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no que se refere à adesão ao Pilates e seu conhecimento sobre tal prática. Buscou- ... Participaram da pesquisa 19 pessoas, sendo 16 mulheres e 3 homens,.
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Rafael Conrad Brigatto^1 ; Karini Puppo^2 ; Nara Rejane Cruz de Oliveira^3
O objetivo deste estudo é investigar os praticantes do método Pilates, no que se refere à sua adesão e conhecimento sobre essa prática e os seus benefícios. A pesquisa é de abordagem qualitativa, do tipo explicativa. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário elaborado pelos pesquisadores, contendo questões fechadas e abertas sobre o objeto de investigação. A amostra é composta por 19 adultos, praticantes do método Pilates em 3 academias na cidade de Jundiaí/SP. Os resultados apontam que os praticantes têm aderido ao método Pilates mais pelo reconhecimento dos benefícios do que pela propaganda da modalidade na mídia.
Palavras-chave: Método Pilates. Praticantes. Benefícios.
The aim of this study is to investigate the practitioners of Pilates method, relative to their adherence and knowing about this practice and benefits. It is a qualitative approach and an explanatory research. The data were collected by using a questionnaire formulated by the authors, with open and closed questions about the theme. The sample was composed by 19 adults, practitioners of the Pilates method, in 3 gyms in Jundiaí/SP. The results indicate that practitioners have joined the Pilates method more because they recognize the benefits, than by the advertisement in the media.
Keywords: Pilates Method. Practitioners. Benefits.
(^1) Bacharel em Educação Física pelo Centro Universitário Padre Anchieta – UNIANCHIETA. (^2) Bacharel em Educação Física pelo Centro Universitário Padre Anchieta – UNIANCHIETA. (^3) Doutora em Educação pela USP, Professora da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP,
Campus Baixada Santista.
Método Pilates: benefícios ou modismo?
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, o método de condicionamento físico intitulado Pilates vem alcançando considerável popularidade no campo das práticas corporais. O método não é recente, mas pode-se dizer que sua grande repercussão no Brasil deu-se especialmente na última década. Desde então, inúmeros locais têm disponibilizado esta prática, como estúdios específicos, academias, SPAs , clínicas de estética, dentre outros, resultando em maior abrangência do método como atividade física. Pesquisas recentes no campo das práticas corporais, a exemplo de Ferreira e colaboradores (2007), Picolli (2010) dentre outros, apontam este método como inovador e ao mesmo tempo capaz de proporcionar aos praticantes benefícios efetivos. Entretanto, é perceptível que grande parte das pesquisas situa apenas os benefícios motores alcançados, sem lançar um olhar questionador sobre os adeptos dessa prática e seu conhecimento sobre o método. Nesse sentido, é relevante pesquisar o método Pilates investigando, principalmente, aqueles que o praticam. Assim, este trabalho tem como objetivo investigar os praticantes deste método, no que se refere à adesão ao Pilates e seu conhecimento sobre tal prática. Buscou- se analisar se os praticantes aderiram ao método conhecendo seus possíveis benefícios ou apenas seguindo um modismo da atualidade. O objeto de estudo foi constituído a partir da compreensão, conforme Betti (2004), de que na atualidade existe uma grande influência da mídia no direcionamento de tendências e modelos de práticas corporais a serem seguidas. A opção de um indivíduo por uma ou outra prática corporal pode não ser relacionada diretamente aos benefícios que estas podem proporcionar, mas por modismos constituídos numa época em que, segundo Oliveira (2008), a busca do corpo perfeito e a ditadura da boa forma já são marcas da cultura.
