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Análise da Revista Mundo Estranho: Caracterização e Utilização em Ensino de Biologia, Exercícios de Materiais

Uma pesquisa sobre a divulgação científica na revista mundo estranho. O autor investiga as características dos textos da revista para verificar suas possibilidades de utilização em sala de aula de biologia. O texto aborda a importância da leitura de textos de divulgação científica, as características da atividade de divulgação científica, e a importância da divulgação científica para a sociedade. O documento também discute a importância da leitura de textos de divulgação científica para a aprendizagem em ciências.

O que você vai aprender

  • Por que é importante a leitura de textos de divulgação científica?
  • Quais são as características dos textos da revista Mundo Estranho?
  • Como a divulgação científica pode ser utilizada no ensino de biologia?
  • Qual é a importância da divulgação científica para a sociedade?
  • Quais são as vantagens de usar textos de divulgação científica em lugar de textos científicos tradicionais?

Tipologia: Exercícios

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Possibilidades Pedagógicas de Textos de Divulgação Científica na
Revista Mundo Estranho
Laura Junqueira Trarbach
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Russel Teresinha Dutra da Rosa
Porto Alegre, dezembro de 2016
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Possibilidades Pedagógicas de Textos de Divulgação Científica na Revista Mundo Estranho

Laura Junqueira Trarbach Orientadora: Prof.ª Dr.ª Russel Teresinha Dutra da Rosa

Porto Alegre, dezembro de 2016

LAURA JUNQUEIRA TRARBACH

Possibilidades Pedagógicas de Textos de Divulgação Científica na Revista Mundo Estranho

Trabalho de conclusão de curso apresentado à comissão de graduação do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul com requisito obrigatório para a obtenção do grau de Licenciada em Ciências Biológicas. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Russel Teresinha Dutra da Rosa

Porto Alegre 2016

“Me movo como educador, porque primeiro me movo como gente”

Paulo Freire

RESUMO

A divulgação científica tem como um de seus objetivos divulgar a informação científica, produzida nas instituições de pesquisa a fim de esclarecer os cidadãos sobre vários temas do cotidiano. A metodologia clássica de ensino, que consiste em exposição oral de conteúdo com o uso de quadro, ou a leitura do livro didático e a resolução de exercícios de fixação, acabam desmotivando o aluno. Existem muitos estudos salientando a importância da divulgação científica (DC) nos diferentes meios de comunicação, e de como é importante a utilização desses materiais nas escolas. O presente trabalho consiste em uma pesquisa envolvendo o tema de divulgação científica na revista Mundo Estranho. Este estudo, tem como objetivo avaliar se as matérias da revista estão de acordo com critérios de materiais de DC. Para isso foram analisadas dez reportagens eleitas por alunos de ensino médio como as mais atrativas. Também foi analisado como esses textos poderiam ser utilizados como estratégia para despertar o interesse dos alunos pelos assuntos tradicionalmente abordados em sala de aula. Foi averiguado que a revista se encaixa nos critérios de divulgação científica quando se trata do texto das reportagens. Além disso, as possibilidades pedagógicas das reportagens são as mais variadas, sendo viáveis diversas atividades e práticas em sala de aula. Outros aspectos positivos da revista são que ela oportuniza a interdisciplinaridade e incentiva a leitura. Entretanto, observa-se nas fotografias, que representam os seus leitores, que a publicação é dirigida a um grupo restrito, jovens brancos e magros, pertencentes a famílias que podem comprá-la.

Palavras-chave: Divulgação científica, Revista Mundo Estranho, Público leitor. Estratégias de apelo à leitura.

