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Cognição e Ensino Coletivo
COGNIÇÃO E ENSINO COLETIVO:
Implicações para o desenvolvimento musical
T AIS D ANTAS D A S ILVA / S IMONE B RAGA / C RISTINA T OURINHO /
L UIZ C ESAR M ARQUES M AGALHÃES / M ARCOS M OREIRA
U NIVERSIDADE F EDERAL DA B AHIA
DESCRIÇÃO
Muitas são as discussões sobre o desenvolvimento musical (SLOBODA, 2008; OLIVEIRA, 2008; GREEN, 2010). Segundo Sloboda (2008), as habilidades musicais são desenvolvidas através da enculturação e do treino. Enquanto que Green (2010) defende que o processo da enculturação pode ocorrer por meio da interação entre pares. Neste sentido, o ensino coletivo constitui-se numa importante possibilidade metodológica para o desenvolvimento musical. A importância para o desenvolvimento humano através de ati- vidades realizadas coletivamente é defendida em vários campos de conhecimento. Destacam-se as teorias desenvolvidas por Vygotsky (1984). Este defende que as capaci- dades cognitivas são construídas em interação com as oportunidades e a orientação proporcionada pelo ambiente. No ensino musical, Caiado (2009), Silva (2009) e Tourinho (2005) comprovam sua eficácia na motivação musical, na construção de conhecimentos por meio da interação entre pares e no desenvolvimento de habilidades musicais. Com o objetivo de investigar a ação mediadora docente em aspectos presentes no ensino cole- tivo como o desenvolvimento musical, a relação professor-aluno, a avaliação e a motivação, o presente trabalho propõe a apresentação e debate de quatro trabalhos inte- grados em um único simpósio temático, dialogando com a possibilidade de: 1) Desenvolvimento musical e aprendizagem no ensino coletivo de violão; 2) Ensino coletivo em bandas filarmônicas: relação aluno-professor, gênero e afetividade; 3) A avaliação do desenvolvimento individual no canto coral; 4) Piano em grupo: estudo de fatores motiva- cionais na aprendizagem de adultos. Estes aspectos são resultantes de pesquisas realizadas como estudos de Pós-Graduação em Música (Mestrado e Doutorado) da Uni- versidade Federal da Bahia. A primeira buscou entender como se desenvolve musicalmente um estudante iniciante em aulas coletivas de violão. Os estudos prossegui- ram junto ao Grupo de Pesquisa liderado por Tourinho (2006 – CNPq) sendo agregadas as concepções de Swanwick (2003) e em Bandura (2007); a segunda abordou a aprendi- zagem musical em grupos filarmônicos nordestinos, investigando relações interpessoais (em especial a relação professor-aluno), gênero e afetividade, fundamentada em Bloom (1972), Wallon (1995), Vigotsky (1988), Elliot (1995) e Swanwick (1988); a terceira bus- cou investigar e elaborar estratégias para avaliar o desempenho individual no contexto coletivo do canto coral na escola, utilizando como fundamento as propostas de Swanwick (2003), Luckesi (2005), Coll (1994), Monereo e Gisbert (2005); e a última buscou obser- var características da motivação para aprender o instrumento nas aulas coletivas de piano para adultos, fundamentada em Bastien (1988), Moraes (1997), Oliveira (2008), O'Neill e Mcpherson et al (2002). Pretende-se, ao abordar as questões centradas no en- sino coletivo, destacar a importância da ação docente consciente das possibilidades da metodologia e a aplicação de estratégias construídas especificamente para este tipo de aula, destacando as relações interpessoais no contexto das situações de ensino e a- prendizagem e suas contribuições no processo motivacional no estudo musical.
P ALAVRAS C HAVE : Ensino Coletivo, Desenvolvimento Musical, Relação Professor-Aluno,
Avaliação, Motivação.
