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Um estudo sobre o ensino de zoologia no ensino médio e os livros didáticos utilizados. O trabalho analisou oito manuais publicados desde 2013, avaliando-os sob uma perspectiva qualitativa, com base na abordagem dos cordados, filogenia e evolução. Os resultados mostraram que apenas 37,5% dos livros analisados abordam o conteúdo após trabalhar conceitos básicos de filogenia e evolução. Além disso, os livros foram avaliados em termos de recursos complementares, ilustrações, adequação à série, e outros critérios. O documento foi apresentado no xi encontro nacional de pesquisa em educação em ciências, em 2017.
Tipologia: Provas
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Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – 3 a 6 de julho de 201 7
A zoologia no ensino médio tem se apresentado de maneira exaustiva e monótona, principalmente devido aos livros didáticos que não costumam fazer conexões do conteúdo com outras áreas da biologia. Este trabalho objetivou analisar e caracterizar oito diferentes manuais didáticos do ensino médio publicados desde 2013, sob uma perspectiva qualitativa, a abordagem feita pelo grupo cordados, baseada em filogenia e evolução de acordo com os critérios adaptados de Vasconcelos e Souto (2003). Os resultados apontam que apenas 37,5% dos livros analisados abordam o conteúdo após trabalhar conceitos básicos de filogenia e evolução, 75% dos mesmos ilustram a filogenia dos cordados através de cladogramas e destes, aproximadamente 83% destacam as apomorfias de cada grupo interno. Conclui-se, portanto, que a escolha de um livro didático deve ser baseada na contextualização dos grupos biológicos com aspectos filogenéticos e evolutivos.
Zoology in high school has been presented in an exhaustive and monotonous way, basically due to textbooks which do not usually make connections of the content with other areas of biology. The aim of this study was to analyze and characterize the approach of the group: Chordates, based on phylogeny and evolution according to the modified criteria of Vasconcelos and Souto (2003). We analyzed eight different high school textbooks published since 2013 from a qualitative perspective. Results indicate that only 37,5% of the books analyzed developed the content after working on basic concepts of phylogeny and evolution. Furthermore, 75% of them illustrated chordates phylogeny applying cladograms, and of these nearly 83 % highlighted apomorphies of each internal group. We conclude that the choice of a didactic book must be based on biological group’s contextualization adopting phylogenetic and evolutionary perspectives.
O ensino de biologia na formação básica busca estimular os alunos a: Aprender conceitos básicos, analisar o processo de pesquisa científica e analisar as implicações sociais da ciência e da tecnologia, conforme relata Krasilchik (2005). Dentre as diversas temáticas no
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – 3 a 6 de julho de 201 7 campo das ciências biológicas, encontra-se a zoologia, estudo dos animais, que de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1998) estabelece que a história dos seres vivos deva ser abordada com o intuito de permitir aos estudantes o entendimento das relações de parentesco entre os organismos e que estes, por sua vez, são produto de um longo processo de evolução. Tornando assim o ensino de zoologia mais dinâmico e interessante. Apesar da elevada complexidade e importância desta área do conhecimento, o ensino de zoologia no ensino básico é feito de maneira fragmentada e isolada como reforçado por Amorim (2005) ao relatar que o ensino de zoologia se encontra ultrapassado em sua abordagem mais morfológica. Santos e Terán (2009) apontam ainda como problemas no ensino de zoologia, a limitação ao livro didático, assim como a falta de recursos didáticos alternativos, entre outros. Neste contexto, o livro didático torna-se necessário, além disso, constitui-se como instrumento principal de redimensionamento dos professores e alunos em suas atividades de sala de aula (SILVA; CARVALHO, 2015). Diante disso, Lima e Filho (2016) ressaltam que os educadores aderem as suas metodologias ao uso dessa ferramenta pedagógica, por este motivo, a qualidade do livro usado pelo docente em sala de aula deve atender os quesitos propostos pelo PNLD. Não obstante, desde a década de 1990, os parâmetros curriculares nacionais destacam a importância da utilização desse instrumento. Segundo Lima e Filho (2016) mesmo com a aprovação dos livros pelo PNLD, é necessário que o professor, enquanto mediador dos conhecimentos desperte o seu próprio senso analítico/reflexivo e avalie o material que irá utilizar, pois o livro didático deve funcionar como um instrumento de apoio ao seu trabalho. Por mais que o Livro didático seja de excelente qualidade, é dever do professor adequar os seus conteúdos ao perfil da sua classe, pois ele conhece a sua individualidade e sabe definir qual metodologia se molda melhor a realidade dos seus alunos (LAJOLO, 1996). Considerando a importância do manual didático no processo de ensino e aprendizagem (VERCENE; SILVINO, 2008), o presente trabalho busca analisar a abordagem que é dada ao conteúdo referente a cordados sob uma ótica da classificação filogenética e dos processos evolutivos envolvidos no surgimento destes grupos animais, trazendo ainda, por meio de um olhar reflexivo/analítico conhecimentos que possam servir de base aos docentes
