Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

O CAFÉ E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A ..., Provas de Economia

A presente monografia apresenta como o cultivo do café influenciou no processo de industrialização brasileira. É feita uma abordagem desde a origem do café ...

Tipologia: Provas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Tucano15
Tucano15 🇧🇷

4.6

(119)

221 documentos

1 / 40

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
LISIANE CRISTINA MAZUR
O CAFÉ E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A INDUSTRIALIZAÇÃO
BRASILEIRA
Trabalho de Monografia
apresentado como requisito
parcial à conclusão do curso
de Ciências Econômicas,
Setor de Ciências Sociais
Aplicadas da Universidade
Federal do Paraná.
Orientador: Dr. Francisco B.
B. de Magalhães Filho.
CURITIBA
2004
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfd
pfe
pf12
pf13
pf14
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28

Pré-visualização parcial do texto

Baixe O CAFÉ E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A ... e outras Provas em PDF para Economia, somente na Docsity!

LISIANE CRISTINA MAZUR

O CAFÉ E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A INDUSTRIALIZAÇÃO

BRASILEIRA

Trabalho de Monografia apresentado como requisito parcial à conclusão do curso de Ciências Econômicas, Setor de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Dr. Francisco B. B. de Magalhães Filho.

CURITIBA

TERMO DE APROVAÇÃO

LISIANE CRISTINA MAZUR

O CAFÉ E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas da Universidade Federal do Paraná, pela seguinte banca examinadora:

Prof^0 Francisco de" Borja Baptista Magalhães Filho Departamento de Ciências Sociais Aplicadas

Examinador:

Examinador: Prof^0 Igor Zanoni Coristant Carneiro Leão Departamento de C i ê k i a s Sociais Aplicadas

Prof^0 Romeu HerberTfriedlaender Júnior Oepartam&ríto de Ciências Sociais Aplicadas

CURITIBA

LISTA DE TABELAS

T A B E L A I. BRASIL-PRODUÇÃO DE C A F É - 1821 1900 06

TABELA 2. PERÍODO EM QUE O CAFÉ CONSOLIDA SUA POSIÇÃO COMO

PRINCIPAL PRODUTO DE EXPORTAÇÃO DO BRASIL 06

TABELA 3. ENTRADAS E SAÍDAS DE TRABALHADORES, 1902-1906 09

TABELA 4. EXPANSÃO DAS ESTRADAS DE FERRO DA CRIAÇÃO DAS

PRIMEIRAS LINHAS EM 1824 A 1929 11

TABELA 5. BRASIL - INDÚSTRIA, 1907 E 1920 23

TABELA 6. DISTRITO FEDERAL E SÃO PAULO - INDUSTRIA - 1907, 1920 E

TABELA 7. VALOR DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL- ÍNDICE SIMONSEN