    1. INTRODUÇÃO
    • 1.1 O discurso da divulgação científica
    • 1.2 JUSTIFICATIVA
    • 1.3 OBJETIVOS
    1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
    • 2.1 A importância da leitura de textos de divulgação científica
    • 2.2 Divulgação, popularização, alfabetização e vulgarização da ciência.
      • 2.2.1 Vulgarização Científica
      • 2.2.2 Alfabetização Científica...................................................................
      • 2.2.3 Popularização Científica
      • 2.2.4 Divulgação Científica
    • 2.3 Os Objetivos da Divulgação Científica
  • 3 REVISTAS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
    • 3.1 A Revista Mundo Estranho
  • 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS - Estranho 4.1 Critérios para análise de conteúdo dos artigos da Revista Mundo
  • 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.2 Livros Didáticos de Biologia Erro! Indicador não definido.
    • 5.1 Análise da revista Mundo Estranho.........................................................
      • 5.1.1 Público alvo.....................................................................................
      • 5.1.2 A revista Mundo Estranho e as desigualdades sociais
      • 5.1.3 Formatação da Revista
      • 5.1.4 Formatação das Reportagens.........................................................
      • 5.1.5 Linguagem utilizada nas reportagens
      • 5.1.6 Fontes para a elaboração das matérias
    • 5.2 Análise do formulário
    • 5.3 Análise das reportagens eleitas
      • 5.3.1 Quais os traços da personalidade podem ser genéticos?
      • mundo?, e Quantos seres humanos a terra seria capaz de suportar? 5.3.2 Se a humanidade desaparecesse, qual espécie dominaria o
      • funciona a pílula do dia seguinte?............................................................ 5.3.3 O que acontece com o corpo durante um orgasmo?, e como
      • 5.3.4 Porque ficamos vermelhos quando estamos com vergonha?.........
      • novas drogas, e Como os anabolizantes agem no corpo humano? 5.3.5 Por que bebidas alcoólicas causam ressaca?, Os altos e baixos das
      • 5.3.6 O que é esquizofrenia?
  • 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  • 8 ANEXOS: - respectivas edições. Anexo A – Tabela com relação de títulos relacionados a biologia e suas
    • Anexo B – Midía Kit antiga da revista Mundo Estranho
    • Anexo C – Atual mídia Kit da revista Mundo Estranho..................................
    • Anexo D – “Quais traços da personalidade podem ser genéticos?”
      • mundo?” Anexo E – “Se a humanidade desaparecesse qual espécie dominaria o
    • Anexo F – “Quantos seres humanos a terra seria capaz de suportar?”
    • Anexo G – “O que acontece no corpo durante o orgasmo?”
    • Anexo H – “Como funciona a pílula do dia seguinte?”
      • J – Por que bebidas alcoólicas causam ressaca? Anexo I – Porque ficamos vermelhos quanto estamos com vergonha?”Anexo
    • Anexo K – "Como os anabolizantes agem no corpo humano?”
    • Anexo L – “Os altos e baixos das novas drogas”
    • Anexo M – “O que é esquizofrenia?”.............................................................
  • pelos títulos selecionados. 9 APÊNDICE A – Formulário de pesquisa para avaliar o interesse dos alunos

1 INTRODUÇÃO

1.1 O discurso da divulgação científica

A divulgação científica pode ser realizada por diferentes veículos e em ambientes variados, por exemplo: internet, televisão, rádio, jornais, revistas, no espaço escolar, nos museus, em espaços informais, entre outros. De modo geral, a divulgação científica pode ser caracterizada como uma atividade de difusão do conhecimento científico, dirigida para fora do seu contexto original de produção, necessitando de diversos recursos e intervenções na maneira de apresentação desse conhecimento, a fim de torná-lo interessante e compreensível ao seu público-alvo. Assim, a divulgação científica consiste no resultado de uma atividade discursiva que se desenvolve em condições de produção inteiramente diferentes daquelas em que o conhecimento científico é produzido pelos cientistas (NASCIMENTO, 2010). Segundo Zamboni (2001) o discurso da divulgação científica deve dispensar a linguagem esotérica, restrita a poucos iniciados, exigida pelo discurso científico preparado por e para especialistas e abrir-se para o emprego de analogias, aproximações, comparações e simplificações – recursos que contribuem para corporificar um estilo que vai se constituir como marca da atividade de vulgarização discursiva. Fraga (2015) lembra que a divulgação científica pode ser vista como um processo formativo, inclusivo, e uma forma de partilha social do saber; ou, até mesmo, uma prestação de contas da comunidade científica para os cidadãos, mas ela, também, pode ser tomada como um produto ou mercadoria que, para ser comercializada, deve interessar ao público. Por isso, trata-se de uma atividade a ser exercida com cautela, pois, além de apresentar as explicações dos processos da ciência para a sociedade, deve capacitar o grande público para entender que a ciência não responde a todas as perguntas e não fornece verdades definitivas.

