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9. SISTEMA NERVOSO
Divisões do Sistema Nervoso: O sistema nervoso central (SNC) está localizado dentro do esqueleto axial (cavidade craniana e canal vertebral); O s istema nervoso periférico (SNP) está fora da cavidade craniana, estende-se por toda a periferia corporal;
- Essa distinção não é perfeitamente exata, pois, para se conectarem ao SNC, os nervos e as raízes nervosas penetram no crânio e no canal vertebral. Além disso, alguns gânglios (conjunto de corpos celulares, localizado fora do SNC) estão localizados dentro do esqueleto axial O encéfalo é a parte do SNC que fica dentro do crânio; A medula se localiza dentro do canal vertebral.
9.1. Sistema Nervoso Central 9.1.1. Encéfalo Divisão:
- Cérebro: Porção mais desenvolvida e mais importante do encéfalo, ocupa 80% da cavidade craniana, possui dois componentes:
- Telencéfalo: É formado por dois hemisférios cerebrais direito e esquerdo, que são unidos pelo corpo caloso. Cada hemisfério possui 4 lobos cerebrais: . Lobo frontal: Responsável pelo processamento de atividades intelectuais de aprendizagem e as atividades motoras finas e precisas, também influencia o estado de alerta e a integração do animal com o meio ambiente; . Lobo temporal: Responsável por processar a informação auditiva. Parte deste lobo constitui o sistema límbico responsável por muitas emoções e comportamentos inatos de sobrevivência, como proteção, reações maternais e sexuais. A área piriforme é responsável pela agressividade e a amidala pelo medo;
manutenção do sono e vigília. Além de seguirem suas vias específicas o s impulsos sensoriais que chegam ao SNC pelos nervos espinhais e cranianos também passam pela formação reticular e ativam o SARA, assim quando o SARA é estimulado por meio das vias visual, auditiva, dolorosa e tátil, ele mantém o animal em estado de alerta, por outro lado quando o animal não recebe ou não processa esses impulsos, o animal dorme. Lesões mesencefálicas podem provocar níveis alterados de consciência (ex. coma). → Núcleo de Edinger-Westphal: Responsável pela inervação parassimpática do globo ocular a partir do nervo oculomotor; → Núcleo Rubro: Participa do controle da motricidade somática, recebe fibras do cerebelo e de áreas motoras do córtex cerebral e origina o trato rubroespinhal, o principal trato motor voluntario nos animais. → Possui os III e IV pares de nervos cranianos;
. Bulbo: Possui i núcleo dos nervos abducente, facial e vestibulococlear (VI, VII e VIII pares) na porção rostral, na junção com a ponte. Os nervos glossofaríngeo, vago, acessório e hipoglosso (IX, X, XI e XII pares) estão na porção caudal. Possui centros vitais como o centro respiratório, centro vasomotor e o centro do vômito. É responsável por controlar o ritmo respiratório, cardíaco e pressão arterial. Lesões nesta região podem ser extremamente perigosas; . Ponte: Contém o nervo trigêmeo V par. Possui os núcleos vestibulares, que estão localizados no assoalho do IV ventrículo e recebem impulsos nervosos originados da parte vestibular da orelha interna a partir do nervo vestibulococlear, que informam a posição e os movimentos da cabeça. Possui ainda as fibras provenientes do cerebelo responsáveis pela manutenção e equilíbrio. Possui também o trato vestíbuloespinhal cujas fibras levam impulsos aos neurônios motores da medula e são importantes para a manutenção do equilíbrio; e o fascículo longitudinal medial, que está envolvido em reflexos que possibilitam que os olhos se ajustem aos movimentos da cabeça, é importante para a realização de reflexos que coordenam os movimentos da cabeça com os olhos; 9.1.2. Medula Espinhal Medula significa miolo, e indica o que está dentro; A medula espinhal é uma massa cilndróide de tecido nervoso, localizada dentro do canal vertebral, sem ocupa-lo totalmente;
