







































Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Trata-se de uma pratica menos comum nesta regiao
Tipologia: Notas de estudo
1 / 47
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
1. Introdução
A circuncisão foi uma das primeiras cirurgias criadas pela humanidade. Não é possível dizer qual foi o motivo de seu surgimento, ou em qual povo surgiu, pois ela apareceu em diversos períodos históricos, em povos distintos sem nenhum contacto e por diversos motivos: desde impor a humilhação da castração simbólica aos escravos de guerra até a purificação espiritual dos altos sacerdotes.
Desde sempre, esta cirurgia é polémica e leva a debates e discussões sobre sua realização. O registro histórico mais antigo é egípcio: um trabalho artístico em alto-relevo mostrando o procedimento cirúrgico, encontrado na necrópole de Saqqara, em um túmulo de um homem que viveu na VI dinastia.
O presente trabalho tem como tema Impacto da circuncisão masculina nas crianças de 10 aos 15 anos de idade no povoado Bala-Maganja da Costa, 2013-2015.
A circuncisão masculina é uma realidade no nosso país, embora a sua prática não seja encarrada como sendo tão pertinente para certas sociedades do país. Tendo-se em conta a sociedade Nharinga como uma das que não tinham privilégio de praticar este acto, há uma necessidade de debruçar-se detalhadamente sobre a circuncisão masculina, que actualmente é praticada na localidade Bala sem receio.
Para que este trabalho fosse dirigido, escolheu-se a sociedade Nharinga, que ao nível da região centro de Moçambique não praticava a circuncisão masculina por diversos factores. Há no entanto uma necessidade de saber-se afinal que concepção se tem actualmente ao praticar este acto.
Há no entanto, uma necessidade de saber-se afinal que concepção se tem sobre este acto e qual é o impacto positivo ou negativo da sua prática. Os dados colhidos não se limitam apenas em buscar o objectivo da prática deste acto, mas também mostram a realidade deles. Estes dados provem de diversas fontes: Médicos especialistas da área, alguns pais e mães, adolescentes e jovens.
Portanto, pode-se ver também como a circuncisão foi algo extremamente importante na formação da ideia de povo que sustentou a identidade cultural judaica pelos séculos.
Actualmente a circuncisão masculina é apresentada como um método de prevenção eficaz para o vírus de HIV/SIDA. Segundo os resultados divulgados dos ensaios clínicos em países africanos, um em Rakai, e outro em Kisumu, mostram um efeito protector da circuncisão para HIV/SIDA de 61%. Outros estudos mais recentes mostram o efeito de protecção da circuncisão é tido como tão certo -51% para Uganda e 53% para o Kenya.
Reforçando os achados, os dois estudos foram publicados no mesmo número de uma revista de grande legitimidade académica no meio médico - The Lancet – precedidos por um editorial intitulado “Newer approaches to HIV prevention”, que anuncia que a publicação dos dois ensaios clínicos marca uma nova era para a prevenção do HIV (The Lancet, vol 369.)
Neste contexto, pretende-se com o estudo perceber como a sociedade Nharinga encarra essa nova realidade.
O presente trabalho é resultado de uma pesquisa qualitativa – explicativa, de acordo com ALMEIDA & PINTOS (S/d) é mais adequada a responder as questões particulares, visto que ela se preocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificada. Em termos de abordagem, optou-se pelo método indutivo, segundo 13 LACATOS & MARCONI (1991) o método consiste na abordagem dos fenómenos numa conexão ascendente, isto é, caminha das constatações mais particulares às leis e teorias mais gerais.
No caso específico do trabalho, parte de um problema sintetizado aprimorado por uma questão de partida, que conduziu a resultados mais abrangentes. Em termos de procedimento, optou-se pelo método de procedimento monográfico, segundo ANDRADE (2006:134) consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações. Neste contexto o estudo foi realizado na localidade Bala, distrito da Maganja da Costa.