Assim o objetivo geral desse estudo foi: observar as estratégias empregadas nas matérias da revista Mundo Estranho para despertar o interesse do leitor e se esses textos podem ser utilizados para auxiliar o ensino de conteúdos de biologia do currículo do Ensino Médio. Para isso os objetivos específicos desse trabalho são:

  1. Analisar como as matérias da revista se encaixam nos conteúdos tradicionalmente trabalhados nos livros didáticos;
  2. Observar a linguagem utilizada nas matérias a fim de verificar quais estratégias a revista utiliza para despertar o interesse do jovem leitor;
  3. Verificar quais aspectos do cotidiano são abordados pela revista pressupondo que sejam parte da realidade dos leitores;
  4. Avaliar a confiabilidade das informações veiculadas na revista verificando se indicam fontes.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A divulgação científica (DC) atualmente tem sido produzida por diferentes profissionais, como jornalistas, cientistas e educadores nos mais diversos meios de comunicação: livros, revistas, panfletos informativos, internet, e até mesmo em músicas, sendo abordada a partir de perspectivas teóricas e filosóficas variadas (NASCIMENTO, 2008). Até o século passado essa área era praticamente monopolizada por escritores e jornalistas que utilizavam imagens (desenhos, litografias, xilogravuras, fotografias e etc.) para conseguir a aceitação nos periódicos de circulação na área. Na época, a DC estava limitada a uma estreita camada da sociedade alfabetizada e com posses e tempo para investir em formação cultural. Porém, por volta dos anos 1920, iniciou-se uma corrente idealista de que o objetivo da divulgação científica deveria ser atingir não somente o público alfabetizado ou possuidor de algum conhecimento prévio, mas a todos, sem distinção de gênero, idade ou poder aquisitivo (BARROS, 2002). Bueno (1985) propõe uma distinção entre DC e Jornalismo Científico. Para ele, o Jornalismo Científico é um caso particular de DC que é endereçada para o público leigo. Segundo o autor a divulgação científica poderia ser

classificada de dois modos: divulgação científica e disseminação científica. Enquanto a primeira é feita pelos jornalistas científicos e cientistas com a finalidade de popularizar os conhecimentos científicos e tecnológicos a um público não-especialista, a segunda é direcionada para os cientistas e especialistas na área. De acordo com Melo (1982) a DC deve ter, como principal objetivo, a educação e esta deve ser dirigida a grande massa da população e não apenas à elite, e para isso deve utilizar uma linguagem capaz de permitir o entendimento das informações pelo leitor comum. Segundo Martins (1998), as obras de divulgação científica costumavam ser acusadas de distorcer a ciência a fim de apresentar algo compreensível a um público mais amplo e, segundo a autora, essas distorções realmente ocorriam. Então fica o questionamento, quem deveria produzir os textos de divulgação científica? Educadores, cientistas ou jornalistas? Na opinião de Nascimento (2008) ela deve ser feita em conjunto, afinal cada um desses profissionais enxerga a ciência, a escrita e o educar de maneiras diferentes. Porém, Capozoli (2002) alerta que, apesar de ter acontecido um progresso animador, nos últimos tempos, nos debates envolvendo jornalistas e cientistas relacionados à divulgação científica, “De modo geral, os cientistas [...] pretendem ter o privilégio do que se costuma chamar de „tradução da ciência para leigos‟”.

