







Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Este texto apresenta noções de filosofia da educação e sua importância para a formação e prática do educador. O Mito da Caverna é relacionado aos desafios da educação e questões filosóficas da atualidade que fazem parte do cotidiano das escolas. A filosofia da educação no Brasil é discutida, desde sua origem com os jesuítas até sua contribuição para a formação de professores críticos e autônomos. O papel do professor na ligação entre teoria e prática é destacado. O texto convida à reflexão sobre a importância da filosofia na educação.
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
1 / 13
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Noções de filosofia da educação: o Mito da Caverna Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar questões filosóficas da atualidade que fazem parte do cotidiano das escolas. Reconhecer a importância da filosofia da educação para a formação e para a prática do educador. Relacionar o Mito da Caverna com os desafios da educação. Introdução Neste capítulo, você vai estudar algumas questões filosóficas que per- meiam o cotidiano das escolas. Com isso, você vai perceber o quanto a filosofia faz parte do seu dia a dia, mesmo que você não se dê conta. Além disso, você vai notar como a filosofia da educação é necessária para a formação dos professores, bem como a importância dessa reflexão na sua prática enquanto docente. Mais adiante, o Mito da Caverna vai convidar você a refletir sobre as “prisões” e sobre o quanto uma única fonte de informação, um único ângulo da realidade, pode torná-lo refém e impedi-lo de conhecer novas versões e pontos de vista sobre o mundo. Século XXI e o cotidiano da escola: questões filosóficas Cada vez mais a humanidade vive e sobrevive de forma globalizada. Aconte- cimentos de qualquer espécie ocorridos no Oriente interferem no Ocidente e vice-versa. Dessa forma, a escola não poderia passar ilesa. Muitas questões filosóficas interferem em seu modo de ser e agir enquanto instituição de ensino. Além disso, as relações entre os alunos, os professores e a comunidade escolar são regidas por influências do meio no qual eles estão inseridos.
fundamentos e valores do passado nem tolerável seguir vivendo na instabi- lidade, torna-se premente encontrar novas formas de legitimação. Essa é a tarefa que a Filosofia e, no contexto da educação, a Filosofia da Educação pode e deve assumir (GOERGEN, 2006, p. 591). Vem daí a necessidade de discutir esses e outros aspectos em sala de aula, com os alunos, colegas professores, direção escolar. Tais questões já estão instauradas e, como você acabou de ver, não é possível voltar no tempo e tampouco ignorar tais fatos, já que eles provocam uma mudança nos hábitos, como ocorre no caso das tecnologias e das redes sociais digitais. Como fechar os olhos para o fato de que um aluno está postando toda a sua rotina nas redes sociais digitais e pode ter sua vida íntima “invadida” e exposta, sem sua permissão, para outros colegas e até mesmo para pessoas desconhecidas? Em vez de você questionar de quem é a responsabilidade em relação aos jovens (até mesmo crianças), o debate deveria girar em torno do que fazer para evitar esse tipo de acontecimento. E, ainda, de que forma a escola e os professores podem preparar os alunos para agir e reagir diante dessas e de tantas outras situações da vida cotidiana? A Figura 1 remete a uma reflexão acerca desse novo comportamento rela- cionado ao uso das redes sociais digitais e às questões filosóficas, já destacadas anteriormente, resultantes desses novos hábitos. A partir da figura, você pode refletir sobre o quanto está refém e prisioneiro dessa tecnologia que veio para trazer benefícios, mas que abre o debate para novas questões importantes, que envolvem toda a comunidade escolar. Figura 1. O comportamento humano em relação às redes sociais. Fonte: Iconic Bestiary/Shutterstock.com.
