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natação ou atividades aquáticas? um pensamento acerca de ..., Notas de aula de Pedagogia

Em seguida, fez-se necessário a definição de alguns termos pedagógicos como pedagogia, didática, método e princípios. Para então sugerir as razões que motivam a ...

Tipologia: Notas de aula

2022

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FELIPE ZAICZU K RAGGIO
NATAÇÃO OU ATIVIDADES AQUÁTICAS?
UM PENSAMENTO ACERCA DE MÉTODOS DE ENSINO
DE HABILIDADES AQTICAS PARA CRIANÇAS.
Monografia apresentada como requisito parcial
para concluo do curso de Licenciatura em
Educão Física, Setor de Cncias Biológicas,
Universidade Federal do Paraná.
Orientado r Prof. Carlos Ernesto Femandez
CURITIBA
2002
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FELIPE ZAICZUK RAGGIO

NATAÇÃO OU ATIVIDADES AQUÁTICAS? UM PENSAMENTO ACERCA DE MÉTODOS DE ENSINO DE HABILIDADES AQUÁTICAS PARA CRIANÇAS.

Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do curso de Licenciatura em Educação Física, Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná. Orientador Prof. Carlos Ernesto Femandez

CURITIBA 2002

DEDICATÓRIA Ao Carlos Fernandez, pois é uma pessoa brilhante que contribui para com a educação, a natação e a saúde de muitas pessoas que têm a felicidade de, com ele, conviver. Aos meus pais, Armando e Nádia pela vida e o amor. Ao Luiz Otávio Sledz, grande amigo que conheci pela natação, tive uma forte e sincera amizade e que estará sempre em minha memória. Aos profissionais e estudantes de Educação Física que sabem da importância da constante busca pelo conhecimento e desenvolvimento pessoal e estímulo ao olhar crítico. A todos os meus alunos e alunas pela confiança, amizade e ensinamentos.

SUMÁRIO

 - 1 1NTRODUÇÃO............................................................................................................ RESUMO vi - 1.1 Delimitação do Problema..................................................................................... - 1.2 Justificativa - 1.3 Objetivos - 2 REVISÃO DA LITERATURA - 2.1 O que se entende por Nadar e Natação?............................................................ 
  • 2.2 Caracterização da natação
  • 2.3 Origem da Pedagogia da Natação.....................................................................
  • 2.4 Concepções/métodos de ensino da natação.....................................................
  • 2.5 Definição de termos pedagógicos
  • 2.6 Porque as crianças praticam natação?..............................................................
  • 2.7 Aprendizagem motora: conceitos e fatores influenciadores
  • 2.7.1 Transferência de aprendizagem
  • 2.8 Conteúdos Básicos da natação: Ambientação, Flutuação e Propulsão
  • 2.8.1 Ambientação
  • 2.8.2 Flutuação.........................................................................................................
  • 2.8.3 Propulsão........................................................................................................
    • 3 METODOLOGIA
  • 4 CONCLUSÃO
    • REFERÊNCIAS

RESUMO

Este estudo monográfico fundamenta um pensamento a cerca de métodos de ensino de habilidades aquáticas para crianças, questionando se os métodos, hoje em dia utilizados (total, das partes progressivas, misto e outros) denominados como métodos de ensino de natação atendem e respeitam os interesses das crianças. Sem determinar uma faixa etária específica, pois apesar de considerar o conhecimento biológico essencial, tem um caráter mais filosófico e pedagógico. Assim com a revisão de bibliografia de livros de natação, educação física escolar e aprendizagem motora, defini e caracterizei a natação, colhi dados para um pequeno histórico sobre o seu ensino e descrevi os métodos de ensino. Em seguida, fez-se necessário a definição de alguns termos pedagógicos como pedagogia, didática, método e princípios. Para então sugerir as razões que motivam a prática da natação por este público e conceituar a aprendizagem motora e seus fatores influenciadores (informações, atenção, motivação e etc.). Comento também para o que denominei de conteúdos básicos da natação, para um melhor entendimento do que vem a ser ambientação, flutuação e propulsão. Deste modo na conclusão discorro sobre alguns “princípios” e conteúdos do que poderia ser classificado como um método de natação mais moderno e mais abrangente, talvez melhor denominado como método de ensino de atividades aquáticas.