2.1 A importância da leitura de textos de divulgação

científica

Já é consenso, há muito tempo, que a aprendizagem em ciências para ocorrer requer rupturas com o senso comum, ou seja, é necessária a alteração de concepções dos estudantes para que novas interpretações se instaurem de acordo com o conhecimento científico (BACHELARD,1996). A leitura de textos de divulgação científica por sua vez, faz o indivíduo notar, ampliar, aprofundar e analisar criticamente informações que são associadas ao cotidiano ou que evocam elementos de senso comum, possibilitando a ruptura com alguns conhecimentos e a construção de novos. Essa ideia se opõe à crença e à

Candotti (2002) acredita que o caminho para superar esse obstáculo é aproximar a ciência e a educação básica. Para ele a maior responsabilidade que os cientistas e acadêmicos têm é a de educar, pois só assim podem afetar o entendimento da realidade e a direção de sua transformação. A democratização do acesso ao conhecimento científico e tecnológico pode contribuir para tornar as relações sociais mais justas e igualitárias: “Se procuramos o novo, é para contá-lo aos nossos alunos, próximos ou distantes, e ensinar aos jovens como conservar viva a chama da curiosidade” (p. 22). Além disso, cientistas, educadores e jornalistas percebem a necessidade de inserir, no cotidiano da população, a ciência e a tecnologia construída pelos especialistas da sociedade, e vários motivos justificam essa necessidade: uma delas é a cultural. A ciência é uma das maiores conquistas da nossa cultura e, portanto, todos os cidadãos deveriam ser capazes de compreender, apreciar e também posicionar-se criticamente em relação às questões relacionadas ao conhecimento científico. Se ocorrer uma aproximação efetiva entre a comunidade científica, os agentes de comunicação e a sociedade, os cidadãos estarão mais preparados para tomar decisões cotidianas sobre saúde, segurança, atitudes que conservem o planeta, ou seja, poderão avaliar melhor suas ações não só como consumidores dos produtos da ciência, mas também exercer a sua cidadania, posicionando-se em relação à produção científica. Atualmente, os meios de comunicação ajudam a promover uma aproximação entre o conhecimento científico e o cotidiano, sendo responsáveis por boa parte das informações que o público não-especialista, incluindo os alunos de escolarização básica, possuem sobre ciência (ROCHA, 2012). Candotti (2002) alerta que o desafio de divulgar a ciência para o público não-cientista não é simples. Na opinião do autor, a divulgação da ciência deveria ser vista como responsabilidade do pesquisador, assim como é de responsabilidade dele a disseminação dos resultados de sua pesquisa entre os seus pares, em revistas científicas. Ele ainda ressalta que a divulgação da ciência deveria ser item do financiamento público da pesquisa, já que dificilmente a iniciativa privada se interessaria em divulgar as pesquisas financiadas por ela para que a população pudesse discutir as repercussões éticas dos produtos gerados. Como exemplo, o autor cita a questão da

clonagem de seres vivos, caso que até hoje gera discussão, pelo menos na comunidade científica. Além de tudo isso, existe ainda a motivação do próprio cientista. Ele deveria querer que seu trabalho fosse amplamente divulgado, a fim de que a população encarasse a sua produção como indispensável para a sociedade, posicionando-se favoravelmente aos investimentos em pesquisa. A opinião pública favorável pode contribuir para a garantia da continuidade do trabalho da comunidade científica. Por isso, cada vez mais, os pesquisadores estão preocupados com o marketing do seu trabalho, pois a presença dos seus nomes na mídia supostamente poderia influir positivamente na obtenção de recursos para seu trabalho (BARROS,2002). Um grande exemplo da importância de divulgar a ciência no Brasil, pode ser visto durante a reforma do atual governo, o qual determinou o corte de 75% das verbas para pesquisas na pós-graduação em universidades federais (FARINA, 2016). Quando o fato foi divulgado pelo Ministério da Educação a população não demonstrou descontentamento com a decisão, como se indignou com a decisão de extinção do ministério da cultura. Os únicos que foram reivindicar contra essa resolução foram os próprios cientistas que são proporcionalmente poucos em relação ao restante da população. Se essa parcela da sociedade divulgasse o seu trabalho para todas as camadas da população, talvez obtivesse apoio nessa situação. E poderia ter revertido a decisão, ou pelo menos a amenizado. Na biologia, existem duas grandes áreas que exemplificam a importância da participação de toda a população nas decisões que afetam seu cotidiano: a área ambiental, na qual se discute assuntos como utilização de energia, destino do lixo e etc, e a área da biotecnologia genética, que discute assuntos como criação de indivíduos geneticamente modificados, clonagem. Os assuntos estão em pauta em todas as camadas sociais, com as inevitáveis distorções, fazendo com que a ciência seja ou endeusada ou demonizada (AIRES et al. 2003)