A medula espinhal é dividida morfológica e funcionalmente em 5 regiões:
- Região cervical: Entre C1 a C5;
- Região cervicotorácica: C6 a T2;
- Região toracolombar: T3 a L3;
- Região lombossacral: L4 a S2;
- Região sacrococcígea: S3. Essa divisão corresponde a segmentos medulares e não às vértebras propriamente ditas, o tamanho do segmento medular e a vértebra correspondente não são iguais em toda a medula espinhal; No adulto, a medula não ocupa todo o canal vertebral, pois geralmente termina na altura da sexta ou sétima vértebra lombar, nos cães, e, nos felinos na altura da primeira ou segunda vértebra sacral; A medula termina afilando-se para formar um cone, o cone medular, que continua como um delgado filamento meníngeo, o filamento terminal. Abaixo desse nível, o canal vertebral contém apenas as meninges e as raízes nervosas dos últimos nervos espinais que, dispostas em torno do cone medular e filamento terminal, constituem, em conjunto, a chamada cauda equina; Portanto, é muito importante para o clínico conhecer a correspondência entre vértebra e medula. Em cães, por exemplo, existem 31 pares de nervos espinais, aos quais correspondem 31 segmentos medulares assim distribuí dos:
- 8 cervicais;
- 13 torácicos;
- 7 lombares;
- 3 sacrais.
9.1.3. Tratos Motores São divididos em dois grupos:
- Flexores: Responsáveis pelo movimento voluntário;
- Extensores: Responsáveis pela postura e sustentação do corpo; O cerebelo modula a atividade dos sistemas flexores e extensores e produz flexão e extensão suaves e coordenadas; Mudança na consideração da classificação:
- Antigamente: A motricidade somática era dividida em dois grandes sistemas:
- Piramidal: Possui os tratos corticoespinhal e corticonuclear - Único responsavel pelos movimentos voluntários;
- Extrapiramidal: Compreende todas as demais estruturas e vias motoras somáticas - É responsável por movimentos automáticos, regulação do tônus e postura
- núcleos do corpo estriado, em humanos, por muitos considerado o sistema extrapiramidal propriamente dito, exerciam sua in fluên cia sobre os neurônios motores pelo trato corticoespinal, ou seja, por meio do próprio sistema piramidal.
- O mesmo raciocínio pode ser feito com relação ao cerebelo, frequentemente incluí do no sistema extrapiramidal, cuja in fluên cia sobre o neurônio motor em grande parte ocorre por meio do trato corticoespinal.
- Dados mais recentes, evidenciando que o chamado sistema extrapiramidal também controla os movimentos voluntários, vieram a mostrar que a conceituação de dois sistemas independentes, piramidal e extrapiramidal, não pode mais ser aceita;
- Utiliza-se os termos piramidal e extrapiramidal para indicar, respectivamente, as vias motoras que passam ou não pelas pirâmides bulbares em seu trajeto até a medula;
- Assim a nova consideração para a classificação inclui:
- Vias Piramidais: Possuem os tratos cortico espinhal e seu correspondente no tronco encefálico o corticonuclear;
- Vias Extrapiramidais: Possui os tratos: rubroespinhal, tetoespinhal, vestibuloespinhal e reticuloespinhal. Trato Rubroespinhal:
- Função: É o mais importante trato motor voluntário ou de atividade muscular flexora em animais. Em cães e gatos, lesões mesencefálicas ou mais caudais podem causar paresia ou paralisia de membros;
- Localização: Inicia-se no mesencéfalo, cruza para o lado oposto e descende pelo tronco para a medula espinhal;
- Aplicação Clínica: Em compressões medulares externas progressivas, observa-se, inicialmente, incoordenação motora e, depois, paresia ou paralisia de membros; Trato Corticoespinhal:
