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Assim, o uso apropriado da evidência científica pode nortear ... Assim, no topo da pirâmide está a revisão sistemática da literatura. Confira na sequência.
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Especialização em Saúde da Família 25
PRÁTICAS CLÍNICAS BASEADAS EM EVIDÊNCIAS
Introdução
A surpreendente profusão de publicações, muitas vezes contraditórias, associada à intensa prática clínica, tende a dificultar a atualização do profissional da área de saúde, podendo, às vezes, tornar sua prática obsoleta.
As práticas clínicas baseadas em evidências têm sido definidas como o uso consciencioso, explícito e criterioso das melhores evidências disponíveis na tomada de decisão clínica sobre cuidados de pacientes individuais (SACKETT et al., 1996) Buscam reconhecer publicações com melhor rigor científico (estudos bem desenhados e bem conduzidos, com número adequado de pacientes), compilar esses estudos, torná-los acessíveis aos profissionais da saúde - diminuindo, assim, as incertezas clínicas.
ExpErtisE: vivência, in- terpretação da evidência e aplicação ao seu paciente.
Através do conhecimento da melhor evidência científica disponível, o profissional pode associar esse conhecimento a sua expertise , sempre levando em conta os valores, crenças e preferências do paciente informado.
Assim, o uso apropriado da evidência científica pode nortear a decisão clínica com benefícios e redução de danos ao paciente. Essa integração dos componentes compõe o conceito de saúde além das evidências. (ATALLAH e CASTRO, 1998).
As práticas clínicas baseadas em evidências não buscam orientar as práticas clínicas somente pela soberania científica, ou cercear esses profissionais no exercício de sua capacidade clínica. Ao contrário, visa contribuir para a qualidade do atendimento clínico por meio de ações de formação continuada desses profissionais, tais como:
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PRÁTICAS CLÍNICAS BASEADAS EM EVIDÊNCIAS
Tipos de Estudo
Os estudos clínicos apresentam quatro diretrizes principais: questões sobre diagnóstico , tratamento , prognóstico ou prevenção. Para responder a cada uma dessas questões, existem desenhos de estudos adequados. Para questões sobre diagnóstico, o estudo mais adequado é o de acurácia; para questões sobre tratamento, a opção é pelo ensaio clínico controlado randomizado; para prognóstico, os estudos coortes são os mais adequados; e para prevenção, a recomendação é por ensaios clínicos controlados randomizados.
Nem sempre encontramos tais desenhos. Há uma gama muito grande de estudos, em todas as bases de dados, com diferentes desenhos, retrospectivos ou prospectivos, com maior ou menor credibilidade. Há estudos epidemiológicos, clínicos, em animais, in vitro.
Conheça os principais tipos de estudos clínicos:
Descrições detalhadas de um ou alguns casos clínicos, apresentando um evento clínico raro ou uma nova intervenção. Quando bem detalhados, colaboram para elucidar os mecanismos de doenças - mas os resultados se aplicam somente àquele paciente específico (FLETCHER et.al ., 1996).
2. Série de casos
Estudo com número maior de pacientes, em geral mais de dez, podendo ser retrospectivo ou prospectivo. Colabora com o delineamento do caso clínico, mas tem limitações importantes.
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Frequentemente avalia acontecimentos passados. Não tem grupo de comparação, o que pode gerar conclusões errôneas (FLETCHER et al., 1996).
3. Estudo de caso-controle
Estudo onde dois grupos semelhantes são selecionados a partir de uma população em risco. A diferença entre os grupos é a presença ou ausência de doença. É um estudo retrospectivo, onde o pesquisador busca localizar os possíveis fatores de risco a que essa amostra com a doença foi exposta anteriormente. É indicado para a identificação de fatores de risco em doenças raras, também em surtos epidemiológicos onde haja necessidade de identificação rápida dos fatores de risco; e ainda para a exploração de fatores prognósticos de doenças com longo período de latência. Exemplo: O estudo inicia com a definição, pelo pesquisador, de um grupo de casos (jovens HIV positivos) e outro de controles (jovens HIV negativos) de uma população definida. As amostras devem ser semelhantes, diferindo pela presença ou ausência da doença, como no caso de uma população hipotética de adultos jovens (16 a 25 anos) atendidos no Programa de Saúde da Família do bairro Jardim Sandra (200 jovens), onde há suspeita de alto índice de uso de drogas injetáveis. Desses 200 jovens, 20 seriam HIV positivos. O pesquisador selecionaria, da população, 20 jovens com características semelhantes ao grupo dos casos. Objetivos: avaliar os fatores de risco a que eles foram expostos, como por exemplo, o uso de drogas injetáveis. Avalia-se a razão de chances, ( odds ratio , razão de probabilidade) definida como as chances ( odds ) de que um caso seja exposto, dividida pelas chances a que um controle seja exposto (FLETCHER et al., 1996).
