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Moleque da bananeira, Trabalhos de Entomologia

Moleque da bananeira praga mais importante da cultura.

Tipologia: Trabalhos

2023

Compartilhado em 08/11/2023

roniel-almeida
roniel-almeida 🇧🇷

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46 Agropec. Catarin., v.21, n.3, nov. 2008
Conheça e faça o controle biológico daConheça e faça o controle biológico da
Conheça e faça o controle biológico daConheça e faça o controle biológico da
Conheça e faça o controle biológico da
principal praga da bananeiraprincipal praga da bananeira
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principal praga da bananeira
José Maria Milanez1
Aespécie Co smo pol ite s
so rd idu s (Germ ar, 18 24)
(Coleoptera : Curculio-
nidae), con hecida vul garmente
como moleque-da-bananeira e/ou
broca-do-rizoma-da-bananeira , é
considerada a principal praga nas
regiões produtoras de banana do
mundo. As larvas se alimentam do
rizoma da planta e são responsáveis
por perdas na produção que podem
variar de 20% a 50% (Gallo et al.,
2002).
Inseticidas de alta toxicidade,
comumente utilizados no controle
do moleque-da-bananeira, têm so-
frido fortes restrições pela questão
ambiental, principalmente por par-
te de alguns países importadores da
fruta. Por outro lado, os consumi-
dores estão cada vez mais exigen-
tes e ávidos por alimentos de me-
lhor qu alidade . Assim, o fun go
entomopa tog êni co Be auv eri a
bassiana é uma alternativa de con-
trole biológico da praga e pode ser
utilizado, sem restrições, em pro-
gramas de produção integrada de
banana e na produção orgânica da
fruta.
B. bassiana é o fungo entomo-
patogênico mais exaustivamente
estudado, desde que foi reportado
pela primeira vez como patógeno
em bicho-da-seda (Bombix mori L.)
em 1834. Trata-se de um fungo de
solo e de grande potenc ial para
Aceito para publicação em 17/4/08.
1Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (47) 3346-5244, e-mail:
milanez@epagri.sc.gov.br.
programas de controle bioló gico,
principalmente para pragas da or-
dem Coleoptera, sendo eficiente no
controle de insetos presentes em di-
ferentes habitat s. Seus codios
(esporos) permanecem em resídu-
os vegetais e no solo, favorecendo o
controle natural das pragas (Hajek
& Leger, 1994).
A Epagri/Estação Experimental
de Itajaí mantém um laboratório de
produção dos fun gos en tom o-
patogênicos B. bassi an a e Meta -
rhizium anisopliae, destinados ao
controle biológico das mais diferen-
tes pragas. Neste laboratório desen-
volve-se um programa de controle
biológico do moleque-da-bananeira,
considerado um dos melhores do
Brasil, mas que ainda precisa ser
mais conhecido divulgado e, princi-
palmente, utilizado de forma mais
generalizada pelos bananicultores.
Descrição e bioecologia
da praga
O adulto é um besouro preto, que
mede cerca de 11mm de comprimen-
to e 5mm de diâmetro, apresenta
pontuações em todo o corpo e es-
trias longitudinais nas asas anteri-
ores (élitros) (Figura 1). Na cabeça
tem um prolongamento em forma
de tromba (rostro) onde fica a boca.
Possui hábito noturno e costuma ca-
minhar pelos bananais, pois, embo-
ra possua asas funcionais, não voa.
Condições de alta umidade do solo
parecem estimular a sua movimen-
tação, que a captura em arma-
dilhas aumenta em períodos mais
úmidos (Ferreira, 1995; Fancelli,
2001).
Os adultos podem viver por mais
de 2 anos, porém as fêmeas produ-
zem poucos ovos, os quais são colo-
cados individualmente em orifícios
abertos com auxílio do rostro, na
rego de in ser ção das ba inh as
foliares junto ao solo (Fancelli, 2001;
Gallo et al., 2002).
A larva, conhecida como broca-
da-bananeira ou broca-do-rizoma, é
ápo da, com o corpo de colorão
branca e cabeça marrom (Figura 2).
O p e odo d e des env olv ime nto
larval depende da temperatura e da
cultivar de banana da qual se ali-
menta, variando de 22 a 45 dias.
Após o seu desenvolvimento, as lar-
vas se dirigem para a periferia do
rizoma, onde formam uma espécie
de casul o e se tra nsfor mam em
pupas, as quais têm coloração bran-
ca e m ede m aprox ima dam ent e
12mm de comprimento por 6mm
de largura. Após 4 a 22 dias, emer-
gem os adultos (Mesquita & Cal-
da s, 19 86; Fe rrei ra, 19 95;
Fancelli, 2001).
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Conheça e faça o controle biológico daConheça e faça o controle biológico da Conheça e faça o controle biológico daConheça e faça o controle biológico daConheça e faça o controle biológico da

