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Um projeto de desenvolvimento da competência argumentativa em alunos do ensino fundamental e médio, que visa melhorar suas habilidades de expressão oral e escrita. Os professores enfrentam desafios para ajudar os alunos a produzirem textos argumentativos e buscam soluções, como fornecer exemplos de textos boos, valorizar a leitura e pesquisa, e utilizar o registro formal em textos orais. O projeto inclui a realização de debates, a criação de uma wiki para divulgação e comentários, e o estudo da refutação.
Tipologia: Notas de aula
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Não perca as partes importantes!
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Daniela Favero Netto*
É consensual a afirmação por parte de professores de todas as áreas do Ensino Fundamental e Médio que nossos alunos têm dificuldades para expressar suas ideias, formulações e opiniões, seja por meio do texto oral, seja por meio do texto escrito. Estudos vêm sendo feitos na tentativa de diagnosticar a razão do problema, bem como de propor uma solução, inclusive em áreas de estudo como Ciências, História, Geografia, entre outras. Os professores, que se defrontam diariamente com o desafio de contribuir com o desempenho dos alunos ao produ- zirem textos, veem-se em uma constante busca por respostas às seguintes questões:
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argumentar sobre determinados temas polêmicos que vêm à tona em nosso cotidiano?
Pécora (1999) assinala como resposta provável à inconsis- tência argumentativa − a qual se caracteriza, na grande maioria das vezes, pelo uso de afirmações que recaem em lugar-comum, ou seja, generalizações reproduzidas por meio de uma linguagem consagrada, não diversificada, a qual acaba por não individualizar o produtor, que não revela esforço persuasivo sobre seu interlo- cutor − “a transformação das condições de produção da escrita em condições de reprodução, e a transformação de seu espaço em cúmplice privilegiado de um processo de desapropriação dos sujeitos da linguagem ” (PÉCORA, 1999, p. 112). O autor faz menção às condições de produção escrita, mas o mesmo problema de ausência de autonomia, de falta de posicionamento, repete-se nos textos argumentativos orais de nossos alunos. Levando em consideração a importância de se preparar nosso aluno para ter uma atuação eficaz na sociedade, este projeto quer possibilitar-lhe o exercício da expressão de suas ideias, na tentativa de melhorar sua competência argumentativa por meio da apresentação oral de seus posicionamentos via debate. É importante ressaltar que o trabalho com oralidade em sala de aula não pode corresponder a um simples exercício da língua falada, já que o bom desempenho oral é uma exigência social. Asseveram Costa Val e Zozzoli:
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O trabalho com o gênero debate, a ser desenvolvido com alunos das turmas 81 e 82 do Colégio de Aplicação da UFRGS, de que trata este projeto, tem por objetivos e metas que esses alunos possam:
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É comum tratar-se o texto oral como uma produção muito diferente do texto escrito. Uma das razões possivelmente seja o fato de se associar a língua escrita, por vezes, e erroneamente, ao código a ser utilizado em contextos situacionais, em práticas sociais, em que é exigida a formalidade; e de se associar, por seu turno, a língua falada aos contextos em que a coloquialida- de é permitida. No entanto, com relação à produção de textos argumentativos, há outros pontos a serem considerados no que tange tanto ao texto oral quanto ao texto escrito para que se estabeleçam diferenças a serem levadas em conta no momento da produção textual, as quais dizem respeito muito mais a outros fatores do que ao fato de serem apresentados por meio da fala ou por meio da escrita, tais como: a proximidade e o envolvimento entre os interlocutores; a situação de comunicação; o objetivo do texto, etc. Frente a esse contexto, as práticas referentes ao trabalho que se pretende realizar levarão em conta, além de atividades de análise e de uso de operadores argumentativos, de estudo de pressuposições, entre outras marcas linguísticas de argumentação, o estudo de outros aspectos, como a finalidade da atividade, a relação entre os interlocutores, a função e o uso do gênero debate na sociedade, procurando-se aproximar esse tipo de texto falado ao “pólo da escrita formal”. O trabalho iniciará com alunos da oitava série do Ensino Fundamental e será desenvolvido também durante o primeiro ano do Ensino Médio, ou seja, terá sua conclusão quando os alunos estiverem no Ensino Médio, preparando-se para o ano em que concluirão suas atividades na escola. Nas palavras de Ribeiro (2009, p. 17), “ as crianças são capazes de argumentar desde muito cedo e [...] essa capacidade argumentativa se amplia a partir de suas experiências com práticas discursivas construídas culturalmente ”. Assim, a opção por se trabalhar com alunos da oitava série deve-se ao fato de, nesta fase
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por recurso à autoridade, por exemplificação, por justificativa, por recor- rer a diferentes formas de refutação, por analogias, descrições, relatos, negociação de conflitos, formas especiais de transmissão das palavras alheias, etc. (CRISTÓVÃO; DURÃO; NASCIMENTO, 2003, p. 2).
