
















Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Esta monografia apresenta uma abordagem sobre o desenho na educação infantil, enfatizando o papel do professor na ampliação do desenvolvimento da criança através de atividades construtivas e criativas. Ela destaca a importância de abandonar concepções antigas e ver o ensino de artes visuais na primeira infância como uma oportunidade de aprendizado. O texto inclui palavras-chave como educação infantil, ensino, artes visuais e desenho.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
1 / 24
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Especialização em Ensino de Artes Visuais
Belo Horizonte Escola de Belas Artes da UFMG 2015
Elisangela Marcela Beilfuss
Especialização em Ensino de Artes Visuais
Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Ensino de Artes Visuais do Programa de Pós-graduação em Artes da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ensino de Artes Visuais. Orientadora: Soraia Nunes Nogueira
Belo Horizonte Escola de Belas Artes da UFMG 2015
Monografia intitulada O Desenho na Educação Infantil , de autoria de Elisangela Marcela Beilfuss, aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores:
Soraia Nunes Nogueira - Orientadora
Virgílio Carlo de Menezes Vasconcelos
Prof. Dr. Evandro José Lemos da Cunha Coordenador do CEEAV PPGA – EBA – UFMG
Belo Horizonte, 2015 Av. Antônio Carlos, 6627 – Belo Horizonte, MG – CEP 31270-
Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Bela Artes Programa de Pós-Graduação em Artes Curso de Especialização em Ensino de Artes Visuais
O desenho de uma criança é um convite a mergulhar num mundo repleto de imaginação, fantasia e receios. O desenho da criança é uma forma de expressão, a sua visão do mundo expressa no papel ou em qualquer outra superfície. Durante muitos anos o desenho na educação infantil foi considerado uma atividade de entretenimento, essa visão passou a ser vislumbrada sob outro enfoque com o passar dos anos. Hoje, o professor ocupa um papel de mediador que amplia o desenvolvimento da criança, através de atividades construtivas e criativas. E o profissional que atua na Educação Infantil precisa conhecer todas as etapas do desenvolvimento do grafismo infantil. O grande desafio do professor é abandonar concepções antigas e começar a ver o Ensino de Artes Visuais na primeira infância como uma oportunidade de aprendizado através de atividades que desenvolvam a criatividade nas crianças.
Palavras-chave : Educação Infantil, Ensino, Artes Visuais, Desenho
7
O bebê observa tudo ao seu redor: cores, objetos diferentes, desenhos, sons e movimentos, isso fica guardado no seu inconsciente, todas as coisas que chamaram sua atenção. Quando a criança vai para escola todas essas memórias a acompanham estas começam a colocar nos seus desenhos, suas experiências e lembranças.
É através do desenho que a criança coloca sua imaginação, fantasias, alegrias, medos e tristezas. Tudo o que foi armazenado ao longo do tempo a criança começa a expressar no papel nos primeiros anos na escola, ou seja, na Educação Infantil. O desenho é a comunicação da criança, e o que é retratado é segundo sua visão, sua vivência cotidiana.
Entende-se por desenho o traço que a criança faz no papel ou em qualquer superfície, e também a maneira como a criança concebe seu espaço de jogo com materiais de que dispõe, ou seja, a maneira como organiza as pedras e folhas ao redor do castelo de areia, ou como organiza as panelinhas, os pratos, as colheres na brincadeira de casinha, tornando-se uma possibilidade de conhecer a criança através de uma outra linguagem: o desenho de seu espaço lúdico. (MOREIRA, 1993, p.16).
É muito importante o que a criança fala através dos seus desenhos, é onde ela relaciona a experiência com o registro. O desenho é a materialização das suas memórias. Os desenhos das crianças partem de impulsos espontâneos que excluem a premeditação, a expressão artística da criança, de modo consciente ou inconsciente. A criança associa ao prazer do gesto, o prazer da inscrição, a satisfação de deixar a sua marca.
A criança ao desenhar, passa por diferentes etapas que definem formas de desenhar que são bastante similares em todas as crianças, apesar das diferenças individuais de temperamento e sensibilidade.
