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político tornou-se um traço marcante da ciência e tecnologia americana. ... posteriores à guerra, a descontinuidade dos anos 70, os anos 80 e a última.
Tipologia: Notas de aula
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O PODER AMERICANO
Carlos Aguiar de Medeiros
Introdução
A concepção básica de política industrial e tecnológica foi desenvolvida a partir de estudos históricos sobre estratégias nacionais em economias de industrialização retardatária voltadas à redução dos desníveis tecnológicos. Muito embora na abordagem predominante neoshumpeteriana sobre política industrial, a introdução de novas tecnologias seja considerada como um processo em que as instituições públicas possuem importante função na produção de novos conhecimentos, os incentivos para a inovação e a difusão de tecnologias são, em geral, considerados como processos governados pelas forças de mercado. Para um país como os EUA, desde o pós-guerra esta concepção analítica parece ser bastante inadequada. Seguindo a tradição dos historiadores americanos da tecnologia, este capítulo argumenta que as inovações básicas que conformaram a tecnologia moderna americana depois da II Guerra Mundial (e rapidamente difundiu-se pelo mundo como o avião a jato, o transistor, as fibras óticas, a energia nuclear, o computador, a internet) foram concebidas, desenvolvidas e dirigidas como um empreendimento militar (Roe Smith, 1985 ). O “complexo-militar-industrial-acadêmico” criou, nos EUA, um abrangente processo de inovação liderado pelos descobrimentos científicos, voltado simultaneamente, para vencer a Guerra Fria com a União Soviética e impulsionar a fronteira da ciência de forma a consolidar a liderança tecnológica americana no mundo. A doutrina de que a superioridade tecnológica nas armas é fator decisivo na vitória militar, afirmou-se como visão dominante dos militares americanos desde o pós-guerra e manteve-se inalterada mesmo quando esta visão revelou-se totalmente inadequada às guerras locais, como eloqüentemente demonstrada no Vietnã. O “complexo militar-industrial-acadêmico” gerou, em diferentes momentos, um estímulo tanto de demanda quanto de oferta ao processo de inovações e criou uma rede descentralizada e coordenada de instituições e comunidades tecnológicas sem rival no mundo contemporâneo. Dada esta
** (^) Uma versão deste texto foi publicada em Contributions to Political Economy ( 2003 ).
Agradeço a Franklin Serrano, as inúmeras discussões que tivemos.
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característica específica, a influência dos militares na tecnologia não foi circunscrita à provisão de recursos ao processo de P&D e às compras de governo aos fabricantes de armas, mas incluiu a montagem de instituições voltadas ao deslocamento da fronteira científica e à aceleração do progresso tecnológico. Mais do que as armas criadas por este esforço, este objetivo político tornou-se um traço marcante da ciência e tecnologia americana. A influência militar sobre a mudança tecnológica nos EUA conformou, nos “anos dourados” do pós-guerra, uma especialização produtiva em setores baseados na ciência, muito distinta das prioridades desenvolvidas no Japão e outros sistemas nacionais de inovação centrados na difusão a baixo custo de inovações da fronteira tecnológica. Durante os anos 70 , este aspecto estrutural, ao lado de significativa redução nos gastos de defesa, deu início a uma mudança na política industrial e tecnológica dos militares americanos. Com o grande esforço de guerra do período Reagan, o “complexo militar-industrial-acadêmico” ganhou a Guerra Fria. Depois do colapso da União Soviética, a contração do Orçamento de Defesa foi acompanhada por novas iniciativas e novas formulações sobre guerras futuras. O ataque terrorista de 11 de setembro e o extraordinário aumento dos gastos militares que lhe sucedeu conferiu significativo momento às novas questões militares que parecem estar empurrando, hoje, como ocorreu no passado, a ciência americana para uma nova onda de inovações. Além desta introdução, este capítulo contém cinco seções. A primeira descreve brevemente algumas formulações usuais sobre o processo de inovação e de invenção, situando a abordagem a ser seguida neste trabalho. A segunda descreve a montagem do sistema americano de inovações. A terceira e a quarta seção exploram algumas de suas características, bem como as mudanças dos anos 70 ; e a última considera algumas tendências recentes deste sistema a partir da extinção da União Soviética e como as novas concepções de guerra estão estimulando a criação de novas tecnologias.
Invenção e Tecnologia.