2.2 Divulgação, popularização, alfabetização e

vulgarização da ciência.

por meio do diálogo sobre as condições concretas de existência e sobre a cultura, portanto, alfabetização é “Entender o que se lê e escrever o que se entende.” (FREIRE, 1981 p. 41). Assim, alfabetizar-se para Paulo Freire é ser capaz de ler e transformar o mundo. De forma análoga, a expressão “alfabetização científica” é entendida como “a capacidade de ler, compreender e expressar opinião sobre os assuntos de caráter científico”. Porém esse termo admite que o indivíduo já tenha interagido com a educação formal, dominando o código escrito, porém, alguns estudos demonstram a possibilidade de iniciar o desenvolvimento do pensamento científico em crianças antes mesmo de serem alfabetizadas (GERMANO, 2006).

2.2.3 Popularização Científica

Ainda citando Germano (2006), o termo popularização científica surgiu como uma forma alternativa ao conceito de vulgarização científica e tem como conotação principal difundir algo entre o povo, ou seja, tornar popular. Porém reconhece-se que existe uma imprecisão do termo “popularização”: ele pode tanto significar “agradável ao povo”, “próprio do povo” ou “destinado ao povo”, no sentido de democratização do conhecimento e de diálogo entre os saberes científicos e os saberes produzidos pelas diferentes culturas populares, tais como os conhecimentos tradicionais indígenas e quilombolas. Nessa perspectiva, as classes populares são vistas como um sujeito no cenário político. Mas a popularização assim como a vulgarização, em uma perspectiva elitista que concebe a ciência como prática restrita a poucos, é compreendida negativamente como um saber menor destinado à “massa”, “plebe”, “multidão” “ralé”, ou “escória”. Popularização, portanto, é uma expressão marcada por múltiplos sentidos, dependentes do contexto e, no presente estudo, é entendida como recriação discursiva do conhecimento científico, tornando acessível a um público mais amplo um conhecimento superespecializado. Popularização do conhecimento científico pode ser pensada como uma aproximação entre os conhecimentos produzidos pela comunidade científica e a cultura popular. Brandão (2009) afirma que a cultura popular costuma ser definida negativamente, pelo que ela não é: uma “cultura não - oficial” ou ainda

como uma cultura “da não – elite”. A cultura popular é construída em dois espaços: na prática profissional e nas práticas e formas de pensamento, espaços nos quais os setores populares concebem e expressam sua realidade. Portanto a popularização científica deveria se aproximar da realidade das classes populares, se tornando parte da cultura da população.

2.2.4 Divulgação Científica

O termo divulgação científica (DC) é o mais usado no Brasil, confundindo-se, muitas vezes, com o conceito de popularização científica. A origem etimológica da palavra vem do latim Divulgare que traz como significado: tornar conhecido, difundir, publicar, transmitir ao vulgo, ou até mesmo fazer-se popular (GERMANO, 2006). A divulgação científica ainda se confunde com a difusão científica, mas, esta última refere-se à disseminação científica para especialistas, enquanto o termo abordado neste trabalho refere- se a difundir as informações para o público leigo (ALBAGLI, 1996). Uma definição mais restrita, atribuída a DC é a de José Reis, pioneiro na produção de divulgação científica e, considerado pelos seus pares, um dos mais importantes jornalistas e divulgador científico brasileiro (NASCIMENTO, 2008). Ele entende divulgação como: [...] o trabalho de comunicar ao público, em linguagem acessível, os fatos e princípios da ciência, dentro de uma filosofia que permita aproveitar os fatos jornalisticamente relevantes como motivação para explicar os princípios científicos, os métodos de ação dos cientistas e a evolução das ideias científicas.