O presente trabalho vai estudar o conceito de desenho ao longo dos tempos, como a interpretação foi mudando e sendo valorizada. E a Educação Infantil ocupa esse espaço de mudança, hoje, percebe-se que a base da educação está na Educação Infantil, é onde a criança é inserida no ambiente escolar, e é também onde ela começa a se expressar, e o desenho é uma dessas maneiras.
11
No Brasil os primeiros jardins de Infância surgiram em São Paulo e Rio de Janeiro com caráter assistencialista. Nas décadas de 70 e 80 com as mudanças e a industrialização do país, as mulheres entram no trabalho assalariado o que exige a ampliação do atendimento educacional para as crianças de quatro a seis anos de idade e posteriormente para as crianças de zero a três nos. Como está afirmado:
O atendimento institucional à criança pequena, no Brasil e no mundo, apresenta ao longo de sua história concepções bastante divergentes sobre sua finalidade social. Grande parte dessas instituições nasceram com o objetivo de atender exclusivamente às crianças de baixa renda. O uso de creches e de programas pré-escolares como estratégia para combater a pobreza e resolver problemas ligados à sobrevivência das crianças foi, durante muitos anos, justificativa para a existência de atendimentos de baixo custo, com aplicações orçamentárias insuficientes, escassez de recursos materiais; precariedade de instalações; formação insuficiente de seus profissionais e alta proporção de crianças por adulto. (BRASIL, 1998, p.18)
O cenário de mudanças que o país vivencia cumula com a promulgação da Constituição Federal em 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB nº 9394/96. A Constituição Federal de 1988 vem garantir que é dever do Estado à criança ser atendida em creches e pre – escolas. A LDB institucionaliza que a Educação Infantil é uma etapa da Educação Básica e merece uma pedagogia voltada para a infância.
A criança deve ser considerada como um todo em desenvolvimento integral: cognitivo, físico e emocional. Nos últimos anos, as instituições de ensino têm passado por momentos de transição e mudanças em questão de atender as crianças de zero a seis anos de idade na Educação Infantil e os educadores tem buscado diversos métodos criativos para trabalhar com essa faixa etária e também se aperfeiçoando.
12
A formação integral da Educação Infantil assume características próprias dessa fase como a visão de mundo através da linguagem, da Matemática natureza e sociedade e da identidade e autonomia, como noções de Música, movimento e Artes Visuais.
1.1 Artes Visuais e Educação Infantil
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB 9394/96, trouxe o Ensino da Arte para educação básica. Durante muito tempo o Ensino da Arte nas escolas estava excluído e era visto como passatempo ou estava para ocupar o tempo disponível. Era a disciplina que não tinha relevância para a grade curricular, estava presente, mas não era dada a importância necessária. A LDB traz muitas mudanças para educação nacional e essas acontecem também na arte. Essa disciplina tem tamanha importância quanto às demais como está colocado nos Parâmetros Curriculares Nacionais:
Desde o início da história da humanidade a arte sempre esteve presente em praticamente todas as formações culturais. O homem que desenhou um bisão numa caverna pré-histórica teve que aprender, de algum modo, seu ofício. E, da mesma maneira, ensinou para alguém o que aprendeu. Assim, o ensino e a aprendizagem da arte fazem parte, de acordo com normas e valores estabelecidos em cada ambiente cultural, do conhecimento que envolve a produção artística em todos os tempos. No entanto, a área que trata da educação escolar em artes tem um percurso relativamente recente e coincide com as transformações educacionais que caracterizaram o século XX em várias partes do mundo. (BRASIL, 2001, p.21)
O saber artístico das crianças está repleto de valores, significados e sentimentos. É com essa bagagem artística que a criança vai desenvolver sua formação cognitiva, os laços afetivos e a expressão corporal. Essas áreas não estão separadas são um todo em desenvolvimento integral que promove a inserção da criança na sociedade como um cidadão consciente.