- Localização: Origina-se na área motora do lobo frontal, descende pela cápsula interna e tronco cerebral, cruza para o lado oposto no bulbo caudal (decussação das pirâmides) e desce na medula espinal, próximo ao trato rubroespinal;
- Função: Atua na movimentação voluntária e flexora;
- Aplicação Clínica: Em compressões medulares, os dois tratos costumam ser afetados. Em animais, observa-se fraqueza discreta, mas transitória, e ocorrem distúrbios contralaterais de salto e posicionamento; Tratos vestibuloespinhais:
- A dura-máter encefálica difere da dura-máter espinal, por ser formada por dois folhetos, o externo e o interno, dos quais apenas o interno continua com a dura-máter espinal;
. O folheto externo se adere intimamente aos ossos do crânio e comporta-se como um periósteo desses ossos. No entanto, diferentemente do periósteo de outras áreas, o folheto externo da dura-máter não tem capacidade osteo gênica, o que dificulta a consolidação de fraturas no crânio. Essa peculiaridade, contudo, é vantajosa, pois a formação de um calo ósseo na superfície interna dos ossos do crânio pode constituir um fator de irritação do tecido nervoso;
- Em algumas áreas, os dois folhetos da dura-máter do encéfalo separam-se, delimitando cavidades revestidas de endotélio e que contêm sangue, constituindo os seios da dura-máter ;
- O sangue proveniente das veias do encéfalo é drenado para os seios da dura-máter e, destes, para as veias jugulares internas;
- A dura-máter espinal envolve toda a medula, como se fosse um dedo de luva; cranialmente, a dura-máter espinal continua com a dura-máter craniana e, caudalmente, termina em um fundo de saco, o saco dural.
- Membrana muito delicada, justaposta à dura-máter, da qual se separa por um espaço virtual, o espaço subdural , contendo pequena quantidade de líquido necessário à lubrificação das superfícies de contato das duas membranas;
- A aracnoide separa-se da pia-máter pelo espaço subaracnoide , que contém o líquido cefalorraquidiano, ou liquor;
- A aracnoide justapõe-se à dura-máter e ambas acompanham grosseiramente a superfície do encéfalo. A pia-máter, no entanto, adere-se intimamente a essa superfície, acompanhando todos os giros, sulcos e depressões. Desse modo, a distância entre as duas membranas (ou seja, a profundidade do espaço subaracnoide) é variável, formando, em alguns locais, dilatações denominadas cisternas aracnoides , as quais contêm grande quantidade de liquor;
- A maior e mais importante cisterna é a cisterna cerebelomedular ou magna , que con ti nua caudalmente com o espaço subaracnoide da medula e liga-se ao IV ventrículo pela sua abertura mediana. Por meio de uma punção suboccipital, é possível realizar a coleta de liquor da cisterna magna;
- Em alguns pontos, a aracnoide forma pequenos tufos que penetram no interior dos seios da dura-máter, constituindo as granulações aracnoides , por meio das quais o liquor é absorvido e chega ao sangue;
- Pia-máter: é a mais interna das meninges e dá resistência aos órgãos nervosos, pois o tecido nervoso é de consistência muito mole; além disso, acompanha os vasos que penetram no tecido nervoso a partir do espaço subaracnoide, formando a parede externa dos espaços perivasculares. Nesses espaços, há um prolongamento do espaço subaracnoide, contendo liquor, que forma um manguito protetor em torno dos vasos, importante para amortecer o efeito da pulsação das artérias sobre o tecido circunvizinho. Quando a medula termina no cone medular, a pia-máter continua caudalmente, formando um filamento esbranquiçado, denominado filamento terminal ; Portanto, com relação às meninges, existem três cavidades ou espaços denominados epidural, subdural e subaracnoide ;