BRASIL: 1914-1918 24

TABELA 8. PRINCIPAIS INDUSTRIAS DESENVOLVIDAS NO BRASIL NOS

PERÍODOS ANTERIOR E POSTERIOR A PRIMEIRDA GUERRA

MUNDIAL 26

TABELA 9. EXPORTAÇÕES DE MAQUINARIAS TÊXTIL PARA O BRASIL

1893 - 1939 - MÉDIAS ANUAIS 27

TABELA 10. VALOR DA PRODUÇÃO POR RAMOS INDÚSTRIA,1920 28

TABELA 11. BRASIL, RIO DE JANEIRO, SÃO PAULO: CARACTERÍSTICAS DA

INDÚSTRIA MANUFATUREIRA, 1907, 1920, 1929 28

ii

RESUMO

A presente monografia apresenta como o cultivo do café influenciou no processo de industrialização brasileira. É feita uma abordagem desde a origem do café até sua queda, em 1930, quando o mundo entrou em declínio devido à quebra da bolsa de Nova Iorque. Em seguida discute-se o avanço das indústrias no país, visto que a industrialização já havia começado ao final do século XIX. Este avanço deve-se em grande parte, devido à passagem do capital cafeeiro para o capital industrial. Este processo ocorreu devido à diversificação dos capitais, que os produtores de café desejavam aplicar no mercado. O café contribuiu muito para o desenvolvimento da indústria interna, pois nos arredores das plantações, surgiam pequenas fábricas, indústrias, comerciantes, ferrovias eram construídas e até bancos foram criados, para atender a demanda da população que vivia nos cafezais. Foi no início da década de 1930 que a industrialização passou a ser meta prioritária na economia do país, pois com a queda nas exportações de café, o Brasil, não tinha mais dinheiro para comprar produtos importados, e obrigou-se a produzi-los internamente. O governo investiu em grande parte das indústrias já existentes, e contribuiu com capital para formação de outras. A maioria das indústrias nascentes no período eram de bens de consumo, principalmente têxteis e alimentícias. Com estes dados tem-se uma noção de como o processo de desenvolvimento industrial ocorreu no Brasil.

quebra da bolsa de Nova Iorque. A economia mundial entrou em crise. O café nâo encontrava mais mercado para venda. As exportações diminuíram. Logo, o dinheiro para importar produtos, máquinas e equipamentos consumidos pela população, estava cada vez mais escasso. Foi então que o país sentiu a necessidade de industrializar-se e produzir seus próprios meios de consumo. A industrialização já havia começado no Brasil ao final do século XIX, porém as indústrias existentes eram pequenas e sem muitas condições de prosperidade. Os fazendeiros, então, resolveram aplicar o dinheiro, não somente em café, mas também na indústria, para prevenção de algum risco. E quando a crise chegou, parte do capital cafeeiro, foi destinado à industrialização do país. A industrialização no início da década de 1930 foi lenta, pois o país não tinha bases suficientes para toda a produção interna, e no momento estava difícil de importar máquinas e equipamentos estrangeiros. Mas mesmo assim a indústria local foi, aos poucos, produzindo e ganhando mercado. As primeiras a desenvolverem-se foram às indústrias têxteis, alimentícias e as de vestuário. E em meados da década de trinta, já existiam algumas indústrias pesadas. O capital industrial, portanto, surgiu das formas de acumulação do capital cafeeiro, sendo que a indústria fortalece o capitalismo e o comércio internacional do Brasil com outros países.

2. ORIGEM DO CAFÉ

A planta do café tem origem etiópica, passando mais tarde a ser cultivada na Arábia, sendo que os árabes começaram a tomar café a partir do século XV, pois servia como estimulante para vencer a fadiga. O cultivo e o uso do café passou por algumas dificuldades para desenvolver-se, devido à resistência por alguns fanáticos, como aconteceu em Mecca, no ano de 1511. Partindo de Mecca, sendo levadas por peregrinos em caravanas comerciais ou religiosas, as sementes de café espalharam-se por todo Oriente próximo, Egito, Turquia e Síria, passando a ser introduzido por quase toda a Europa. Proliferou nos países cristãos, pelo Mediterrâneo, por mercadores, gregos e venezianos. No século XVII, o café era bebida conhecida na Inglaterra, Itália, França e Holanda, entre outros. Nesta época, era a Arábia que atendia a demanda mundial pelo café, porém sua produção era limitada e em pequena escala. Na América do Sul os cafezais foram introduzidos a partir do século XVIII, na região da Guiana Francesa. A entrada do café no Brasil deu-se por meio de um jovem chamado Francisco de Melo Palheta, que trouxe de Caiena para o Brasil os primeiros grãos de café aqui plantados. O café foi introduzido pela Amazônia, e as primeiras sementes foram plantadas em Belém do Pará em 1722. Foram cultivadas mudas de café no Maranhão, Amazonas, Ceará, porém em todas essas áreas o clima não contribuiu muito para seu desenvolvimento. Foi no Estado da Bahia, em 1780 que, desenvolveu-se um número significante de cafezais. Devido às nossas condições climáticas, o cultivo de café espalhou-se rapidamente, com produção voltada para o mercado doméstico. No Rio de Janeiro o café foi trazido pelo desembargador João Alberto de Castelo Branco, em meados de 1770, onde plantou algumas mudas de café, as quais cresceram e multiplicaram suas sementes nas terras do centro-sul. Foi plantado em quase todo o estado do Rio, espalhando-se nas montanhas do Corcovado, Serra da Tijuca, Jacarepaguá, Vassouras, Valença, entre outras regiões. E em pouco tempo, o café cultivado nesta região será superior aos cafezais do resto do mundo. Entretanto, a

3. DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA C A F E E I R A

Durante a metade do século XIX o Brasil passou por várias transformações em sua economia, as quais antes não se imaginavam, pois o país atravessara por uma estagnação e um período de decadência de crescimento, tanto no mercado interno como no externo. Uma das saídas encontradas para o Brasil seria o crescimento das exportações e uma maior participação no mercado internacional. O desenvolvimento apenas do mercado interno não era suficiente, pois o país deveria estar em um estágio mais complexo para desempenhar esta função, principalmente na área tecnológica. Influxo de capital também não seria uma alternativa viável, pois o país não possuía mais créditos no exterior, devido a sua decadência econômica. Portanto o problema da economia brasileira estava em encontrar um produto que elevasse o nível das exportações, mas que ao mesmo tempo, não exigisse uma demanda por recursos tecnológicos nem por capitais. O fator de produção abundante naquela época era a terra. Foi então que o café, como um produto novo e de fácil adaptação ao clima e a terra brasileira, encontrou as condições favoráveis para o seu desenvolvimento, assumindo importância comercial, e não apenas para fins de consumo local. Este fato ocorre devido "à alta de preços causada pela desorganização do grande produtor que era a colônia francesa do Haiti, como afirma FURTADO" (1977, p. 113). Com o café tornando-se um produto de grande importância para as exportações brasileiras, intensificou-se seu plantio nas regiões montanhosas ao redor da capital. E em pouco tempo, o café passa a ser o primeiro produto com valor significante nas exportações, passando à frente do açúcar e do algodão, produtos estes que eram de extrema importância para o país. Entre 1830-1840, o produto assumiu a liderança das exportações do país com mais de 40% do total das exportações, sendo que me 1840 o Brasil tornou-se o maior produtor de café, e em 1870-1880 o café passou a representar até 56% do valor das exportações. O aumento verificado nas exportações brasileiras na primeira metade do século XIX deveu-se ao café.

TABELA 1. BRASIL - PRODUÇÃO DE CAFÉ - 1821 1900.

(EM MILHÕES DE SACAS)

Anos (^) Produção

Fonte: Silva S., 1986, P. 43.

TABELA 2. PERÍODO EM QUE O CAFÉ CONSOLIDA SUA POSIÇÃO COMO

PRINCIPAL PRODUTO DE EXPORTAÇÃO DO BRASIL.

Anos (^) Exportação Preço Médio Participação nas Quant. Valor (£ por saca) Exps do Brasil (%) (1.000 scs) (£1.000) (^1821 129 704) 5,5 16, 1830 480 663 1,4 19, 1840 1.383 2.657 1,9 46, 1848 2.340 2.936 1,3 43, 1860 2.524 6.89 2,5 53, Fonte: Magalhães 1970, p. 320.