Nosso conhecimento histórico sobre as interações entre o empreendimento militar, a moderna administração e o sistema empresarial americano permanece espantosamente vago e incompleto. A despeito dos militares constituírem uma das mais antigas burocracias do mundo, os historiadores econômicos e das empresas são geralmente relutantes em conferir, a estes, maior crédito na inovação administrativa. Ao contrário, eles atribuem a ascensão da administração moderna ao jogo de forças do mercado. Um amplo conjunto de literatura existe sobre crescimento econômico e desenvolvimento industrial nos EUA, mas eles revelam pouco sobre a participação militar. Por que? Uma razão é a persistência de uma
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A principal crítica a esta abordagem do progresso técnico endógeno (endógeno no sentido de que é o nível de renda e a sua composição que, através do investimento, condiciona o progresso técnico) baseia-se na consideração de que o estoque de conhecimento útil não pode ser assumido como um idêntico insumo a ser usado em qualquer espécie de produto ou setor produtivo. Existe uma lógica interna à ciência e ao progresso técnico que é independente da necessidade econômica, gerando conseqüências sobre as oportunidades do processo inventivo. Contudo, uma abordagem do progresso técnico em que as invenções são “empurradas pela ciência” não constitui uma alternativa à abordagem centrada na demanda^2. Estas abordagens captam dimensões distintas do progresso técnico. Invenções que podem ser bem sucedidas, isto é, as inovações parecem ser governadas pelas duas forças. No longo prazo, o conjunto de engenheiros e cientistas respondem aos investimentos e à demanda por seus serviços, mas na medida em que nos aproximamos da fronteira do conhecimento, a formulação de novas questões, e as suas respostas, abrem novos paradigmas tecnológicos (entendidos como padrões de solução a problemas selecionados) que não podem ser liderados pelas forças do mercado, na medida em que não existe demanda para eles. Devido a seus custos relativos ou dificuldades práticas, invenções e inovações básicas não podem ser consistentemente explicadas por forças econômicas. Sua dependência às descobertas científicas confere ao progresso técnico um caráter exógeno. Naturalmente que, quanto mais distante estivermos das inovações básicas ou dos estágios iniciais da inovação, a abordagem centrada na demanda, tal como é considerada por Schmookler, possui maior poder explicativo (Freeman, 1994 ). O que parece ser endógeno ao crescimento econômico é a difusão das inovações onde o aprimoramento das inovações numa dada trajetória tecnológica (progresso técnico num dado paradigma) é realizado. Na maioria dos estudos analíticos neoshumpeterianos sobre o crescimento econômico, a difusão das inovações através de subseqüentes melhorias em invenções é considerada o fato mais importante do desenvolvimento econômico. O progresso técnico é concebido como uma força endógena de uma forma bastante distinta da considerada por Schmookler. A ênfase não é posta nas forças da demanda em que as inovações seguem a estrutura dos investimentos, mas nas forças do lado da oferta em que as inovações dependem principalmente do comportamento das empresas. Nesta concepção, a concorrência através de seus estímulos
(^2) (...) allocation of inventive resources has in the past been determined jointly by demand
forces, which have broadly shaped the shifting payoffs to successful invention, together with supply side forces which have determined both the probability of success within any particular time frame as well as the prospective cost of producing a successful invention. (Rosemberg, 1974: 103).
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aos esforços inovativos cria mecanismos assimétricos alterando a participação de cada firma no mercado, em uma dinâmica onde a inovação tecnológica surge como o motor do desenvolvimento. A ênfase recai sobre o comportamento das empresas em seu esforço contínuo de adaptação de novos produtos e processos. Nesta abordagem, a distinção qualitativa entre inovações básicas e inovações incrementais numa dada trajetória, de certa forma, é atenuada. O que se tornou conhecido como sistema nacional de inovação (Nelson, 1993 ) inclui muitos outros atores institucionais além do empresário e do banqueiro (os atores principais considerados por Schumpeter) na configuração de sistemas de inovação que se desenvolveram entre os países industrializados no pós-guerra. Dosi, Pavitt & Soete ( 1990 ) observaram a fraqueza das forças de mercado na seleção de “descontinuidades tecnológicas radicais” e reconheceram a importância de forças extramercado na provisão das condições para novos desenvolvimentos científicos e na seleção ex-ante das inovações com potenciais mais amplos. A influência de instituições não reguladas pelo mercado aproximando a ciência dos desdobramentos tecnológicos e provendo incentivos aos inovadores potenciais é, deste modo, um fato amplamente aceito. Mas a despeito de sua importância, a instituição que assume a função central nos estudos nacionais sobre progresso técnico é o laboratório de P&D das empresas^3. Embora, nos estudos históricos sobre tecnologia, a influência dos militares na configuração do sistema nacional de inovação dos EUA seja amplamente reconhecida, a visão mais aceita é a de que o “Capitalismo do Pentágono” teria apresentado elevado custo de oportunidade nas décadas que se seguiram ao final da guerra. Ao deslocar a pesquisa civil, considerada mais útil e produtiva, a pesquisa militar é concebida, não raro, como um desperdício com efeitos negativos em longo prazo sobre o progresso tecnológico. Mesmo nos estudos históricos que reconhecem uma influência positiva da tecnologia militar na liderança tecnológica americana (Mowery & Rosemberg, 1993 ) a idéia comum é que, dos anos 70 aos dias de hoje, este sistema de inovações estaria exibindo retornos decrescentes. Com uma maior parcela dos investimentos em P&D (ver seções seguintes) os laboratórios industriais estariam liderando o processo de inovação numa direção determinada pelas forças de mercado. Com a revolução nas tecnologias da informação, a difusão tecnológica estaria se dando crescentemente dos esforços civis de P&D para esforços tecnológicos militares e não mais na direção inversa como teria sido no passado. Esta inversão no fluxo tecnológico foi considerada um importante fator nas
(^3) Rosemberg & Nelson ( 1993 ) sustentaram, em um amplo estudo comparativo sobre
diferentes países, o papel do laboratório de P&D das empresas como o lócus principal do processo de inovação.