- Espaço epidural: Localiza-se entre a dura-máter e o periósteo do canal vertebral;
- Espaço subdural: Localizado entre a dura-máter e a aracnoide, é uma fenda estreita, contendo uma pequena quantidade de líquido, suficiente apenas para evitar a aderência das paredes;
- Espaço subaracnoide: É o mais importante e contém o líquido cefalorraquidiano ou liquor , um fluido aquoso e incolor que ocupa, além do espaço subaracnoide, as cavidades ven tricu lares. 9.1.6. Líquido Cefalorraquidiano Funções:
- Proteção mecânica do SNC, formando um verdadeiro coxim líquido entre este e o estojo ósseo;
- Contribui para a proteção biológica do SNC contra agentes infecciosos, possibilitando a distribuição mais ou menos homogênea de elementos de defesa, como leucócitos e anticorpos;
- Agente de troca de metabólitos entre o sangue e o cérebro, ajudando na nutrição cerebral durante o período embrionário e servindo para transferir produtos residuais do metabolismo do cérebro para a circulação;
- Função compensatória de regulação do volume intracraniano;
9.2. Sistema Nervoso Periférico Embora denominado periférico, possui elementos na medula e no encéfalo; Contém fibras nervosas que unem o SNC aos órgãos efetores e/ou receptores situados na periferia; De acordo com o tipo de neurônio envolvido, são denominados de efetores ou sensitivos; Neurônios efetores dividem-se, de acordo com a sua função, em neurônios motores e autônomos, estes conduzem os estímulos centrais para a periferia; O SNP inclui, portanto, os 12 pares de nervos cranianos e os 36 pares de nervos espinhais. 9.2.1. Neurônios Sensitivos e Motores
O neurônio é a célula mais importante do sistema nervoso, pois possui capacidade de excitação (polarização e despolarização), é responsável por todo o início e manutenção da atividade neurológica; Os neurônios são funcionalmente divididos em sensitivos e motores; Neurônios motores: São responsáveis pelo início e pela manutenção da atividade motora, sendo possível dividi-los em neurônios motores superiores (NMS) e neurônios motores inferiores (NMI); Arco Reflexos: Decorre da associação entre neurônios sensitivos e neurônios motores;
- Reflexos são respostas biológicas normais, espontâneas e praticamente invariáveis, sendo úteis ao organismo;
- O arco reflexo é uma resposta básica após a realização de um estímulo, e é por meio de suas várias modalidades (reflexos espinais, reflexos dos nervos cranianos) que parte do exame neurológico será realizada; trata-se de uma resposta motora involuntária (sem supervisão direta de estruturas ligadas à consciência) a um estímulo aplicado a determinada estrutura;
- Basicamente, três neurônios (em alguns arcos reflexos mais estruturas podem estar envolvidas) são responsáveis pela efetuação de um arco reflexo;
- Primeiramente, um neurônio sensitivo (aferente) irá captar a informação sensorial e conduzi-la até a medula ou tronco encefálico (dependendo se será um arco reflexo mediado por um nervo espinal ou craniano, respectivamente);
- Depois, fará a conexão com um interneurônio que será responsável pela transmissão dessa informação para um neurônio motor (eferente), o qual, por sua vez, efetuará a estimulação de um músculo;
- Vários reflexos podem ser utilizados para avaliação neurológica, tais como os reflexos patelar, palpebral e pupilar;
- A ocorrência de reflexos espinais depende da integridade de músculos, de seus nervos periféricos e dos respectivos segmentos medulares; Neurônio motor superior: Tem seu corpo celular na substância cinzenta do córtex cerebral, nos núcleos da base ou em núcleos do tronco encefálico. Seu axônio termina em interneurônios que fazem sinapse com o neurônio motor inferior.