X Encuentro de C IENCIAS C OGNITIVAS DE LA M ÚSICA
DESENVOLVIMENTO MUSICAL E APRENDIZAGEM NO ENSINO
COLETIVO DE VIOLÃO
C RISTINA T OURINHO
U NIVERSIDADE F EDERAL DA B AHIA
FUNDAMENTAÇÃO Aprender violão de forma coletiva é uma realidade atual em muitos espaços, sejam escolas, igrejas, projetos sociais ou lugares antes pouco explorados para se ensinar música. Diferente de um ensaio, música de câmara, orquestra de sopros ou cordas, as informações são semelhantes e simultâneas para todas as pessoas que irão tocar a mesma peça. Em nossa opinião este fato diferencia o ensino coletivo de violão de outros instrumentos, visto que pode ser ensinada ao mesmo tempo, para todos os pre- sentes uma melodia ou um acompanhamento para uma melodia (cantada ou tocada), com ou sem leitura musical, com ou sem cifras. Outra característica do ensino coletivo de violão, aplicado geralmente para os iniciantes, é que rapidamente podem ser aprendidos acompanhamentos simples, onde o executante tenha condições de estudar em casa uma peça de forma completa, porque não estará fazendo vozes intermediárias ou contracan- tos. Neste trabalho, o fundamento teórico para entender como se desenvolve musicalmente um estudante iniciante em aulas coletivas de violão está baseado em Swanwick (2003) e em Bandura (2007). Swanwick explica o desenvolvimento musical a- través de três princípios da educação musical a serem observados nas aulas de música: o cuidado com a música como discurso, o cuidado com o discurso musical do aluno e a fluência enquanto princípio e finalidade (Swanwick, 2003). Já Bandura usa o sentimento da eficácia pessoal como dimensão tanto individual como coletiva, pois em um conjunto de indivíduos reunidos no mesmo espaço há de se estimular a percepção de si e dos pa- res além do modelo proveniente do professor. Através de suas pesquisas Bandura demonstra que várias práticas humanas, a exemplo do ensino e do esporte podem nos dizer como as ações coletivas determinam em parte os resultados que se alcançam.
OBJECTIVOS Entender como se desenvolve musicalmente um estudante iniciante em aulas coletivas de violão
CONTRIBUIÇÃO PRINCIPAL Esta forma de trabalho, através de aulas coletivas, permite aos professores alternativas de interação pouco exploradas na aula tutorial, onde apenas um estudante é atendido por vez.
IMPLICAÇÕES Se torna necessário um planejamento prévio rigoroso por parte do pro- fessor para que as eventualidades decorrentes durante as classes possam acontecer enquanto possibilidades de um caminho central com seus necessários desvios. Uma de- licada combinação de escolha de atividades, repertório e condução de classe, inclusive a disposição física dos estudantes podem ser considerados como fatores essenciais para que se possa promover um desenvolvimento cognitivo musical.
P ALAVRAS C HAVE : Desenvolvimento Musical, Processo de Aprendizagem, Ensino Coletivo
de Violão.
X Encuentro de C IENCIAS C OGNITIVAS DE LA M ÚSICA
educativa integral que abrange capacidades cognitivas, motoras, afetivas, de relação in- terpessoal e de inserção social, responsáveis por uma formação profissional integral. Estes conteúdos, além do repertório a ser desenvolvido, abordaram desde conhecimen- tos acerca da voz, noções para a sua utilização, respeito a princípios fisiológicos e técnicos, a atividades que promoveram a análise, reflexão e discussão. A definição e or- ganização deste conteúdo programático garantiram à atividade coral uma abordagem sistemática responsável por objetividade e clareza em sua realização.
IMPLICAÇÕES As implicações dos resultados para o ensino coletivo dizem respeito ao desenvolvimento de uma avaliação sistematizada. O que no início era um problema, refe- rente ao processo avaliativo, tornou-se uma motivação para o planejamento, a análise e a consideração de todos os elementos inseridos neste processo. A adoção de uma atitu- de de pesquisa no exercício docente favoreceu uma melhor atuação pedagógica voltada para uma atividade coletiva. Por outro lado, esta atuação viabilizou a realização da pes- quisa, ao oferecer informações necessárias para os avanços conquistados e permitir concluir que pesquisar e ensinar são ações que poderão ser efetuadas conjuntamente, diminuindo a separação entre a prática e a teoria. A prática docente fornece subsídios para a prática científica que retribui com maior sistematização no exercício docente. Des- ta forma, investigar, elaborar e aplicar os procedimentos adotados nesta pesquisa, oportunizaram análises, reflexões e tomadas de ação acerca da atividade coral e as suas possibilidades de desenvolvimento no contexto escolar profissionalizante, bem como na verificação do desempenho dos alunos. A diversidade das atividades facilitou o acompa- nhamento do desenvolvimento individualizado nas aulas coletivas. Como resultado, verificou-se as habilidades e as competências a serem desenvolvidas ou potencializadas, além de identificar a eficácia de aspectos como o método de ensino, material didático, conteúdos e postura adotada pelo professor ao influenciar diretamente na avaliação do aluno e no processo de ensino e aprendizagem. Estes dados permitem concluir que uma avaliação planejada e diversificada favorece o desenvolvimento cognitivo musical.