2.1 A constituição do método Pilates e sua difusão
Seu criador, o alemão Joseph Humbertus Pilates, nascido em 1880, foi um autodidata que buscou no método respostas para o funcionamento harmônico do corpo por meio de exercícios, em sua maioria associados a aparelhos por ele também criados no início do século XX. Os estudos de Panelli e De Marco (2009) indicam que o interesse de Pilates em criar este método surgiu com a busca da melhoria de várias doenças adquiridas em sua infância, como raquitismo, asma, bronquite e febre reumática. Antes de criar o método, já buscava a melhora de sua saúde por meio da prática de atividades físicas diversas, como mergulho, esqui, ginástica e boxe. Aos 32 anos, no ano de 1912, Pilates mudou-se para a Inglaterra, país no qual intensificou seus estudos sobre práticas corporais. Conforme Abrami e Browne (2008), Pilates buscou conhecer algumas abordagens filosóficas relacionadas às práticas corporais para elaborar o método, focando seus estudos em duas: a oriental e a ocidental. A abordagem oriental está relacionada a práticas que privilegiam a flexibilidade, o relaxamento, o controle, a harmonia e a força muscular. Já a abordagem ocidental está relacionada à análise do movimento, da força, da estética, da flexibilidade, do controle e da concentração.
Método Pilates: benefícios ou modismo?
glúteo máximo, oblíquos internos e externos e músculos da parte inferior das costas. O trabalho a partir deste princípio tem o intuito de fortalecer o tronco, proporcionando um melhor alinhamento postural, além de beneficiar a prevenção de dores e/ou patologias.
2.2.3 Princípio da fluidez
Este princípio traz a ideia da execução de movimentos que fogem de padrões mecânicos tradicionais. Segundo Siler (2008), fluir é o movimentar-se de forma constante e ritmada com controle na execução, sentindo os movimentos realizados sem a preocupação com a velocidade de execução dos mesmos.
2.2.4 Princípio da respiração
Conforme Panelli e De Marco (2009), neste princípio Pilates utilizou os conceitos da respiração da Hatha Yoga, pois, para a realização de qualquer atividade é necessário saber respirar corretamente, executando a completa inalação e exalação do ar. Pilates enfatizava a respiração como um dos eixos primordiais na execução de movimentos.
2.2.5 Princípio da precisão
Este princípio está relacionado à qualidade do movimento, refinamento do controle e equilíbrio dos diferentes grupos musculares. Panelli e De Marco (2009) afirmam que, no Pilates, este é o princípio para que a técnica seja aperfeiçoada e os movimentos realizados de forma equilibrada e coordenada como um todo.
2.2.6. Princípio do controle
O princípio do controle tem como foco a ótima qualidade do movimento, visto que, para Pilates, a ausência de controle equivale à falta de objetivos. Siler (2008) afirma que Pilates elaborou seu método buscando a ausência de movimentos casuais, pois estes figuram entre as principais razões pelas quais as lesões ocorrem em outros métodos de exercícios. Na atualidade, o método Pilates é considerado eficaz, não somente por seus resultados, mas principalmente por trabalhar com princípios diferentes das demais modalidades de atividades físicas, ao respeitar prioritariamente a individualidade do praticante. Dentre as várias particularidades do método, destacam-se:
Poucas repetições, qualidade de movimentos, respeito aos limites articulares, trabalhar a eficiência da contração muscular, ganho de controle neural, constante aplicação dos seis princípios básicos, não chegar à fadiga, alto grau de adaptabilidade, desenvolvimento de força sem hipertrofia, amplo uso de imagens e toques verbais. (ABRAMI; BROWNE, 2008, p.18).
O método Pilates pode ser praticado de duas maneiras: na versão solo (intitulado Mat Pilates), na qual os exercícios são executados no solo com utilização ou não de equipamentos auxiliares; e na versão clássica (Pilates clássico), na qual o treinamento é reforçado com os diversos aparelhos criados por Pilates.
Brigatto, R.C. et al.
Os aparelhos são: Cadillac, Reformer, High Chair, Wunda Chair, Arm Chair, Ladder Barrel, Spine Corrector, Mini Barrel, Wall Unit, Guillotine, ped-o-pull. Além dos aparelhos são utilizados acessórios como Magic Circle, Neck Stretcher, Foot Corrector, Toe Exerciser, Push Up Device, Airplane Board e Sand Bag. Acessórios como a bola suíça, meia bola suíça (bosu), banda elástica, cilindro de espuma, bastões, discos de rotação ou disco de ar, halteres e barril pequeno foram introduzidos mais recentemente na prática do método, especificamente no Mat Pilates.