principal praga da bananeiraprincipal praga da bananeiraprincipal praga da bananeiraprincipal praga da bananeiraprincipal praga da bananeira

José Maria Milanez^1

A

espécie Cosmopolites sordidus (Germar, 1824) (Coleoptera: Curculio- nidae), conhecida vulgarmente como moleque-da-bananeira e/ou broca-do-rizoma-da-bananeira, é considerada a principal praga nas regiões produtoras de banana do mundo. As larvas se alimentam do rizoma da planta e são responsáveis por perdas na produção que podem variar de 20% a 50% (Gallo et al., 2002). Inseticidas de alta toxicidade, comumente utilizados no controle do moleque-da-bananeira, têm so- frido fortes restrições pela questão ambiental, principalmente por par- te de alguns países importadores da fruta. Por outro lado, os consumi- dores estão cada vez mais exigen- tes e ávidos por alimentos de me- lhor qualidade. Assim, o fungo entomopatogênico Beauveria bassiana é uma alternativa de con- trole biológico da praga e pode ser utilizado, sem restrições, em pro- gramas de produção integrada de banana e na produção orgânica da fruta. B. bassiana é o fungo entomo- patogênico mais exaustivamente estudado, desde que foi reportado pela primeira vez como patógeno em bicho-da-seda ( Bombix mori L.) em 1834. Trata-se de um fungo de solo e de grande potencial para

Aceito para publicação em 17/4/08. (^1) Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (47) 3346-5244, e-mail:

milanez@epagri.sc.gov.br.

programas de controle biológico, principalmente para pragas da or- dem Coleoptera, sendo eficiente no controle de insetos presentes em di- ferentes habitats. Seus conídios (esporos) permanecem em resídu- os vegetais e no solo, favorecendo o controle natural das pragas (Hajek & Leger, 1994). A Epagri/Estação Experimental de Itajaí mantém um laboratório de produção dos fungos entomo- patogênicos B. bassiana e Meta- rhizium anisopliae , destinados ao controle biológico das mais diferen- tes pragas. Neste laboratório desen- volve-se um programa de controle biológico do moleque-da-bananeira, considerado um dos melhores do Brasil, mas que ainda precisa ser mais conhecido divulgado e, princi- palmente, utilizado de forma mais generalizada pelos bananicultores.

Descrição e bioecologia

da praga

O adulto é um besouro preto, que mede cerca de 11mm de comprimen- to e 5mm de diâmetro, apresenta pontuações em todo o corpo e es- trias longitudinais nas asas anteri- ores (élitros) (Figura 1). Na cabeça tem um prolongamento em forma de tromba (rostro) onde fica a boca.