Portanto, mais um objetivo a ser atingido ainda nessa fase é evidenciar as estratégias argumentativas de que os debatedores se utilizam. Há uma série de debates disponibilizados na Internet, os quais serão previamente selecionados e aos quais os alunos assistirão; esse recurso servirá de mote para discussão sobre mecanismos de sustentação e de refutação de posicionamentos sobre os temas discutidos. Além disso, nesse momento do trabalho, simultaneamen- te será feito o estudo das marcas linguísticas da argumentação (recursos retóricos, tempos verbais, funções de tematização e rematização), em especial, dos operadores argumentativos, entre os quais, os evidenciados por Koch (1993):
Com relação à escolha do tema, cabe salientar que ela será feita de acordo com a faixa etária e capacidade dos alunos para discorrerem sobre o assunto. Segundo Ribeiro, “os temas escolhi- dos não podem ser tão difíceis que os alunos não dominem, nem tão fáceis que não permitam um avanço cognitivo ”. (RIBEIRO, 2009, p. 52). Serão considerados, então, os seguintes fatores no que atine à escolha do tema:
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O segundo momento, o de estudo para aprofundamento , será a fase em que cada grupo de debate (o grupo contra e o grupo a favor da propositura apresentada como tema) fará a pesquisa sobre o assunto, bem como organizará seus argumentos a serem apresentados no debate. Nessa fase será quando os alunos estuda- rão inclusive os possíveis contra-argumentos que utilizarão para contestar os argumentos da equipe de posição contrária à sua. É importante salientar que haverá uma parte do grupo cujo enfoque será unicamente estudar o assunto e propor argumentos, já que serão escolhidos pelas próprias equipes três debatedores para cada grupo, cujo compromisso será representar sua equipe diante do auditório. Ademais, é importante aferir que cada grupo terá um professor orientador, o qual auxiliará fazendo a análise prévia dos argumentos selecionados pelo grupo e da sua organização, a fim de que possíveis equívocos ou até conflitos internos do grupo possam ser sanados antes do debate. Após o período de organização do texto oral que será apre- sentado pelas equipes, o debate será realizado com a mediação de um aluno que irá se preparar para tal ofício, cuja atribuição é abrir e fechar o debate, cumprimentar o auditório, apresen- tar os debatedores, expor o tema, regular a dinâmica de trocas entre debatedores, e, no final do debate, organizar o momento destinado a perguntas elaboradas pelo auditório aos debatedores (RIBEIRO, 2009). Todo o processo de estudo do tema, que culminará com o debate, será registrado por fotos (inclusive do debate), para que os participantes analisem sua postura, por vídeo, para que anali- sem sua performance , a fim de que possam fazer uma autocrítica que evidencie o que fi cou bom e o que precisa ser melhorado, bem como as estratégias utilizadas pelos debatedores do grupo oponente que não tenham sido utilizadas por seu grupo. Enfim,
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debate de opinião, pretende-se que eles possam identificar-se como sujeitos de suas produções. Ao final do trabalho, espera-se que tenham aprofundado seus conhecimentos sobre as temáticas abordadas, e que haja uma evolução no que se refere a sua competência argumentativa, a sua capacidade de elaboração de conceitos e a sua desenvoltura em processos de análise em relação a diversas áreas, já que os temas poderão abranger todas as áreas de conhecimento e que as pes- quisas poderão ter a colaboração de professores das quatro áreas: Comunicação, Ciências Exatas e da Natureza, Humanidades e Expressão e Movimento. Frente aos resultados e às expectativas referentes ao tra- balho que se pretende realizar, serão brevemente pontuadas as difi culdades que poderão surgir ao longo do desenvolvimento deste projeto. A seguir serão apresentadas as Referências básicas utilizadas na elaboração do presente projeto.
CITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão. 8 ed. São Paulo: Ática, 2004.
COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e textualidade. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
CRISTÓVÃO, Vera Lúcia Lopes; DURÃO, Adja B. de A. B. e NASCIMENTO, Elvira L. Debate em sala de aula: práticas de linguagem em um gênero escolar. In: Anais do 5º Encontro do Celsul , Curitiba, 2003.
KLEIMAN, Angela. Ofi cina de leitura – teoria e prática. Campinas: Pontes, 1993.
KOCH, Ingedore G. Villaça. Argumentação e linguagem. 3 ed. São Paulo: Cortez, 1993.
KOCH, Ingedore G. Villaça. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2005.
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NEVES, Maria Helena de Moura. Ensino de língua e vivência de linguagem – temas em confronto. São Paulo: Contexto, 2010.
PCN – Parâmetros curriculares nacionais – Língua portuguesa. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
PCN – Parâmetros curriculares nacionais – Língua portuguesa. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF. Versão on- line. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/portugues. pdf. Acesso em: 15 de set. 2011.
PÉCORA, Alcir. Problemas de redação. 5 ed. São Paulo: Martins Fontes,
RIBEIRO, Roziane Marinho. A Construção da argumentação oral no contexto de ensino. São Paulo: Cortez, 2009.
WASHINGTON, Denzel. O grande desafi o (The great debaters), EUA,