pela Inglaterra, e a posterior abolição da escravatura no Brasil, a utilização de mão de obra já não era mais possível e representava alto custo, visto que era necessário remunerar o trabalhador. Mas como o Brasil, um país tão extenso e com tantas terras, com um sistema de agricultura em expansão, não conseguia expandir sua força de trabalho? A economia brasileira no final do século XVIII era agrícola baseada na subsistência, onde as famílias produziam seus próprios alimentos com condições primitivas e técnicas rudimentares com baixíssima produtividade. O chefe destas famílias era o proprietário das terras; o qual não tinha interesse em desarticular o sistema. Nem mesmo nas cidades, onde a população raramente encontrava-se em trabalho permanente, encontrava-se mão de obra disponível. Uma solução encontrada para o problema foi formar uma corrente de imigração européia. Foram criadas colônias distintas em grande parte do Brasil, onde o governo imperial pagava transporte e gastos de instalação para dar trabalho aos colonos, porém estas colônias mais tarde caíam em um sistema de subsistência. Era então necessário integrar estas colônias em atividades produtivas rentáveis. "Em 1852 um grande plantador de café, o senador Vergueiro, se decidiu a contratar diretamente trabalhadores da Europa" (FURTADO, 1977 p.126). A idéia era aumentar a oferta de mão de obra, sendo que o governo pagava o transporte das famílias da Europa para o Brasil, e em troca o imigrante vendia o seu trabalho futuro. Por estes motivos formou-se uma grande corrente imigratória da Europa para a América, sendo utilizada em grandes plantações. Segundo MAGALHÃES (1970, p.334) as imigrações aconteceram da seguinte maneira:

A imigração cresceu rapidamente a partir de 1870. Em 1876, entravam 7.000 italianos e 8. portugueses, mas em 1877 13.000 italianos e 8.000 portugueses. Entre 1856 e 1905 entraram no Brasil 2.120.000 imigrantes, dos quais 1.044.000 italianos, estes predominantemente para São Paulo e a cafeicultura, 479.000 portugueses e 219.000 espanhóis, também destinados principalmente à cafeicultura paulista.

Outro fator importante para o desenvolvimento da economia brasileira foi à passagem da abolição da escravatura para o trabalho assalariado. Essa transformação

não significa destruição nem criação de riqueza, apenas uma redistribuição de propriedade. A abolição do trabalho escravo trouxe várias modificações para a economia cafeeira, entre elas destaca-se a redução do grau de utilização da força de trabalho. Com a abolição da escravatura foi necessário efetuar uma negociação de salário para o trabalho nas regiões cafeeiras. Não houve modificação na forma de organização da produção, e tão pouco redistribuição de renda, pois os ex-escravos e seus descendentes continuaram a viver em condições precárias. FURTADO (1970, p.151) ilustra a diferença desta passagem para o trabalho assalariado. "Observada em conjunto a nova economia cafeeira baseada no trabalho assalariado apresentava certas similitudes com a antiga economia escravista: está constituída por uma multiplicidade de unidades produtoras que se ligam intimamente às correntes do comércio exterior".

T A B E L A 3. ENTRADAS E SAÍDAS DE TRABALHADORES, 1902-1906.

Anos Entradas (em milhares) Saídas (em milhares)

Fonte: Silva, S., 1986, p.53.

T A B E L A 4. EXPANSÃO DAS ESTRADAS DE F E R R O DA CRIAÇÃO DAS

(Km)