Analisou-se de modo particular o conteúdo de biologia dos cordados e como o conteúdo era abordado em um contexto filogenético e evolutivo. A escolha por dado assunto foi realizada pela maior familiaridade do autor com o tema em questão, podendo ser trabalhado com qualquer outro grupo pertencente a um dos reinos dos seres vivos. Tal conteúdo é de extrema importância na vida acadêmica dos estudantes, já que se apresenta em temas do cotidiano, sendo este abordado nos exemplares de segundo ou terceiro ano do ensino médio. A preferência por analisar os livros de biologia remete em um interesse de exercitar e estimular a visão reflexiva do docente para a avaliação do livro didático (VASCONCELOS & SOUTO, 2003). A escolha dos oito livros didáticos de biologia (Tabela 1) sugeridos ou não pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) foi realizada priorizando-se as edições lançadas a partir de 2013, visto a atualização das obras. Também foi priorizada a análise de obras separadas por volumes em detrimento das obras em volume único, possibilitando uma
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – 3 a 6 de julho de 201 7 Eixo prioritário Parâmetro Fraco Regular Bom Excelente Conteúdo teórico Adequação à série. Clareza do texto (definições, termos etc.). Nível de atualização do texto. Grau de coerência entre as informações apresentadas. Recursos visuais Qualidade das ilustrações (nitidez, cor etc.). Relação com as informações contidas no texto. Inserção ao longo do texto (diagramação). Veracidade da informação contida na ilustração Sim Não Atividades propostas Propõe questões ao final de cada capítulo/tema? As questões têm enfoque multidisciplinar? As priorizam á problematização? Propõem atividades/projetos de trabalho em grupo? As atividades são isentas de riscos aos alunos? As atividades são facilmente executáveis? Recursos complementares Glossários Guia do professor Análise da contextualização dos aspectos evolutivos e filogenéticos com o tema: Cordados O conteúdo cordados, é abordado após a compreensão dos conceitos evolutivos e filogenéticos pelos alunos? A provável data de surgimento do grupo zoológico é abordada na obra? A obra destaca a quantidade aproximada de espécies existentes para o grupo dos cordados. A evolução dos cordados é representada através de uma figura na estrutura cladograma? Os cladogramas apresentam as respectivas apomorfias para cada grupo? Tabela 2 : Tabela de análise dos livros didáticos adaptada de Vasconcelos e Souto (2003).
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – 3 a 6 de julho de 201 7
A produção, escolha, utilização e avaliação do livro didático envolve uma complexidade de agentes, um gigantesco mercado de consumo e, principalmente, um objetivo de incalculável valor social: A melhoria da qualidade de ensino (Vasconcelos e Souto, 2003). O presente trabalho apresentou importantes resultados quanto à avaliação dos diferentes manuais didáticos propostos ou não pelo PNLD, mas cujo ano de lançamento fosse a partir de
O conteúdo teórico abordado pelas obras contempla os cordados de maneira clara e objetiva, apesar de alguns manuais não destacarem o assunto em capítulo à parte, como verificado em Osório (2013) e Linhares & Gewandsznajder (2013), no qual o conteúdo introdutório de cordados é contemplado no mesmo capítulo que aborda os equinodermados, último grupo zoológico de invertebrados. Para o parâmetro adequação à série obtiveram desempenho excelente apenas 37,5% dos manuais didáticos avaliados, referentes às obras de Amabis & Martho (2013) e Lopes & Rosso (2013; 2014), visto que os grandes reinos de seres vivos são contemplados após a abordagem de conceitos evolutivos e filogenéticos. Os manuais de Osório (2013) e Linhares & Gewandsznajder (2013), Mendonça (2013), Uzunian & Birner (2013) e Júnior et al. (2013) receberam desempenho bom, apesar de abordarem o conteúdo de grandes reinos, em particular dos cordados, após trabalhar conceitos de filogenia. Estas obras propõem uma abordagem na segunda série, enquanto os conceitos de evolução só são trabalhados na terceira série do ensino médio, dificultando assim a compreensão do surgimento dos grandes grupos sob a ótica da evolução biológica. Todos os livros didáticos foram avaliados com desempenho excelente para os parâmetros: clareza do texto quando à correta abordagem das definições e termos científicos, quanto