2.3 Os benefícios do Método Pilates
Estudos como os de Ferreira e colaboradores (2007), Picolli (2010), dentre outros, demonstram que o Método Pilates pode proporcionar aos seus praticantes vários benefícios. Segundo Abrami e Browne (2008), os principais benefícios comprovados são: melhoria da propriocepção e consciência corporal; reestruturação da postura dinâmica e consequente melhoria na qualidade de vida do indivíduo. Pesquisas com grupos específicos têm demonstrado os efeitos positivos do método Pilates na prevenção e tratamento de diversas patologias. Nos estudos de Kolyniak e colaboradores (2004), comprovou-se que o método Pilates é uma eficiente ferramenta para o fortalecimento da musculatura extensora do tronco, atenuando o desequilíbrio entre a função dos músculos envolvidos na extensão e flexão do tronco. Já os estudos de Ferreira e colaboradores (2007) demonstraram que ganhos significativos de força e resistência muscular em mulheres adultas sedentárias foram percebidos. A pesquisa de Bertolla e colaboradores (2007) comprovou a eficácia do método Pilates no ganho de flexibilidade em atletas juvenis de futsal, no período em que o método foi inserido no programa de treinamento. Embora o método Pilates tenha inúmeros benefícios comprovados, é perceptível que se tornou alvo da mídia relacionada às práticas corporais. Nesse sentido, cabe um olhar questionador sobre esse método e a ampliação de pesquisas sobre o mesmo.
A pesquisa é de abordagem qualitativa, do tipo explicativa, cujo procedimento técnico é a pesquisa de campo. Conforme Minayo (1994), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivações, valores, atitudes, que não podem ser reduzidos somente à quantificação e/ou operacionalização de variáveis. Para Chizzotti (2000), pesquisas dessa natureza legitimam o conhecimento a partir da premissa de que existe uma relação dinâmica entre o sujeito da pesquisa e o mundo real contextualizado. A pesquisa do tipo explicativa, segundo Gil (2008), busca identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos, aprofundando o conhecimento sobre a realidade. O mesmo autor define o procedimento técnico de pesquisa de campo como aquele passível de maior profundidade de análise dos dados, focalizando um grupo específico ou comunidade. Participaram da pesquisa 19 pessoas, sendo 16 mulheres e 3 homens, praticantes do método Pilates em 3 academias na cidade de Jundiaí/SP, que oferecem a prática do Método Pilates ministrada por professores qualificados (com formação em curso Pilates certificado). Todos os pesquisados são adultos, com mais
Brigatto, R.C. et al.
Os estudos de Santos e Knijnik (2006) apontam os possíveis motivos pelos quais as pessoas na idade adulta intermediária (faixa etária entre 40 e 60 anos) aderem a algum tipo de atividade física. Os autores ressaltam que geralmente é nessa fase da vida que começam a ocorrer algumas disfunções, como menor mobilidade articular, diminuição das capacidades físicas, dentre outras. Para tanto, a manutenção ou prática regular da atividade física faz com que os resultados possam minimizar tais declínios biológicos decorrentes do avanço etário. Embora entre 30 e 40 anos as disfunções citadas não sejam tão comuns, é possível afirmar que a quantidade significativa de pessoas nessa faixa etária deve-se ao fato de uma preocupação com a saúde que vai além de modismos, visando à diminuição do estresse, além de fatores relacionados à autoestima e estética, como demonstram os estudos de Nunomura (1998), Lima e Maffia (2010) e Lopes e Chiapeta (2010). De maneira geral, os autores citados descrevem para a faixa etária adulta outros fatores relacionados à adesão às atividades físicas, como o controle do peso corporal, a diminuição do risco de hipertensão, a diminuição do estresse e da depressão, a satisfação, a autoestima, socialização etc. Adicionalmente, cabe dizer que o público mais jovem que pratica atividade física, geralmente participa de atividades com objetivos voltados mais para a socialização e estética, ofertados em academias (Musculação, Ginástica, dentre outros), como se observa nos estudos de Lima e Maffia (2010) e Vides Júnior (2010). Nessa perspectiva, é perceptível que o Pilates ainda não atingiu de fato este público em grande escala. Outra questão a se considerar é a diferença de gênero na adesão ao Pilates, como aponta o segundo gráfico.