Este trabalho está composto por quatro capítulos: primeiro compete a apresentação dos procedimentos metodológico, segundo capitulo apresentação do local do estudo onde foi feita a pesquisa, nele faz-se a localização geográfica da localidade Bala, bem como, um breve panorama
1.1.Tema
A presente Monografia, tem como tema: Impacto da circuncisão masculina nas crianças de 10 aos 15 anos de idade no povoado Bala-Maganja da Costa, (2013-2015).
1.2. Delimitação do tema
Como nos refere LAKATOS (1992:102), “para que o tema seja passível de uma investigação deve passar por especificação possível, dotado de um sujeito e de um objecto”. Portanto, o trabalho que tem como objecto “ Impacto da circuncisão masculina”, goza da seguinte delimitação espácio-temporal:
Impacto da circuncisão masculina nas crianças de 10 aos 15 anos de idade. Caso específico na localidade Bala, posto administrativo Maganja da costa sede (2014-2015)
1.2.1. Breve caracterização do local de estudo
Neste capítulo, de um modo geral vai-se proceder a apresentação do local de estudo, bem como a caracterização de alguns aspectos sócio - culturais e históricos da sociedade Nharinga.
1.2.2. Localização geográfica do distrito da Maganja da Costa
De acordo com PEDD (2006), o distrito da Maganja da Costa situa-se no extremo Este da Província da Zambézia e ocupa uma superfície de 7.597 Km^2. O seu território estende-se entre os paralelos 16º42’13” e 17º31’44” na Latitude Sul e entre os meridianos 37º04’38” e 38º00’12” na Longitude Este.
Com uma superfície de 7.466 km^2 , o distrito da Maganja da Costa, conta com uma população de 350.944 habitantes e tem uma densidade populacional de 40.3 habitantes por quilómetros quadrados.
Segundo com PDM (2009), o distrito da Maganja da Conta, é composta na sua maioria por população jovem que ocupa cerca de 47%, abaixo dos 15 anos de idade maioritariamente feminina.
É um distrito que apresenta um clima do tipo tropical chuvoso de savana, com duas estações distinta, a estação chuvosa e a seca. A maior queda pluviométrica ocorre sobre tudo nos meses de
Dezembro de um ano a Abril do ano seguinte, variando significativamente na quantidade e distribuição, quer durante o ano, quer de ano para ano, e a temperatura media esta na ordem dos 25.7⁰C
1.2.3. Situação geográfica da localidade Bala
A localidade Bala, situa-se no interior do distrito de Maganja da Costa, posto administrativo Maganja sede. A localidade Bala é composta por sete povoados nomeadamente: Bala, Catangala, Mésias, Gentivo, Puzuzu, Mulemba e Diba.
Limites
Norte: Faz limite com o rio Zunga povoação de Muteua, fazendo limite com a povoação de murede, localidade de Muzu.
Sul: Faz limite com rio Erive povoação de inroga, fazendo limite com a povoação de Mogaua, localidade de Caburi.
Oeste: Faz limite com o rio Mabala, povoação de Diba passando pela povoação de Nibadane do grupo de povoação de Nago, fazendo limite com a povoação de Nante sede posto administrativo de baixo Licungo;
Este: Faz limite com a povoação de Nagobo pertencente a localidade de Muzo e gentive localidade sede Bala fazendo fronteira com a localidade de missal do distrito de Mocubala através do rio Nipiode e Raraga.
Nordeste: Faz o limite o rio Mabala fazendo limite com a povoação de Fernando na localidade de Cariua.
1.2.4. Breve historial da localidade Bala
Bala é uma povoação derivada de murrotone. Mas durante a ocupação colonial português, os primeiros portugueses sempre lhe solicitava o primeiro régulo desta povoação de murrotone. Por se sentir cansado dizia eu tenho filhos e vou mandar para vos atender. (o que significa em língua local (Myo Djibala). Assim foi apelidado por nome Bala. Por muitos habitantes passou a se denominar por Bala. Mais o nome verdadeiro é Albino Cabo Verde (regulo Bala).