Mesmo considerando que o processo artístico da criança é próprio, não é dispensável o planejamento do currículo e a formação do professor já que são questões importantes que vão somar positivamente na educação infantil. As questões pedagógicas relacionadas ao Ensino da Arte ainda não são fáceis de
14
desejos e suas habilidades colocando-se como sujeito que faz suas escolhas porque está fazendo parte de um grupo. E é através do desenho que a criança encontra para manifestar o jeito que ela enxerga o mundo. ―O desenho é a manifestação de uma necessidade da criança: agir sobre o mundo que a cerca; intercambiar, comunicar‖ (DERDYK, 1989, p.51).
15
1. O DESENHO
O Desenho sempre existiu como forma de se expressar, desde a antiguidade o homem foi deixando marcas e registros de sua história através do tempo. Portanto, ele sempre esteve presente na vida dos povos. A partir do momento que o Desenho chega como disciplina na sala de aula, o professor começa a direcionar, como assim está expresso:
Na primeira metade do século XX, as disciplinas Desenho, Trabalhos Manuais, Música e Canto Orfeônico faziam parte dos programas das escolas primárias e secundárias, concentrando o conhecimento na transmissão de padrões e modelos das culturas predominantes. Na escola tradicional, valorizavam-se principalmente as habilidades manuais, os ―dons artísticos‖, os hábitos de organização e precisão, mostrando ao mesmo tempo uma visão utilitarista e imediatista da arte. Os professores trabalhavam com exercícios e modelos convencionais selecionados por eles em manuais e livros didáticos. O ensino de Arte era voltado essencialmente para o domínio técnico, mais centrado na figura do professor; competia a ele ―transmitir‖ aos alunos os códigos, conceitos e categorias, ligados a padrões estéticos que variavam de linguagem para linguagem mas que tinham em comum, sempre, a reprodução de modelos. (BRASIL, 2001 p.25)
Nesse período a escola amortece a criatividade reduzindo o Desenho em imagens já prontas e copiadas ou mimeografadas apenas para colorir. Essas ações levaram a criança a deixar de desenhar espontaneamente. O Desenho é expressão pessoal, mas na escola, principalmente na Educação Infantil que é a base da vida escolar, o Desenho precisa ser planejado mostrando a criança todos os elementos que o constituem
O desenho se caracteriza a partir de elementos como o Ponto, a Linha, as Cores entre outros. Como afirma Derdyk:
A linha, elemento essencial da linguagem gráfica, não se subordina a uma forma que neutraliza suas possibilidades expressivas. A linha pode ser uniforme, precisa e instrumentalizada, mas também pode ser ágil, densa, trepidante, redonda, firme, reta, espessa, fina, permitindo infindáveis possibilidades expressivas. A linha revela a nossa percepção gráfica. Quanto maior for o nosso campo perceptivo, mais revelações gráficas iremos obter. A agilidade e a transitoriedade natural do desenho acompanham a flexibilidade e a rapidez mental, numa integração entre os sentidos, a percepção e o pensamento (DERDYK, 1989, p.24).
17
A integração entre o fazer o apreciar e o contextualizar faz parte da Proposta Triangular para o Ensino da Arte, criado por Ana Mae Barbosa e difundida pelo país. A Proposta Triangular para o Ensino da Arte foi desenvolvida entre os anos de 1987 e 1993 e aplicada no Museu de Arte Contemporânea (MAC) em São Paulo por doze professores que junto as crianças, adolescentes e adultos faziam a pesquisa e leitura das obras de arte do museu. A autora da proposta assim explica:
A proposta triangular permite uma interação dinâmica e multidimensional, entre as partes e o todo e vice-versa, do contexto do ensino da arte, ou seja, entre as disciplinas básicas da área, entre as outras disciplinas, no inter-relacionamento das três ações básicas: ler, fazer e contextualizar e no inter-relacionamento das outras três ações decorrentes: decodificar / codificar, experimentar, informar e refletir. (BARBOSA, 2002 p.70)
Para Ana Mae é importante que o aluno desenvolva a capacidade crítica e através da experiência pessoal sua própria compreensão da obra. O importante é a criação. É necessário que se ofereça diversas opções artísticas para que o aluno possa construir a sua interpretação baseada num contexto de diversidade e não em uma única obra, sempre supervisionado pelo trabalho do professor. Assim, a Arte é conhecimento e ao ser trabalhado em sala de aula possibilita a ampliação da visão crítica. Como afirma Barbosa:
A arte na educação como expressão pessoal e como cultura é um importante instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento individual. Por meio da arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação, aprender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada. (BARBOSA, 2002 p. 18)
Barbosa (2002), também afirma que ―arte é cognição, é profissão, é uma forma diferente da palavra para interpretar o mundo, a realidade, o imaginário e é conteúdo. Como conteúdo, arte representa o melhor trabalho do ser humano‖.