P ALAVRAS C HAVE : Avaliação Musical, Canto Coral, Desenvolvimento Individual.
PIANO EM GRUPO:
Estudo de fatores motivacionais na aprendizagem de adultos
M ARIA L UIZA B ARBOSA / T AIS D ANTAS D A S ILVA
U NIVERSIDADE F EDERAL DA B AHIA
FUNDAMENTAÇÃO Segundo O'Neill e Mcpherson et al (2002, 31) "as teorias atuais vê- em a motivação como uma parte integrante da aprendizagem que auxilia os alunos na aquisição da gama de comportamentos adaptativos que irá proporcionar-lhes a melhor chance de alcançar seus próprios objetivos pessoais." Dar os primeiros passos na músi- ca a partir do ensino coletivo de instrumentos é extremamente motivante. Oliveira (2008,
- acredita que o aprendizado musical é mais agradável quando feito em grupo, e as ra- zões para isto encontram-se no fato de que o aluno compartilha suas dificuldades com os colegas, o aluno se sente parte de um conjunto musical, e a qualidade musical é maior quando comparado ao estudo individual. Moraes (1997, 71) afirma que "a motivação e a interação social são os elementos apontados como os grandes responsáveis pelo incre- mento do aprendizado musical". Segundo Bastien, "Com o aumento do tempo livre, mais e mais pessoas procuram uma atividade que estimule a criatividade. Neste sentido, as a- tividades musicais oferecem uma importante saída para os adultos que procuram por mais formas de realização estética". (Bastien, 1988, p. 13). Outro dado bastante relevan- te, citado por Bastien, é que os adultos iniciantes estudam música porque estão
Cognição e Ensino Coletivo
interessados, ao passo que as crianças, geralmente, estudam música por indicação dos pais.
OBJECTIVOS O trabalho aqui apresentado teve como objetivo principal observar carac- terísticas da motivação para aprender o instrumento nas aulas coletivas de piano realizado por adultos, por meio de uma pesquisa realizada no âmbito das atividades de extensão da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia.
CONTRIBUIÇÃO PRINCIPAL A motivação tem sido alvo de diversos enfoques na área da psicologia e, sobretudo, no campo da educação. Em relação à Educação Musical, es- tas pesquisas têm acrescentado contribuições relevantes no processo de ensino e aprendizagem, e conseqüentemente à aprendizagem coletiva de instrumentos musicais. A proposta de trabalhar o ensino de piano em grupo com uma turma de adultos surgiu a partir da necessidade de experimentar essa metodologia com uma nova faixa etária, uma vez que já se trabalha piano em grupo com crianças. O ensino coletivo, como uma das possibilidades didáticas para o ensino do instrumento, aliado à característica do piano como um instrumento que permite a execução de vários estilos musicais e possui um vasto repertório na literatura escrita, permitiu que este projeto fosse desenvolvido.
IMPLICAÇÕES A conclusão desta pesquisa proporcionou o entendimento de determina- dos aspecto presentes no ensino coletivo que contribuem para a motivação dos alunos no processo de aprendizagem, como: o reforço positivo dos colegas no estímulo para um maior empenho na resolução de tarefas; o planejamento e o olhar do professor sobre os diversos níveis de desempenho existentes na turma; e principalmente a importância do convívio social como facilitador do processo motivacional no estudo do instrumento.
P ALAVRAS C HAVE : Piano em Grupo, Motivação, Aprendizagem de Adultos.
