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Lesão do Nervo Lingual: Causas, Prevalência e Prevenção, Manuais, Projetos, Pesquisas de Anestesia

Este documento discute as causas mais comuns de lesão do nervo lingual, sua prevalência em cirurgias orais e as técnicas utilizadas para reduzir o risco de danificação. O texto também aborda a relação entre anestesia local e lesão do nervo, as estatísticas de incidência e a importância de proteger o nervo durante procedimentos cirúrgicos.

O que você vai aprender

  • Qual é a relação entre anestesia local e lesão do nervo lingual?
  • Quais são as estatísticas de incidência de lesão do nervo lingual em cirurgias orais?
  • Quais são as técnicas utilizadas para reduzir o risco de danificação do nervo lingual durante cirurgias orais?
  • Quais são as principais causas de lesão do nervo lingual?
  • Qual é a prevalência de lesão do nervo lingual em cirurgias orais?

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Wanderlei
Wanderlei 🇧🇷

4.5

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Rafael Guedes
Universidade Fernando Pessoa
Faculdade de Ciências da Saúde
Porto, 2019
Nervo lingual e lesões em procedimentos cirúrgicos
revisão narrativa
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Rafael Guedes Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Ciências da Saúde Porto, 2019

Nervo lingual e lesões em procedimentos cirúrgicos –

revisão narrativa

Rafael Guedes

Nervo lingual e lesões em procedimentos cirúrgicos –

revisão narrativa

“Trabalho apresentado à Universidade Fernando Pessoa como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Medicina Dentária.” Rafael Fonseca Ribeiro Guedes

I Resumo O nervo lingual é um dos mais importantes nervos da cavidade oral, é ele quem providencia sensação geral à mucosa dos dois terços anteriores da língua, mucosa sublingual do pavimento da boca e da gengiva língual e a ele junta-se o nervo da corda do tímpano que providencia sensação de paladar. O nervo lingual encontra-se entre 2,28 a 16,8 mm abaixo da crista alveolar e 0,57 a 7,10mm mesialmente à tábua óssea lingual. Devido a sua localização anatómica variável torna-se difícil a realização de atos clínicos na zona circundante, zona esta que está sujeita com muita frequência a intervenções cirúrgicas. Sendo as principais causas de lesão as técnicas anestésicas, reabilitações e cirurgias. As diversas causas de lesão têm vindo a ser estudadas de forma a diminuir a probabilidade da sua ocorrência, principalmente no caso da extracção de terceiros molares mandibulares que é o ato cirúrgico que pode apresentar maior risco para o nervo lingual. Palavras chave: “Lesão nervo lingual”, “Cirurgia oral”, “Reparo do nervo lingual”, “Microcirurgia”, “Reconstrução do nervo lingual”.

III Agradecimentos Aos meus pais pelos valores que me transmitiram, pelo apoio desde os meus primeiros passos até aos dias de hoje e pela confiança depositada em mim. A minha namorada por todo o apoio durante estes anos, por estar sempre presente e nunca me deixar desistir. Aos meus amigos que tornaram estes 5 anos incríveis, inesquecíveis e sempre estiveram presentes. A todos os meus professores que ao longo destes anos tornaram possível toda a minha evolução e aprendizagem. Ao meu orientador, Prof. Doutor Abel Salgado por todos os conhecimentos transmitidos, por toda a ajuda e disponibilidade.

IV

  • I. Introdução Índice
    • 1.1. Materiais e Métodos
  • II. Desenvolvimento
    • 2.1. Lesão do Nervo lingual
    • 2.2. Nervo lingual e a anestesia regional
    • 2.3. Nervo lingual e a sutura
    • 2.4. Nervo lingual e terceiros molares inferiores
      1. Procedimentos cirúrgicos....................................................................................................
    • 3.1. Retalho lingual
    • 3.2. Piezocirurgia
    • 3.3. Coronectomia de terceiros molares inferiores
      1. Recuperação do nervo língual
    • 4.1. Tempo para reparar
    • 4.2. Métodos reconstrutivos..................................................................................................
      • 4.2.1. Sutura direta/neurorrafia
      • 4.2.2. Reconstrução com enxertos autógenos
    • 4.2.3. Mangas
  • III. Discussão
  • IV. Conclusão
  • V. Referências Bibliograficas