Sexo
3
16
Masculino Feminino
Gráfico 2: Número de participantes quanto ao gênero
Dos dezenove participantes, 16 são do sexo feminino (cerca de 85%) e apenas 3 são do sexo masculino (cerca de 15%). A diferença de gênero relacionada à adesão de práticas corporais é discutida no trabalhos de Lima e Maffia (2010). Para essas autoras, as mulheres parecem ser mais suscetíveis aos apelos estéticos na atualidade, veiculados pela mídia. Por outro lado, independentemente dessa questão, as autoras afirmam que foi comprovado por meio de pesquisas que mulheres possuem uma percepção mais sensível de suas necessidades e, possuindo condições favoráveis, não hesitam em aderir à prática de atividades físicas. É perceptível que sobretudo mulheres adultas possuem essa percepção mais ampla. Analisando os estudos citados, pode-se afirmar ainda que, apesar dos apelos estéticos se fazerem presentes para todas as faixas etárias, tais mulheres parecem de fato buscar mais os benefícios do que a estética, embora não possamos negar que essa última pode influenciar nas escolhas de práticas corporais. Afinal,
Método Pilates: benefícios ou modismo?
conforme Betti (2004), a mídia ocupa-se em propagar inúmeros modelos de corpo e práticas corporais para a população. No que se refere ao tempo de prática do Pilates, cerca de 52% dos pesquisados praticam há mais de um ano e aproximadamente 48% a menos de um ano. Destes últimos, a maioria, há menos de seis meses, como mostra o terceiro gráfico.
Tempo de prática - Pilates
7
3 2
5
2 Menos de 6 meses Entre 6 meses e 1 ano Entre 1 ano e 2 anos Entre 2 anos e 3 anos Acima de 3 anos
Gráfico 3: Tempo de prática do Método Pilates pelos participantes
É possível que a permanência ou manutenção a longo prazo das atividades físicas estejam associadas ao prazer pela prática, tanto quanto ou até mais que aos benefícios fisiológicos proporcionados por tal, sobressaindo-se também às questões estéticas ou do culto ao corpo. (SANTOS; KNIJNIK, 2006). Entretanto, Tahara, Schwartz e Silva (2003), assim como Santos e Knijnik (2006) ressaltam também que a manutenção de uma prática pode ter influência de familiares e da mídia, que impõem padrões de beleza. Porém, pelas características do público-alvo e da modalidade, é perceptível que a manutenção da prática do método Pilates a longo prazo está relacionada aos benefícios que o mesmo proporciona, bem como à consciência de tais benefícios pelos participantes desta pesquisa, no que se refere especialmente ao condicionamento físico, como se observa no gráfico 4. Outro motivo, também visualizado no referido gráfico, está relacionado à saúde, ou seja, à adesão da prática corporal por indicações médicas devido a patologias.
[...] parece ser necessário surgir uma ameaça à saúde para que o indivíduo comece a se cuidar. A partir de um vínculo de necessidade e através dos benefícios obtidos pela atividade física regular, a prática torna-se essencial para a vida desta pessoa. (SANTOS; KNIJNIK, 2006, p.30).
Por outro lado, é perceptível que a quantidade expressiva de participantes “recentes”, ou seja, com menos de seis meses de prática do Pilates, pode demonstrar como o mesmo tem atraído as atenções não somente por indicações médicas ou possibilidade de condicionamento, conforme se visualiza também no gráfico 4, que expõe quais motivos levaram as pessoas a optar pela prática do método Pilates.