A ética é a arte da convivência: esse é o tema da palestra do professor Clóvis de Barros Filho no TEDxSãoPaulo. Essa palestra é uma oportunidade para você compreender um pouco mais sobre ética e refletir acerca do assunto. Assista ao vídeo acessando o link ou código a seguir. https://goo.gl/NB9GeU A filosofia da educação inspirando a formação e a prática docente Quando se pensa em filosofia, logo vêm à mente nomes como Platão, Sócrates, Aristóteles e tantos outros pensadores importantes da área. Mas e a filosofia da educação? Com qual objetivo surgiu e, nos dias atuais, como pode contribuir para a formação dos professores? A filosofia da educação no Brasil surgiu com a chegada dos jesuítas (MAURANO; HENNING, 2013) e, conforme aponta Severino (2000, p. 273): “[...] a formação dos educadores bem como de seus educandos confundia-se com sua formação religiosa”. Assim, a filosofia da educação no Brasil assumiu um cunho muito mais ideológico, fugindo da essência da filosofia e da educação que visam, juntas, promover uma análise reflexiva em relação à vida e às suas diferentes situações. Maurano e Henning (2013, p. 8.265) consideram que a filosofia da educação, quando surgiu, não cumpria com seu principal papel, uma vez que: [...] o seu surgimento não ocorreu sob o pensamento crítico, questionador, exigente, mas sim sob um pensamento que só perpetuava a situação vigente, o poder da Igreja. A disciplina era desenvolvida simplesmente como elemento de ensino, não promovendo questionamentos sobre si mesma e sobre os fins da Educação “brasileira”. Nesse sentido, você pode considerar que a essência da filosofia não estava sendo contemplada, tampouco a da filosofia da educação, pois esta consiste em promover uma visão crítica da realidade. Por isso a filosofia da educação é tão importante na formação dos professores: ela contribui
Por esse motivo, ela passa a ser tratada como uma questão filosófica. Assim, alguns questionamentos resultam desse olhar, por exemplo, o ser humano é educável? Num primeiro momento, sua resposta será imediatamente sim, pois essa questão soa como obviedade. Mas obviedade não existe na filosofia. Nesse sentido, então, você deve ir em busca de uma resposta. Se responder que sim, então afirma que o ser humano é, sim, passível de ser educado. Assim, ao conceber o ser humano como educável, você pode perceber que ele não nasce pronto, que precisa ser desenvolvido e que o que pode proporcionar isso é a educação, por meio dos professores. “Só sei que nada sei”: essa é uma frase célebre de um grande nome da filosofia. Ela foi dita por Sócrates. O pensamento do filósofo grego Sócrates, que viveu entre 469 e 399 a.C., marca uma reviravolta na história humana. Antes de Sócrates, a filosofia tentava explicar o mundo baseada na observação das forças da natureza. A partir dele, o ser humano voltou-se para si mesmo, concentrando a filosofia no homem e em sua alma. Sócrates tinha a preocupação de levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem. Vem daí a importância de você conhecer mais sobre esse grande pensador. Assim, pode compreender como melhorar seu entendimento da prática docente. A frase “Só sei que nada sei” tem muito significado para os professores. Afinal, eles têm o papel de atuar como mediadores em sala de aula, na posição daquele que não sabe tudo e que está disposto a dividir o pouco que sabe com seus alunos. Saiba mais sobre quem foi Sócrates e conheça a origem dessa e de outras frases no link a seguir. https://goo.gl/h1UBhS Desafios da educação: do Mito da Caverna à atualidade Ao estudar filosofia, mesmo em uma disciplina isolada, o Mito da Caverna de Platão estará presente, pois se trata de um clássico da filosofia. Além disso, Platão geralmente é um dos primeiros filósofos a ser estudado, uma vez que é indiscutivelmente reconhecido como um dos maiores pensadores da filosofia. Você pode considerar o Mito da Caverna uma importante passagem para o
surgimento da filosofia. Ele também é chamado de “alegoria da caverna” e é parte integrante do Livro VII de A República , de Platão. Aranha e Martins (1997) contam que o mito é um diálogo apresentado por Platão, com falas de Sócrates na primeira pessoa e dois interlocutores, Glauco e Adimanto, irmãos mais novos de Platão. A descrição feita por Platão (1993) apresenta uma imagem (veja a Figura 2) de muitos homens em uma caverna. Esses homens, na verdade, se encontram aprisionados na caverna. Desde seu nascimento eles foram acorrentados no interior dela, podendo olhar apenas para uma parede iluminada por uma fogueira. A fogueira, conforme a descrição, é utilizada para iluminar uma espécie de cenário. Esse cenário representa o cotidiano, com alguns seres vivos (homens, plantas, animais, etc.) que estão dispostos de forma a representar uma espécie de rotina, o dia a dia de uma vida corriqueira. Aos prisioneiros é permitido ver apenas a imagem projetada na parede por meio da luz da fogueira que reflete o cenário. Ao visualizarem as sombras, eles pensam que essas sombras são os seres vivos, pois desconhecem o cenário existente na caverna. O tempo vai passando e esses homens vão dando nomes a essas sombras (assim como se faz nos dias de hoje com os objetos e seres novos que são descobertos). Além disso, eles vão registrando a regularidade das aparições dessas sombras. Os prisioneiros criam inclusive campeonatos para ver quem acerta os nomes e a regularidade das aparições, como uma forma de se divertirem. Ainda na descrição de Platão (1993), um dos prisioneiros, certo dia, é forçado a sair das amarras e vasculhar o interior da caverna. Assim que se depara com a fogueira e o cenário, ele percebe que o que permitia a visão era a fogueira. Também se dá conta de que as imagens, que para os prisioneiros pareciam seres reais, não passavam das sombras que o fogo criava ao ser projetado no cenário. O que era real eram as estátuas, e não as sombras. O prisioneiro se dá conta de que passou a vida inteira julgando apenas sombras e ilusões, desconhecendo a verdade, isto é, estando afastado da verdadeira realidade. Assim, ele é arrastado para fora da caverna e, quando sai, a luz do sol ofusca sua visão imediatamente. Por isso, é necessário certo tempo para que ele se habitue a essa nova realidade, podendo assim voltar a enxergar as maravilhas fora da caverna. Ele percebe então que os seres que eles consideravam vivos possuíam outras características e qualidades que as sombras não mostravam. Além disso, percebe que o Sol é a fonte da luz que o faz ver o real, bem como é dessa fonte que provém toda existência.