CASOS CONTROLES EXPOSTOS Drogas injetáveis
Drogas injetáveis
Quadro 1 - Odds Ratio
A / (A + C) C / (A + C) A / C AD Razão de chances = = = = 27 B / (B + D) B / D BC D / (B + D)
Caso a frequência da exposição seja maior entre os casos, a razão de chances excederá a 1, indicando risco. Razão de chances ( odds ratio ) é uma medida de associação. Quanto mais forte
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RR (risco relativo) = C / (C + D) RR = 13
O risco de fumantes desenvolverem câncer de pulmão é, portanto, 13 vezes maior que o risco de não fumantes. São estudos demorados e tendem a ser dispendiosos.
5. Ensaio clínico controlado randomizado
Este tópico é muito importante, pois esse tipo de estudo é o foco de interesse das revisões sistemáticas. É o estudo padrão-ouro para se avaliar intervenções. É um estudo prospectivo, onde uma intervenção será testada em pelo menos dois grupos aleatórios de indivíduos, por um tempo determinado. O termo “controlado” significa que há grupo controle ou grupo de comparação. Esses grupos podem ser: grupo intervenção X grupo não intervenção ou diferentes intervenções comparadas entre si. Existe um guia com os parâmetros que devem ser seguidos para se elaborar um ensaio clínico controlado randomizado (MOHER et al., 2001). Os parâmetros principais são:
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tenham conhecimento da medicação utilizada. Isso deve constar no termo de consentimento livre e esclarecido previamente assinado.
Risco relativo e intervalo de confiança podem ser utilizados para expressar os resultados. Embora esses sejam os melhores desenhos de estudos, também estão sujeitos a vieses.
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PRÁTICAS CLÍNICAS BASEADAS EM EVIDÊNCIAS
A partir do protocolo, os autores fazem a revisão que segue a seguinte estrutura: introdução (panorama do conhecimento, definições, etiologia, impacto e intervenções); objetivos e justificativa. O método inclui: critérios de inclusão, exclusão, tipo de participantes, intervenções e desfechos primários e secundários.
A estratégia de pesquisa visa buscar toda a informação, independente de idioma, em bases eletrônicas, nas referências de artigos, em comunicação pessoal com os principais autores e por meio de busca manual. Dois revisores independentes definem a inclusão dos artigos. Nos artigos incluídos, faz-se a extração de dados, (ano, método, participantes, intervenção e desfechos). Depois, seguem-se a avaliação de qualidade dos estudos (sigilo de alocação, mascaramento, seguimento e ITT), a análise, a apresentação e a interpretação dos dados. Por último, são apresentadas as conclusões, juntamente com as implicações para a prática e para a pesquisa. Podem ser criticadas e a crítica será incorporada à publicação.
A revisão sistemática pode apresentar resultados conclusivos favoráveis ou desfavoráveis a uma determinada intervenção, ou ainda ser inconclusiva, no caso de não haver estudos de qualidade suficiente para referendar ou refutar qualquer intervenção.
Interpretação de um gráfico de metanálise
A figura a seguir é um exemplo de um gráfico de uma revisão sistemática com metanálise. Os autores fizeram uma revisão sistemática intitulada: “Oral Appliances for Obstructive Sleep Apnoea” (LIM et al., 2006). Vários desfechos foram medidos e a metanálise somou os resultados desses desfechos. O gráfico abaixo é a soma de resultados de cinco estudos (Blanco 2005, Gotsopoulos 2002, Hans 1997, Johnston 2002 e Mehta 2001) para o desfecho “índice de apneia/hipopneia”.