ao nível de atualização das informações e quanto ao grau de coerência entre as informações apresentadas. Os textos apresentam conexões entre eles, facilitando a compreensão dos conteúdos pelo aluno. Os livros, de maneira geral, abordaram as características marcantes que caracterizam os cordados, como: presença de tubo neural, notocorda e fendas branquiais, entretanto, a importância do surgimento de tais características em um contexto evolutivo não foi percebido nas obras. Linhares e Gewandsznajder (2013) destacam o aspecto evolutivo de cada grupo de vertebrado em tópico específico para evolução. O manual didático de Osório (2013) merece destaque na abordagem das diferenças conceituais entre os cordados e os vertebrados, conceitos estes que tendem a ser bastante confundidos pelos alunos de ensino médio. Na mesma obra o capítulo se encerra com um texto referente a uma revisão na origem e evolução dos vertebrados, retirada do periódico científico Nature. O texto se apresenta como um importante recurso na construção de habilidades investigativas no aluno ao fazer indagações e levantar problemas, além de relacionar outras áreas das ciências biológicas como a biologia molecular. O estudo introdutório dos cordados em capítulo isolado foi observado na obra de Júnior et al. (2013), neste capítulo os autores contextualizam os períodos do surgimento evolutivo, não apenas dos cordados, mas do reino animal de uma maneira geral. A obra apresenta ainda textos complementares que iniciam e encerram cada capítulo, alternando entre temáticas ligadas à: Evolução, ecologia e aspectos comportamentais, apesar destes tópicos não serem destacados em tópicos específicos, eles são bastante explorados ao longo das seções de cada capítulo. A análise dos recursos visuais demonstrou que todas as obras são ricamente ilustradas com imagens nítidas e cores vivas, possibilitando ao aluno melhor visualização e ilustração
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – 3 a 6 de julho de 201 7 Todas as obras apresentam exercícios e/ou problemas de caráter multidisciplinar a serem resolvidos pelos alunos, despertando nos mesmos, habilidades para a investigação e resolução dos diferentes problemas a partir dos conteúdos previamente abordados, com destaque para a obra de Uzunian e Birner (2013), cujas questões trabalham as mais variadas competências. Estas questões são trazidas ao final de cada capítulo, com destaque para o manual didático de Amabis e Martho (2013) que traz com ele um recurso digital com questões complementares a serem resolvidas pelos alunos. Apesar das questões trazidas pelos livros didáticos, alguns destes não complementam as atividades com projetos e atividades a serem desempenhados em grupo. Estes projetos foram observados nas obras de Osório (2013), Linhares e Gewandsznajder (2013), Mendonça (2013) e Lopes e Rosso (2013; 2014), cujas atividades em grupo demandam materiais de fácil acesso, baixo custo e sem risco para os alunos, em geral, todos os projetos nos presentes manuais apresentam um passo a passo metodológico, destacando os objetivos das atividades e os possíveis resultados esperados, propondo ainda uma etapa de discussão em sala para analisar os resultados obtidos pelos diferentes grupos. Júnior et al. (2013) possui apenas 1 (um) projeto interdisciplinar, contemplando toda a unidade referentes aos cordados. O eixo temático relacionado aos recursos complementares apresenta-se de maneira singular para cada obra, apesar de alguns se fazerem necessários para uma melhor compreensão dos conteúdos, como é o caso dos glossários. Este elemento é de grande importância por apresentar um conjunto de termos de uma área de conhecimento e seus respectivos significados. Os livros de Osório (2013), Amabis e Martho (2013) e Mendonça (2013) possuem um glossário que auxilia como suporte pedagógico adicional para consulta de quaisquer termos desconhecidos pelo aluno, entretanto os manuais didáticos de Linhares e Gewandsznajder (2013), Júnior et al. (2013), Uzunian e Birner (2013) e Lopes e Rosso (2013;
O estudo dos reinos biológicos, quando vistos após a abordagem de aspectos filogenéticos e evolutivos possibilita ao aluno, não apenas desenvolver habilidades de classificação taxonômica e filogenética, mas também o de estabelecer melhores conexões entre os processos evolutivos ligados aos grandes grupos de organismos vivos, conforme apresentado pela matriz de referência que associa competências e habilidades no campo das ciências naturais e suas tecnologias destacado pela habilidades dezesseis (H16) que é a de compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos e vinte e oito (H28) que é a de associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – 3 a 6 de julho de 201 7 distribuição em diferentes ambientes, em especial em ambientes brasileiros, sugerido pelas orientações curriculares para o ensino médio.
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