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Guias e Dicas
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Monografia de Engenharia de Energia, Teses (TCC) de Metodologia

Monografia de engenharia de energia

Tipologia: Teses (TCC)

2020

Compartilhado em 20/04/2025

SabrinaFernandes93
SabrinaFernandes93 🇧🇷

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
JAQUELINE DA SILVA
HÉCATE, DO CULTO ÀS REPRESENTAÇÕES:
THEOGONIA, HINO HOMÉRICO A DEMÉTER E
HINO ÓRFICO À SENHORA TRÍVIA
MONOGRAFIA
GOIÂNIA,
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES

LICENCIATURA EM HISTÓRIA

JAQUELINE DA SILVA

HÉCATE, DO CULTO ÀS REPRESENTAÇÕES:

THEOGONIA , HINO HOMÉRICO A DEMÉTER E

HINO ÓRFICO À SENHORA TRÍVIA

MONOGRAFIA

GOIÂNIA,

JAQUELINE DA SILVA

HÉCATE, DO CULTO ÀS REPRESENTAÇÕES:

THEOGONIA , HINO HOMÉRICO A DEMÉTER E

HINO ÓRFICO À SENHORA TRÍVIA

Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia) apresentado à Coordenação de Pesquisa do Curso de Licenciatura em História da Escola de Formação de Professores e Humanidades da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, como requisito parcial para a obtenção do título de Professora Licenciada em História / Historiadora conforme a Lei 14.038 de 2020.

Orientador: Prof. Me. Ivan Vieira Neto

GOIÂNIA,

Coordenação de Pesquisa em História. Escola de Formação de Professores e Humanidades, 5° Andar. Rua 227, nº 119 – CEP 74.605-080. Telefone: +55 (62) 3946 1686.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES

CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

COORDENAÇÃO DE PESQUISA E MONITORIA

Monografia nº 002/2021 Semestre 2021- Autora: Jaqueline da Silva Título: Hécate, do culto às representações: Theogonia , Hino Homérico a Deméter e Hino Órfico à Senhora Trívia

TERMO DE APROVAÇÃO DE TRABALHO MONOGRÁFICO

A discente Jaqueline da Silva apresentou a monografia Hécate, do culto às representações: Theogonia , Hino Homérico a Deméter e Hino Órfico à Senhora Trívia às 19h00 do dia 28 de Maio de 2021, na XIII Semana Científica de História , que se realizou entre os dias 25 e 28 de Maio. A banca de defesa foi presidida pelo Prof. Me. Ivan Vieira Neto (orientador) e integrada pelas avaliadoras Profa. Dra. Rosemary Francisca Neves Silva e Profa. Dra. Luana Neres de Sousa (SME). Após a apresentação, a discente foi arguida pelos docentes nomeados acima e seu trabalho monográfico de conclusão de curso, requisito parcial para a obtenção do título de Professora Licenciada em História, considerado aprovado com conceito A.

Goiânia, 30 de Junho de 2021.

______________________________

Profa. Dra. Maria Cristina Nunes Ferreira Neto Coordenação de Pesquisa e Monitoria do Curso de História

Dedicado a todos os profissionais da saúde e educação que estão lutando na linha de frente contra o antigoverno da “Era Covidiana”.

Vocês, que me leem, estão ainda entre os vivos, mas eu, que escrevo, desde há muito ingressei no reino das sombras. Pois, em verdade, coisas estranhas acontecerão, e coisas secretas serão reveladas, e muitos séculos decorrerão antes de os homens terem conhecimento destas memórias. E, quando o tiverem, mostrarão uns descrença, outros dúvida; poucos hão de achar sobre que refletir nas palavras aqui traçadas com pena de ferro. Edgar Allan Poe

RESUMO

Hécate, deusa tricéfala, viária e trivia, nos é apresentada em importantes obras vindas da antiguidade. Essas obras são a Theogonia , de Hesíodo , o Hino Homérico à Deméter atribuído a figura de Homero e o Hinos Órficos I intitulado Hino a Hécate, atribuído a figura de Orfeu. Nessas obras a mesma deusa é representada de maneiras diferentes, mesmo que possuam algumas semelhanças. Buscamos nesse trabalho monográfico entender a transformação que a imagem de Hécate passa entre os séculos VIII aEC ao I d EC , analisando os símbolos associados a deusa e suas aparições nos poemas.