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as regras da natação competitiva, as piscinas, os equipamentos e principalmente o conhecimento técnico, científico e pedagógico. E é a esta última categoria de conhecimento citada, o conhecimento pedagógico para qual direciono o meu estudo monográfico. Em especial as metodologias de ensino de natação infantil. Pois assim como VELASCO (1997, p.34) considero este tema muito importante. Os objetivos e a atitude dos nossos alunos frente a este esporte; os métodos e estratégias dos professores; o conhecimento científico e prático dos técnicos; precisam ser analisados criteriosamente. Não podemos ‘queimar etapas’[grifo do autor], ensinando os estilos sem planejamento e respeito às fases de desenvolvimento de cada aluno; administrar aulas pensando somente no pódio,como ponto de chegada. Ou ainda como bem enfatiza Navarro “...un método de natación no debe ser únicamente que el alumno llegue a convertirse en un buen nadador, sino también que reciba un cúmulo de experiencias que, tras sus vivências, le enriquezcan y contribuyan a su mejor educación integral.” (NAVARRO, 1978, p.8) Portanto, com esta pesquisa pretendo responder as seguintes indagações acerca deste assunto. Quais são os métodos empregados atualmente com as crianças? Quais são as características destes métodos? Será que estes métodos atendem aos interesses e respeitam a natureza das crianças? E por último: Será que nós profissionais da natação, propiciamos a estas crianças todo o prazer, e concomitantemente todos os benefícios que o meio aquático pode proporcionar?

1.2 JUSTIFICATIVA O primeiro motivo que me ievou a escrever sobre Métodos de Ensino de Natação Infantil, foi o relacionamento que tive durante minha vida com a natação. Comecei a fazer aulas de natação com quatro anos de idade e aos quinze anos participei do meu primeiro Campeonato Brasileiro de Natação. Neste período, parei e recomecei a natação algumas vezes. Como atleta integrei equipes de treinamento e competi até os vinte anos de idade (1998). E foi esta vivência que me levou a estudar Educação Física e em seguida vir a trabalhar com natação. Atualmente, conto com uma experiência de quase cinco anos trabalhando como professor de Natação em quatro academias diferentes em períodos

distintos na cidade de Curitiba. Interessei-me por este tema, em particular os métodos que são direcionados às crianças, porque neste período da vida, a infância, o ser humano cresce, se desenvolve muito e cosequentemente aprende com facilidade uma gama enorme de conhecimentos e habilidades motoras. Tornando assim muito importante o estudo e o planejamento da quantidade, qualidade e variedade dos estímulos propostos. Além disto, outra razão importante para a pesquisa deste assunto é evidenciada pela afirmação de COUTO em seu artigo publicado no livro: Manual do Treinador de Natação onde ela coloca que: “A pedagogia da natação vem sendo reformulada e aprimorada com o passar dos anos, tanto em nível prático quanto em nível teórico.” (COUTO, 1999, p. 136). Acredito que esta reformulação é necessária porque, dentre outros motivos, a maioria dos livros que tratam da natação têm o seu enfoque na técnica biomecânica dos quatro nados competitivos (borboleta, costas, peito e crawl), não contemplando, ao meu ver, em seus capítulos, um método de ensino propriamente dito. Deste modo, pode-se dizer que a maioria das propostas metodológica de natação tem fortemente marcada uma característica tecnicista, pois objetivam principalmente o aprendizado ou aperfeiçoamento dos gestos motores específicos dos quatro nados competitivos. Este fato, é facilmente observado em aulas para crianças, que já adaptadas ao meio líquido, aprendem ou aperfeiçoam os nados de crawl, costas e peito (geralmente ensinados nesta ordem). Nestas aulas, o professor quase sempre opta por começar ou terminar a aula com um período dedicado a brincadeiras. Brincadeiras estas, que quando orientadas, são de baixa complexidade e, no decorrer do período letivo, sofrem poucas ou quase nenhuma variação. E o restante da aula segue uma seqüência de exercícios. Inicialmente para os membros inferiores, seguido de exercícios educativos e/ou corretivos e por fim algumas piscinas em nado completo. Ou ainda, outra explicação para esta qualidade mecanicista da natação e seu resultado é comentada por SANTOS2, citado por COUTO (1999, p. 137):

2 SANTOS, C. A. Natação - ensino e aprendizagem. Rio de janeiro: Sprint,1996.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 O QUE SE ENTENDE POR NADAR E NATAÇÃO?

