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O Caso Enron: Rompimento de Valores e Fraude Empresarial, Provas de Falência

O documentário 'enron, os mais espertos da sala' revela o rompimento de valores sociais pela corporação enron, que gerou benefícios para alguns e prejuízos para muitos. A história desta empresa, conhecida como o maior caso de falência dos eua, envolve ingredientes como ambição desmedida, arrogância e indiferença aos interesses dos acionistas, credores e stakeholders. A falha dos órgãos internos e externos, a desregulamentação e a manipulação de preços de energia na califórnia desempenharam papéis importantes nesta trágica história. A enron surgiu em houston, texas, liderada por kenneth lay, um phd em administração, e se transformou em uma corretora de valores utilizando métodos contábeis subjetivos e sujeitos à manipulação. Os preços das ações foram inflados, dando início a uma espiral de desgastos políticos e financeiros que culminou na falência da empresa.

O que você vai aprender

  • Como a Enron manipulou preços de energia na Califórnia?
  • Quais fatores contribuíram para a falência da Enron?
  • Quais papéis desempenharam os órgãos internos e externos na história da Enron?

Tipologia: Provas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Reginaldo85
Reginaldo85 🇧🇷

4.5

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“Uma fascinante crônica da arrogância e da ganância” (NY Times)
“Um documentário arrebatador” (Newsweek)
“Um filme de horror para adultos” (LA Times)
“Uma clássica lenda americana” (Chicago Tribune)
O CASO ENRON E A GOVERNANÇA CORPORATIVA (1)
Demóstenes Moreira de Farias (2)
O caso Enron, revelado pelo documentário “Enron, os mais espertos da sala”, baseado no livro homônimo,
representa o rompimento de uma grande corporação com os valores sociais vigentes, gerando benefícios
para alguns poucos e prejuízo para muitos. Contrasta com os conceitos e os princípios fundamentais que
viriam a inspirar a Lei Sarbanes-Oxley e a impulsionar a Governança Corporativa, dos quais, aliás, viria a
ser uma das mais fortes referências negativa, infelizmente. O caso ensejou, ainda, uma grande
reformulação nas recomendações da práticas contábeis mundiais que viriam a convergir para um padrão
único em todo o mundo.
Conhecido como o maior caso de falência dos EUA, o caso Enron revelou ingredientes como ambição
desmedida, arrogância e indiferença aos interesses do acionista (shareholders), dos credores, dos grupos
de interesse (stakeholders) chegando ao escárnio notadamente no evento dos blecautes de energia na
Califórnia, como veremos adiante.
As artimanhas da empresa foram possíveis em face da falha dos órgãos internos e externos, a exemplo da
inoperância do Conselho de Administração e da omissão da Auditoria Independente, além da onda de
desregulamentação (3) aos negócios que corria no país.
A Enron surgiu em Houston, no Texas, capitaneada por Kenneth Lay, com a fusão de administradoras de
gasodutos em 1985. Ken Lay, um PhD em Administração, havia feito fama por sua defesa do livre mercado.
Um de seus altos executivos, Louis J. Borget, fazia operações de operações de alto risco. Ken Lay não
apenas sabia como incentivava tais apostas, tendo-se documentado mensagem sua com os termos
“continue ganhando dinheiro para nós”. Quando irrompeu o primeiro escândalo, batizado de Vahalla, a
responsabilidade foi inteiramente atribuída a Borget, que foi preso por fraude após perder US$95 milhões
em uma semana. Lay isentou-se e encontrou no ambicioso Jeffrey “Jeff” K. Skilling o perfil desejado para
seu novo CEO (executivo principal). Ao assumir, Skilling criou um novo modelo para a companhia, que
passou a atuar como uma corretora de valores, utilizando-se de técnicas como a marcação a mercado (4) e
mercado futuro. Projetava lucros exorbitantes a partir de anunciadas transações negociais que na verdade
poderiam não vir a ser efetivadas. Com métodos subjetivos e sujeitos à manipulação, a Enron de antemão
já contabilizada potenciais lucros futuros, baseados na avaliação de seus próprios executivos.
(¹) Escrito em 29/09/ 2010 e revisado em 11/06/2011;
(2) Graduado em Administração (UECE), Mestre em Políticas Públicas (UFC) e Professor de Governança Corporativa (Faece);
(3) desregulamentação: não intervenção dos governos nos negócios e nos controles tais como o de limites de preço para a venda de produtos
ou serviços;
(4) método contábil que consiste em atribuir valores à determinada cota de fundo de investimento, com base no preço de mercado atual,
dando ao investidor uma ideia de quanto valeria seu portfólio, caso fechasse um negócio naquele momento.
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Baixe O Caso Enron: Rompimento de Valores e Fraude Empresarial e outras Provas em PDF para Falência, somente na Docsity!