 - 1 INTRODUÇÃO RESUMO iii - 2 ORIGEM DO CAFÉ - 3 DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA CAFEEIRA - 3.1 OS BENEFÍCIOS DA ECONOMIA CAFEEIRA - 3.2 A QUESTÃO DA MÃO DE OBRA - 3.3 AS FERROVIAS 
  • 4 A ECONOMIA CAFEEIRA NO SÉCULO XX
  • 5 O PROBLEMA DA SUPERPRODUÇÃO CAFEEIRA
  • 6 INÍCIO DA INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA
  • 6.1 SURGIMENTO DA BURGUESIA INDUSTRIAL
  • 6.2 A PRODUÇÃO DAS INDÚSTRIAS
  • 7 ALGUMAS INDÚSTRIAS ESPECÍFICAS
  • 7.1. INDÚSTRIAS TÊXTEIS
  • 7 2. INDUSTRIAS DE CHAPÉUS
  • 7.3.INDUSTRIAS DE CALÇADOS
  • 7.4.INDUSTRIAS METAL-MECÂNICAS
  • 7.5.INDUSTRIAS DE CIMENTO
  • 7.6.INDUSTRIAS SIDERÚRGICAS
  • 8 CONCLUSÃO
    • REFERENCIAS - PRIMEIRAS LINHAS EM 1824 A
    • Anos Região Cafeeira
      • 1854 14,5 1 14, Brasil (Km)
      • 1859 77,9 109,
      • 1864 163,2 411,
      • 1869 450,4 713,
      • 1874 1.053,1 1.357,
      • 1879 2.395,9 2.895,
      • 1884 3.830,1 6.324,
    • 1889 5.590,3 9.076,
    • 1894 7.676,6 12.474,
    • 1899 8.713,9 13.980,
    • 1904 10.212,0 16.023,
    • 1906 11.281,3 17.340,
    • 1910 - 21.466,
    • 1915 - 26.646,
    • 1920 - 28.556,
    • 1925 - 32.000,
    • 1929 18.326,1 32.000,
  • Fonte: Silva S., 1986 p.

4. A ECONOMIA CAFEEIRA NO INICIO DO SÉCULO XX

No início do século XX a economia cafeeira continua basicamente a mesma do século anterior, ou seja, uma economia agrícola. Contudo o crescimento é maior e, portanto, mais pessoas e capitais são empregados nesta economia. O café tornou-se o mais importante produto da economia agrícola exportadora da época, dominando 70% da produção; sendo que o estado de São Paulo era o maior produtor. Todos os demais setores econômicos giravam ao seu redor. E o progresso brasileiro iniciou-se com franjas produtivas ao redor das fazendas de café. O país era o maior exportador de café mundial, e o seu maior mercado consumidor eram os Estados Unidos e a Europa. "O progresso quantitativo da cultura cafeeira no Brasil não foi, contudo, acompanhado de igual processo qualitativo" (PRADO, 1982 p. 155). Nas ocupações de terras mais antigas, começam a refletir aspectos de decadência dos cafezais, como enfatiza PRADO (1982, p. 154):

A decadência da lavoura cafeeira, já iniciada aí no Império, chegará em boa parte das regiões à sua consumação final. Somente as ruínas de velhas mansões senhoriais, antigas residências de opulentos fazendeiros, denotam nela a rápida passagem da riqueza do café; as plantações desapareceram e em seu lugar não encontramos outra coisa que uns pobres pastos que alimentam um gado miserável e ralo. O que sobra de café são apenas culturas decadentes e esparsas, em processo contínuo de aniquilamento.

A solução seria então encontrar terras virgens e bom clima que fossem capazes de produzirem a mesma quantidade de café que antes. Visto que o Brasil era abundante em terras, este não seria considerado um problema. O café adquiriu alto valor de mercado interno e externo, proporcionando riqueza e progresso para o país. Seu crescimento foi rápido e intenso, trazendo benefícios para o Brasil de diversas formas. Uma delas a o surgimento da dominação das relações capitalistas a qual substitui as formas primitivas de produção agrícola e a subsistência. O café possibilitou acumulação de capital, determinando uma grande capacidade para importar diversos produtos. Esta capacidade atendia a demanda dos capitalistas, suas necessidades de bens de capital e insumos para o desenvolvimento do país. Com

crise, onde os preços caíram a um nível abaixo do custo de produção, e as lavouras perderam muito com isso. Cientes desta realidade os produtores, cujo poder político e financeiro fora amplamente acrescido com a descentralização política, sendo que vários cafeicultores tornaram-se governadores e até presidentes da República, celebraram, em fevereiro de 1906 , na cidade paulista de Taubaté, convênio visando à valorização dos preços. Foram feitas intervenções no mercado por grupos financeiros para compra de parte da produção, porém encontraram dificuldades para obter os recursos necessários, tendo mais tarde que se aliarem a outros grupos para formar uma corrente mais forte. Esta é uma fase de valorização do café de grande importância para o país. A segunda valorização do café acontece no período da primeira Guerra Mundial (1914-1918), como diz PRADO (1982, p. 161):