1 I. Introdução Após passar ao longo da tábua óssea lingual do corpo mandibular, o nervo lingual gira medialmente em direção à língua, geralmente ao nível da primeira ou segunda raiz do terceiro molar inferior (Klepacek e Skulec, 1994; Chan et al. , 2010; Boffano et al., 2012 e Benninger et al., 2013). O nervo lingual transporta fibras sensitivas gerais, bem como fibras gustativas e secretoras, via nervo da corda do tímpano, para a língua. Lesões do nervo lingual podem causar impacto na fala, paladar, deglutição, competência alimentar, interações sociais e na perceção de dor. A lesão do nervo lingual pode causar mordida da língua, sensação de queimadura na língua, dor, mudança no padrão de fala e / ou alteração na perceção do paladar de comida e bebida (Pichler e Beirne, 2001). Além disso, a dor crónica tem sido observada como um sintoma frequente após lesão nervosa induzida por anestesia local (Renton et al. , 2010). A maioria das lesões dos nervos linguais resulta em alterações sensoriais que são temporárias e se recuperam espontaneamente com o tempo (Bagheri et al., 2010, Cheung et al., 2010 e Renton et al ., 2012). Contudo, o comprometimento sensorial da língua continua a ser um problema clínico na cirurgia oral e maxilofacial e tem importantes implicações médicas e legais. A remoção cirúrgica dos terceiros molares inferiores é a causa mais frequente de lesão do nervo lingual e do nervo alveolar inferior. Do ponto de vista anatômico, a proximidade desses nervos ao local cirúrgico representa o aspeto mais preocupante. Sendo que o nervo lingual está em risco de lesão iatrogénica durante vários procedimentos cirúrgicos, passou a receber considerável atenção entre cirurgiões orais. O nervo lingual pode estar localizado acima do osso alveolar nos tecidos gengivais (até 17,6%) ou pode entrar em contato com o osso na área do terceiro molar (até 62%). Consequentemente, não há dúvida de que o nervo lingual é altamente vulnerável nessa região. O cirurgião não pode confiar na tábua óssea lingual para atuar como uma barreira protetora ao nervo lingual durante a extração do terceiro molar, uma vez que o nervo pode ficar acima do osso nessa área (Kiesselbach e Chamberlain, 1984 e McGeachie, 2002). A remoção dos terceiros molares inferiores é o procedimento mais realizado por cirurgiões-orais (Bouloux et al ., 2007) e é o procedimento cirúrgico mais comum associado à deficiência do nervo lingual (Boffano et al , 2012).

2 1.1. Materiais e Métodos A investigação que suporta esta revisão fundamentou-se nas bases de dados PubMed®, PMC e B-on, até 2018, e incluiu ensaios clínicos, relatos de caso e artigos de revisão, escritos em inglês. Foram usadas como palavras-chave para a pesquisa: “Lesão nervo lingual”; “Cirurgia oral”; “Reparo do nervo lingual”; “Microcirurgia”; “Reconstrução do nervo lingual”. Após seleção dos artigos através dos critérios referidos anteriormente, utilizou-se um novo critério de inclusão, ou seja, se os artigos em questão apresentavam casos clínicos ou ensaios clínicos. A pesquisa bibliográfica foi realizada tendo em conta para a seleção dos artigos critérios de inclusão e exclusão, o tipo de artigo (Review, Randomized Controlled Trial, Comparative Study, Systematic Review, Meta-Analysis) e só foram incluídos artigos sobre o ser humano. Deste modo obteve-se 109 artigos com interesse para a pesquisa. Após primeira análise dos abstracts foram escolhidos para leitura integral 4 7 artigos, procedendo-se à sua leitura na totalidade. Em complemento com os artigos também foi utilizado um livro: Clinical Oral Anatomy de von Arx, Thomas Lozanoff, Scott, que pelo seu conteúdo foi considerado relevante para este trabalho.