1.5 Problematização
Segundo GIL (1999:53), “a formulação do problema requer, mais transpiração do que inspiração” e para RAUEN (1999:101) é considerado problema toda “a situação problemática sentida na realidade que deve ser respondida pela pesquisa”. O tema exposto é problema porque “é uma questão que envolve intrinsecamente uma dificuldade teórica ou pratica, para a qual se deve encontrar uma solução”. CERVO & BERVIAN (1996:66), mais ainda merece sua delimitação no contexto da realidade pretendida.
Conjugadas as ideias dos dois excertos é concebido este projecto que pretende responder o seguinte problema: Qual é o impacto da circuncisão masculina para a sociedade da localidade Bala-Posto administrativo Maganja sede.
1.6 Hipóteses
Num trabalho científico é inquestionável a presença de hipóteses, porque se trata de uma suposição ou possível resposta previamente antecipada. Trata-se de uma afirmação pré- formulada pelo autor do que ele pensa a respeito do problema colocado em consonância com os objectivos definidos.
De acordo com MANGRASSE (2004:29) “… a hipótese deve estar mais ajustada aos objectivos formulados e ao problema de investigação”. Desta feita, entende-se que um trabalho de pesquisa científica, deve haver uma relação de interdependência entre o problema colocado com os objectivos e hipóteses formuladas.
1.6.1 Hipótese primária
A circuncisão masculina vai trazer um ensinamento nos adolescentes em relação as doenças de transmissão sexual.
1.6.2 Hipóteses secundária
A circuncisão masculina pode trazer aspectos negativos na medida em que os adolescentes ficam consciente de que este acto previne a transmissão das doenças sexuais.
A circuncisão masculina pode vir aumentar o índice de promiscuidade nos adolescentes e jovens. A circuncisão masculina pode vir a reduzir o rendimento escolar do adolescente, uma vez que este acto realiza-se durante o período lectivo.
1.7 Metodologia de investigação
1.7.1 Tipos de pesquisa
Para o impacto da circuncisão masculina, projectou-se uma pesquisa qualitativa e bibliográfica, porque de acordo com CHIZZOTTI (2000:78), “ a abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objecto, um vinculo indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito”.
Na pesquisa qualitativa, é necessário que o sujeito que faça parte integrante da observação dos fenómenos de modo que lhe possa atribuir um significado de acordo com o observado no local da investigação. A intenção deste estudo é a obtenção de informações claras sobre o impacto da circuncisão masculina para a sociedade da localidade Bala.
Enquanto a pesquisa bibliografia é limitada exclusivamente ao uso de fontes escritas e documental implicando o uso de fontes escritas ou não.
1.7.2. Métodos
“Métodos são caminhos a percorrer para atingir um determinado objectivo”, (Lubanea, 1994:150). Neste contexto foram usados para a presente pesquisa dois grandes grupos de métodos nomeadamente os métodos de abordagem e de procedimentos.
1.7.3. Métodos de abordagem
Segundo LAKATOS & MARCONI (2003:221), “estes métodos caracterizam-se por uma abordagem mais ampla, em nível de abstracção mais elevada, do fenómeno, da natureza e da sociedade.” Este grupo de métodos engloba o método indutivo, o dedutivo, o hipotético dedutivo, o dialéctico, análise e síntese. Deste modo para no presente trabalho foram usados os seguintes métodos: indutivo e o de análise e síntese.
Esta técnica possibilitou um contacto direito do autor com Impacto da circuncisão masculina nas crianças de 10 aos 15 anos de idade no povoado Bala-Maganja da Costa.
1.8.2. Entrevista
A entrevista é uma conversa entre duas pessoas em que uma delas é o entrevistador e a outra é o entrevistado e pode ser de natureza interactiva. De acordo com LAKATOS & MARCONI (2004:278), trata-se pós de uma conversação efectuada face a face, de maneira metódica que pode proporcionar resultado satisfatório e informações necessária.