Palavras-chave: Hécate, Trívia, Símbolo, Representação, Divindade Grega.

LISTAS

•Imagem 1 .......................................................................................... 14

SUMÁRIO

Introdução ..................................................................... 15 1 Construções históricas sobre o mito de Hécate ..................................................................... 25

1.1 Introdução ao contexto ..................................................................... 26 1.2 Apresentação à Theogonia ..................................................................... 31 1.3 Hinos e cultos ..................................................................... 42 2 Imagem, Cartografia e associações da deusa. .....................................................................^^51 2.1 A representação nos Hinos ..................................................................... 52

2.2 Cartografia| Arqueologia das funções de Hécate .....................................................................^^58 2.3 Culto de mistério e a iniciação .....................................................................^^69 2.4 Hécate como Kourotrothos ..................................................................... 71 Conclusão ..................................................................... 76 Referências Bibliográficas ..................................................................... 79

INTRODUÇÃO

A imagem mais conhecida da deusa Hécate é a deusa tricéfala seguida por cães, portadora de tochas, adagas e chaves. Era invocada em encruzilhadas, associada à lua e às serpentes, protetora das feiticeiras e invocada em tabuinhas de imprecação. À deusa eram dedicadas estátuas portadoras de objetos simbólicos (as Ἑκαταῖα^1 ), colocadas em encruzilhadas em honra à deusa e em passagens com o intuito de impedir influências negativas de atravessarem. Essa imagem muito comum nos séculos V e IV a EC não foi sempre a imagem da deusa. No período arcaico a deusa foi apresentada como benévola e poderosa com a capacidade de intervir em domínios pertencentes a outras divindades, como é o caso do Hino a Hécate presente na Theogonia de Hesíodo. Hécate ainda não se associava ao submundo e nem a símbolos de caráter negativo, representação que surgirá no. Nesta obra, posterior à narrativa hesiódica, a deusa não possui grandes poderes nem se mostra uma divindade tão acessível e benevolente. Conforme a poesia pseudo- homérica, a deusa aparece com forte relação ao submundo, graças às necessidades da nova rainha do Mundo dos Mortos 2. Adiante, nos Hinos Órficos , os vínculos da deusa ao submundo aparecem de forma explícita. A Hécate representada como divindade poderosa retorna e com ela encontramos atribuições que para a sociedade grega arcaica considerava negativas. Neste trabalho pretendemos realizar uma apresentação da deusa Hécate oriunda do imaginário arcaico, anterior às associações com a magia e as feiticeiras. Os estudiosos designaram Arcaica a Época em cujos umbrais Hesíodo viveu e compôs seus cantos. Na Grécia, os séculos VIII-VII a EC testemunharam a germinação ou transplante de instituições sociais e culturais cujo florescimento ulterior transmutaria revolucionariamente as condições, fundamentos e pontos de referência da existência humana: a pólis, o alfabeto e a moeda (TORRANO, 2017, p. 15).

(^1) Hekataia eram as estátuas que possuíam três corpos e portavam símbolos que se relacionavam à deusa Hécate: serpentes, cães, tochas, adagas e chaves. 2 Perséfone (Περσεφόνη), também chamada de Cora (Koré) é filha de Deméter ( Δημήτηρ) e Zeus (Ζεύς), esposa do deus do submundo Aidoneus ou Hades (Ἅιδης ou Άͅδης). O Hino Homérico á Deméter trata de seu rapto, e de como Deméter lidou com a ausência da filha que passa a ser a soberana do Mudo dos Mortos. Perséfone era a deusa da primavera, da vegetação e do submundo.

