de educação de diversos municípios. Em 2009, fui convocada para meu primeiro trabalho como professora regente, que ocorreu no município de Valença – RJ. Foi o primeiro concurso em que atuei na carreira e lá permaneci por 5 anos, trabalhando pela Prefeitura Municipal da localidade em escolas quase rurais, com poucos insumos e público desprovido socioeconomicamente. Já nesta experiência, pude perceber as dificuldades dos alunos mediante a falta de recursos das escolas e salas de aula, principalmente, para a disciplina de Ciências que, muitas vezes, envolve a necessidade de equipamentos para enriquecer as aulas e contribuir para o interesse dos alunos. No ano de 2010, fui convocada para novo concurso e ingressei no quadro docente do Governo do Estado do RJ, passando a lecionar também no município de Resende – RJ, onde lecionei até o ano de 2019. Inicialmente, ministrava aulas para o ensino fundamental e posteriormente para o ensino médio. Também nesta instituição, encontrei dificuldades para motivar os alunos, dada a limitação de condições que temos para trabalhar as aulas, principalmente as práticas, que requerem aparelhagem específica. Em 2014, deixei o município de Valença e ingressei no município de Rio Claro, para lecionar pela prefeitura local. Não surpresa, encontrei as mesmas dificuldades que existiam nas outras localidades onde tinha lecionado. Este município, apresenta muitas particularidades, por
desta pesquisa, para além de formalizar a aquisição do título de mestre, constitui-se tempo espaço de formação em serviço como docente atuante em diferentes níveis de ensino. No entanto, refletir e conhecer um sistema tão complexo em aulas de Ciências no Ensino Fundamental, tal como o sistema nervoso, muitas vezes, requer propostas pedagógicas mais interessantes e prazerosas, de forma a garantir que jovens e adolescentes tenham sua curiosidade natural ainda mais aguçada, garantindo uma aprendizagem significativa e sentido (COLL,
de aprender sobre conteúdos considerados de difícil compreensão e que apresentam certo grau de abstração. Além de desenvolver e aplicar o jogo em uma sala de aula do 8º ano do ano do Ensino Fundamental, esta pesquisa pretende analisar qualitativamente como o tema sistema nervoso humano, no que remete as suas funções cerebrais é aprendido pelos estudantes, durante o momento lúdico com o uso da ferramenta pedagógica. A metodologia da pesquisa tem caráter qualitativo, e dentro deste caminho, optamos pelo paradigma indiciário (GINZBURG, 1989). Para tanto, foi elaborado um jogo “Batalha cerebral” para que os alunos pudessem viver a experiência lúdica do ensino sobre o sistema cerebral. Durante o jogo, os discentes foram audiogravados e suas falas foram transcritas para serem analisadas em seus indícios e sinais. Nosso objetivo foi buscar compreensões sobre a aprendizagem dos alunos por meio de uma ferramenta pedagógica lúdica e descontraída. Nas falas de professora e alunos durante a realização da atividade, investigamos pistas indicativas de uma aprendizagem efetiva e prazerosa e assim verificar se o jogo de fato contribuiu para a aprendizagem com sentido e significado para os alunos. Logo, esta dissertação está construída no seguinte formato: no primeiro capítulo, discorremos e problematizamos o conceito de ensino-aprendizagem com sentido e significado a partir de Coll (1988) e Freire (1996); no segundo capítulo, realizamos um breve histórico do ensino de Ciências no Brasil e refletimos sobre dois documentos de implementação de política educacional no Brasil: os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC); no terceiro, apresentamos conceitos sobre ludicidade e jogo, segundo Kishimoto (2000), Huizinga (2007) e Luckesi (2014) e, entre outros; no quarto capítulo, dialogamos sobre o sistema nervoso e suas funções; o quinto capítulo apresenta o lócus de pesquisa e a proposta do jogo “Batalha Cerebral”; no sexto e último, analisamos os dados coletados; e na parte final apresentamos as considerações finais deste estudo. Deste modo, esperamos contribuir substancialmente para o aprendizado do sistema nervoso pelos alunos, tornando essa tarefa agradável e motivadora para os educandos.