Com o início da revisão de literatura sobre o tema, métodos de ensino de natação para crianças, se fez necessário para um melhor direcionamento da pesquisa, dedicar a primeira parte, a tentativa de se definir o ato de nadar e a natação propriamente dita. Com idéia de que esta pesquisa nos fornecerá conceitos já existentes que poderão ser adotados, ou ainda, poderão nos ajudar a formular não necessariamente novos conceitos, mas novos pensamentos a cerca do tema. Com o intuito de iniciar esta conceituação de forma simples e talvez mais popular, recorri ao dicionário da língua portuguesa, no qual Ferreira define respectivamente nadar e natação: “Nadar: 1. sustentar-se e mover-se sobre a água por impulso próprio (...) 2. conservar-se ou sustentar-se sobre a água, flutuar, boiar,sobrenadar 3.- saber os preceitos e a prática da natação.” FERREIRA3 (1986, p.1178)“Natação: l.ação, exercício, arte ou esporte de nadar. 2.sistema de locomoção dos animais que vivem na água.” FERREIRA3 (1986, p. 1182) Agora, utilizando a literatura específica, Damasceno, na primeira parte do seu livro, “Natação Psicomotricidade e Desenvolvimento” nos fornece conceitos de diferentes autores. Primeiramente, GUINOVART4, citado por DAMASCENO (1992, p.21) define a natação como sendo um esporte por excelência, implicando na vontade de vencer a natural aversão à água fria, assim como um elemento inabitual. ESTEVA5,citado por DAMASCENO (1992, p.21) considera que a natação consiste em manter-se a flutuar na água, mediante a ajuda de certos movimentos ordenados e segundo determinados princípios. Já FREITAG6, citado por DAMASCENO (1992, p.21-22) oferece um conceito gerai e um restrito. Como conceito geral, a natação inclui os saltos para

3 FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986. 4 GUINOVART, J. C. Como se hace un Nadador. Barcelona, Sintes, 1972. 5 ESTEVA, S. La Natación Moderna. Barcelona, Vecchi, 1977. 6 FREITAG, W. Natação. Lisboa, Casa do Livro, 1982.

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água (ornamentais), o pólo aquático, a natação submarina, o mergulho, o salvar vidas, e a natação propriamente dita. E como conceito restrito, se refere à natação como sendo compreendida pelos quatro estilos que são: crawl, costas, peito e golfinho. Por último DAMASCENO (1992, p.22) cita uma definição de BAUKHARDT e ESCOBAR7 na qual consideram a natação como a habilidade de manter-se na água e locomover-se pela mesma sem tocar no fundo da piscina, podendo ser, esta habilidade, executada sem preencher os requisitos dos quatro tipos de nado, mas sempre comprovando a ambientação do indivíduo ao meio aquático. REIS (1987, p. 15) define a arte de nadar como sendo “a técnica de deslocar-se na água, por intermédio da coordenação metódica e de certos movimentos”. Para a Federação Internacional de Natação Amadora, FINA, natação é “...a ação de auto-propulsão ou auto-sustentação na água que o homem aprendeu por instinto ou observando os animais, é um dos exercícios mais completos.” (CBDA8, apud LIPAROTTI,1993,p.7) Já FARIAS (1988, p.15) sugere conceitos para natação e nadar, diferentes e mais elaborados que os autores anteriormente citados: Natação: [grifo do autor] 1. identifica a disciplina integrante dos currículos dos cursos na área da educação, objetivando preparar os alunos a ensinarem ou ministrarem atividades nas auias para nadar, em diversas faixas etárias, ao sexo masculino e feminino; 2. competição que reúne determinado número de pessoas que objetivam a performance, por distância ou em determinado tempo. Nadar, [grifo do autor] ato psicomotor que objetiva a locomoção no meio líquido, na horizontal, vertical ou totalmente imerso. O que se percebe nos parágrafos anteriores é que, de modo geral, os autores definem o ato de nadar como a habilidade de boiar, flutuar e deslocar-se na água. E quando se referem à natação, termos como, técnica, coordenação, os quatro nados, saltos e princípios tornam-se comuns, e ao meu ver, incrementam o conceito de nadar. Deste modo, acredito que estes conceitos podem ser melhor elaborados. Porque existem relatos, e na minha própria experiência profissional, constatações,

7 BURKHAEDT, R. e ESCOBAR, M. O. Natação para portadores de Deficiências. Rio de Janeiro, Livro Técnico, 1985. 8 CBDA. Regras Oficiais de Natação. Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (órgão oficial da fina) Rio de Janeiro, Palestra, 1988.