Método Pilates: benefícios ou modismo?
exemplo de fibromialgia e lesão do ligamento anterior cruzado do joelho. De maneira geral, as respostas dos questionários mostram que todos os participantes tiveram mais que uma fonte de informação no que se refere aos benefícios, mas que os comprovaram com a prática contínua do método Pilates, percebendo modificações significativas em seu corpo, mesmo com pouco tempo de prática. A partir da questão anterior, os pesquisadores perceberam ser de fundamental importância que os participantes descrevessem quais os benefícios que tal prática pode proporcionar, em suas opiniões. Nas respostas analisadas, houve uma constatação de vários benefícios citados, dentre os quais: melhora em postura, resistência, diminuição de dores na coluna, aumento da flexibilidade, da força, do equilíbrio e da concentração, alívio de dores musculares em geral, melhoria do condicionamento físico, controle da respiração, consciência corporal e fortalecimento muscular. Apesar de alguns dos benefícios citados serem mais perceptíveis para uns do que para outros (por exemplo, aumento de força, concentração, dentre outros), conforme a individualidade biológica dos mesmos, todos os benefícios descritos acima foram apontados pelo número total de participantes. Além destes benefícios apontados pelos participantes, há outros que esta prática corporal pode desencadear, conforme estudos de Panelli e De Marco (2009), Siler (2008), Abrami e Browne (2008). Esses autores destacam a autoconfiança, a integração das dimensões biológica e cognitiva, aumento da disposição, melhoria na qualidade do sono, aumento do prazer sexual, auxílio no tratamento do assoalho pélvico, melhoria da coordenação motora e até mesmo a prevenção de doenças respiratórias, devido à respiração adequada em todos os movimentos realizados. É notório que, após o conhecimento mais aprofundado sobre o método Pilates, os praticantes buscam com mais precisão e de maneira mais consciente alcançar suas expectativas. O método aparece ainda como forma de incentivo para aqueles que convivem há muito tempo com problemas posturais ou dores, sem encontrar uma solução viável, que não seja de alguma forma prejudicial para outras situações. Entretanto, como se afirmou anteriormente, não se pode dizer que os praticantes não sofram influência da mídia. Em relação aos modismos, Betti (2001), aponta que a cultura corporal de movimento vem sendo entrelaçada por um fenômeno muito importante: as mídias. Dentre estas se destacam a internet, TV, jornais, revistas, rádio, outdoors, CD-ROM e às vezes também aquelas encontradas em locais estratégicos, como embalagens de produtos alimentícios que divulgam discursos sobre saúde, exercício, padrões corporais, modelos, emagrecimento, nutrição e tantos outros. Em outro estudo, Betti (2004) relata que a mídia influencia de tal forma as pessoas a buscarem um modelo estético corporal, que divulgam produtos (por exemplo, de Ginástica passiva ou eletro-estimulação) que iludem o espectador com possíveis resultados (quase sempre irreais), levando-o a fazer uso de tais equipamentos que prometem resultados sem qualquer tipo de esforço. Assim, é necessário que os professores de Educação Física contestem com uma prática consciente as promessas ilusórias, criadas com a finalidade maior de gerar lucro a grupos e empresas que, em nome da saúde e qualidade de vida, vendem promessas enganosas. A sociedade atual é “bombardeada” diariamente no campo da cultura corporal com informações diversas sobre práticas corporais. Se por um lado esse fato é pertinente, considerando a necessidade de formação constante do professor, por outro, é preciso ter cuidado com as informações midiáticas e saber interpretá-las
Brigatto, R.C. et al.