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(...) baseia-se não apenas na seleção das melhores idéias da tecnologia moderna, mas também num sistema que relaciona as idéias selecionadas com a doutrina ou conceito de sua aplicação tática ou estratégica, isto é, com a concepção de missão a ser desempenhada pela arma. (Holley, 1983: 14).
Esta concepção sobre a arma superior combina tanto as características tecnológicas dos artefatos quanto a concepção estratégica de guerra, e confere prioridade central às inovações tecnológicas fundamentais e às idéias estratégicas sobre a utilização dos novos armamentos^4. O comprometimento militar americano com a pesquisa científica foi decorrência da II Guerra Mundial. Durante a I Guerra Mundial, a grande inovação foi o avião e devido ao relativo atraso desta indústria nos EUA e às características do seu sistema industrial, a ênfase recaiu na produção padronizada e não na busca de um avião de performance superior. O National Advisory Comitte for Aeronautics (NACA, o precursor da NASA) organizado pela Força Aérea em 1915 criou um centro de pesquisa interno à aeronáutica, mas não alterou essencialmente as prioridades estratégicas. Durante a II Guerra Mundial, os esforços de pesquisa e desenvolvimento não estiveram mais confinados aos laboratórios militares, como ocorreu na I Guerra Mundial. A criação do National Defense Research Council (NDRC), em 1941 , estabeleceu uma nova estrutura para a ciência e engenharia criando uma ampla rede de pesquisas junto às universidades. Como resultado destes esforços, as inovações desenvolvidas nos laboratórios industriais criaram uma nova geração de armas e equipamentos. A concorrência pelas armas com a Alemanha acelerou enormemente esta mudança institucional^5. Com os mísseis alemães e com a bomba atômica, a penalidade decorrente de um atraso na corrida armamentista poderia ter conseqüências devastadoras. Para obter superioridade na busca de uma arma superior era necessário estender a fronteira tecnológica através do alargamento das comunidades científicas numa velocidade, dimensão e direção distintas da
(^4) Como sublinhado por Milward: The production of modern armaments beyond a certain
level of complexity is only possible in states, which possess the best equipped, largest, and most innovative enginnering industries. Since it is also in such countries that most of the technological innovations in armaments desingn take place, the process is selfreinforcing one in which most powers can only struggle to maintain a level of a armaments technology which does not to fall far behind the best. (Milward, 1977: 171) (^5) No início da guerra, a estratégia militar da Alemanha estava baseada no lançamento de
ataques concentrados, os Blitzkrieger, decorrente de duas considerações: guerras longas seriam autodestrutivas, o uso massivo de equipamentos seria mais adequado à Alemanha devido a sua maior dependência de matérias-primas (Milward, op. cit.). A guerra na Rússia derrotou esta estratégia que foi substituída, no final da guerra, por forte pesquisa sobre novas armas. O principal resultado deste esforço foram as armas secretas, os mísseis V1 e V2 que provocaram perplexidade nos militares americanos, como foi notado por Holley, 1983 , op. cit.