4 incapacitantes, ocorre mais frequentemente após lesão do nervo, resultante de procedimentos de anestesia local (34%) e não após procedimentos cirúrgicos (8%) (Pogrel, et al ., 2000). Devido à considerável variação anatómica e de posicionamento do nervo lingual pouco pode ser feito para prever e prevenir a sua lesão nesta fase. No entanto, parece preferível o uso de agulhas de pequeno diâmetro e devem evitar-se altas concentrações de anestésicos locais assim como a realização de múltiplas injeções (Moore e Haas, 2010; Gaffen e Haas, 2009 e Garisto et al. , 2010). Em particular, 4% de prilocaína e 4% de articaína parecem estar associadas a uma probabilidade de 7,3 e 3,6 vezes maior respetivamente, de causar parestesia durante a anestesia do bloqueio do NAI com base no uso total de anestésico local utilizado pelos dentistas americanos (Olsen et al. , 2007). 2.3. Nervo lingual e sutura Não há dados sobre a verdadeira incidência de lesão do nervo lingual causada por sutura no local da extração de terceiros molares inferiores. Apenas alguns estudos citam a sutura como possível fator de risco para a lesão do nervo lingual através de trauma direto de agulha ou através de “estrangulamento” durante o fecho do nó de sutura. Chossegros et al. , 2002 consideram a inserção da agulha segura até cerca de 3 mm da margem gengival do retalho lingual. Portanto, recomenda-se evitar a inserção da agulha muito apicalmente em relação a linha de incisão. 2.4. Nervo lingual e terceiros molares inferiores A remoção de terceiros molares inferiores é provavelmente o procedimento mais realizado em cirurgia oral e maxilofacial. Contudo, é o procedimento cirúrgico mais associado com a lesão do nervo lingual. Ao contrário do NAI, a posição do nervo lingual não pode ser determinada através de radiografias panorâmicas o que torna maior a propensão de ocorrência de danos (Pippi, Spota e Santoro, 2017). Cerca de 75% dos casos de lesão do nervo lingual ocorrem devido a extração de terceiros molares inferiores, procedimento este que apresenta uma prevalência entre 0.6% a 2.0% de

5 lesão do nervo lingual (Biglioli et al. , 2018); sendo as técnicas mais comumente utilizadas a remoção de osso no lado vestibular (denominado abordagem vestibular) usando um instrumento de corte rotativo (broca) e a “ língual splitbone technique” na qual se utiliza um osteótomo e um martelo. Devido ao alto risco de lesão durante a extração de terceiros molares inferiores foram estudadas e criadas várias técnicas para tentar reduzir a probabilidade de danificar o nervo, em contrapartida o efeito de certos procedimentos cirúrgicos ainda não é claro pois o uso de instrumentos cirúrgicos para proteção do nervo lingual durante a extração dos terceiros molares inferiores, ainda é debatido (Céspedes-Sánchez et al. , 2014 e Pogrel e Goldman, 2004).

3. Procedimentos Cirúrgicos 3.1. Retalho lingual Numa revisão de literatura, McGurk e Haskell,1993, estudaram a incidência de lesão do nervo lingual comparando três técnicas cirúrgicas diferentes. McGurk e Haskell mostraram que a que apresentava maior incidência de lesão era a “ lingual split technique” (15%)(Bataineh e Batarseh, 2017). Entretanto, a utilização de uma broca e o rebatimento do retalho lingual resultou em 11% de incidência de lesão. Em contrapartida, a incidência de lesão do nervo lingual foi drasticamente reduzida para menos de 1% quando nenhum retalho lingual foi rebatido. Por outro lado, Blackburn e Barmley, 1989, citados por Bataineh e Batarseh, 2017, indicaram que a causa de lesão do nervo lingual era a retração do retalho lingual. Estes realizaram 1117 procedimentos cirúrgicos de remoção de terceiros molares e verificaram que a incidência de lesão do nervo lingual era 11%. Como verificado existe uma incidência de lesão do nervo lingual díspar entre técnicas que envolvem e as que não envolvem elevação e retração do retalho lingual. Quando um retalho lingual era levantado e tracionado, verificava-se uma incidência de 18% de lesão do nervo lingual, comparado com 4.2% quando o retalho lingual não era rebatido ou tracionado. Vários tipos de retalhos linguais foram criados e evoluíram cada um com os seus apoiantes. Ao longo dos anos tem havido inúmeras oportunidades para troca de ideias. A avaliação das técnicas tem sido subjetiva, e em cada país, os métodos tradicionais foram transmitidos na cirurgia. A técnica mais comumente utilizada para cirurgia de terceiros molares inferiores é o retalho em envelope com uma incisão de descarga distal. Este retalho foi primeiramente descrito por Szmyd em 1971 , e é a técnica favorecida pela maioria dos centros