“Uma fascinante crônica da arrogância e da ganância” (NY Times) “Um documentário arrebatador” (Newsweek) “Um filme de horror para adultos” (LA Times) “Uma clássica lenda americana” (Chicago Tribune)

O CASO ENRON E A GOVERNANÇA CORPORATIVA (^1 )

Demóstenes Moreira de Farias (^2 )

O caso Enron, revelado pelo documentário “Enron, os mais espertos da sala”, baseado no livro homônimo, representa o rompimento de uma grande corporação com os valores sociais vigentes, gerando benefícios para alguns poucos e prejuízo para muitos. Contrasta com os conceitos e os princípios fundamentais que viriam a inspirar a Lei Sarbanes-Oxley e a impulsionar a Governança Corporativa, dos quais, aliás, viria a ser uma das mais fortes referências – negativa, infelizmente. O caso ensejou, ainda, uma grande reformulação nas recomendações da práticas contábeis mundiais que viriam a convergir para um padrão único em todo o mundo.

Conhecido como o maior caso de falência dos EUA, o caso Enron revelou ingredientes como ambição desmedida, arrogância e indiferença aos interesses do acionista ( shareholders ), dos credores, dos grupos de interesse ( stakeholders ) chegando ao escárnio – notadamente no evento dos blecautes de energia na Califórnia, como veremos adiante.

As artimanhas da empresa foram possíveis em face da falha dos órgãos internos e externos, a exemplo da inoperância do Conselho de Administração e da omissão da Auditoria Independente, além da onda de desregulamentação (^3 ) aos negócios que corria no país.

A Enron surgiu em Houston, no Texas, capitaneada por Kenneth Lay, com a fusão de administradoras de gasodutos em 1985. Ken Lay , um PhD em Administração, havia feito fama por sua defesa do livre mercado.

Um de seus altos executivos, Louis J. Borget , fazia operações de operações de alto risco. Ken Lay não apenas sabia como incentivava tais apostas, tendo-se documentado mensagem sua com os termos “continue ganhando dinheiro para nós”. Quando irrompeu o primeiro escândalo, batizado de Vahalla , a responsabilidade foi inteiramente atribuída a Borget , que foi preso por fraude após perder US$95 milhões em uma semana. Lay isentou-se e encontrou no ambicioso Jeffrey “Jeff” K. Skilling o perfil desejado para seu novo CEO (executivo principal). Ao assumir, Skilling criou um novo modelo para a companhia, que passou a atuar como uma corretora de valores, utilizando-se de técnicas como a marcação a mercado (^4 ) e mercado futuro. Projetava lucros exorbitantes a partir de anunciadas transações negociais que na verdade poderiam não vir a ser efetivadas. Com métodos subjetivos e sujeitos à manipulação, a Enron de antemão já contabilizada potenciais lucros futuros, baseados na avaliação de seus próprios executivos.

(¹) Escrito em 29/09/ 2010 e revisado em 11/06/2011;

(^2 ) Graduado em Administração (UECE), Mestre em Políticas Públicas (UFC) e Professor de Governança Corporativa (Faece);

(^3 ) desregulamentação: não intervenção dos governos nos negócios e nos controles tais como o de limites de preço para a venda de produtos ou serviços;

(^4 ) método contábil que consiste em atribuir valores à determinada cota de fundo de investimento, com base no preço de mercado atual, dando ao investidor uma ideia de quanto valeria seu portfólio, caso fechasse um negócio naquele momento.

Os preços das ações foram inflados – não havia um lastro real na contabilidade aos valores publicados. Quando ainda era candidato a futuro aluno da Universidade de Harvard, na entrevista de seleção, quando um professor lhe perguntou "Você é esperto?" Skilling respondeu "I'm fucking smart", frase que, traduzida de forma educada, significa “Sou esperto pra caramba". Dentro da corporação, Skilling implementou o espírito de competição acirrada, na busca por resultados a qualquer preço. Adotou o sistema de avaliação que anualmente cortava 15% do total dos empregados que apresentassem a pior avaliação. No tempo livre, o CEO cultivava a imagem de competidor de esportes radicais, como motocross , para a qual convidava gestores e clientes para, prática, aliás, que levou a diversos acidentes.