uma prisão, mas não necessariamente uma prisão formal, como as que você conhece. Enquanto professor, você pode considerar que na caverna podem estar aprisionados os desejos que os professores têm de uma educação de qualidade, com condições melhores para todos os envolvidos no contexto educacional. O prisioneiro que fugiu pode ser um professor que iniciou sua prática docente decidido a fazer a diferença e, ao tentar pequenas mudanças, percebe que é possível. Imediatamente quer compartilhar com seus colegas, mas eles, já cansados dos desafios e da árdua caminhada, o consideram louco. O sistema educacional brasileiro, suas condições de trabalho e remuneração podem ser a caverna. Mesmo que muitos professores tenham o desejo de tentar o novo, assim como o prisioneiro que conseguiu sair, ao voltarem para contar que é possível, são mortos por esse sistema, que é mais forte do que o desejo de mudança. Além disso, a televisão e as redes sociais digitais também podem ser uma caverna e aprisionar as pessoas, mostrando apenas um ângulo das situações. Quem não consegue se desprender das amarras passa a considerar esse único ângulo que conhece como uma verdade absoluta, e o que for diferente dessa sombra projetada passa a ser visto como loucura ou devaneio. Porém, seu papel enquanto professor é o de lutar contra as amarras, sejam elas representadas por seus medos, seus preconceitos em relação ao próximo ou a conceitos que você forma da realidade. Essas amarras também podem ser representadas pelas incertezas da trajetória profissional e pelas dificuldades relacionadas à infraestrutura e à remuneração da carreira docente. Você precisa se des- prender e, ao encarar esse novo, a luz que ofusca seu olhar, enfrentá-lo e descobrir um novo mundo, de grandes descobertas e diferentes ângulos, capaz de transformar vidas. O Mito da Caverna de Platão propõe (de forma provocativa) uma reflexão acerca da libertação. As correntes, as sombras, a prisão e a falta de luz podem ser vistas como a comodidade, a preguiça ou o medo que as pessoas têm de sair da zona de conforto e tentar algo novo, seja na área que for das suas vidas. Esses sentimentos, de forma metafórica, estão presentes no Mito da Caverna. Além deles, você também pode se deparar com a enganação, que impossibilita os prisioneiros de saírem daquela falta de movimento. Mas, de repente, um deles consegue soltar-se, sair da caverna e ver como o mundo é, sem desvios e de forma consciente, livre e racional. A partir daí, pode comparar as di- ferentes realidades e fazer suas escolhas. Dessa forma, você pode perceber que o Mito da Caverna possibilita diversas interpretações muito atuais para o mundo contemporâneo.
ARANHA, M. L. A. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1997. CHAUÍ, M. S. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2004. DEWEY, J. Democracia e educação: introdução à filosofia da educação. 4. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1979. (Atualidades Pedagógicas, v. 21). GOERGEN, P. Questões im-pertinentes para a filosofia da educação. Educação e Pes- quisa, v. 32, n. 3, p. 589-606, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/ ep/v32n3/a11v32n3.pdf>. Acesso em: 9 maio 2018. MAURANO, L. M. S.; HENNING, L. M. P. A origem da filosofia da educação brasileira está atrelada à preocupação com a formação de professores? In: SEMINÁRIO INTER- NACIONAL DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, SUBJETIVIDADE E EDUCAÇÃO, 2., 2013, Curitiba. Anais... Curitiba: PUCPR, 2013. p. 8252-8268. Disponível em: <http://educere. bruc.com.br/arquivo/pdf2013/8687_6486.pdf> Acesso em: 9 maio 2018. OLIVEIRA, C. Prisioneiros da caverna. [2018?]. Disponível em: <http://www.astropt. org/2018/03/05/prisioneiros-da-caverna/>. Acesso em: 9 maio 2018. PLATÃO. A República. 7. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993 SEVERINO, A. J. Filosofia da educação: construindo a cidadania. São Paulo: FTD, 1994. TREVISAN, A. L. Filosofia da educação e formação de professores no velho dilema entre teoria e prática. Educar em Revista, n. 42, p. 195-212, 2011. Disponível em: <http:// www.redalyc.org/articulo.oa?id=155022262013>. Acesso em: 9 maio 2018.
BARROS FILHO, C. A ética é a arte da convivência. Youtube, 3 jan. 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6JLIXd6db-4 Acesso em: 9 maio 2018. DEMO, P. Ironias da educação: mudanças e contos sobre mudança. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. SUPER INTERESSANTE. “Só sei que nada sei”, Sócrates. 2016. Disponível em: <https:// super.abril.com.br/ideias/so-sei-que-nada-sei-socrates/>. Acesso em: 9 maio 2018.