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Figura 1 - Exemplo de um gráfico de uma revisão sistemática com metanálise
Review: Oral appliances for obstructive sleep apnoea Comparison: 1 Active oral appliance versus control appliance Outcome: 3 Apnoea Hypopnea Index – first arm/parallel studies
Heterogeneity: Chi^2 = 6.30, df = 4 (P = 0.18); I^2 = 37% Test for overrall effect: Z = 4.45 (P < 0.00001)
No cabeçalho estão o título da revisão (Aparelho oral para apneia obstrutiva do sono), as intervenções comparadas (aparelho oral X aparelho controle) e o desfecho medido (índice de apneia/hipopneia). Nas colunas estão os estudos, o tamanho da amostra (N) e o índice de apneia/hipopneia com desvio padrão para as duas intervenções. O gráfico é dividido por uma linha vertical que marca o efeito nulo, ou seja, onde o odds ratio , ou o risco relativo, é igual a 1. A linha horizontal representa o efeito do tratamento. Cada estudo é representado por uma linha horizontal com um ponto estimado e um intervalo de confiança (representado pela extensão da linha horizontal). Um intervalo de confiança de 95% é o intervalo onde as proporções de eventos (apneia/hipopneia) seriam verificadas em 95% das vezes, se o mesmo estudo fosse repetido 100 vezes. À esquerda da linha vertical, estão os resultados favoráveis à intervenção testada (aparelho oral), e à direita os resultados favoráveis à intervenção comparada (aparelho controle). Nesse gráfico os resultados estão à esquerda, ou seja, favoráveis à intervenção testada (aparelho oral). Se os resultados estivessem à direita, poderiam representar um aumento de risco com a nova intervenção, ou que o aparelho controle teria apresentado melhores resultados que o aparelho oral. Quando a linha horizontal cruza a linha vertical, (efeito nulo) significa que não houve diferença entre as intervenções. Isso pode acontecer em todos os estudos ou para alguns deles (exemplo no gráfico anterior - Blanco e Hans), mas a somatória dos estudos (representada pelo losango final) mostrou efeito favorável ao aparelho oral. Sempre que o intervalo de confiança não
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Níveis de evidência
Os níveis de evidência dos estudos para tratamento e prevenção são hierarquizados de acordo com o grau de confiança dos estudos que está relacionado à qualidade metodológica dos mesmos. Assim, no topo da pirâmide está a revisão sistemática da literatura. Confira na sequência os ensaios clínicos randomizados (com mais de mil pacientes e com menos de mil pacientes), os estudos coorte, caso-controle, série de casos, relato de casos, e por último, opinião de especialistas e pesquisas em animais ou in vitro (COOK et al., 1995).
Gráfico 1- Produções Científicas: Níveis de Evidência. Para cada condição, pode ser necessária ou possível a escolha de cada um desses estudos. Cada desenho tem suas vantagens e limitações. Entretanto, é fundamental saber até onde se pode aplicar os resultados de cada um deles. O estudo pode ter somente a função de descrever um caso clínico raro (relato de caso) ou de comparar intervenções com resultados significantes favoráveis a uma intervenção numa população definida, semelhante a sua população clínica. Nesse caso é possível utilizar aquela intervenção e esperar resultados semelhantes.
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PRÁTICAS CLÍNICAS BASEADAS EM EVIDÊNCIAS
Práticas clínicas baseadas em
evidências
As práticas clínicas baseadas em evidências começam pelo reconhecimento da questão clínica, ou pela dúvida sobre o procedimento mais adequado para solucionar um determinado problema. Para responder a uma dúvida, devemos nos perguntar: Qual o problema em questão, qual o diagnóstico, que tipo de paciente?
Exemplos de dúvidas clínicas:
Assim, a partir do reconhecimento da dúvida, é possível formular uma pergunta clínica adequada, pesquisar artigos relevantes, fazer uma avaliação crítica da literatura encontrada e implantar esses achados na prática clínica.
Evidentemente, a proposta não é que cada profissional de saúde faça suas próprias revisões sistemáticas. A grande maioria dessas perguntas já foi feita anteriormente e, muitas vezes, as respostas já existem. Nós apenas precisamos procurá-las e encontrá-las. A maneira de fazer essa procura será abordada posteriormente.
1. Pergunta clínica
Questões bem formuladas devem conter informações sobre o paciente (1), alguma exposição (a um tratamento, a um diagnóstico ou agente de risco) (2) e um desfecho de interesse (3). Desfechos clínicos são as variáveis que serão estudadas. Pode ser a doença, a cura, melhora na qualidade de vida, morte, ou limitação (ATALLAH e CASTRO, 1998).
Então, as dúvidas acima podem ser reformuladas para facilitar a busca da informação:
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PRÁTICAS CLÍNICAS BASEADAS EM EVIDÊNCIAS
informações. Tanto os vocabulários controlados quanto os não controlados podem ser usados para localizar as informações.
Assim, iniciamos a busca identificando os descritores:
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Exemplo: Escolha português, palavra ou termo, índice permutado, a palavra nefropatias. Clique em “Consulta”.