A Enron divulgava a imagem de executivos e gestores vencedores – não reconhecia prejuízos. De fato, o seu Diretor Financeiro ( Chief Financial Officer ), Andrew “Andy” Fastow , criou diversas “associadas”, na verdade empresas-laranja, com o intuito de transferir a essas, as dívidas e resultados negativos que deveriam ser atribuídos à própria firma principal, com o objetivo escuso de ocultar a realidade contábil da companhia. Com a ajuda de empresas e bancos, a Enron escondeu dívidas de US$ 25 bilhões por dois anos consecutivos. Em 2000 , seu faturamento atingiu $101 bilhões de dólares, pouco antes do escândalo financeiro que ocasionou sua falência. Chegou a ser considerada a mais rentável da bolsa americana, além de ser anunciada como a líder mundial do setor de energia. A empresa foi eleita pelo mercado, como a mais inovadora dos Estados Unidos durante um longo período, por diversificar operações e conseguir um crescimento sem parâmetros. A Enron chegou a ser a sétima maior firma do país em ativos e empregou cerca de 29 mil pessoas. Suas ações chegaram a atingir a cotação de US$ 90,56, em agosto de 2000.

A partir da astronômica valorização artificial dos preços das ações da empresa, seus executivos fizeram o mau uso das ferramentas de Marketing para propagar um falso milagre econômico e estimular o mercado, e até os seus próprios funcionários, a comprá-las freneticamente.

A mídia e os analistas financeiros louvavam a inovação , a ousadia e o sucesso da empresa sem questionar o que poderia estar por trás do aparente milagre financeiro. Algumas declarações:

“Consideramos as ações da “Enron” acima da média do mercado e mantemos nosso preço alvo de 85 dólares por ação”. (Morgan Stanley Dean Witter, 12 de julho de 2001 ) [As ações fecharam a 39,26 dólares nesse dia]. “A “Enron” tem avançado no processo de reorientar seu foco para atividades mais lucrativas (...). Nosso preço- alvo para a ação é de 44 dólares”. (Merrill Lynch, 9 de outubro de 2001) [As ações fecharam a 26,55 dólares]. “Mantemos nossa recomendação de compra e nosso preço-alvo para os próximos 12 meses é de 45 dólares por ação”. (CIBC, 17 de outubro de 2001) [Ações fecharam a 29,06 dólares].

Não havia espaço para reverberar as exceções dissonantes. As denúncias do analista John Olson do Banco Merrill Lynch causaram a sua demissão, dois dias depois. Em seguida, Fastow , o CFO da Enron, fez investimentos US$ 50 milhões no banco. A Jornalista Bethany McLean publicou a matéria “A Enron não estaria supervalorizada?” e insistiu com perguntas incômodas: “Como a ENRON ganha dinheiro”? “Não seriam suas ações caras demais”? A descoberta das falcatruas nos balanços viria a ser feita por Lynn Brewer, uma profissional com formação em ética nos negócios:

“A Enron era uma empresa que valorizava, acima de tudo, a capacidade de esconder as más notícias. Oferecia abonos [aos executivos], às vezes de milhões de dólares, quando se fechavam negócios. Os lucros previstos justificavam a remuneração extra. Não havia razão para saber se os planos dariam certo. A empresa pagava os abonos de qualquer maneira.”

O Merril Lynch chegou a fazer um empréstimo mascarado através da falsa compra de quatro navios da Enron na Nigéria. Após três meses, os navios foram “recomprados” pela Enron, com os devidos descontos do empréstimo.

A crise da empresa pode ser analisada sob diversos aspectos. Ficou caracterizado o problema de agência da Enron, pois os executivos traíram a confiança e os interesses dos acionistas; os executivos e financiadores utilizaram-se de inside information ( informações privilegiada) em benefício próprio, implicando em moral hazard ( risco moral ). A ocorrência de inside information é considerada nociva ao desempenho do mercado acionário, sendo proibido pela SEC (órgão americano equivalente à CVM brasileira) negociar com base em tais informações.

Os altos executivos da Enron receberam bonificações milionárias. Uma vez questionados, alegaram não conhecer as práticas contábeis da empresa. A operação viria a levar quatro executivos à prisão, após a falência da Enron.