De acordo com Jaa Torrano, Hesíodo viveu em uma sociedade agrícola e pastoril —a Grécia Arcaica, durante um período em que as instituições ainda se organizavam. De acordo com o autor, essa transição se deu com o nascimento da pólis, do alfabeto e da moeda. O termo “arcaico” tem sentido de anterioridade e antiguidade, etimologicamente envolvendo a ideia de arkhé, de um princípio inaugural, constitutivo e dirigente de toda a experiência da palavra poética (TORRANO, 2017, p. 15). À época os aedos representavam o ápice da tecnologia da comunicação (TORRANO, 2017, p. 15). O poeta Hesíodo é o único autor verificável das nossas fontes históricas, sendo os Hinos Homéricos atribuições que tentavam imitar os versos hexamétricos da Ilíada e da Odisseia. Os Hinos Órficos , por sua vez, eram atribuídos ao mítico Orfeu, cantor e adivinho de origens trácias. Trabalharemos mais o poeta Hesíodo pois, dos aedos que trabalhamos, ele é o único que é visto como o autor de sua obra. Nosso problema consiste em entender a transformação da imagem de Hécate no imaginário grego, sua ligação com os cultos de mistérios e com a condição feminina. Tanto o Hino Homérico a à Deméter quanto os Hinos Órficos estão associados a cultos de mistérios. Walter Burkert nos apresenta que os mistérios existentes na antiguidade vêm do período tardio. De acordo com o autor os mistérios eram uma doutrina voltada à salvação, garantindo uma vida benéfica após a morte às pessoas que acreditavam se iniciavam nas doutrinas mistéricas e seguiam seus preceitos. O primeiro estereótipo é o de que as religiões de mistério são “tardias”, típicas da antiguidade tardia, isto é, do período imperial ou, possivelmente, do período helenístico posterior, quando o brilho do espírito helênico vinha cedendo lugar ao irracional, como que apontando para a Idade das Trevas (...) as religiões de mistério são espirituais, e indicam uma alteração básica na postura religiosa, transcendendo a perspectiva realista e pragmática da postura pagã, em busca de uma espiritualidade mais elevada. Deste ponto de vista, as religiões de mistério são consideradas como religiões de salvação, Erlósungsreligionen , e, portanto, preparatórias ou paralelas ao surgimento do cristianismo. Sob um certo aspecto, isso faria do cristianismo apenas uma e na verdade a mais bem-sucedida dentre as religiões de mistério do Oriente. Ora, é verdade que alguns antigos escritores cristãos ficaram impressionados com certas semelhanças entre o culto cristão e os mistérios, e denunciaram-nos como contrafações diabólicas da única religião verdadeira (BURKERT, 1992, p. 14- 15).

Autoras brasileiras que atualmente desenvolvem pesquisa sobre a deusa Hécate são Thaís Rocha Carvalho, mestra em letras clássicas com dissertação intitulada Perséfone e Hécate: A Representação das Deusas na Poesia Grega Arcaica ; Trícia Magalhães Carnevale, Doutoranda em História que desenvolve pesquisa sobre mito, religião e práticas mágicas na Grécia Antiga. A autora analisa a presença de Hécate entre os atenienses com a dissertação intitulada Hécate, de deusa ctônica dos atenienses no período clássico a deusa da feitiçaria no imaginário social do Ocidente. Joana Vieira Varela faz uma arqueologia da figura da deusa nas fontes, estátuas e dos símbolos atrelados a ela desenvolvendo o trabalho intitulado Hécate: um estudo inicial. E uma das pioneiras no cenário brasileiro quando falamos das representações materiais da deusa Hécate: a Profa. Dra. Haiganuch Sarian do Museu de Arqueologia e Etnografia da Universidade de São Paulo. Também utilizamos autoras internacionais de grande relevância para o estudo de Hécate: Shelly M. Nixon e Janny Strauss Clay. Além de importantes obras para o estudo da deusa Hécate, essas autoras nos apresentam um novo olhar sobre a deusa, mostrando-se leituras obrigatórias no que se refere a este tema. Apesar da inevitável necessidade de nos referirmos a autores homens, esta pesquisa buscou priorizar a leitura e a divulgação da produção feminina. Ao tocarmos na temática do feminino, percebemos como imprescindível a ênfase nas contribuições de autoras mulheres. A partir de uma bibliografia especializada que se dedica a Hécate conseguimos identificar que as atribuições dadas à deusa são Propýlaia^4 (Προπύλαια), Própolos^5 (Πρόπολος), Phosphóros^6 (Φωσφόρος), Kourotróphos^7 (Κουροτρόφος) e Chthonía^8 (Χθονία). Essas atribuições são trabalhadas pela autora Trícia Magalhães Carnevale em sua dissertação de mestrado. A autora realizou um estudo completo sobre a deusa a partir do Período Clássico_._ As descrições de Hécate nas fontes são breves, uma vez que, exceto pelo Hino Órfico a Hécate , a deusa não figura como personagem central dos relatos poéticos.