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que decorreria da concorrência industrial. O projeto MANHATTAN foi o mais importante marco desta nova era. O que foi denominado por Dwight Eisenhower como complexo industrial-militar foi, desde o seu começo, um “complexo militar-industrial- acadêmico”, como mais tarde foi reconhecido pelo Senador William Fulbright (Leslie, 1993 ). O National Research Council (NRC) criado em 1941 , bem como seu sucessor, o Office Defense Research Council (ODRC), foram dirigidos por Vannevar Bush, decano de engenharia do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Este foi o arquiteto e criador do novo sistema de inovação dos EUA. Como foi recentemente recordado,
(...) o ODRC baseava-se na nova concepção de que exceto em casos muito especiais, a pesquisa para fins militares seria melhor desenvolvida se os cientistas e engenheiros permanecessem com seu status civil em instituições acadêmicas e industriais. Isto é, as organizações acadêmicas e industriais trabalhariam em parceria com o governo federal, mas não sob seu controle direto. Devido o acesso direto que Bush possuía com o presidente Roosevelt, ele pôde convencê-lo (...) da maior eficácia de um sistema descentralizado sobre o modelo prevalecente na I Guerra Mundial para a mobilização dos recursos científicos aos objetivos de defesa nacional. (NSF, 2000: 10).
Nesta concepção, as universidades constituíam o centro vital da pesquisa científica. De fato, nos anos imediatos que se seguiram à guerra, o MIT obteve isoladamente 117 milhões de dólares em P&D, o Instituto de Tecnologia da Califórnia (CALTECH) obteve 83 milhões de dólares. Estes contratos podem ser contrastados com os 17 milhões de dólares recebidos pela AT&T ou com os 8 milhões de dólares recebidos pela GE (Leslie, 1983 ). Os bem sucedidos casos do Laboratório de Radiação do MIT e do ultra- secreto laboratório de Los Alamos, onde a primeira bomba nuclear foi obtida a partir de um contrato entre o exército e a Universidade da Califórnia, são importantes marcos desta nova estratégia. Depois da guerra, este sistema teve um desenvolvimento revolucionário. A rede era tão vasta que o diretor do laboratório de Oak Ridge National escreveu, em 1962 , que:
Tornava-se crescentemente difícil dizer se o MIT era uma universidade com muitos laboratórios do governo ou um conjunto de laboratórios de governo em uma excelente instituição de ensino. (Leslie, 1993: 14).
Indústrias fornecedoras de armas como a Lockheed, General Electric, Boeing, General Dynamics, AT&T destacaram-se entre as maiores, do mesmo modo o MIT, a Universidade da Califórnia, Stanford, Harvard e Columbia foram os principais institutos que depois da guerra fizeram a tecnologia americana.
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Os dados mostram quatro momentos distintos: as duas décadas posteriores à guerra, a descontinuidade dos anos 70 , os anos 80 e a última década do século XX. Vamos considerar, nesta seção, as duas primeiras décadas, os anos iniciais deste sistema de inovação.
Evolução do Orçamento de Defesa e da Pesquisa em Desenvolvimento Militar (em milhões de dólares de 2002 )
Anos Total
Crescimento Real (média de 5 anos)
P&D
Crescimento Real (média de 5 anos) 1955 295,676 - 17,076 - 1960 290,346 - 0.32 29,221 3. 1965 318,145 1.9 32,537 2. 1970 371,530 3.3 31,175 - 0. 1975 285,385 - 4,6 25,726 - 3. 1980 306,939 1.4 25,897 0 1985 436,206 8.5 45,840 16. 1990 394,524 - 2.1 45,066 0 1995 301,018 - 4.7 38,462 - 3. 2000 303,879 0.1 40,181 1. 2001 309,764 0.3 41,749 0. 2002 329,151 1.3 47,429 2. DOD, EUA. Values Total Obligational Authority. Termo financeiro que expressa o valor do orçamento apropriado pelo programa de defesa no ano fiscal.