Possui hábito noturno e costuma ca- minhar pelos bananais, pois, embo- ra possua asas funcionais, não voa. Condições de alta umidade do solo parecem estimular a sua movimen- tação, já que a captura em arma- dilhas aumenta em períodos mais úmidos (Ferreira, 1995; Fancelli, 2001). Os adultos podem viver por mais de 2 anos, porém as fêmeas produ- zem poucos ovos, os quais são colo- cados individualmente em orifícios abertos com auxílio do rostro, na região de inserção das bainhas foliares junto ao solo (Fancelli, 2001; Gallo et al., 2002). A larva, conhecida como broca- da-bananeira ou broca-do-rizoma, é ápoda, com o corpo de coloração branca e cabeça marrom (Figura 2). O período de desenvolvimento larval depende da temperatura e da cultivar de banana da qual se ali- menta, variando de 22 a 45 dias. Após o seu desenvolvimento, as lar- vas se dirigem para a periferia do rizoma, onde formam uma espécie de casulo e se transformam em pupas, as quais têm coloração bran- ca e medem aproximadamente 12mm de comprimento por 6mm de largura. Após 4 a 22 dias, emer- gem os adultos (Mesquita & Cal- das, 1986; Ferreira, 1995; Fancelli, 2001).

Injúrias e prejuízos

Tanto os adultos como as larvas se alimentam na região do rizoma, sendo que as larvas causam maior injúria ao abrirem galerias e propi- ciarem condições favoráveis à infec- ção por fungos, que causam o apo- drecimento dos tecidos (Figura 3). Com as injúrias feitas no rizoma, as raízes em crescimento morrem e paralisam parcial ou totalmente a nutrição das plantas. Como resul- tado do ataque, as folhas amare- lecem, murcham nas bordas e aca- bam morrendo. Quando o ataque é intenso, o pseudocaule se desidrata e há fendilhamentos verticais que aparecem nas bainhas externas. Os “filhotes” também interrompem sua brotação e secam. Por fim, os pés de banana, debilitados pelo ataque da praga, produzem cachos com fru- tos diminutos e caem com a ação do vento, comprometendo totalmen- te a produção.

Controle da praga

Comumente o controle de adul- tos e larvas do moleque-da-bananei- ra, nos diferentes Estados brasilei- ros produtores de banana, é reali- zado com a aplicação de inseticidas granulados sistêmicos em covas jun- to às plantas ou em iscas confec- cionadas com pseudocaule. Neste

caso, não há uma preocupação por parte dos bananicultores de se avaliar o nível populacional da pra- ga antes do seu controle.

Controle biológico do

moleque-da-bananeira

O controle biológico com o fun- go B. bassiana é recomendado vi- sando aos adultos, cujos inimigos na- turais (predadores) não são efeti- vos para manter a população da pra- ga sob equilíbrio. As larvas também podem ser infectadas pela ação do fungo. Monitoramento e nível de controle: Para o monitoramento dos adultos é recomendado o uso de iscas atrativas feitas com o rizoma da bananeira, conhecida pelos bananicultores catarinenses como “isca tipo queijo modificada”. A re- ferida isca constitui-se de uma se- ção cilíndrica de uma bananeira da qual já foi colhido o cacho, conheci- da como planta mãe. Para sua con- fecção é realizado um primeiro cor- te transversal bem junto ao solo para atingir o rizoma, que é a parte atrativa da isca. Acima do primeiro corte, cerca de 30 a 40cm, faz-se um segundo corte no peseudocaule de forma chanfrada (bisel), para evitar o acúmulo de água e o apodreci- mento rápido das iscas. Assim, a parte superior do pseudocaule fica

sobreposta à parte inferior consti- tuída pelo rizoma, local para onde os adultos são atraídos (Figura 4). Para verificar o nível de contro- le do moleque-da-bananeira é reco- mendado distribuir, aleatoriamen- te, 20 iscas/ha. Aos 7 e 15 dias, de- verá ser feita uma contagem dos insetos atraídos pelas iscas; caso o total de insetos, nas duas contagens,

Fotos de H.F. Prando

Figura 1. Adulto do moleque-da- bananeira

Figura 2. Larva do moleque-da- bananeira

Figura 3_. Rizoma com galerias causada por larvas_

Figura 4_. Isca tipo “queijo modificada”_