Nesta pesquisa a entrevista foi dirigida 1 chefe do bloco operatório, 1 técnico de bloco operatório 8 adolescente e jovens e 5 pais e encarregados de educação.
1.8.3. Universo e Amostra
A pesquisa tem como universo: o chefe do bloco operatório, medico surgião, adolescentes e jovens, pais e encarregados de educação.
Para o efeito, no estudo usar-se-á como universo 150 pessoas. Tratando-se de uma pesquisa qualitativa, haverá margem de outra população a ser entrevistada que não merece menção porque segundo ALBARELLO, (1997:105), “ é preciso prever o número de reserva de pessoas pois algumas aceitações serão à partida puramente formais enquanto outras pessoas se recusarão a prestar declarações”.
Capítulo II:
2. Fundamentação Teórica
O presente capítulo aborda questões da visão do ponto de vista dos autores que tratam assuntos ligados ao tema em alusão.
2.1. Conceitos
De acordo com MISAU (2014:3), “Circuncisão é uma operação cirúrgica que consiste na remoção do prepúcio, prega cutânea que recobre a glande do pénis. Por outra, a circuncisão é a retirada da pele que cobre a cabeça do pénis”. Essa pele é chamada por prepúcio.
A retirada do prepúcio facilita a limpeza do pénis e resolve o problema da fimose, que é a dificuldade ou a impossibilidade de puxar o prepúcio para trás, de forma a expor a cabeça do pénis.
Circuncisão é a remoção da pele que cobre a glande, ou prepúcio, do pénis masculino, (ASSOCIAÇÃO TORRE DE VIGIA, S/d:559).
A circuncisão remove uma parte ou todo o prepúcio. A palavra circuncisão vem do latim circuncedere que significa cortar ao redor. A circuncisão em grego é perístomos, que significa corte ao redor. O nome médico deste procedimento deriva da raiz grega, sendo chamado de peritomia ou postectomia.
A circuncisão é um procedimento bastante debatido. O prepúcio é algo que nasce com o homem e possui diversas funções como por exemplo manter a glande húmida (Alanis & Lucidi, 2004), proteger o desenvolvimento do pénis no útero (Schoen, 2005) e aumentar o prazer sexual masculino, já que é uma área cheia de receptores sensitivos (Cold & Taylor, 1999).
A causa médica mais frequente para a retirada do prepúcio é a fimose, que acontece quando não existe possibilidade de exposição da glande devido a não retracção do prepúcio. No Reino Unido de 1997 a 2003, 90% das postectomias medicamente indicadas foram realizadas por causa de fimose.
como a muçulmana e a judaica. Também já teve usos políticos a fim de diferenciar grupos dominantes e dominados. É uma prática bastante aceite em alguns países como a Turkia, parte da África e em algumas culturas do pacífico asiático, como na Korea do Sul (Hankins, 2007). Também nos Estados Unidos a circuncisão de recém-nascido é uma prática bastante frequente (Nelson et al. 2005).
“A circuncisão de neonatos, tida como um procedimento simples e com menos riscos, deve ser considerada como uma estratégia a longo termo para promover a circuncisão da população em geral, mas o impacto desta estratégia na incidência do HIV não deve ser esperado antes de 20 anos” (WHO, 2007).
2.2. Motivos para realização da circuncisão
A circuncisão masculina é um dos procedimentos cirúrgicos mais antigos conhecidos. Tradicionalmente realizado como uma marca de identidade cultural ou religiosa, com a crescente melhoria das técnicas anestésicas e cirúrgicas, além do amplo deslocamento populacional do último século, aliado à grande produção de conhecimento científico nas diversas áreas, levou este procedimento a se popularizar, a ponto de passar a ser feito em certas culturas onde tradicionalmente não era realizado como o coso concreto na Maganja da Costa.