O sucesso da “estratégia do armamento superior” requer organizações capazes de administrar sistemas complexos, reunir informações e resolver conflitos operacionais e políticos. Trata-se de uma questão de poder, do poder das organizações sobre a complexidade e os desafios das tarefas novas. O “complexo militar-industrial-acadêmico”, liderado pelos militares nos EUA, foi uma realização não menos importante do que os seus resultados tecnológicos, tais como o avião a jato, a bomba atômica, o míssil, o transistor ou o computador. Ao lidar com inovações básicas na busca de novas máquinas, a seleção das melhores idéias depende de como as decisões são tomadas. Seguindo os passos de Hughes ( 1998 ), a montagem deste sistema de inovações se deu a partir de alguns projetos notáveis. O projeto SAGE (Semiautomatic Ground Enviroment) foi um claro exemplo da importância das organizações no processo de inovação. Este projeto foi baseado numa concepção conservadora sobre a potencial ameaça ao espaço aéreo americano. De acordo com a visão dominante da Força Aérea americana sobre a importância do caça e do bombardeiro na vitória dos aliados na guerra, o objetivo do projeto, endossado pelo Conselho de
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Segurança Nacional em 1949 , era preparar os EUA para um eventual ataque de bombardeios de longa distância. Quando o projeto ficou pronto, o míssil intercontinental, uma arma muito mais poderosa, constituía a verdadeira ameaça^6. A vitória desta estratégia revela como um momento tecnológico conservador, ou a força da inércia, emerge não apenas das idéias, rotinas e organizações, mas também das “características específicas dos objetos físicos” (como sublinhado por Hughes). Mas mesmo baseado numa concepção equivocada, o projeto SAGE possuiu efeitos duradouros na tecnologia americana. Ele criou uma rede extensa conectando laboratórios estatais, universidades (a parte principal deste projeto milionário, comparável ao projeto MANHATTAN foi desenvolvido pelo MIT com colaboradores como John von Neumann do Instituto de Altos Estudos de Princeton e muitas outras instituições como o CALTECH e a Universidade de Harvard) e laboratórios industriais (como o Bell, Polaroid etc) envolvidos num trabalho multidisciplinar e de longo fôlego. Uma conseqüência não intencional do projeto foi o desenvolvimento de muitas inovações em computadores, comunicações e administração. Por exemplo, a grande novidade dos anos 50 não foi a simples existência dos computadores, mas a forma em que estes foram usados. O projeto SAGE,
(...) mostrou ao mundo como um computador digital poderia funcionar como centro de processamento de informações em tempo real para sistemas complexos de comando e controle. O SAGE demonstrou que os computadores poderiam ser mais do que calculadores aritméticos e que eles poderiam funcionar como centros automáticos de controle para operações tanto industriais quanto militares. (Hughes, 1998: 16).
Esta foi uma idéia revolucionária sugerida por Norbert Wiener em 1948 e aplicada pelos engenheiros do MIT ao sistema de defesa aéreo. Para obter informações processadas em tempo real era necessária uma mudança do sistema analógico para o sistema digital (ocorrido após a solução de uma série de problemas com os computadores ENIAC construídos durante a guerra) e intensos esforços na introdução de novos componentes, incluindo os transistores (a memória era o problema mais crítico). Nos anos subseqüentes, um comando computadorizado e sistemas de comunicações e controle (como os posteriormente desenvolvidos no sistema de controle aéreo para a OTAN) foram desenvolvidos segundo a direção aberta pelo projeto SAGE. O projeto SAGE não possuía uma estrutura de decisão adequada à sua complexidade e diversidade. O seu maior organizador Jan Forrester do MIT observou que,
(^6) Para uma análise detalhada, ver Hughes, 1998.
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a engenharia acelerando a seqüência das fases do processo de inovação. A engenharia de sistemas foi uma inovação fundamentalmente militar. No projeto ATLAS, a administração da complexidade não estava limitada à solução de desenhos complexos em hidrodinâmica e aerodinâmica, mas na delimitação de especificações contratuais, no monitoramento da performance dos equipamentos e nos testes de uma rede altamente descentralizada de fornecedores e universidades. Quem toma a decisão e em que nível? Como coordenar as inovações e resolver conflitos entre produtores e usuários? Diferentemente do que ocorreu no projeto SAGE, as soluções destes problemas foram dadas de forma menos burocrática pela Força Aérea. Mas como descobrir a melhor solução? A resposta apresentada pelos diretores do ATLAS foi uma “competição de fornecedores” requerendo instrumentos administrativos complexos. A corrida armamentista estabeleceu o calendário e a trajetória das inovações tecnológicas nos EUA. A mudança de prioridades na pesquisa básica da física de microondas para a física do estado sólido acelerou a revolução microeletrônica e foi motivada pelos projetos dos mísseis e pelo projeto APOLLO da NASA nos anos 60. Os laboratórios eletrônicos criados em Stanford e no MIT eram especialmente voltados aos objetivos militares^7. A influência desses laboratórios e, em particular a do Laboratório Eletrônico de Stanford (SEL) foi de grande importância para o Vale do Silício. No início foi a eletrônica da microonda, demandada pelo radar e pela comunicação eletrônica, a responsável pela transformação das instituições acadêmicas da Califórnia nos principais contratados do DOD e pela formação de um conjunto de indústrias em torno de Stanford. Contudo, em poucos anos, o programa de engenharia do estado sólido dominou os anos 60 refletindo a mudança das prioridades militares que, a este tempo, concentrava-se no desenvolvimento de uma microeletrônica compacta, confiável e necessária aos mísseis, sistemas de comunicação e às “armas inteligentes” (Leslie, 1993: 73). O orçamento do SEL era completamente dominado pelos contratos individuais com o Exército, Marinha, Força Aérea e com a NASA. A percepção de que os EUA estavam atrás da União Soviética na indústria aeroespacial depois do lançamento do Sputnik criou a força política para o lançamento de um imenso esforço em ciência e engenharia liderado pela NASA, nas administrações Kennedy e Johnson, voltado para a conquista da lua. No projeto SAGE, os EUA subestimaram a capacitação tecnológica da União Soviética. Na corrida espacial, inversamente, a capacitação tecnológica da União Soviética foi amplamente exagerada. Nos dez anos seguintes, durante os quais o projeto APOLLO liderou o maior
(^7) (...) the most basic theoretical research which made them possible, and from academic
laboratories and classrooms trained future electronics engineers to the local defense contractors that hired most of them. (Leslie, 1993: 46).