Tomamos por base a afirmação do autor para compreender que uma aprendizagem com sentido e significado prioriza o aluno a aprender por si mesmo e que a análise e reflexão do processo de aprendizagem podem tornar a aprendizagem significativa uma realidade no ambiente escolar, principalmente através da construção de significados e sentidos sobre o que é aprender. Coll (1994) afirma que, quando o aluno aprende um conteúdo qualquer, mecanicamente, sem entendê-lo, ele o faz de forma puramente memorizada, sem atribuir-lhe significado, ou apenas com significados parciais, não representando a compreensão total e profunda deste conceito. O que nos leva a crer que a aprendizagem não é homogênea, mas se dá em etapas, conferindo a este processo um caráter dinâmico e aberto, mediante o grau de participação nas atividades pelo aluno. Embasado na Teoria de Ausubel e seus colaboradores, a qual diz que construímos significados cada vez que somos capazes de estabelecer relações substantivas e não arbitrárias entre o que já conhecemos e o que aprendemos, além de considerar Piaget e as etapas de assimilação e acomodação dos conceitos para uma futura atribuição de significados, Coll (1994) conclui que são necessárias duas condições para dar lugar à construção de significados na aprendizagem. A primeira condição é que haja um conteúdo de aprendizagem bem estruturado e também com significância lógica para ser apresentado ao aluno. A segunda condição é que o aluno possa relacioná-lo com o que já conhece, inserindo-os na sua rede de significados, construídos no decurso de suas experiências prévias de aprendizagem, principalmente do ponto de vista psicológico. Tal importância é explicada por Ausubel, o qual enfatiza que os conhecimentos prévios são um fator decisivo ao defrontar-se com a aquisição de novos conhecimentos. Além das significâncias lógica e psicológica do conteúdo de aprendizagem, ainda se faz necessário que o aluno tenha uma atitude favorável para aprender significativamente. Quando o interesse do aluno é escasso, o aprendizado é limitado e apenas memorizado mecânica e repetitivamente. Porém, quando é elevado, ele estabelece múltiplas e variadas relações entre o novo e o que já conhece, e a intervenção do professor é fator determinante nessa escolha. Em virtude desses fatores, Coll (1994) ainda enfatiza que a aprendizagem significativa implica inevitavelmente em memorização compreensiva em uma rede mais ou menos ampla de significados, onde a capacidade do aluno estabelecer novas relações ao enfrentar tarefas ou situações inusitadas é incrementada, tornando a aprendizagem de valor funcional, que pode ser utilizada com facilidade para gerar novos significados. Experiências prévias escolares e extraescolares podem aumentar a aptidão intelectual do aluno, do mesmo modo aspectos psicológicos agem não só como mediadores entre o processo de ensino e aprendizagem, bem como estabelecem relação com o novo material de aprendizagem. Coll (1994) defende que o sentido das atividades de aprendizagem escolar, os objetivos do professor e do aluno, juntamente com suas intenções e motivações, são aspectos substancialmente importantes para o ensino, todavia nem sempre esses aspectos são compartilhados pelos atores desse evento. Complementa, ainda, que os processos psicológicos, sem dúvida, são de extrema importância para a aprendizagem. Dentre esses, podemos citar a motivação, que pode levar o aluno a fazer um intercâmbio comunicativo em múltiplos níveis, entre professor e aluno. Nessa inter-relação, como afirma Coll (1994, p. 152).
[...] tudo parece indicar que o aluno constrói significações ao mesmo tempo que atribui um sentido ao que aprende, de tal maneira que as significações que finalmente constrói a partir do que lhe é ensinado não dependem só dos conhecimentos prévios que possua e do seu colocar em relação com o novo material de aprendizagem, mas também do sentido que atribui a este e à própria atividade de aprendizagem.
Assim, também os conhecimentos, construídos ao longo das atividades escolares, não têm significados quaisquer e sim correspondem a conteúdos que são criações culturais, elaborados e definidos antes mesmo do processo educacional. Este fato marca a direção na qual devem ser apontados a construção de significados, fato que ocorre com três elementos: o próprio aluno, os conteúdos de aprendizagem e o professor. O aluno é o responsável pela aprendizagem na medida em que constrói o seu conhecimento com significado e sentido e o professor, com sua atuação, designa as atividades que possibilitem maior ou menor grau de amplitude e profundidade dos significados construídos e orienta a construção destes na direção certa. Desta forma, Coll (1994) conclui que o processo de aprendizagem significativa tem lugar num contexto de relação e de comunicação interpessoal que transcende a dinâmica dos processos de pensamento dos alunos e compartilham parcelas mais amplas dos conteúdos escolares entre alunos e professores. Mas vale lembrar que, como afirma César Coll (1994, p.154) “apelar para motivação sem mais nada não oferece uma explicação satisfatória”. Uma educação plena deve ser ampla. É necessária, portanto, a indagação, a reflexão. Diante do exposto, consideramos que a proposta de elaborar um jogo para o ensino- aprendizagem do sistema nervoso, para além de uma motivação, pode constituir-se como atividade para relação/construção de sentidos e significados no processo complexo e multifacetado que é aprender, sobretudo se os alunos interpretam e dão sentido ao que e como aprendem, além de promover a capacidade de sociointeração entre discentes.
A aprendizagem que o aluno leva a cabo não pode ser entendida unicamente a partir de uma análise externa e objetiva do que lhe ensinamos e de como lhe ensinamos, mas também que é necessário levar em conta, além disso, as interpretações subjetivas que o próprio aluno constrói a este respeito. (COLL, 1994, p.155-156)
Diante da pertinência da teorização de Coll (1994) para pensarmos sobre o jogo como ferramenta pedagógica que contribui para processos de aprendizagem significativa, optamos por também refletir acerca da autonomia e da necessária postura crítica e reflexiva como condições para uma aprendizagem que ultrapasse as barreiras da memorização e repetição de conteúdos. Escolhemos, então, Freire (1997) para dar suporte ao que nos propomos nesta dissertação e, para tanto, tecemos algumas aproximações de suas teses na seção seguinte.
1.2 Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire
Paulo Freire escreveu inúmeras obras sobre educação, numa perspectiva anti-opressiva, não autoritária, mas dialógica e respeitosa, e suas teorizações ganharam notoriedade e respeito em todo o mundo. Em uma delas, a última publicada ainda em vida, Pedagogia da Autonomia , Freire (1997) traz, em seus estudos, não somente uma proposta de reflexão sobre as práticas docentes e a importância de tornar os educandos seres autônomos em sua forma de pensar e demonstrar opiniões e aprendizados, mas retoma, de forma vigorosa, muitas ideias já debatidas em outros momentos de sua vida de forma a ratificar a inconclusibilidade humana e convidar os(as) professores(as) a uma responsabilidade ética no exercício da docência. Assim, Freire (1997) aponta para a necessária postura reflexiva dos docentes de maneira que a prática educativa se torne prática formadora e onde os professores posicionem-se eticamente ao analisarem e criticarem posturas (as suas próprias e dos outros). Trata-se de um posicionamento responsável diante de problemáticas da vida e que garanta o compromisso ensinamentos aos seus discentes. A crítica, para Freire (1997), faz parte constante do processo de ensinar, processo esse que o autor afirma não ser uma transferência de conhecimento e sim