7 apresentou vantagem, muito pelo contrário, resultou num aumento da incidência de lesão do nervo lingual. Bataineh, 2001, realizou um estudo em 741 pacientes; nesse estudo foi verificada uma incidência de parestesia do nervo lingual caso o retalho lingual fosse levantado, diminuindo para 1.3% se este não fosse levantado. Amorim Gomes et al. , 2005 , realizaram um estudo de 35 pacientes que apresentavam terceiros molares inferiores de ambos os lados. Cada paciente teve um terceiro molar inferior removido com retração do retalho lingual, enquanto que o contralateral foi removido sem retração do retalho lingual. Nos casos que foi utilizado retração verificou-se 9.1% de lesão do nervo lingual, contudo, no caso em que não foi realizada retração não se verificaram casos de lesão do nervo lingual, permitindo concluir que a retração do retalho lingual durante cirurgias a terceiros molares inferiores era um fator de risco para lesões do nervo lingual. Diversos estudos mostraram que a proteção do retalho lingual não é necessária visto que o uso de retratores línguais resultou no aumento da tendência de lesão do nervo lingual. De facto, a técnica “ Split-bone Lingual Flap” , foi relatada como um fator de lesão do nervo lingual; também foi referido que a lesão do nervo lingual ocorreu mais vezes aquando da remoção de osso e que para alem disso o aumento da incidência de lesão do nervo lingual foi relatado na divisão do dente resultante da broca utilizada para tal 3.2. Piezocirurgia Esta técnica utiliza microvibrações em frequência ultra-sônica para realizar osteotomias seguras. Este dispositivo é amplamente utilizado em casos em que o osso está próximo de estruturas importantes onde tanto a lesão térmica quanto a mecânica devem ser evitadas (Ge et al. , 2016). A técnica de “ Lingual split technique” para extração do terceiro molar mandibular foi primeiramente proposta por Kelsey Fry em 1933. Esta técnica apresenta potencial de lesão do nervo lingual, pode provocar hemorragia excessiva dos tecidos moles, possibilita a infeção no espaço sublingual ou parafaríngeo e edema na proximidade da via aérea. Yeh, 1995, propôs uma técnica na qual, com o cinzel, tocar no espaço periodontal e lingual do dente procedendo- se lingualmente e distalmente para separar a tábua lingual do dente. Esta técnica apesar de

8 permitir uma redução do tempo de operação e a incidência de morbidade, requer muito bom senso tátil e experiência do operador. Neste caso, ou seja, ao juntar a piezocirurgia à técnica de “ lingual split”, em vez de se utilizarem cinzéis ou objectos rotativos para abrir uma janela no osso, utilizamos um aparelho piezocirúrgico. Isto é, após o retalho ser levantado, utilizamos o dispositivo piezocirúrgico para com precisão cortar uma janela no osso. O corte do osso tem de ser continuamente acompanhado com irrigação de solução salina arrefecida. Ao cortar e soltar o osso alveolar coloca-se um elevador periostal curvo no osso lingual para melhorar a exposição do campo cirúrgico, para proteger o nervo lingual e para prevenir que o terceiro molar, acidentalmente, caia no tecido lingual mole. Depois de se remover o osso alveolar com um descolador periostal o dente é exposto e extraído numa direcção distolingual inserindo um elevador reto (Ge et al. , 2016). Ge et al. , 2016, realizou um estudo no qual foi utilizado um aparelho piezocirúrgico para realizar a “ Lingual split technique” , no qual foram utilizados 89 pacientes e nos quais foram realizadas 110 cirurgias. Destas 110 cirurgias obteve 100% de sucesso na extração dos terceiros molares. O tempo medio de operação foi de 14.6 minutos. Não foram relatas complicações intra-operatórias. Em contrapartida verificaram-se 6 casos (5.5%) com distúrbios do nervo lingual e 3 casos (2.7%) apresentaram comprometimento do nervo alveolar inferior. Contudo uma reavaliação demonstrou que os 9 casos obtiveram uma recuperação total nos primeiros meses de pós-operatório. A porção oclusal e lingual do osso alveolar foi removida adequadamente através desta técnica permitindo assim uma mais rápida e fácil luxação e extração do dente utilizando uma direção lingual, desta forma tornou o método cirúrgico mais fácil evitando recorrer a secções coronais ou de raiz; o que permitiu assim diminuir o tempo da cirurgia e evitar da mesma forma possíveis lesões ao segundo molar. Como a tábua bucal é mais espessa que a tábua lingual se tivesse sido utilizada a técnica bucal convencional teria sido causado maior trauma cirúrgico e mais tempo de cirurgia. O acesso bucal também poderia colocar o cortex lingual em risco de fratura durante a luxação do dente aumentando assim o risco de lesão do nervo lingual. Por fim, como menos osso é removido o processo de recuperação é mais rápido. Este estudo revelou que o uso da