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esforço tecnológico desde o projeto MANHATTAN, a corrida terminou com a vitória para os EUA; o seu sucessor, o ônibus espacial era um esforço muito menos ambicioso e foi concebido para sustentar a existência da NASA (Lambrigth, 2002 ). Mas do mesmo modo do ocorrido no projeto SAGE, diversas inovações tecnológicas em balística, resistência dos materiais, computadores, microeletrônica e fotografia, foram produtos desta corrida. O notável no projeto APOLLO, um projeto bilionário envolvendo 400.000 pessoas, foi a administração de um sistema de pesquisa altamente descentralizado. Um exemplo de engenharia onde a organização e a coordenação eram o grande desafio. A pesquisa microeletrônica de estado sólido foi essencial para transistores e semicondutores. O projeto SAGE mostrou como computadores podiam constituir uma formidável ferramenta de processamento de informações para o comando e a centralização de decisões. A Advanced Research Projects Agency (ARPA) subordinada ao DOD criou, em 1969 , o ARPANET, “uma rede nacional de computadores em tempo real” (Hughes, op. cit .), conectando principalmente as universidades. Uma rede de computadores era uma nova idéia sobre como usar computadores. Uma idéia originada da concorrência armamentista e voltada para ampliar os mecanismos de controle de informações. De fato, a idéia original veio da RAND Corporation, visando a montagem de uma rede de comunicações que poderia sobreviver a um ataque nuclear e viabilizar um contra ataque de mísseis. Para este objetivo, o sistema deveria ser descentralizado e não hierárquico. O projeto original do ARPANET era o de criar uma rede que poderia compartilhar o tempo e os altos custos da base de dados e dos programas sofisticados requeridos na solução de problemas complexos. Este sistema de compartilhamento de muitos terminais interligados a um computador central foi concebido para resolver problemas de processamento, tais como os envolvidos no armazenamento e na recuperação de informações. O verdadeiro desafio para a expansão do sistema foi a criação de um protocolo de reconhecimento dos usuários. Uma vez resolvido pelos engenheiros da Universidade da Califórnia, do MIT e por algumas companhias de alta tecnologia, o projeto tornou-se operacional e a ARPA transferiu a administração da rede para a Agência de Comunicações do DOD, que guiou o futuro desenvolvimento do ARPANET. A ARPA e os engenheiros que dirigiram o seu Escritório de Técnicas de Informação e Processamento conceberam a arquitetura básica da Internet. O primeiro passo foi conectar o ARPANET com outras redes criadas pela ARPA. O aspecto mais complicado na conexão de redes com diferentes características, foi o desenvolvimento de um protocolo de reconhecimento. Existiam, até 1983, dois padrões conflitantes. Este conflito foi decidido pelo DOD quando este estabeleceu que todos os computadores, vinculados ao
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O “complexo militar-industrial-acadêmico” possui uma singularidade que o distingue de outros sistemas nacionais de inovação. Devido ao papel protagonista dos laboratórios acadêmicos, a rede descentralizada de pesquisadores e a motivação dos principais formuladores de política tecnológica, a difusão comercial da tecnologia militar se deu através de firmas emergentes. Instituições como o DARPA ou a NASA, por exemplo, assumiram aqui a função de venture capitalist. Cientistas e engenheiros usaram seus conhecimentos acumulados nos laboratórios públicos para criar novas empresas explorando as novas tecnologias. O Laboratório Eletrônico Lincoln do MIT, tal como analisado por Leslie ( 1993 ) viabilizou a criação de dezenas de novas companhias de alta tecnologia que se beneficiaram dos contratos e do conhecimento prévio dos engenheiros deste laboratório. Como foi observado anteriormente, os estudantes que criaram as novas tecnologias no Vale do Silício foram majoritariamente treinados em Stanford, e foram criados e apoiados por contratos militares. Quando as inovações se conectaram em computadores e programas, este tipo de transferência de tecnologia tornou-se cada vez mais importante. Como relatado por Hughes ( 1998 ), a companhia escolhida para o desenho e a construção da rede física do projeto ARPANET foi uma pequena empresa de Massachusets formada por pessoas de Harvard e do MIT, dirigida por um engenheiro do MIT e principal estrategista da rede de cientistas do projeto ARPANET. Ao lado desta forma de transferência de tecnologia através da aprendizagem e dos conhecimentos incorporados em indivíduos, a transferência de tecnologia diretamente para as grandes empresas fornecedoras e indiretamente para os seus fornecedores especializados constituiu a principal forma de difusão de novas tecnologias. Na medida em que as incertezas e os riscos comerciais foram provisoriamente suspensos pelo apoio militar, o ciclo de vida do processo de inovações foi encurtado e as oportunidades de exploração comercial foram asseguradas pela acumulação de capacitação técnica dos laboratórios industriais^10. Tecnologias de fronteira com memória magnética e circuitos eletrônicos foram diretamente passadas do Lincoln para a IBM. A influência do projeto SAGE na construção de sistemas de reservas na aviação civil é outro exemplo importante. Histórias semelhantes repetem-se na AT&T em