Assim a divulgação cientifica deve ter como princípio a utilização de uma linguagem clara, objetiva e atrativa, cuidando para que ela esteja inserida no cotidiano do público-alvo. A expressão texto de divulgação científica (DC) é compreendida como a materialização de um discurso próprio que sobrepõe elementos do discurso científico, do discurso pedagógico e do discurso informal próprio do cotidiano (FRAGA; ROSA 2015). Neste estudo a escolha do termo divulgação científica também deve-se ao fato do termo aparentemente estar livre de interpretações pejorativas

pesquisas relacionadas à conservação de seres vivos pouco populares, como sapos e rãs.

3 REVISTAS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Segundo o instituto verificador de comunicação (IVC), uma organização não governamental que surgiu em 1962 com o objetivo de distribuir informações sobre dados de circulação fornecidos pelas publicações, no Brasil, existem oito revistas de divulgação científica do total de 149 revistas (de todos os tipos: futebol, música, moda...) publicadas no formato impresso. As mais populares são: Superinteressante, Mundo Estranho, Galileu, Revista Ciência Hoje, Ciência Hoje das Crianças, Nature, Science, Scientific American Brasil, Viver Mente & Cérebro. Dentre essas revistas, três são desenvolvidas pensando nos estudantes especificamente, são elas: Galileu, Revista Ciência Hoje das Crianças e a revista em questão: Mundo Estranho. A revista Ciência Hoje das Crianças é a única que está presente em cerca de 60 mil escolas públicas brasileiras, mas também possui assinatura anual de 94 reais pelo total de 11 exemplares. Enquanto as outras duas revistas não estão presentes em todas as escolas, e possuem mensalidade de maior custo.

3.1 A Revista Mundo Estranho

A revista Mundo Estranho (ME) foi, inicialmente, uma edição especial criada para responder perguntas enviadas pelos leitores da revista Superinteressante da editora Abril, em agosto de 2001. A partir do sucesso das vendas, surgiu a revista mensal, em 2002, cumprindo a proposta de oferecer aos leitores respostas para as perguntas curiosas. A publicação caracteriza-se por um projeto gráfico fortemente centrado nos infográficos, um tipo de representação visual gráfica, muitas vezes complexa, mas que facilita a compreensão de conteúdos, nas situações em que o texto escrito seria insuficiente para o entendimento (MÜLLER, 2011). De acordo com a própria Editora Abril, a revista tem como proposta uma leitura rápida, clara e objetiva, tratando assuntos complexos de maneira simples. Cerca de 70% dos

conteúdos das edições é resultado de perguntas e sugestões enviadas por leitores, fato que a torna, de algum modo, parte do cotidiano das pessoas. O público leitor da revista é de maioria jovem em idade de escolarização básica. A ME aborda temas como: ciência, tecnologia, cultura, história e física, de um jeito descomplicado, acessível e engraçado. Dessa forma, acredita-se que a revista tem grande potencial atrativo para os jovens em idade de escolarização. E, além de abordar diferentes temas, estimula a leitura, implicando na interpretação de texto, tornando a atividade atrativa, divertida e muitas vezes, interdisciplinar. A assinatura da revista custa, atualmente, R$181,92 reais por ano e é de periodicidade mensal. A revista também pode ser comprada avulsa nas bancas de jornais e revistas pelo preço divulgado na capa de 13,00 reais.

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Foi realizado um estudo qualitativo por meio da análise de conteúdo documental de 10 reportagens da revista Mundo Estranho, e de como elas poderiam ser utilizadas em sala de aula. Na pesquisa qualitativa, o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas pesquisas. O desenvolvimento da pesquisa é imprevisível. O conhecimento do pesquisador é parcial e limitado. O objetivo da amostra é de produzir informações aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa é que ela seja capaz de produzir novas informações (DESLAURIERS,2008). Assim, segundo Fonseca (2008) a pesquisa qualitativa possui um grande enfoque na interpretação do objeto, dá muita importância ao contexto do objeto pesquisado e além disso possibilita a maior proximidade do pesquisador em relação aos fenômenos estudados. Por todas essas características, a pesquisa qualitativa se encaixa de maneira mais adequada ao tema de estudo deste trabalho. Esta pesquisa qualitativa foi feita através da análise de conteúdo, tanto dos artigos da revista Mundo Estranho, quanto de textos de temas