Nas culturas que tradicionalmente realizam este procedimento, o conhecimento científico muitas vezes leva à “laicização” da circuncisão, processo onde factores como estética e saúde passam a predominar sobre a religião como o motivo principal. Quais são os motivos que levam as pessoas a fazerem circuncisão no mundo actual?
Religião
Judaísmo
Na religião judaica, o Brit Milah (Aliança da circuncisão) dos meninos ocorre no seu oitavo dia de vida, a menos que não haja nenhuma condição médica que inviabilize (por exemplo, hemofilia ou outras doenças da crase sanguínea). É considerado um mandamento obrigatório extremamente importante dentro do Judaísmo. Vimos que o motivo para a realização da circuncisão entre judeus é o pacto realizado entre Deus e Abraão, de acordo com este pacto
relatado no primeiro livro da Torah (Bereshit 17:10, Gênesis 17:10, p. 46) todos os filhos de Abraão deveriam ser circuncidados para entrar na aliança.
Segundo a tradição, Abraão fez a circuncisão de seu filho Isaque, sendo assim, é da obrigação dos pais realizar a circuncisão de seus próprios filhos, como isso muitas vezes não é possível, hoje, a cerimónia da circuncisão é realizada por um profissional devidamente treinado em circuncisão ritual.
Historicamente a circuncisão ritual consiste em 3 partes: 1 - A excisão da parte externa do prepúcio; 2 - Corte do revestimento interno do prepúcio para facilitar o total descobrimento da glande; 3 - a sucção do 111 sangue a partir da ferida. Os dois primeiros passos constituem o acto da circuncisão propriamente dito.
A circuncisão masculina continua a ser um costume quase que universalmente praticado entre o povo judeu. Por exemplo, quase todos os meninos recém-nascidos judeus em Israel (Schenker & Gross,2007), 99% dos meninos judeus no Reino Unido (Dave et al.,2003) e 98% dos meninos judeus nos EUA são circuncidados (Laumann et.al.,1997).
Islamismo
O Islã é uma das grandes religiões monoteístas do mundo, junto ao Judaísmo e Cristianismo, e compartilha com estas a origem no oriente médio. Muçulmanos são o maior grupo religioso que pratica a circuncisão, o que explica o facto de que a maior parte dos circuncidados no mundo são muçulmanos (Amir, 2010, WHO/UNAIDS, 2007).
Como descendentes de Ismael e consequentemente parte do concerto abraâmico, os muçulmanos praticam, como parte importante de seu relacionamento com a divindade, a prática é chamada tahera, que quer dizer purificação. (WHO/UNAIDS, 2007).
Para WHO/UNAIDS, (2007), a circuncisão é essencial para um homem, porque legalmente ele pode fazer a Hajj (peregrinação) para Meca, um dos cinco pilares da fé islâmica.
O profeta Maomé instruiu seus seguidores a circuncidar os seus meninos no sétimo dia de vida. Como na comunidade judaica, a criança normalmente recebe seu nome neste dia durante uma
No entanto, isso nem sempre é o caso, e na região de Mwanza nas proximidades do Noroeste da República Unida da Tanzânia, que não tem por costume étnico a circuncisão, esta não é universal entre os homens muçulmanos (prevalência estimada é de 74% entre o grupo étnico Sukuma).
Outras religiões
Exceptuando-se o judaísmo e o islamismo, a religião tende a não ser o principal determinante da circuncisão masculina em muitas religiões, incluindo o hinduísmo e o budismo, que parecem ter uma postura neutra em relação a este procedimento.
Os cristãos coptas no Egipto e os cristãos ortodoxos Etíopes praticam duas das mais antigas formas sobreviventes do Cristianismo (Tierney, 2003) e mantêm muitas das características do cristianismo primitivo, incluindo a circuncisão masculina (por exemplo, 97% dos homens ortodoxos na Etiópia são circuncidados) (Demographic, 2006).
A circuncisão não é prescrita nas formas de cristianismo derivadas da Igreja Católica Romana, baseando-se em textos como: "Em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão valem nada" (Gálatas 5:6).