- O NMS é o responsável pelo início dos movimentos voluntários, manutenção do tônus muscular e regulação da postura;
- O neurônio motor superior exerce influência inibitória ou moduladora sobre o inferior e, por isso, ao ser lesado, ocorre aumento do tônus (como tônus, entende-se a contração muscular residual existente nos músculos) e dos reflexos, demonstrando hiperatividade do NMI. Também ocorre paresia (perda parcial da atividade motora) ou paralisia (perda total da atividade motora), visto que as informações produzidas nos núcleos motores (corpos celulares dos NMS) não chegam aos músculos. Nesses casos, as paresias geralmente são espásticas e com hiper-reflexia (sendo necessário considerar o tempo decorrido após a lesão, visto que a espasticidade diminui com o tempo). Neurônio motor inferior: É um neurônio eferente que liga o SNC ao órgão efetor, como um músculo ou uma glândula;
- Seu corpo celular é localizado em núcleos encefálicos (núcleos dos NMI dos nervos cranianos) ou na substância cinzenta da medula espinal, e seus axônios deixam a medula pelas raízes nervosas ventrais, em dois pontos da medula espinal, de C6-T2 e de L4-S3, nos chamados plexos braquial e lombossacral,
VIII Par – Nervo Vestibulococlear: Trata-se de um nervo sensitivo, composto de uma porção vestibular e uma coclear que, embora unidas em um tronco comum, têm origem, funções e conexões centrais diferentes. A parte vestibular conduz impulsos nervosos relacionados com o equilíbrio, originados em receptores da porção vestibular da orelha interna. A parte coclear é constituída de fibras que conduzem impulsos nervosos relacionados com a audição. IX Par – Nervo Glossofaríngeo: Trata-se de um nervo misto, que inerva músculos da faringe e estruturas palatinas, em conjunto com algumas fibras do nervo vago e que supre a inervação sensitiva para o terço posterior da língua e mucosa faringeana. Este nervo também contém fibras parassimpáticas para as glândulas zigomática e parótida. Os nervos glossofaríngeo, vago e acessório originam-se de um núcleo comum, o núcleo ambíguo, localizado no bulbo. X Par – Nervo Vago: É o maior dos nervos cranianos – é misto e essencialmente visceral; emerge do crânio e percorre o pescoço e o tórax, terminando no abdome. Nesse trajeto, o nervo vago dá origem a numerosos ramos que inervam a laringe e a faringe, controlando também a vocalização e a função laringeana. Sua principal função é fornecer inervação parassimpática para as vísceras torácicas e abdominais, exceto aquelas da região pélvica. XI Par – Nervo Acessório: É formado por uma raiz craniana (bulbar) e uma raiz espinal (originária das raízes ventrais dos segmentos cervicais de C1-C5). Fibras da raiz craniana unem-se ao nervo vago e distribuem-se com ele, inervando músculos da laringe. Fibras da raiz espinal inervam os músculos trapézio e parte dos músculos esternocefálico e braquiocefálico. Esses músculos sustentam o pescoço lateralmente e participam dos movimentos dos ombros e parte superior dos membros torácicos. XII Par – Nervo Hipoglosso: Trata-se de um nervo motor, apresenta seu núcleo localizado no bulbo e inerva músculos extrínsecos e intrínsecos da língua.
9.2.3. Nervos Espinhais As raízes dorsais da medula espinal são compostas primariamente de neurônios sensitivos. As raízes ventrais da medula espinal são constituí das de axônios de neurônios motores inferiores. As raízes dorsal e ventral unem-se para formar um nervo espinal periférico, o qual contém uma combinação de processos motores e sensitivos. 9.2.4. Inervação da Bexiga Urinária e Ânus Nervo Pélvico:
- Formado por raízes nervosas e pelos segmentos de S1 e S3;
- Função: Transmitir informação sensitiva e inervação motora parassimpática para o músculo detrusor, o músculo liso da parede vesical, transmissão da informação sensitiva e inervação parassimpática para o músculo liso do cólon descendente e reto. Nervo Pudendo:
- Também é formado por raízes nervosas e pelos segmentos de S1 e S3;
- Função: Transmite informação sensitiva ao esfíncter uretral externo, ao esfíncter anal e à região perineal, determinar a inervação motora do esfíncter uretral externo e do músculo estriado do esfíncter anal. Reflexo de Micção:
- A contração reflexa da bexiga é conseguida por meio de uma série de eventos que envolvem os nervos pudendo e pélvico, e segmentos da medula espinal de S1-S3. Quando a bexiga se distende, são estimuladas terminações nervosas aferentes (sensitivas) da parede vesical e do esfíncter uretral externo, transmitindo-se impulsos para os nervos pélvico e pudendo e, por meio desses,
O reflexo de defecação envolve mecanismos parecidos com o de micção. A distensão estimula aferências do reto e do esfíncter anal que, por meio dos nervos pélvico e pudendo, chegam à substância cinzenta de S1-S3. O nervo pélvico estimula a contração do músculo liso do cólon descendente e do reto; o nervo pudendo é inibido, produzindo relaxamento do esfíncter anal, e as fezes são expulsas. 9.3. Exame Neurológico de Pequenos Animais Objetivos:
- Determinar se existe disfunção do sistema nervoso;
- Estabelecer a localização e a extensão do envolvimento neurológico;
- Tentar direcionar o diagnóstico e o prognóstico do animal. 9.3.1. Identificação do Animal Raça: Muitos distúrbios neurológicos possuem predisposição racial;
- Exemplo:
- Epilepsia verdadeira em cães das raças Beagle, Poodle, Pastor-alemão, Setter Irlandês, São-bernardo e Dachshund; hidrocefalia no Chihuahua e neo pla sias cerebrais primárias no Boxer e Boston Terrier;
- De modo geral, cães de raças pequenas tendem a apresentar convulsões generalizadas moderadas, sem perda de consciência;
- No entanto, cães de raças grandes e gigantes geralmente apresentam convulsões mais graves e mais difíceis de controlar. Idade: Em geral, malformações congênitas produzem sinais clínicos em animais com menos de 1 ano de idade;
- Por outro lado, processos neoplásicos são frequentemente observados em cães e gatos com mais de 5 anos;
- Intoxicações, infecções ou traumas não acometem uma idade específica, mas são mais comuns em animais jovens, com tendência a mastigar objetos estranhos, possível vacinação incompleta ou pouca experiência com veículos em movimento;
- Os primeiros episódios da epilepsia hereditária geralmente começam em animais de 6 meses a 5 anos de idade;
- Já doenças degenerativas ocorrem mais frequentemente após os 5 anos de idade. Predisposição Sexual: Poucos distúrbios neurológicos apresentam predisposição sexual
- Os adenocarcinomas mamários podem produzir metástases no SNC em fêmeas e os adenocarcinomas prostáticos também podem provocar metástase no SNC em cães machos; Cor da Pelagem: Em raras ocasiões, os distúrbios neurológicos genéticos podem estar relacionados com a cor da pelagem; contudo, gatos brancos de olhos azuis podem ser surdos. 9.3.2. Anamnese Os sinais clínicos observados em pacientes com lesões ao tecido nervoso refletem o local em que ocorreu a lesão. A maneira como esses sinais começaram e o curso da doença refletem a causa da lesão. Por esse motivo, a anamnese é essencial para a avaliação do paciente, pois requer uma descrição completa do quadro. É importante que se determine como foi o início e a evolução da doença A seguir, a anamnese pode ser conduzida na mesma sequência em que se realiza o exame neurológico;
- Inicialmente, o dono deve ser inquerido sobre o nível de consciência do animal e a ocorrência de mudanças de comportamento, de personalidade ou convulsões;
- Depois, faz-se a avaliação dos nervos cranianos e de locomoção;
- Finalmente, são obtidas informações a respeito dos antecedentes mórbidos, do ambiente onde o animal vive, do manejo do animal e dos tratamentos anteriormente realizados; Mudança de comportamento; Existem muitos antecedentes mórbidos que podem estar relacionados com o quadro neurológico atual;
- Exemplo:
- Queda ou um atropelamento podem provocar traumatismo cranioencefálico com posterior formação de um foco convulsivo;
- Uma cirurgia prévia para retirada de adenocarcinoma mamário pode sugerir a existência de metástase em SNC;
- A descrição do local em que o animal vive é muito importante para que seja possível detectar fontes de substâncias intoxicantes como tintas, inseticidas etc;
- O manejo incorreto do animal pode ser a causa de um problema neurológico (p. ex., intoxicações por banhos carrapaticidas);
- O tipo de dieta também é importante para avaliar possíveis deficiências nutricionais;