third Army initiative influenced the cohesion of the emerging transistor industry. In mid- 1953 the Sign Corps sponsored a conference aimed at standardizing the operating characteristics of transistor. (Misa, 1985: 275). (^10) Um bom exemplo examinado por Cypher ( 1987 ) foi o caso do laboratório da Bell
Telephone. Outro caso importante foi o da IBM, grande beneficiária da pesquisa eletrônica liderada pelo Laboratório Lincoln sob encomenda dos militares. (Leslie, 1993 ).
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sistemas de comunicação de informações e em muitas grandes empresas em setores baseados em ciência. Como na citação de Thomas Misa no início desta seção, o empreendimento tecnológico militar enviesou, nos EUA, a mudança tecnológica estimulando e selecionando variantes específicas das novas tecnologias. A “estratégia da arma tecnologicamente superior” demanda elevada exigência em performance e eficiência. Na disputa por contratos milionários, as empresas são aceitas ou eliminadas de acordo com a qualidade do seu laboratório industrial e com o atendimento às rígidas especificações. Esta exigência cria padrões distintos daqueles voltados para a simplificação e redução dos custos necessários à produção em massa. Mas a tensão entre qualidade e quantidade não é trivial. Um padrão é um bem público e provê as instruções necessárias para a produção em massa e a padronização das características operacionais, tais como as demandadas na tecnologia militar (um excelente exemplo é o da indústria de semicondutores analisada por Misa, 1985 ). Neste sentido, ao estimular o progresso técnico e a padronização dos equipamentos, a demanda militar por um alto desempenho age simultaneamente na criação e na difusão de tecnologia. Mas a criação de padrões não se resume à qualidade dos equipamentos, mas ao conjunto de especificações segundo a sua utilização principal. No caso do transistor americano, a exigência de alta performance dos sistemas eletrônicos incluía a resistência a elevadas temperaturas (necessárias aos mísseis e aviões de guerra) forçando produtores, como a Texas Instruments, a buscar novos e mais caros transistors. Este padrão na indústria eletrônica distinguiu a experiência americana de outros sistemas nacionais de inovação^11. Embora não exista um único uso para o novo conhecimento, a direção do progresso técnico moldado pela concorrência pelas armas criou um viés em custos, ausente nas tecnologias de uso comercial, tais como as desenvolvidas pelo bem sucedido sistema japonês de inovação. Um exemplo importante ocorreu com as máquinas de controle numérico. Esta era uma inovação demandada pela Força Aérea nos anos 50 , desenvolvida para aviões de alta velocidade e mísseis intercontinentais. Seus componentes deveriam suportar altas temperaturas e apresentar alto desempenho. A tecnologia destas máquinas foi rapidamente difundida na economia mundial
(^11) When coupled to the development process, military needs promoted the high-
performance diffused transistor in the 1950s, the integrated circuit in the early 1960s, and the very-high-speed integrated circuit in the early 1980s. The driving force behind the semiconductor industry in Japan, in contrast, has been the powerful Ministry of International Trade an Industry (MITI). In electronics MITI has emphasized not ultra-high- technology products lines but rather the large scale, coordinated expansion of the semiconductor market. (Misa, 1985: 286).
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A procura militar não era mais a única fonte de demanda e de incentivos para a indústria de alta tecnologia. A indústria eletrônica, a de computadores pessoais, a de equipamentos de telecomunicação, tinham se difundido mundialmente exercendo uma extraordinária demanda pela tecnologia moderna. As inovações nesses setores originariamente liderados por objetivos militares adquiriram autonomia na medida em que a indústria adquiria maturidade. Adaptar para fins militares as inovações obtidas num mercado muito mais vasto e canalizar esforços de pesquisa de laboratórios industriais muito mais ricos para uma tecnologia de uso dual (civil e militar) constituía as novas prioridades dos militares. Como pode ser observado nos dados abaixo, transformações importantes na distribuição dos gastos em P&D ocorreram desde os anos 70.