Quando a desorganização do comércio internacional e a retração dos mercados consumidores determinarão nova queda de preços e redução das exportações brasileiras. Desta vez a solução final virá com uma grande geada que em 1918 devasta os cafezais paulistas, reduzindo a produção de vários anos consecutivos e refazendo assim o equilíbrio.

Com o término da Primeira Guerra Mundial o preço do café volta ao normal e o seu consumo continua a se expandir. Iniciou-se também em larga escala o acesso ao crédito para vários produtores, o qual destinava-se a obter recursos para o escoamento da produção. Portanto a situação da lavoura cafeeira estava bem, com altas margens de lucros. "O desenlace fatal virá com o craque da Bolsa de Nova Iorque, em outubro de 1929. O curso do café não resistirá ao abalo sofrido em todo o mundo financeiro, e declinará bruscamente de 30%" (PRADO, 1982 p.163). Este dia ficou conhecido como a "quinta-feira negra", a qual levou à queda os preços das ações, crises bancárias e uma onda de falências, acompanhadas de um pânico geral. A depressão que afetou a economia mundial entre 1929 e a maior parte da década de 1930 foi a mais longa e profunda recessão econômica já experimentada pela economia mundial. No Brasil, a repercussão da crise se deu devido à economia possuir característica agro exportadora, que foi altamente afetada pela retração nos investimentos estrangeiros e a redução das exportações, principalmente do café.

Além dessas conseqüências a crise trouxe a economia brasileira, fatores positivos, como explicam, GREMAUD, VALSCONCELLOS e TONETTO (2002, p. 354):

A crise dos anos 30 foi um momento de ruptura no desenvolvimento econômico brasileiro. A fragilização do modelo agroexportador trouxe à tona a consciência sobre a necessidade da industrialização como forma de superar os constrangimentos externos e o subdesenvolvimento. Não foi o início da industrialização brasileira (esta já havia iniciado no final do século XIX), mas o momento em que a industrialização passou a ser meta prioritária da política econômica.

6. INÍCIO DA INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

Para que fosse possível o desenvolvimento da indústria brasileira, era necessário que uma grande alteração política fosse elaborada. Era preciso descentralizar a Velha República e centralizar o poder nas mãos do governo federal. Esta foi uma das conseqüências da revolução de 1930, o fortalecimento do Estado Nacional, com a ascensão de novas classes econômicas no poder, com objetivo de industrializar o país. A industrialização brasileira teve seu início no final do século XIX, porém as indústrias existentes neste período eram rudimentares, pequenas, atendendo somente o mercado interno consumidor. Estas indústrias não recebiam proteção, tão pouco auxílio do governo. Somente a indústria do açúcar beneficiou-se da ajuda do governo, com matéria prima local, máquinas e equipamentos. Neste período também não ocorreram investimentos estrangeiros, e o capital industrial, partira da economia agro- exportadora. Os trabalhadores destas indústrias não eram ex-escravos, mas trabalhadores livres, que ganhavam salários muito baixos. A principal indústria que surgiu no final do século XIX foi à indústria têxtil, a qual beneficiou-se da enorme produção de algodão. Foi o capital cafeeiro o responsável pela primeira expansão industrial, seja direta ou indiretamente. Uma grande industria a surgir nesta etapa foi á manufatureira. Nos setores de bens de consumo é que se concentra o maior valor da produção industrial. As indústrias que surgiram após a Primeira Guerra Mundial, iniciaram o processo de introdução do capital industrial para um crescimento do PIB, e acumulação