Utilizando-se da ideia de afastar-se de qualquer crença judaica o papa Eugénio IV emitiu uma bula papal em 1442 durante o Concílio Ecuménico de Florença afirmando que circuncisão masculina era desnecessária, e que constituía um pecado mortal "Portanto, ordeno estritamente a todos os que por glória usam o nome de cristão, não pratiquem a circuncisão, antes ou depois do baptismo, pois se o fizerem, ou colocarem sua esperança nisto, esta não pode ser observada sem a perda da salvação eterna." (Eugenius, 1442).
Na África subsaariana não existe um consenso sobre a compatibilidade da circuncisão masculina com as crenças cristãs (Westercamp & Bailey, 2007). Algumas igrejas cristãs na África do Sul se opõem à prática, vendo-a como um ritual pagão (Rain-Taljaard,2003), enquanto outras, incluindo a Igreja Nomiya no Quênia, exige a circuncisão para a entrada de alguém em seu rol de mambros. (Mattson et al., 2005).
Cristãos na Zâmbia e em Malawi por exemplo, mencionam crença semelhante: os cristãos deveriam praticar a circuncisão, pois Jesus foi circuncidado, e a Bíblia ensina a prática (Lukobo & Bailey, 2007).
Em alguns países do Oeste Africano, a prevalência de circuncisão tende a ser menor entre os da religião tradicional do que entre os cristãos (66% vs 93% em Burkina Faso, 68% vs 95% em Gana) (Demographic, 2006). Embora a religião e etnia possam ser estreitamente correlacionadas, a religião pode ser um forte determinante dentro de um grupo étnico. Por exemplo, entre os Mole-dagbani de Gana, 97% dos muçulmanos são circuncidados, 78% dos cristãos, 43% das pessoas com a religião tradicional e 52% das pessoas sem religião (Demographic, 2006).
Nos Camarões, a circuncisão é quase universal entre todas as religiões, excepto entre os animistas (prevalência de 79%), entre os quais há um grupo étnico particular, o Mboum, que tendem a não fazer circuncisão (40%), comparado com uma prevalência de circuncisão de 89% entre os animistas não-Mboum. (WHO/UNAIDS, 2007).
Etnicidade
A circuncisão é praticada por razões não-religiosas há milhares de anos tanto África subsaariana quanto em muitos outros grupos étnicos, incluindo os aborígenes australianos (Dunsmuir & Gordon, 1999); (Beidelman, 1987), os astecas e os maias (Tierney, 2003).
A prevalência da realização da circuncisão dentro de um país pode variar bastante por etnia. É estimado, que 84% dos quenianos são circuncidados, a percentagem é bastante inferior entre os Luo e os grupos étnicos Turkana (17% e 40%, respectivamente) (Demographic, 2006.) A circuncisão masculina não é praticada entre o Jopadhola, Acholi e outros grupos de língua Luo em Uganda e no sul do Sudão, de onde os Luo migraram (Bailey, 2002).
Na maioria das culturas, a circuncisão é parte integrante de um rito de passagem para a idade adulta, originalmente pode ter sido um teste de bravura e resistência (Doyle, 2005). A circuncisão é um factor que iguala as pessoas nestas sociedades pois, o procedimento está associado a factores como a masculinidade, a coesão social com meninos da mesma idade que se tornam circuncidados no mesma época, auto-identidade e espiritualidade (Niang, 2006).
Circuncisão e passagem para a idade adulta não são universalmente associadas, por exemplo, alguns grupos étnicos, tais como os Iorubá e Ibo da Nigéria, a circuncisão ocorre na infância (Biedelman, 1987).
Determinantes Sociais
A circuncisão masculina é realizada actualmente por uma série de razões, predominam o desejo de parecer comum, a saúde, além da religião e etnia. O desejo de adaptar-se ao comum em certa sociedade é uma motivação importante para a circuncisão em lugares onde a maioria dos meninos são circuncidados.