(^4) Guardiã apotropaica, a deusa protegia caminhos e passagens impedindo a passagem de influências negativas. 5 Condutora, assistente, guia e companheira, a deusa no Hino Homérico à Deméter recebe essa função para acompanhar Perséfone. 6 Porta tochas ou archote, e bastante associadas a deusa nas fontes, presente na primeira aparição da deusa no 7 Hino Homérico à Deméter. Nutriz de jovens e regente de nascimentos, a primeira menção de Hécate como Nutriz se encontra na Theogonia. 8 Ctônicos eram os deuses com dominions e acessos no submundo.

Desta forma, Hécate se apresenta como uma figura misteriosa, sobre a qual podemos notar características que não se repetem com frequência. A deusa é apresentada pela primeira vez como divindade-nutriz (Κουροτρόφος) na Theogonia de Hesíodo (versos 450-451), sendo assim reconhecida por Zeus, quem lhe concedeu essa timé. Nutriz não seria uma deusa maternal, e sim uma deusa que assiste o jovem para que ele chegue a fase adulta. O verso 440 do Hino a Deméter diz que Hécate, após a volta de Perséfone, tornou-se servidora e companheira da nova rainha do submundo. O Hino é voltado aos cultos de Mistérios que se realizavam na cidade de Elêusis, contando a história do rapto de Perséfone e do luto de Deméter com a ausência da filha. A deusa Hécate insere-se na narrativa quando Deméter se encontra desesperada pela ausência de Perséfone, a filha raptada por Aidoneu sob a aquiescência de Zeus. O Hino Órfico a Hécate é composto por dez versos. No oitavo verso a deusa é referida como Nutriz (Κουροτρόφος). Sua datação não é exata, porém, alguns estudiosos estimam que o hino venha dos séculos VI a IV a EC. Existe uma continuidade dos hinos e talvez do próprio culto órfico, fazendo-se presente também na Roma Imperial, o que nos permite localizá-lo até o século I EC. Apesar dos hinos órficos não terem uma datação definida, o seu culto já existia no período Arcaico. A timaí intermediária da deusa se dá tanto na posição do Hino a Hécate , contido na Theogonia , quanto em suas atribuições de domínios na obra. O Hino a Hécate se localiza por volta do centro da narrativa, onde a deusa é citada como tendo domínios e acessos nas três camadas do Cosmo. No Hino homérico à Deméter podemos ver essa intermediação entre Hécate e Hélio, quando Hécate leva a deusa da agricultura até o deus na esperança de que ele possa fornecer respostas sobre o paradeiro de sua filha. Nota-se que o papel intermediário da deusa acontece ao final do hino, quando ela passa a agir entre a terra e o mundo dos mortos. Hécate passa a acompanhar Perséfone em suas idas e vindas ao Hades. No Hino Homérico à Deméter a mediação também era uma característica bastante atrelada à deusa em seu enredo. Essa intermediação seria em relação ao acesso da deusa a esses planos, como plano subterrâneo; o Hades ou submundo e o plano terreno; a terra morada dos vivos. A deusa, mesmo tendo a capacidade de acessar a camada celeste, não possui nenhuma passagem explicitando isso nas obras trabalhadas. Talvez a que se aproxime mais de um acesso ao Olimpo seja sua comunicação com o deus Hélio no Hino a Deméter.