revezamento. A natação também é praticada em “águas abertas” , denominação feita peia FINA, para provas realizadas em rios, mares e lagos. Aqui, novamente me reporto às palavras de LUZ (artigo de COUTO,1999, p.160) para reforçar o pensamento sobre o que ele denominou de "Natação Aquática tradicional” comentando que esta “tem seu foco nos estilos oficiais - o que ensinar; como ensinar; como aperfeiçoar; como toma-los mais rápidos -, tudo baseado nos movimentos específicos dos quatro nados...” Assim, com os conceitos de nadar e natação delimitados, outras questões, que dizem respeito ao estudo devem ser levantadas. Será que ao objetivarmos principalmente a natação, entendida como esporte, em nossas aulas, não estamos diminuindo as possibilidades de transferência de aprendizagem motora e a motivação dos nossos educandos? E ainda, deste modo, não estaremos também perdendo a oportunidade de buscar a formação integral dos mesmos, deixando de estimular aspectos como criatividade, espontaneidade e críticidade, que poderiam ser contemplados em uma proposta mais aberta e ampla?

2.2 CARACTERIZAÇÃO DA NATAÇÃO Nesta etapa do trabalho pretendo caracterizar a natação, objeto principal da pesquisa. Portanto irei descrever suas características enquanto habilidade motora, as propriedades físicas e químicas da água. Para isso, exponho primeiramente uma comparação entre a “vida” e a ação motora dentro e fora da água. Sempre que começamos a pensar na relação do homem com o meio líquido, lembramos do período de gestação, no qual, o feto, fica dentro do útero materno, envolto pelo líquido amniótico durante nove meses. Contudo como afirma DAMASCENO (1992, p.22) “o mesmo não possui seus órgãos adaptados para viver dentro da água.” Ainda o mesmo autor faz um paralelo interessante sobre a vida e ação motora dentro e fora da água. No qual coloca que fora da água nossa posição predominante, é a posição vertical, com os pés apoiados no chão. Assim durante a marcha, as pernas têm função de locomoção, enquanto os braços, uma função equilibradora e os movimentos da cabeça, associados ao restante do corpo, nos permitem olhar em todas as direções. Ainda sobre a ação em terra, devemos

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ressaltar que as vias respiratórias, boca e nariz, assim como o ouvido, não encontram obstáculos para o desempenho de suas respectivas funções. Deste modo, dizemos que a respiração é uma função de natureza automática. Agora, na água, tudo acontece de modo diferente. Para nos deslocarmos nadando, adotamos a posição horizontal, deixando assim de existirem apoios fixos. Quanto ao deslocamento, os braços têm, quase sempre, responsabilidade maior, enquanto as pernas, basicamente, mantêm o equilíbrio. E quando falamos dos órgãos dos sentidos, notamos que estes encontram a água como obstáculo para a realização de suas funções. Enxergar e ouvir dentro da água passa a ser mais difícil. Para se executar a respiração, devemos tirar a boca da água para inspirar o ar e expirar pela boca ou nariz, com mais força do que se estivéssemos em terra, para que o ar vença a resistência da água. DAMASCENO (1992, p.23) Portanto, para aprofundarmos um pouco mais estas diferenças entre o meio terrestre e o aquático, estudaremos em seguida as características da água e o comportamento do corpo na água. Proporcionando assim um melhor entendimento da natação. Para iniciar, uma colocação de CATTEAU e GAROFF (1988, p.65) é pertinente. “Todos os corpos estão sujeitos as leis da mecânica. Um ensino da natação que se fizesse contrariando essas leis traria inconvenientes fatais.” Então, primeiramente, devemos lembrar as características da água que influenciam na prática natação, tais como densidade, pressão e temperatura, definidos respectivamente a seguir: Densidade: é a relação do peso dividido pelo volume de determinado objeto. A densidade da água é igual a 1000 Kg/m3 (PALMER, 1990, p.39). Mas para o estudo da natação, o que nos interassa é o conceito de densidade relativa, que nada mais é do que a divisão da densidade de um corpo peia densidade da água. Assim, analisando esta relação, pode-se afirmar que se a densidade relativa de determinado objeto for maior que 1,0, ele afundará. E ao contrário, como é o caso do corpo humano, que tem densidade relativa igual a 0,98, ou seja, menor que 1,0, tem tendência a flutuar. (PALMER, 1990, p.39-40) VELASCO (1997, p.21) acrescenta que a densidade relativa “varia com a idade: 0,86 para crianças, 0,97 para adolescentes e adultos jovens, decrescendo