A Proposta Triangular apresenta a produção, a leitura de imagem e a contextualização e é o professor quem vai elaborar uma direção metodológica para trabalhar os eixos propostos por Ana Mae Barbosa, que não são estáticos. A
18
contextualização estabelece relação com a leitura de imagem conforme a sua própria experiência pessoal que favorece o questionamento e desperta a consciência critica. Quando o professor apresenta uma obra aos alunos ele não deve mostrar as ideias, mas oferecer caminhos para que o aluno possa descobrir sozinho. A produção artística é quando o aluno cria o seu trabalho que está intimamente ligado com a leitura da imagem. É o fazer artístico que diferencia a Arte das outras disciplinas, o fazer transforma o pensamento da criança, cria e dá vida. A Proposta Triangular é uma base, mas é o professor que inclui outros princípios de diversidade cultural e tecnologia, agregando diferentes saberes ao contexto da sala de aula, principalmente na Educação Infantil.
20
Neste contexto, é possível ver a fase de rabiscos no desenho dessa criança. Esses são os primeiros traços da criança representando a imagem segundo seu olhar. (Fig.1)
(Fig.1) Fonte: Arquivo pessoal
No desenho (fig.2) a criança de 3 anos de idade começa a desenhar formas representadas por linhas retas e outras que dão a sensação de movimento e também um sol.
(Fig. 2) Fonte: Arquivo pessoal
21
Nas duas imagens acima foram registradas propostas de desenho de crianças com 3 anos de idade, das quais a primeira caracteriza-se pela fase de rabiscos, em que a criança rabisca por prazer, por deixar marcas; enquanto, a segunda já é uma manifestação de representar, com a intenção de reproduzir no papel uma imagem.
3.1 A evolução do desenho no contexto infantil
O desenho desperta nas pessoas a sensibilidade e as emoções. Durante esta arte de desenhar vários sentidos estão presentes: o olhar, o pensamento, a cor e o gosto sensível pelas formas traduzidas nos traços que aos poucos formam os desenhos.
Engana-se quem pensa que o desenho é apenas movimento das mãos. O desenho não se separa do pensamento, há uma intima ligação entre pensar e desenhar. É uma atividade lúdica que proporciona prazer e bem-estar.
Quando a criança começa com os primeiros rabiscos, deixando suas marcas gráficas no papel ou em qualquer outro lugar, ela começa a desenvolver o domínio dos movimentos. Ela começa a pegar o lápis, o giz ou outro instrumento com mais facilidade, tendo controle sobre o instrumento e também dos movimentos. Outra mudança que começa a acontecer é que a criança vai amadurecendo, se desenvolvendo e os desenhos sofrem alterações passam a ser representados com uma riqueza maior de detalhes, o desejo de reproduzir mais fielmente a realidade.
O aprimoramento dos desenhos acontece se for oferecido a criança a oportunidade de desenhar constantemente, brincar livremente e trabalhar com suas habilidades manipulativas como a massinha. Esse processo de aprendizado acontece com motivação e dedicação por parte dos professores.
O desenho abaixo é de uma criança de 3 anos e representa uma riqueza de detalhes. A criança consegue traduzir no papel depois de um passeio aquilo que ficou retido no seu pensamento. A árvore, a nuvem, o sol e o espaço físico como na fig. 3.