criticamente. O senso comum das práticas corporais precisa ser contestado pelos professores, como maneira de contribuir efetivamente com os alunos, seja no campo da saúde, do lazer, ou outros. Na atualidade, verifica-se que o discurso massivo sobre as práticas corporais é divulgado em larga escala, por exemplo, em revistas comerciais, acessíveis ao público leigo. Muitas dessas revistas têm se dedicado a discutir a prática do método Pilates (e também estética, saúde e fitness), geralmente rompendo com os princípios científicos que embasam as práticas corporais, na medida em que as apresentam quase como milagrosas para se atingir o “corpo em forma”. Uma das revistas de grande repercussão, que aqui será tratada com o nome fictício de “Corpo perfeito”, abrange vários temas ligados às práticas corporais, dietas e técnicas emagrecedoras, dentre outros. Em relação à prática do Método Pilates, por exemplo, aparecem artigos intitulados: “Silhueta nova em três meses”; “Pilates: corpo malhado sem musculação”; “Pilates até debaixo d’água: mais refrescante, o método garante músculos tonificados e uma postura mais bonita”; “Pilates para a barriga, cintura e bumbum – o Pilates mantém a minha coluna saudável e fortalece todos os músculos ao redor dela – abdômen inclusive!”. Este último enunciado está relacionado ao cinturão pélvico, região compreendida por essas musculaturas, então não é ‘inclusive’ e sim ‘principalmente’, visto que um dos princípios do método Pilates – a Centralização - é o fortalecimento da musculatura do “Powerhouse ” (que é composto pelos músculos: reto abdominal, transverso do abdômen, glúteo máximo, oblíquos internos e externos e músculos da parte inferior das costas). Isso significa que, quando trabalhado (em todas as sessões), o “Powerhouse ” dará suporte para todas as outras musculaturas e, consequentemente, um abdômen mais desenvolvido, forte e tonificado. O depoimento citado na revista (“o Pilates mantém a minha coluna saudável e fortalece todos os músculos ao redor dela – abdômen inclusive!”), proveniente de uma conhecida personalidade midiática, demonstra uma concepção equivocada do método e seus princípios, visto que a região abdominal é a mais enfatizada durante a prática de Pilates. Além disso, pode-se dizer que a revista parte do sensacionalismo e do discurso voltado para o emagrecimento e tonificação muscular milagrosa. Em outras matérias, além de utilizar imagens de personalidades midiáticas, são apresentados guias práticos de como realizar os exercícios em casa para se obter uma “barriga tanquinho”. Vale ressaltar que estes guias de exercícios acoplados às revistas vêm como um receituário ou passo a passo para conquistar um corpo “igual” ao da atriz ou modelo exposta na publicação. Não se afirma aqui que não se pode praticar atividade com a finalidade de emagrecer, por exemplo. Mas é importante chamar a atenção para que as pessoas pratiquem as atividades, e, no caso desta pesquisa, o método Pilates, com consciência das suas reais possibilidades, com orientação profissional adequada. É preciso ainda ter consciência de que o Pilates não resolve todo e qualquer problema no corpo humano, assim como as possibilidades de alcance dos benefícios (citados ao longo dessa pesquisa) dependem das características de cada pessoa e das respostas de seu organismo aos diferentes exercícios. Sabe-se que esta prática corporal pode proporcionar inúmeros benefícios, sendo mais divulgados o fortalecimento abdominal e a flexibilidade. No entanto, para se apropriar dos mesmos é preciso considerar vários fatores antes de iniciar a prática: se há alguma restrição, patologia, a individualidade biológica, prioridades, objetivos, dentre outros. Nessa perspectiva, quando este método é lançado indiscriminadamente nos meios de comunicação (inclusive por profissionais
Brigatto, R.C. et al.
permaneça por tanto tempo em uma determinada modalidade. Apesar de os sujeitos desta pesquisa terem iniciado essa prática corporal sem um amplo conhecimento sobre seus benefícios, foram encontradas pessoas praticando o método Pilates há mais de três anos, confirmando assim o conhecimento dos benefícios, mesmo que a médio e longo prazo, elemento que leva a uma maior adesão da prática e, consequentemente, resultados efetivos. Este estudo pôde constatar que o método Pilates vai além dos benefícios encontrados na literatura. O adepto dessa prática pode conhecer melhor seu corpo, levando-o à compreensão da totalidade, descobrindo novas possibilidades de movimentos que até então desconhecia; pode ainda, “desafiar-se” com o objetivo de superar as dificuldades encontradas em seu cotidiano, promovendo o autoconhecimento. Porém, cabe ressaltar que mais pesquisas se fazem necessárias sobre o método Pilates, considerando outros aspectos de sua prática.
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Recebido: 29/05/ Aprovado: 22/10/