Em razão da fraude da Enron e de uma série de escândalos financeiros coorporativos ocorridos em outras empresas tais como WorldCom, AOL, Computer Associates, Merck, Xerox e Kmart, viriam a surgir mecanismos de prevenção ou mitigação de fraudes corporativas. Em 2002 , viria a ser redigida a Lei Sarbanes-Oxley, ( Sarbanes-Oxley Act ), assinada nos Estados Unidos em 30 de julho de 2002 pelo senador democrata Paul Sarbanes e pelo deputado republicano Michael Oxley. A lei, também conhecida como SOX, ou Sarbox, visa a garantir a criação de mecanismos de auditoria e segurança confiáveis nas empresas, incluindo, ainda, regras para a criação de comitês encarregados de supervisionar suas atividades e operações, de modo a mitigar riscos aos negócios; e evitar a ocorrência de fraudes ou assegurar que haja meios de identificá-las quando ocorrem, garantindo a transparência na gestão das empresas. Grandes empresas com operações financeiras no exterior passaram a seguir a lei Sarbanes-Oxley, incluídas dezenas de empresas brasileiras que mantém ADRs ( American Depositary Receipts ) negociadas na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).

Em maio de 2006, Ken Lay e Jeff Skilling receberam condenações por conspiração, que viriam a resultar em prisão de 45 e 185 anos, respectivamente. Ken Lay, entretanto foi encontrado morto em Aspen (Colorado) na manhã do dia 05 de julho, aos 64 anos de idade, provavelmente em decorrência de um ataque cardíaco. O pronunciamento da sua sentença estava previsto para a segunda quinzena de outubro daquele mesmo ano (três meses depois). Skilling teve que pagar multa de 45 milhões de dólares e continua cumprindo a pena de 24 anos de prisão. Em 2004, Andy Fastow foi condenado e teve a pena reduzida para seis anos por ter testemunhado contra Lay e Skilling. Saiu da prisão em 18/05/2011, após seus advogados terem afirmado que o ex-CFO estava abusando do álcool e outras drogas na prisão. Será submetido a programa em casa de reabilitação, prevendo-se a sua libertação final até 17/12/2011.

REFERÊNCIAS

COMCIENCIA, Enron. Disponível em: http://www.comciencia.br/comciencia/index.php?section=8&tipo=resenha&edicao=33. Acessado em 11/09/2010.

CUPERTINO, César Medeiros ET AL. Análise da queda de um grande conglomerado empresarial sobre a ótica da agency theory. Disponível em: http://geocities.ws/wolneyunb/arquivos/texto2enron.pdf. Acessado em 11/09/2010.

ENRON, os mais espertos da sala (Enron, The Smartest Guys in the Room), documentário dirigido e roteirizado por Alex Gibney, baseado em livro dos jornalistas Bethany McLean e Peter Elkind, EUA, 2005.

ENRON, Wikipedia. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Enron. Acessado em 11/09/2010.

ENRON – Os mais espertos da sala: Fraudes made in USA. Planeta Educação. Disponível em: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=892. Acessado em 11/09/2010.

EXAME.COM. Ganância e vaidade. Disponível em: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0870/noticias/ganancia-e-vaidade-m0082518. Acessado em 11/06/

EXAME.COM. Sai da cadeia ex-executivo da Enron condenado por corrupção. 18/05/2011. Disponível em: http://exame.abril.com.br/negocios/gestao/noticias/sai-da-cadeia-ex-executivo-da-enron-condenado-por-corrupcao Acessado em 11/06/

LUX, André, Documentário "Enron - Os mais espertos da sala" a fraude cometida por uma corporação americana. Disponível em: <http://tudo-em-cima.blogspot.com/. Acessado em 11/09/2010.

REYNOL, Fábio, “A derrocada do mundo dos espertos”. Disponível em: http://www.bancax.org.br/br/noticias.php?id_noticia=541&titulo=Document%E1rio%20Document%E1rio Acessado em 11/09/2010.

CHARGES DA IMPRENSA AMERICANA

Ken Lay, fundador da ENRON

“PORQUE NÃO HOUVE ALERTA À FALÊNCIA DA ENRON”

ÓRGÃOS REGULADORES; POLÍTICOS; ANALISTAS FINANCEIROS “CAMINHANDO SOBRE AS ÁGUAS”

“CEO: Chocante, não é ?” (empregados)