Uma pesquisa realizada em Denver (EUA) onde a circuncisão ocorre logo após o nascimento, descobriu que os pais, principalmente o pai, de meninos recém-nascidos citaram como razões o facto de que não queriam que seus filhos parecessem diferentes em relação ao comum nesta sociedade. Um dos dados mais importantes na escolha ou não da circuncisão neonatal é se o pai é ou não circuncidado. Entre os pais que escolhem circuncidar seus filhos, 90% são circuncidados, em comparação com 23% dos pais não circuncidados que tomam a mesma decisão (Brown & Brown, 1987).
Nas Filipinas, a circuncisão é quase universal e normalmente ocorre entre os 10-14 anos, uma pesquisa com meninos encontrou que dois terços dos meninos escolheu ser circuncidado simplesmente para evitar ser diferente, e 41% afirmou que era "parte da tradição" (Lee, 2005).
Entre o grupo étnico Akan de Gana, que tradicionalmente não elegia homens circuncidados como governantes, a circuncisão tem sido adoptada desde o século passado e cada vez tem se tornado mais comum (Ntozi et al., 1995), tanto que o mais recente Inquérito Demográfico e de Saúde mostra que na actualidade 99% dos homens Akan são circuncidados e 83% dos homens Akan relataram que a circuncisão era praticada em sua comunidade.
As razões mais apresentadas para a adopção da circuncisão masculina incluem higiene pessoal, prevenção de doenças, preferência feminina e aumento prazer sexual (Mensch et al. 1999).
Socioeconómicos Factores socioeconómicos influenciam na prevalência da circuncisão, especialmente em países com uma adopção mais recente da prática, como países industrializados de língua inglesa. Quando a circuncisão masculina foi praticada no Reino Unido no século XIX e início do XX, foi mais prevalente entre as classes superiores (Coulter & McPherson, 1985).
Nos Estados Unidos da América, uma revisão com 4,7 milhões de circuncisões de meninos recém-nascidos em todo o país entre 1988 e 2000 encontrou uma associação significativa com os seguros privados e nível socioeconómico (Nelson, 2005), o que reflecte o motivo da baixa prevalência da circuncisão entre os imigrantes recentes, muitos dos quais, além de vir de países que tradicionalmente não realizam a circuncisão, como China e México, são mais propensos a ser de menor nível socioeconómico.
A circuncisão é incomum na Tailândia, mas ela tende a ser associada com maior escolaridade e nível socioeconómico. A fim de tornar mais acessível a circuncisão masculina, este procedimento foi adicionado em 2006 aos procedimentos cobertos pelo seguro saúde (WHO/UNAIDS, 2007).
Na República Unida da Tanzânia, as taxas mais elevadas de circuncisão são vistas entre os homens com níveis mais elevados de educação, de melhor nível socioeconómico, e residentes em áreas urbanas, na Etiópia por exemplo, onde a prevalência deste procedimento é de 93%, este fenómeno também ocorre, pois os homens são mais propensos a serem circuncidados se eles estiverem em um nível mais elevado de riqueza, tiverem o ensino secundário, e morarem em uma área urbana. No Lesoto, ocorre o oposto, pois a circuncisão é mais comum entre os homens sem educação, no nível mais baixo de riqueza e vivendo em áreas rurais (Demographic, 2006).
2.3. Circuncisão de adultos
Os médicos especialistas recomendam a circuncisão de adultos quando estes sofrem de fimose. No entanto, devido à maior complicação que esta circuncisão pode representar, é recomendável que os pais detectem a fimose no rapaz ainda criança, para que ela possa realizar-se mais cedo
A circuncisão de adultos pode ser mais dolorosa do que em crianças por uma série de factores. O primeiro é que, no pós-operatório, as erecções nocturnas (normais e saudáveis num homem adulto) podem tornar-se muito dolorosas até à retirada dos pensos e dos pontos da sutura. O segundo é que os adultos demoram mais tempo a habituar-se à condição de circuncidados, podendo ter que mudar de hábitos no que toca à roupa interior ou aos calções de banho.