esta análise também nos permite deduzir o quão livre, criativa, sensível e motivante pode ser uma aula de natação, que objetive o prazer e uma formação crítica e integral de seus alunos. Para finalizar este tópico da revisão bibliográfica, classifico a natação nas categorias de habilidade motora propostas por MAGILL (1994). Esta classificação, apesar de não ser um processo fácil e infalível, se justifica por encontrar, nas diferentes habilidades motoras, seus elementos comuns e auxiliar assim, o planejamento de sua instrução. MAGILL (1994, p.14) classifica as habilidades motoras de acordo com quatro critérios, são eles: 1-precisão do movimento; 2- caráter bem definido dos pontos iniciais e finais; 3-estabilidade do ambiente;4- controle por feedback (retroinformação) Para o enquadramento da natação nesta classificação, devemos considerar a habilidade de um indivíduo que se encontra no estágio de aperfeiçoamento ou treinamento, ou seja, já esta ambientado ao meio líquido e tem conhecimento das técnicas dos nados. Então, primeiramente, quanto a precisão do movimento, podemos dizer que nadar é uma habilidade global, pois na sua realização estão envolvidos todos os grandes grupos musculares, não sendo a precisão do movimento tão importante. Porém, a coordenação perfeita de movimento é essencial ao desenvolvimento hábil desta tarefa. De acordo com o segundo critério de MAGILL, a natação é uma habilidade contínua, porque não tem pontos distintos de início e término, sendo esta definição determinada pelo executante. Quanto à estabilidade do ambiente, POULTON 9, citado por MAGILL (1984, p.16), classificou as habilidades como abertas ou fechadas. Se o ambiente no qual se realiza a atividade for instável, ou seja, imprevisível, dizemos que é uma habilidade aberta. E ao contrário quando o ambiente é estável e previsível, denominamos como uma habilidade fechada. Deste modo, em um primeiro momento, podemos pensar que, devido ao ambiente da natação ser diferente ao ambiente natural do ser humano, é instável e, portanto, nadar uma habilidade aberta. Foi por este motivo que coloquei, anteriormente, que para esta classificação, devemos considerar alunos já ambientados, que conhecem as

9 POULTON, E. C. 1957. On prediction in skilled movements. Psychological Bulletin 54:467-478.

reações da água. E assim, classificamos a mesma, como uma habilidade fechada. Outros fatores que podem causar confusão quanto a este critério são as variáveis como temperatura, profundidade, densidade, agitação da água e clima, nos estimulando a pensar novamente que a natação é uma habilidade aberta. Então, uma nova explicação e a expansão do conceito tornam-se necessários. Em uma escola de natação, ou seja, em uma piscina, as variáveis a pouco citadas, sofrem pouca ou nenhuma alteração. E quanto à expansão do conceito, GENTILE 10 , citado por MAGILL (1984, p. 16) sugeriu esses termos aberta e fechada como pontos de referência de um espaço contínuo. Deste modo, em uma extremidade estariam as habilidades fechadas como boliche, golfe e halterofilismo, nas quais o estímulo aguarda a iniciativa do executante. E na outra extremidade, as habilidades abertas, como batida de tênis, tacadas de beisebol, ações que se desenrolam em um ambiente que muda no tempo e no espaço. Para essas habilidades serem executadas, o executante deve agir sobre o estímulo de acordo com a ação do estímulo. Conclui-se, portanto, que a natação em estágio de aperfeiçoamento ou treinamento e realizada em piscina, é uma habilidade motora, dentro do espaço contínuo, mais perto das habilidades fechadas. Sobre o aspecto do controle de feedback, a natação é classificada como uma habilidade de circuito fechado, porque, o retorno da informação sensorial (feedback) pode ser usado para ajustar a ação durante o próprio movimento. Para concluir a caracterização da natação, podemos dizer que, apesar do período gestacional, nadar é uma ação não natural ao ser humano, que portanto, deve ser aprendida a fim de ser realizada corretamente. As características e leis da física influenciam neste aprendizado. E como habilidade motora, a natação é global, contínua, fechada e de circuito fechado. Na análise desta última classificação e levando em conta o número de articulações e músculos envolvidos nos movimentos dos nados, e ainda, a necessidade de ambientação ao meio, afirma-se que nadar (utilizando-se dos nados) é uma atividade complexa. Esta conclusão explica a importância e o valor que o “saber nadar” sempre teve em toda nossa história. Mas ao mesmo tempo, tem um lado negativo,quando

10 GENTILE, A. M. 1972. A working model of skill acquisition with application to teaching. Quest. Monograph XVII: 3-23.

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enfatizavam o nado de bruços. Apesar de VELASCO (1997, p.37) nos fornecer um dado importante de que a natação já era ensinada até os níveis de competição no século XV, em uma escola italiana, chamada “Pleasant House”.