10 3 dos casos resultaram em lesão do NAI, ou seja, apenas 1.3% dos casos resultou em lesão nervosa (Pedersen et al. , 2018). Estudos indicam que a coronectomia de terceiros molares pode reduzir o risco de lesão nervosa comparado com a remoção completa do dente, em contrapartida este procedimento levanta outras questões e possíveis problemas como a incidência de migração tardia do complexo da raiz, desenvolvimento de necrose pulpar tardia, o aumento de utilização de antibióticos e o risco de infecções mais complicadas ou osteomielite (Renton et al. , 2005; Monaco et al. , 2015 eLeung e Cheung, 2016).

4. Recuperação do nervo lingual 4.1. Tempo para reparar O tempo para reparar após ocorrer lesão do NAI e do nervo lingual é um assunto controverso e os resultados são diversos (Kushnerev e Yates, 2015). Num estudo de 2016 foram avaliados 33 pacientes tratados cirurgicamente, dos quais foram relatadas melhorias significativas na função mecanossensorial. Melhores resultados para a cirurgia do nervo lingual foram verificados duas a três semanas após ter ocorrido lesão; em contrapartida, a cirurgia foi capaz de resolver sintomas até 2 anos após a lesão ter ocorrido. Renton e Yilmaz, 2012, concluíram que o tempo recomendado para cirurgia exploratória seria entre um período de três a seis meses após ocorrer lesão. No caso de Bagheri et al. , 2012, 81.7% dos 152 pacientes com lesão do NAI tiveram recuperação funcional e sensorial no período de um ano após cirurgia. Bagheri et al. , 2009, observou que quanto mais rápida a reparação fosse realizada melhores resultados seriam obtidos e que lesões com 9 meses ou mais mostraram um maior risco de não melhoria. No geral, observaram uma diminuição de 5.8% de chances de melhoria por cada mês em que a reparação seria adiada. Outro estudo em 64 pacientes com lesão do nervo lingual demonstrou que os pacientes submetidos a cirurgia em 90 dias tiveram 93% de sucesso de recuperação funcional e sensorial enquanto que apenas 62.9% de sucesso foi verificado no caso dos pacientes tratados após 90 dias. O reparo precoce foi estatisticamente associado com a recuperação funcional e sensorial com uma taxa de risco 2-3, P=0- 02 (Susarla et al. , 2007).

11 4.2. Métodos reconstrutivos Há diversas técnicas para reparar lesões nos nervos. Infelizmente, não há forma de efetivamente obter imagem dos nervos externamente, deste modo, a cirurgia exploratória é necessária e a decisão de qual tratamento efetuar enquanto o paciente esta na mesa de operações. Como resultado, a maioria dos estudos incluem resultados variados em relação ao melhor método para reparar os nervos. 4.2.1. Sutura direta/neurorrafia Bagheri et al. , 2012, verificaram uma taxa de RSF de 88.9% nos pacientes tratados com neurorrafia (16 de 18 pacientes). Em Tay, Poon e Teh, 2008 todos os pacientes foram tratados com transposição de neurorrafia, com ou sem reparo fascicular total e foi alcançado um RSF de 100%. Robinson, Loescher e Smith, 2000, utilizaram exclusivamente excisão e anastomose do neuroma e mostrou melhoria estatisticamente significativa em todas as medidas de sensibilidade. Em contrapartida Susarla et al. , 2007, observou que a neurorrafia do nervo lingual estava associada com a formação de neuroma e os pacientes tinham 60% menos probabilidade de conseguir atingir RSF dentro de 1 ano comparativamente com os tratados com descompressão. 4.2.2 Reconstrução com enxertos autógenos Geralmente, o enxerto é desnecessário para a reparação do nervo lingual porque o trajeto do nervo é tortuoso o suficiente para se mobilizar sem tensão, no entanto é ocasionalmente usado (Bagheri et al. , 2010); Pogrel e Maghen, 2001, usou um enxerto de veia safena longa para tratar lesões do nervo lingual em dez pacientes. Dos três pacientes com gap inferior a 5mm, um obteve boa recuperação e os outros dois apenas obtiveram ligeira recuperação. Nenhuma recuperação foi alcançada nos sete pacientes com gap superior a 5mm. Em Bagheri et al. , 2010, um paciente necessitou de um grande enxerto de nervo auricular e conseguiu atingir RSF.