Dominique Vieira Coelho dos Santos em seu artigo “ Acerca do conceito de representação” nos apresenta o conceito de diversos autores sobre o tema como Carlo Ginzburg, Roger Chartier, Serge Moscovici e Denise Jodelet. Nesta pesquisa nos atentaremos ao conceito apresentado por Roger Chartier que diz: Suas preocupações são, entre outras coisas, temas como: as atitudes perante a morte, os comportamentos religiosos, as crenças, as formas de sociabilidade, as relações de parentesco etc. Desta maneira, segundo Chartier, pode-se pensar uma história cultural que “tome por objetivo a compreensão das representações do mundo social, que o descrevem como pensam que ele é ou como gostariam que fosse” (Chartier, 1990: p.19). As representações do mundo social seriam determinadas pelos interesses dos grupos que as forjam (SANTOS, 2011, p. 34). O conceito de representação d e acordo com Chartier varia de acordo com a conveniência de quem está representando, revelando bem mais sobre quem apresenta do que sobre a representação em si. Ao trabalharmos o imaginário utilizamos o autor Gilbert Durand, proponente da ideia da morte como geradora no ser humano de uma imaginação em relação ao além. Essa imaginação gera a produção de símbolos, imagens, mitos e arquétipos. Esse conjunto de elementos simbólicos formaria o “imaginário”, cuja principal função seria levar o homem a um equilíbrio psicossocial diante da percepção da temporalidade e, consequentemente, da finitude (ANAZ ET ALII , 2014, p.6 ). Esses conceitos apresentados são trabalhados posteriormente e mais bem desenvolvidos. Nosso interesse por mitologia surgiu no curso de graduação, após participações no Grupo de Estudos do Mundo Antigo da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (GEMUNA/PUC Goiás). As leituras no grupo desenvolveram o interesse pelas divindades femininas na antiguidade, seu culto e a maneira como os autores antigos escreviam sobre elas. No grupo passamos a nos interessar pelas divindades femininas, em especial a deusa Hécate. Toda a atmosfera misteriosa que envolve a deusa era, e ainda é, cativante aos meus olhos. O grupo possui uma biblioteca virtual as leituras fornecidas e as discussões que ele nos apresentou nos possibilitou iniciar uma pesquisa em relação a essa deusa. Tivemos a oportunidade de contribuir com um capítulo para a coletânea intitulada “ Mitos, Deusas e Heróis, ensaios sobre antiguidade e medievo ”, desenvolvido nos anos 2018-2019, sob a organização do Prof. Ivan Vieira Neto e da Profa. Semíramis Corsi Silva.

Tivemos a oportunidade juntamente com as colegas, Ana Lina Rodrigues de Carvalho, Helinny L. Machado da Silva de contribuir com um capítulo intitulado “ As Deusas e os Antigos Cultos de Mistérios: Ísis, Deméter e Hécate”. O capítulo trata dos mistérios envolvendo os cultos de Ísis no Egito e os mistérios de Elêusis na Grécia. Este capítulo foi resultado do nosso projeto de Iniciação Cientifica intitulada “ A Face escura da Lua, A construção da deusa Hécate na Theogonia de Hesíodo” desenvolvida nos anos de 2019-2020, durante a qual trabalhamos a construção da imagem da deusa no Hino Homérico à Deméter e na Theogonia. Nós tivemos a oportunidade de participar de duas iniciações científicas com a segunda intitulada “As Cores de Íris: Representações da Deusa Mensageira na Literatura Grega”, quando fizemos um mapeamento das aparições da deusa Íris na épica grega. As leituras que fizemos contribuíram bastante para a pesquisa que deu origem a este trabalho. Trabalhamos as representações da deusa nas obras para podermos chegar a uma imagem mais clara. Hécate estava presente no imaginário e essa presença muda de obra para obra até chegar em uma deusa de caráter negativo ligada a deuses e a morte. Buscamos neste trabalho também entender um pouco sobre o contexto de escrita de cada obra, e a partir disso entender a visão que tinham sobre a deusa e como essa visão se transformou através do tempo, não apenas nas obras como também nos relatos sobre os cultos. No primeiro capítulo buscamos apresentar ao leitor as obras que trabalhamos, posteriormente abordamos algumas aparições da deusa em cultos. A maioria desses mistérios relacionados à deusa não chegaram à modernidade. Buscamos apresentar uma introdução aos contextos das obras mostrando suas funções na sociedade. A obra mais contextualizada é a Theogonia de Hesíodo pois, possui elementos bem interessantes e uma história rica para entender Hécate e outros personagens ligados a ela. Entender quem são as outras divindades na obra podam nos ajudar a intender as timaí que a deusa compartilha. Em relação ao Hino Homérico à Deméter , falamos um pouco sobre a construção do relato mítico e como a deusa Hécate se envolve nessa narrativa. O hino era voltado aos mistérios de Elêusis e cantado em festivais, buscamos desenvolver essa ideia ao longo do capítulo. A terceira obra que abordaremos e o Hino Órfico a Hécate que se encontra como primeiro hino da coletânea de Hinos Órficos. Também podemos notar que assim como