A próxima contribuição bibliográfica surge apenas em 1696, segundo NAVARRO (1978, p.9) um francês, chamado Thevenot, escreveu um livro mais científico do que o outro até então escrito, livro este, que foi reeditado em 1848, por alguns “aficcionados”. Entretanto, no intervalo de tempo entre estas duas edições, de acordo com VELASCO (1997, p.37), foi publicado em 1794, um pequeno livro, chamado: “Oronzio De Bernardi- Homem Flutuante- A Arte maravilhosa do nado”. A obra trazia 18 belas e artísticas ilustrações, nas quais o autor demonstrava a habilidade de boiar sem esforço. Descoberta esta que se deu graças a conselhos médicos de banhar-se para melhorar a saúde. Ainda, a respeito de tratados de natação escritos nesta época, existiu um, que na minha opinião, é muito curioso. Porque como descreve NAVARRO (1978, p.9-10) o método consistia na adoção de diferentes posições do corpo em relação à correnteza de um rio. Foi escrito por um espanhol, chamado Morán, em 1855.

Estimulados por estas publicações, Guths Muths, criou um método de ensino de natação que era dividido em três etapas. A primeira delas, acontecia fora da água, onde o indivíduo ficava na posição horizontal sobre cavaletes e recebia as instruções do professor. A segunda, já era executada na água, porém, ainda com a segurança de cintos. Somente depois de concluídas as duas primeiras etapas, que o aluno passava a terceira, que acontecia dentro da água e sem o auxílio de equipamentos.

Aqui, se faz importante lembrar que, outros grandes contribuidores para o desenvolvimento dos métodos de ensino da natação foram os exércitos, como ressaltam CATTEAU E GAROFF (1988, p.21-22) “Desde a mais remota antiguidade, até nossos dias, foi aos militares que o problema da natação se colocou de maneira crucial.(....) A presença de nadadores nos exércitos sempre aumentou consideravelmente o poder ofensivo. Não é de se estranhar que a decisão de se ensinar sistematicamente natação aos soldados tenha repercutido na orientação da pedagogia da natação.”

Outro dado relativo ao exército, foi a construção de casas de banho em Berlin, pelo general Von Pfuel, por volta de 1817. “A casa de banho mais famosa foi a de Sprea, próximo da ponte Unterbaum surgindo dessa forma a ‘primeira escola de natação'.” (VELASCO 1997, p.34).

Nesta trajetória histórica, é interessante notar que apenas em 1878, o nado de costas passou a ser utilizado com os principiantes, por Leipzig Herman Ladebeck. Autor do manual: “A escola de Ladebeck”, no qual ele descrevia o seu método que também inovava ao dispensar os materiais auxiliares de sustentação. (VELASCO 1997, p.34).

Por fim, considero também como datas e fatos importantes para o entendimento das origens da pedagogia da natação os anos de, 1837, quando foram realizadas as primeiras competições em Londres, com a participação de nadadores de diferentes países. 1896, data que marca a realização dos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna (Atenas-Grécia) e, por último, a fundação da Federação Internacional de Natação Amadora (FINA), entidade que até hoje regula a natação competitiva no mundo, em 1908 (Londres).

2.4 CONCEPÇÕES/ MÉTODOS DE ENSINO DA NATAÇÃO

Para poder situar o meu pensamento a cerca do tema faz-se necessário a estudo das concepções/correntes de ensino de natação já existentes. O autor citado a seguir é utilizado para introduzir este capítulo, pois faz uma síntese considerando as experiências de diferentes países a respeito do conhecimento teórico do ensino natação.

De acordo com NAVARRO (1978, p. 10): El estúdio comparativo, histórico y geográfico, caracterizado por la multiplicidad de informaciones sobre los métodos utilizados, conscientemente o no, en los diversos países y particularmente en Francia, USA, Union De Repúblicas Socialistas Soviéticas, Alemania, Australia etc. permite poder reunir esos métodos en algunas corrientes [grifo do autor] pedagógicas ligadas a las formas tradicionales dei pensamiento humano. Os autores que melhor definem as concepções de ensino são Catteau e Garoff em seu livro: “O Ensino da Natação” , 1988. Neste livro, os autores colocam que existem três concepções de ensino que surgiram na história nesta