Gastos estimados de P&D por Fontes em Anos Selecionados
Source: Science & Engineering Indicators, 2000.
Durante os anos 70, os militares buscaram uma nova abordagem para as políticas tecnológicas voltadas à produção de armas sofisticadas. O programa de Tecnologia Industrial (MANTECH) sob a direção do comando do sistema da Força Aérea (AFSC)^12 iniciado na metade da década faz parte desta nova política. Sua origem está associada com a evolução da máquina de controle numérico e o programa da Força Aérea para a construção de fábricas computadorizadas (ICAM). Como observado anteriormente, a rápida difusão de novos equipamentos eletrônicos demandava uma tecnologia militar mais equilibrada e preocupada com custos. A expansão da importação de produtos de alta tecnologia e a difusão da automação na indústria japonesa a um ritmo mais rápido do que o observado nos EUA, estavam na base desta nova abordagem. A automação mais lenta da indústria metalmecânica nos EUA (e conseqüentemente do projeto de automação industrial sonhado pela Força Aérea) era atribuída aos elevados custos de uma tecnologia exclusivamente militar. Para reduzir os custos das novas armas era necessário obter uma transição mais rápida da tecnologia de uso militar para
(^12) Ver Cypher, op. cit.
Anos selecionados
Total % (1998 milhões $)
Indústria Governo Universidade Outros
1947 7,645 100 38.8 53.9 3.9 3. 1957 50,345 100 35.0 62.9 0.5 1. 1967 99,326 100 34.9 62.4 0.9 1. 1977 103 ,258 100 45.2 51.0 1.3 2. 1987 171,309 100 49.6 46.4 1.8 2. 1998 227,173 100 65.9 29.5 2.2 2.
Carlos Aguiar de Medeiros
O PODER AMERICANO 20
uso civil e canalizar a pesquisa comercial para projetos militares. Para este objetivo era necessário um amplo processo de modernização industrial e a criação de uma tecnologia de uso dual. Como exposto recentemente num documento do programa MANTECH:
Os soldados em guerra necessitam de base industrial que responda com tecnologias avançadas e processos que reduzam os custos e o tempo de elaboração em cada fase do desenho, do desenvolvimento, da produção e do apoio aos sistemas de campo. Obter redução de custos e reduzir o ciclo do processo inovativo constituem os objetivos predominantes do MANTECH. (ManTech, Five-Year Plan, 2001 ).
A principal política de financiamento do programa MANTECH foi (e prossegue sendo) a de apoiar novos projetos em áreas sem interesse comercial, mas considerada essencial para a tecnologia de defesa e promover uma rápida transição desta tecnologia para uma aplicação ampla. O programa não foi concebido para o desenvolvimento de novas idéias (um projeto financiável deve ser considerado exeqüível ao nível de laboratório) ou para a compra de equipamentos, se o objetivo como um venture capitalist é o de prover fundos para encorajar “o gasto de pesquisa das empresas em novas tecnologias de interesse e o de guiar os setores militares em sua política industrial”. (ManTech, Five-Year Plan, 2001 : 5 ). A ênfase recai no desenvolvimento e na engenharia em metalúrgica, novos materiais, eletrônica, energia, munições para novas armas, redução de custos e introdução de melhores técnicas em setores que os EUA encontrem- se abaixo do estado das artes.. Um claro aspecto desta política é a concepção de que a indústria da defesa forma uma intrincada rede de sub-setores e fornecedores, um Advanced Manufacturing Enterprise^13 requerendo políticas voltadas a aumentar a produtividade e a qualidade do conjunto industrial. A despeito de ter sido criada nos anos 70 , o programa assumiu maior relevância nos anos 90 quando, depois de um extraordinário crescimento nos anos 80 , o orçamento militar declinou substancialmente até os últimos dois anos. A MANTECH foi criada para canalizar recursos de P&D de grandes laboratórios para projetos militares. Projetos de fabricação de novos sensores desenvolvidos pelo Exército com parceria da Raytheon Systems, de novos sistemas de transmissão em parceria com a ITT Research Institute Industry Consortium, de sistemas de empacotamento e microondas; uma parceria da Marinha com a Lockheed Martin, de novas turbinas; uma parceria da Força Aérea com a Howemet Company são alguns exemplos de projetos da MANTECH (ManTech, Five-year Plan, 2001 ).
(^13) AME, ou complexo industrial na literatura mais convencional.